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CASO 1
∙ História de vida
Pessoa de sexo feminino, 23 anos, gestante, reside no município de Santarém-PA,
cursou o ensino primário (incompleto). Durante a sua vida morou em diversos locais do
Brasil, Manaus, Amapá, Santa Catarina e São Paulo. Durante a adolescência, passava a
maior parte do tempo nas ruas pois tinha dificuldade no relacionamento familiar, iniciou
a vida sexual precocemente aos 12 anos de idade e a partir dos 15 tornou-se profissional
do sexo. Aos 17 anos, teve sua primeira gestação e relata que neste período não
frequentou nenhuma unidade de saúde e nem fez acompanhamento no pré-natal, ao fim
da gestação o bebê foi doado para uma família conhecida.
∙ Relação familiar
Não mantém contato com o pai, pois sua mãe separou devido a agressões físicas,
verbais e psicológicas que sofria, na época estava com 7 anos de idade e presenciava
todas as cenas. Tinha boa relação familiar com a mãe, mas esta faleceu decorrente de
intoxicação exógena. Relata que mantém relações distantes com as irmãs, pois moram
com o seu padastro.
∙ Situação socioeconômica
Não tem salário fixo, o dinheiro que ganha é através dos programas que faz como
profissional do sexo e seu marido aprova sua profissão. Mora na periferia da cidade,
numa casa de tijolos com seu marido e dois filhos com idade de 4 e 2 anos. Os filhos
não são acompanhados na unidade de saúde e nem frequenta escola/creche. Relata que o
marido trabalha “do jeito dele e dá seus pulos” trazendo a comida para casa, algumas
vezes fica bem agressivo porque as crianças choram e desconta sua raiva nos filhos e
nela própria.
CASO 2
Raul é o paciente identificado, tem 16 anos e é estudante do primeiro ano do ensino médio
quando o atendimento tem início; Marta é sua mãe, 32 anos, profissional da área da saúde;
Pedro, seu pai, 36 anos, é profissional da área de segurança pública; Cássio, seu irmão, 12
anos, estudante da sétima série do ensino fundamental.
● Motivo do atendimento
Raul realizou tentativa de matricídio e suicídio. Havia plano anterior de matar também o pai e
o irmão. Houve tentativa de suicídio após o ataque à mãe. Raul ingeriu bebida alcoólica antes
do episódio e, mais tarde, soube-se que também usou crack pela primeira vez. O paciente tem
história anterior de traumatismo crânio-encefálico grave.
Aos 13 anos, Raul sofreu um atropelamento (por um caminhão) enquanto levava sua bicicleta
para o conserto. Nessa época estava começando a sair de casa sozinho. Seu atendimento não
foi imediato, pois o motorista que o atingiu, fugiu. Há relatos de ter estado consciente alguns
minutos após o trauma. Inicialmente atendido em sua cidade, foi levado a um hospital geral. O
menino apresentou politraumatismo nos membros superiores e inferiores, crise convulsiva e
alteração do nível de consciência, oscilando entre torpor e coma e momentos de agitação e
agressividade intensa, quando teve de ser contido no leito. Apresentou edema cerebral, com
necessidade de ventilação mecânica. Desenvolveu hematoma extradural parietal direito,
necessitando drenagem cerebral, ficando com uma janela óssea. Passou a usar Carbamazepina
600mg diários. Cabe destacar que tal medicação não vinha sendo usada em doses terapêuticas
nos meses que antecederam a tentativa de matricídio, com o conhecimento da equipe que o
atendia, pois considerou que a ausência de convulsões permitia essas doses baixas. Sua mãe,
possuindo conhecimentos técnicos, permaneceu o tempo todo ao seu lado durante a
internação na UTI e ficou sendo chamada por ele como “a moça que me cuida”. Continuou a
não reconhecer os pais durante algumas semanas após a alta hospitalar, mas, aos poucos, foi
lhes chamando de pai e mãe, muito mais por lhe dizerem do que por ter conhecimento disso.
Os pais relataram a sensação de que Raul nunca voltou ao seu “normal” depois de seu
acidente; a mãe disse que pensava com frequência que seu filho nunca havia retornado para
casa. Raul manteve acompanhamento neurológico, e os pais referiram que questionavam
sobre as mudanças do filho, mas a equipe que o atendia dizia que estas eram “normais” e que
“iriam passar”. Atualmente Raul ainda deambula com dificuldade e precisa de suporte em
algumas atividades motoras finas e grossas.
Questões norteadoras
Conforme a descrição dos casos clínicos: