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Perspectivas Médicas

ISSN: 0100-2929
perspectivasmedicas@fmj.br
Faculdade de Medicina de Jundiaí
Brasil

Bortolotti de Amorim, Anaí; Vieira, Domingas; Hares Fongaro, Maria Flávia; Amorim, Sandra
Comorbidade entre depressão e transtorno de personalidade.
Perspectivas Médicas, vol. 11, enero-diciembre, 2000, pp. 24-28
Faculdade de Medicina de Jundiaí
São Paulo, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=243218229007

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RELATO DE CASO

Comorbidade entre depressão e transtorno de personalidade.


Comorbidity associating depression and personality disorder.

Palavras-chave: depressão, transtorno de personalidade, personalidade borderline,


comorbidade, atuação multiprofissional.
Key words: depression, personality disorder, borderline personality,
comorbidity, intervention multiprofessional.

*Anaí Bortolotti de Amorim


**Domingas Vieira
***Maria Flávia Hares Fongaro
****Sandra Amorim

* Médica psiquiatra e diretora do serviço de psiquiatria do Hospi- Início do quadro há quatro anos com angústia e deses-
tal da Água Funda. Professora de Psicologia Médica e Psiquiatria pero. Em suas fases de piora apresenta inapetência e descuido
da Faculdade de Medicina de Jundiaí. Médica Homeopata. Gra- com a aparência. Fez uso de drogas desde os 18 anos de idade
duada em Medicina pela Faculdade de Medicina da Fundação do (maconha, cocaína). Dois meses antes de sua internação, estan-
ABC e em Homeopatia pela Associação Paulista de Homeopatia. do na casa da avó em Presidente Prudente, tornou-se ansioso e
** Ex-assistente social do Hospital da Água Funda, atual- agitado. Passou a fazer coisas absurdas tais como ouvir o som
mente atuando na Secretaria de Saúde da Prefeitura de em volume alto e lavar os cachorros durante a madrugada.
Guarulhos. Graduada em Serviço Social pela Pontifícia Uni- Quando de sua internação, estava usando drogas to-
versidade Católica de São Paulo (PUC-SP). dos os dias. Seu humor estava polarizado para a depressão.
*** Médica Psiquiatra e Arteterapeuta do Hospital da Água Sua higiene e aparência mostravam-se descuidadas. Eviden-
Funda. Graduada em Medicina pela Faculdade de Medici- ciava ideação suicida e de menos valia. Não apresentava
na de Jundiaí e em Arteterapia pelo Instituto Sedes Sapientiae. DSP. Pelo corpo trazia várias escoriações conseqüentes a le-
**** Psicóloga do Programa de Assistência a pacientes sões que ele mesmo causava com estiletes.
reagudizados do Hospital da Água Funda. Psicóloga do
núcleo de consultoria em saúde mental da Santa Casa de Antecedentes pessoais e familiares
São Paulo. Graduada em Psicologia pela PUC-SP.
a) DADOS SUBJETIVOS (procuramos usar a linguagem
Contatos com o autor: Rua Botucatu, 591 - cj. 134 - própria do paciente)
São Paulo - Fone/fax: (0xx11) 5574-8145 e 9946-5808. Sobre a família:
Instituição: Hospital da Água Funda (Secretaria da Saúde Pai falecido há 10 anos, com 45 anos de idade, por
do Estado de São Paulo) - Av. Miguel Stéfano, 3030 - São complicações de hipertensão. Era gerente de banco. A mãe tem
Paulo - Capital - CEP: 04301-002 - Fone: (0xx11) 577.8355. 53 anos de idade e possui uma confecção. Os pais mantinham
Artigo ainda não publicado. bom relacionamento e ficaram casados até o falecimento do pai.
Irmãos:omaisvelho(nãocitaonome)tem37anos,temAIDS
Resumo e mora no Paraná. O segundo é o próprio paciente. O terceiro, L., tem
28 anos e é evangélico. A última, A., a quem refere odiar, tem 24 anos.
Este artigo objetiva apresentar o caso clínico de um A filha: tem 7 anos e nasceu de um relacionamento mantido
paciente atendido em regime de internação hospitalar em com uma mulher por cerca de 6 meses, que também era dependen-
instituição pública por equipe multiprofissional, com diag- te química. A filha nasceu durante sua primeira internação.
nóstico inicial de depressão. Ao longo da internação, foram Antecedentes pessoais:
sendo acrescentadas informações e observações que subsidi- Nasceu de parto normal, a termo, sem complicações ou
aram a equipe a interrogar a existência de um transtorno de intercorrências, andou e falou “mais cedo que o normal”. Era
personalidade que coexistia com o quadro depressivo. A par- considerado esperto. Desde cedo tinha que se esforçar para
tir dessa constatação foram discutidas formas de abordagem e relacionar-se com as pessoas. Achava que as crianças de sua
recursos possíveis para tratamento em casos de tal natureza. idade não faziam nada de importante. Iniciou a escola aos 6
anos (pré-primário) e foi até a oitava série sem nenhuma dificul-
Summary dade. Conta que às vezes juntava-se a alguma turma mas nem
sempre tinha vontade de andar com os outros. Gostava das
This article pretends to bring one patient that was aulas de arte. Chegou a fazer curso de teatro e bateria. Fora isso
admitted in a psychiatry public hospital by multiprofessional não tinha nenhuma preferência por qualquer matéria.
team, with initial diagnostic of depression. During the internation Em casa nunca lhe exigiram nada, nem dele e nem de seus
informations and observations were added that suggested to the irmãos. Cada um fazia o que bem entendesse. Parou de estudar após
team the possibility of the existence of a personality disorder that concluir a oitava série, voltando a fazer supletivo aos 20 anos.
would exists alongside with the depressive one. Starting so, it Entre os 14 e os 20 anos, quando “voltou a estudar”,
was discussed several possible approaches and possible viajou com o pai algum tempo. Trabalhou com ele e durante
resources for a treatment in a case of this kind. esse tempo se transformou num “maloqueiro total”. Desde os
15-16 anos gostava de ser “reconhecido” pelo uso de drogas.
Apresentação do caso Isso lhe dava uma “posição de destaque”. Com o tempo foi se
tornando agressivo e se desvalorizando perante os valores
W.S.R., 31 anos, branco, solteiro, sexo masculino, na- que os outros lhe impunham (“trabalhar, ser inteligente”).
tural de São Paulo, ex-bancário foi internado por ideação Filiou-se a um núcleo anarquista, passou a relacionar-se com
suicida e abuso de drogas. pessoas de nível sócio-cultural mais baixo que o seu.

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Aos 27 anos foi morar com sua avó no interior, pois já Referia que, dentre toda sua sintomatologia, prepon-
não conseguia morar com a mãe e os irmãos. Tinha muita derava a vontade de auto destruir-se. Por várias vezes já se
vontade de ajudar a avó, mas já estava “estranho, muito havia cortado “por prazer, por passatempo”.
nervoso”, falando coisas na hora errada ou que só tinham Fazia referência a ouvir a própria voz. “Discuto muito
sentido para ele, insone. Atribuía isso ao uso de drogas. comigo. Chego a perder a noção de onde estou, ou para onde estou
Certa noite começou a cozinhar tudo o que tinha na indo. Quando vejo há carros parando, quase me atropelando”.
casa, lavar o cachorro e toda a casa durante a madrugada e por W. estabelecia bom relacionamento interpessoal. Sua
isso foi internado. Além da internação atual, contava com ou- mímica não apresentava modulação enquanto descrevia a
tras duas internações para desintoxicação e vários atendimen- vontade de autodestruir-se ou mesmo ao referir as vezes em
tos por overdose (não falou nada a respeito desses episódios). que se havia cortado. Mostrava cuidado adequado com sua
Quanto a relacionamentos amorosos: aparência. Higiene bem cuidada, barbeado, roupas limpas.
Desde que começou a se interesssar por mulheres Não havia evidências de distúrbios da senso-percepção. Seu
sentia-se muito tímido. Achava que elas não iriam gostar discurso era coerente, evidenciando pensamento de curso e
dele. Por isso “desprezava-as”. Com o tempo “foi aprenden- conteúdo normais. Fazia sempre referência a estar deprimido
do” e, hoje em dia, não tem dificuldades nessa área. mas não era claro para definir o que chamava de depressão.
Quanto aos fatos que ocasionaram a internação: Apesar da referência constante de sentir-se muito tris-
Perguntado sobre o que sente e sobre as situações te e com um vazio interior imenso, o comportamento de W. era
ocorridas até sua internação respondeu: “Eu não me satis- discordante. Sua modulação de voz e facial não mostravam
faço com as coisas normais da vida”. esses sentimentos e, ao lado de sua cama, ele colocou uma
figura de mulher em roupas íntimas, o que a princípio tam-
b) DADOS OBJETIVOS: bém falava contra a depressão do humor.
Informações prestadas por um dos irmãos, L.: W. era As referências de W. com relação à família – mãe, ir-
inteligente quando pequeno. Na escola tirava nota máxima, mãos, avós – eram de que ninguém manifestaria interesse por
apresentava raciocínio rápido e ia bem em matemática. Den- visitá-lo ou levá-lo por ocasião da alta porque “já havia apron-
tre os quatro irmãos, destacava-se pela inteligência. Quan- tado demais com todos”. Ele desconhecia o endereço atual da
do adulto, surpreendia pelo dinamismo e rapidez com que mãe. Foi feita convocação ao padrasto em endereço fornecido
realizava testes no computador, superando os demais. No pelo paciente, mas ninguém da família atendeu ao chamado.
entanto, “seu lado fraco” se observava quando repentina- No 25º dia de internação fez um corte no pulso esquer-
mente mudava de temperamento: “se mostrava bem, mas em do com uma lâmina de barbear, sem maiores proporções. Fez
pouco tempo estava mal”. A convivência com ele e a irmã A. ainda vários cortes superficiais nos dois antebraços com uma
era pacífica, mas com o irmão D. era permeada de conflitos. latinha de refrigerante. Quando se conversou com ele sobre o
Houve ocasião em que W. o esfaqueou, indo parar na delega- que fizera, não mostrou afetividade concordante com o fato em
cia. L. alega que havia rixa, ciúme e competição entre am- questão, sem demonstrar preocupação com sua atitude, tratan-
bos, que não sabiam contornar os conflitos existentes. D. é o do do assunto de modo superficial. Disse que seu objetivo não era
irmão mais velho (37 anos) e, na seqüência nasceram W., L. e o suicídio. Que isso estava planejado “mais para a frente”. Em 11-
A. De todos, W. é o mais violento. Ao ser contrariado parte para 03-99 novamente conseguiu uma lâmina de barbeador descartável
a briga, sendo capaz de machucar o adversário. Refere que A. e escondeu-a na boca. Quando o plantonista foi chamado pela
também se mostra com atitudes violentas, mas em menor grau. enfermagem para vê-lo, referiu “gostar de sentir o sangue, de
D. usa drogas desde os oito anos de idade. Quando cresceu sentir a cicatrização e depois fazer novamente” . No dia seguinte,
fazia “o que queria”: batia o carro emprestado do pai, foi abordado pela médica assistente com relação ao fato ocorrido,
preso várias vezes e em uma das prisões contraiu AIDS. mantinha-se de boné na cabeça, desviando o olhar. Instado sobre
O pai sofreu derrame aos 35 anos de idade, ficando o valor de sua vida respondeu: “não há valor em minha vida”.
com metade do corpo paralisado, tendo passado por UTI. Outro aspecto evidenciado nos contatos com W. era a
Ele “não podia fazer nada” para intervir na educação dos tentativa de sempre colocar no outro a responsabilidade pelo
filhos, dada a limitação física. Hoje é falecido. que lhe acontecia. Em 08-04-99 foi abordada com ele a possibi-
A mãe “não pegava cinta para bater em ninguém”, lidade de ir para a casa de algum familiar e como seria seu
nem tinha pulso firme. Quando havia situação conflituosa ia comportamento se isso acontecesse. Suas colocações versaram
para o quarto chorar. sempre sobre o mesmo tema: ser nervoso e precisar da colabora-
Até o pai falecer, W. A. e L. viviam juntos e eram, de certa ção das pessoas que morassem na casa. Falava de sua
forma, mais unidos. Após seu falecimento, cada qual tomou seu impulsividade e falta de paciência, mas não esboçava desejo de
caminho, mas L. alega que não via no pai um elo desta união. controlar-se ou de tratar tal característica.
Em 04-05-99 W. queixou-se de estar sentindo muita
Aspectos médicos tristeza e angústia, sem vontade de sair da enfermaria e só o fez
W. foi internado pela primeira vez no Hospital da Água para ir ao ateliê de arteterapia. Nessa data iniciou-se a redu-
Funda em 31-01-99. Há dois meses vinha fazendo uso de medica- ção da amitriptilina até posterior introdução de fluoxetina 20
ção, mas de forma irregular e associava a ela a ingestão de álcool. mg diários uma semana depois e lorazepan, 4 mg diários.
A medicação prescrita era carbamazepina 800 mg/dia, carbonato Em 10-06-99 a fluoxetina foi substituída por paroxetina
de lítio 900 mg/dia, imipramina 50 mg/dia e diazepan 10 mg/dia. 20 mg diários. W. permaneceu negando melhora do vazio inte-
Foi adotada a mesma conduta medicamentosa acima rior e do sentimento de tristeza até o final da internação. Quan-
e que não estava usando regularmente. W. começou a freqüen- do de sua saída estava medicado com carbonato de lítio 300 mg
tar a sala de Terapia Ocupacional. Na enfermaria manteve (1-1-1), carbamazepina 400 mg (1-0-1), clorpromazina 100 mg
sempre um comportamento adequado. Não havia desentendi- (0-1-0), lorazepan 2 mg (1-0-1) e paroxetina 20 mg (1-0-0).
mentos com outros pacientes ou com a equipe de enfermagem.
Solicitava várias vezes o contato, referindo sempre ausência Aspectos psicológicos
de melhora com a medicação, que foi sendo mudada. Inicial- O atendimento psicológico individual teve início dois
mente procedeu-se ao aumento da dosagem do antidepressivo dias após a internação. A abordagem adotada foi de orien-
usado, que posteriormente foi substituído por amitriptilina tação psicodinâmica, com diferentes níveis de intervenção,
cuja dosagem foi aumentada até 175 mg/dia e depois substitu- conforme a demanda apresentada pelo paciente e as estraté-
ída por fluoxetina, na dose de 20 mg/dia. gias psicoterápicas ponderadas no caso.

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Em geral, os atendimentos ocorriam por iniciativa dúvida a sua alegada “depressão”). Reagia com hostilidade
da terapeuta, à exceção de alguns encontros nos quais o a estas situações, valendo-se de ironias ou de franca
paciente espontaneamente manifestou interesse por conver- desqualificação das pessoas envolvidas. Em contrapartida,
sar. Cabe ressaltar que nessas ocasiões, a razão precipitante era visível o vínculo positivo que estabeleceu com alguns pa-
desta procura invariavelmente era a solicitação de informa- cientes, em geral os mais seriamente comprometidos, junto aos
ções sobre sua possível saída do Hospital, bastante temida quais assumia uma atitude cuidadosa e de proteção.
pelo paciente. W. evidenciou dispor de recursos cognitivos Ao receber alta, o paciente foi orientado a dar segui-
bastante satisfatórios e bom nível cultural. mento ao atendimento psicoterápico, em nível ambulatorial.
O tema preponderante dos atendimentos era a sensação
de “vazio” e sentimentos de desesperança frente ao futuro. Tendia Aspectos sociais
a rechaçar ou desvalorizar intervenções que apontassem para a Inicialmente o atendimento ocorreu quando se perce-
existência de recursos de enfrentamento dos quais poderia se beu que os familiares não haviam correspondido às convoca-
valer em seu cotidiano. W. dava ênfase a razões externas que ções efetuadas para prestarem informações, bem como para
estariam associadas ao seu estado atual. Achava, por exemplo, serem orientados quanto ao tratamento proposto ao paciente.
que o uso de drogas deixou-o com “seqüelas” neurológicas irre- Na entrevista inicial com o paciente , seu histórico fami-
mediáveis dentre as quais a constante sensação de vazio. Valia- liar deixa transparecer dificuldades, por parte de seus pais, para
se preponderantemente de mecanismos projetivos. Depositava acompanhá-lo e orientá-lo. A exemplo disso o paciente colocou
grande expectativa na perspectiva de acolhida da família ou na que, quando adolescente, o pai o autorizava a fumar maconha
busca de resoluções, por parte da equipe, de algumas necessida- “do portão para dentro” para que a polícia não o detivesse por
des mais emergenciais (moradia, possibilidade de obter meios essa atitude. Com 18 anos de idade seu pai passou a desautorizá-
para retornar ao trabalho, etc.). Chegou a mencionar sentimen- lo a usar a droga, devido à presença de crianças, quando passou
tos de culpa ao avaliar sua falta de tenacidade para levar adiante a utilizá-la às escondidas.
projetos de vida mais consistentes. Desqualificava-se por ter sido Ao atingir a maioridade seu pai arranjou-lhe empre-
irresponsável, sobretudo no que se referia aos cuidados que deve- go em estabelecimento bancário. W. passou a utilizar seu salá-
ria ter com sua filha. Este reconhecimento, contudo, era tênue e rio para adquirir bebida alcoólica e drogas, pois desde os 16
superficial, não parecendo ser genuíno. anos de idade não conseguiu mais parar. Devido ao uso de
O paciente não descreveu qualquer situação ocorrida álcool e drogas W. não se estabeleceu em nenhum emprego.
nos últimos anos que representasse maior estabilidade, seja Em certa ocasião chegou a permanecer por apenas alguns
no âmbito familiar, profissional, social ou em relacionamentos dias trabalhando em um banco, tendo sido dispensado.
afetivos. Exceção a isso foi a experiência de morar com a avó Quanto à sua mãe, passa a fazer parte de sua história
no interior de São Paulo, situação esta que pareceu ser posi- sempre que o paciente se vê com dificuldades para conseguir um
tiva, pois W. percebia nesta familiar um “continente” estável local para morar. Por várias vezes, após procurar ajudá-lo ceden-
de suas necessidades, sob os aspectos material e emocional. do-lhe roupas e moradia, ela percebia que W. não correspondia a
Sobre sua infância e adolescência, referiu que gostava suas expectativas. Por isso mudou-se de endereço na tentativa de
de permanecer sozinho ou na companhia de pessoas mais ve- afastar-se dele. Da última vez em que se viram, em período anterior
lhas. Apreciava certas condutas que implicassem em “riscos” à admissão hospitalar, W. relatou que sua mãe apresentava-se mui-
(entrar em locais perigosos ou inusitados, por exemplo). Esteve to irritada por ter investido nele, comprando-lhe roupas, sapatos e
vinculado a grupos “alternativos” (“góticos”, “punks”). Tam- arranjando-lhe moradia. Tendo novamente se defrontado com sua
bém se interessou anteriormente pelo estudo de assuntos religi- indiferença, colocou-o para fora de casa e não permitiu retorno.
osos e filosóficos. Hoje, considera-se ateu, convicção esta que se Em relação aos seus irmãos, o paciente referiu que o mais
associa a um enfoque de tonalidade depressiva / amargurada velho fez uso de drogas e contraiu AIDS. A irmã, que constituiu
do qual se valia em suas apreciações sobre assuntos diversos. família, o ajudou por diversas vezes, prestando-lhe auxílio materi-
Falava mais sobre sua mãe, trazendo informações por vezes al e moradia. Em visita domiciliar à referida irmã, esta confirmou
contraditórias quanto ao tipo de vínculo afetivo que a mesma ter prestado auxílio ao paciente, cedendo sua casa para que W.
teria com ele e com os demais filhos, deixando a entender que ela nela morasse. Porém, devido a furtos constantes de seus objetos,
não era geralmente muito acolhedora. passou a ficar inviável a permanência dele junto à sua família.
Sobre o pai, já falecido, trouxe impressões mais posi- Nesta ocasião ela notava que W. se alterava, ficando muito irrita-
tivas. Descreve-o como empreendedor e preocupado com a do pelo fato dela ter uma vida relativamente estruturada e ele não.
manutenção da família. Percebia que W. comportava-se como se tivesse “três personali-
Reportava-se aos irmãos com ressentimento e, em par- dades” (sic). De manhã mostrava-se bem, à tarde manifestava
ticular, a um deles, também usuário de drogas, que costuma- atitudes inadequadas, à noite apresentava-se com postura ainda
va espancá-lo e humilhá-lo sem motivo. mais radicalmente diferente. W. esteve internado em várias insti-
A atitude do paciente, no transcurso dos atendimentos tuições, informou ela, onde se propos a realizar tratamento que,
psicológicos, oscilava entre a indiferença e a empatia, ainda no entanto, não levou a cabo.
que esta fosse bastante contida. Parecia oscilante também na Houve participação de outros parentes, como a avó ma-
maneira como atribuía importância à figura da terapeuta. Tal terna e tios paternos que tentaram ajudá-lo, cedendo moradia ou
característica perdurou no transcurso de todo o atendimento. custeando clínicas onde iniciava tratamento, contudo acabaram
A despeito da forma distante como se colocava, o pacien- por se afastar, por perceberem o pouco empenho do paciente.
te não parecia destituído de afetividade. Era observador e reativo Diante da impossibilidade de retornar ao convívio
às mudanças do ambiente e a certos fatos que lhe diziam respeito familiar e em vista do quadro psiquiátrico ter se estabiliza-
na rotina do Hospital, tendendo a enfatizar, contudo, as experiên- do, a equipe se viu diante da necessidade de procurar alter-
cias negativas, frente às quais apresentava intenso ressentimento. nativas para a resolução do caso e encaminhou-o para tirar
Em certas ocasiões transparecia imaturidade e poten- segunda via de seus documentos (certidão de nascimento,
cial para atitudes impulsivas, desestabilizando-se fácil e in- carteira de identidade e carteira de trabalho).
tensamente diante de algumas situações (quando confronta- Também efetuaram-se contatos com instituições que
do com certas atitudes inadequadas e imediatistas que apre- oferecem tratamento específico para abuso de drogas, mas
sentava, quando percebia-se em risco de ser deixado em con- houve dificuldade de encaminhá-lo, porque estas institui-
dição de “abandono” ou desinvestimento por parte da equi- ções exigiam o acompanhamento familiar durante o trata-
pe ou, ainda, quando percebia que as pessoas colocavam em mento e por não haver quem financiasse as despesas.

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Após quatro meses de internação, os tios paternos o visi- dro inicial. Ao final do período de internação, solicitou li-
taram no Hospital e se propuseram a custear moradia e a ajudá- cença médica para que providenciasse segunda via de al-
lo a conseguir trabalho. Antes desta visita W. mantinha o sentimento guns documentos que havia perdido, necessitando deles para
de que sua família não lhe daria qualquer apoio, demonstrando reingressar no mercado de trabalho, que era sua pretensão.
desinteresse em restabelecer vínculos. No último contato efetuado Nas duas primeiras licenças concedidas providenciou
com os referidos tios, ficou acordado que se responsabilizariam os documentos programados. Chamou a atenção, entretanto,
novamente pelo paciente. Comprometeram-se a custear temporari- o fato de, em ambas as vezes, retornar ao Hospital com novos
amente uma pensão, bem como alguns outros gastos básicos para pertences (roupas, um par de tênis importado e uma bijuteria).
sua subsistência, até que ele conseguisse se manter sozinho. Explicou que as roupas semi-novas foram adquiridas por pre-
Após três meses da alta, em contato telefônico com ço extremamente módico através do uso de uma parcela do
uma prima, esta informou que W. estava ainda morando na dinheiro que lhe foi fornecido pelo Hospital para o transporte
pensão e que estava trabalhando em serviços avulsos. e alimentação durante sua licença. Quanto ao tênis, disse que
o adquirira a crédito com o cartão de uma loja de departa-
Arteterapia mentos. Relatou que não se preocupava em demasia com o
W. descobriu o ateliê de arte em sua quarta semana de fato de não ter condições para saldar a dívida, pois, mais
internação. Apresentou-se sozinho, perguntando sobre a rotina de adiante o faria, quando voltasse a trabalhar. Posteriormente,
funcionamento e logo começou a trabalhar. Trazia no bolso um soubemos que este cartão não estava entre seus documentos
papel com as idéias que queria desenvolver, entretanto, não deu guardados no Hospital, colocando em dúvida sua existência.
acesso a esses planos, só mostrando seus trabalhos quando isso era Em ambas as ocasiões alegou que “sabia se virar” e
claramente pedido. Tendo em vista este tipo de atitude, optou-se por que “tinha certos contatos” nas ruas, fatos que o subsidiavam
deixar o paciente à vontade para fazer seus trabalhos. Observou-se a não pagar transporte, se quisesse, e a conseguir o dinheiro
que W. explorava várias técnicas e linguagens enquanto desenvol- suficiente para complementar o preço de suas aquisições.
via suas idéias. Usava colagem, desenho, pintura, às vezes figurati- Na última licença concedida, o paciente retornou
vos, às vezes geométricos tendendo ao concreto, outras vezes man- sem o documento programado, alegando não ter consegui-
chas e formas indefinidas caracterizando uma produção muito rica do tirar o documento. Chamou a atenção o fato do paciente
e com um resultado final sempre muito agradável ao observador. Os ter-se demorado além do esperado para retornar da licença,
títulos eram bem visíveis no topo da folha, com temas do tipo: “casa considerando seu informe de que fora dispensado da repar-
da noite eterna”, “psicose”, “cemitério de elefantes”. tição na qual tiraria o documento.
Sobre sua expressão artística, mencionou que gostaria Ao retornar da licença, porém, referiu ao plantonista que
que as pessoas vissem em suas obras seu “desespero” devido à não lhe teriam sido fornecidos recursos para o transporte e o lanche.
sua situação. Chamava suas obras de “macabras”, mas percebia Confrontado pela equipe sobre o teor das informações
que muitas vezes perdia o impacto dessas produções, pois usava que prestara ao plantonista, afirmou, sem qualquer ressonância
cores e material com brilho. Além disso, as pessoas que comenta- afetiva, que não havia dito em absoluto o que estava anotado no
vam seus trabalhos nem sempre se impressionavam no sentido prontuário e que o plantonista “entendeu mal” suas explicações.
desejado por ele. Com esta colocação do paciente, a arteterapeuta Em todas estas ocasiões ficou evidenciado que o pa-
sentiu-se à vontade para apontar que sua produção estava mos- ciente dispunha de impulso vital, motivação e capacidade
trando não só coisas “macabras”, mas também cores e brilhos e de organizar-se, de modo a realizar as tarefas propostas, fato
que isso também era obra dele. Passou a usar técnicas em que a este que, mais uma vez não falava a favor do quadro depressivo
tinta era diluída ou escorrida. Solicitou mais tempo para fazer sempre alegado por W. Aliás, demonstrou apreciável
seus trabalhos e passou a usar as oficinas terapêuticas para cons- “traquejo” para resolver as situações que o envolviam.
truir painéis com sucata de madeira. Aos poucos, foi fugindo dos Também ficou claro que o paciente burlava regras, indo
limites do suporte passando a fazer esculturas, explorou também além do propósito inicial de suas licenças. Ademais, a equipe
trabalhos com sucata de ferro nunca deixando de usar cores cogitou a possibilidade de que W. tivesse adotado condutas
fortes, com contrastes brilhantes em todos os seus trabalhos. ilícitas (roubo? “acordos”?) a fim de adquirir as mercadorias
Nas semanas anteriores à alta, foi trabalhado com W. o que trouxe da rua. Suas explicações sobre como as conseguira
destino que daria à sua obra. Inicialmente, o paciente pensou em eram inconsistentes, quando não francamente inverossímeis.
queimá-la, alegando não ter lugar para guardá-la. Foi dada a QuandoopacientechegouaoHospital,ahipótesediagnóstica
liberdade para W. destruir sua obra (ao se destruir criações dá-se colocada e que melhor abrangia os sintomas referidos era a de um
oportunidade para o surgimento de novos processos criativos) quadro depressivo, ainda não especificado. No entanto, com o
mas também lhe foi assegurado que poderíamos guardar seu passar dos dias, através da observação da conduta do paciente, de
material ou vendê-lo, revertendo o dinheiro conseguido para ele. sua participação nas rotinas do Hospital e com os dados fornecidos
Apontou-se também para o paciente que do ponto de vista estéti- pela família, foi possível a revisão dessa hipótese diagnóstica.
co, sua produção foi bem trabalhada, reforçando que ele havia Observamos também que o paciente não se aprofundava
produzido obras de arte. Após pensar por alguns dias W. decidiu em seus relacionamentos. A qualidade dos vínculos interpessoais
deixar sua obra no HAF, pedindo que usássemos seus trabalhos era caracterizada por seletividade, mas sem que fosse permiti-
para decorar o Hospital, sendo que ele mesmo começou a colocar do o estabelecimento de uma ligação mais estreita.
alguns em ambientes de trânsito de pacientes e familiares. Nas duas vezes em que houve automutilação não cons-
Do ponto de vista da arteterapia, W. foi capaz de expres- tatamos em sua atitude características depressivas. Não se
sar-se, criar e tomar posse de sua criação, decidindo o que fazer percebia intenção suicida, mas, preponderantemente, um an-
com ela. Sua produção mostra talento para as artes plásticas e seio por chamar a atenção. Ademais, os ferimentos produzidos
também um modo de experimentar sentimentos intensos sem o uso eram de pouca gravidade, insuficientes para colocar o paci-
de recursos auto-destrutivos (drogas, automutilação), entrando ente em condição de risco de vida iminente.
em contato com sentimentos que não reconhecia como seus. Sempre presente era a afirmação de W. de um “vazio
Seu silêncio “verbal” foi respeitado, pois a eloqüên- interior”, sendo esta a justificativa que fornecia para suas
cia de sua obra falou por si. automutilações. Tal queixa esgotava-se em si mesma, pois o paci-
ente, ao mesmo tempo que solicitava ajuda, limitava-se a se quei-
Discussão xar indefinidamente, sem assumir uma participação mais ativa no
tratamento, exceto quanto à Arteterapia, onde usava a arte como
O paciente evoluiu sem mudança significativa no qua- objeto intermediário para o contato com seus conteúdos internos.

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Amorim, A. B. e cols. - Comorbidade entre depressão e transtorno de personalidade.

Ao longo da internação, acrescentando-se dados da ceberam o diagnóstico de transtorno de personalidade (Shea


história de sua vida, percebemos alguns aspectos de et al., 1990 in Schestatsky, 1999)(2). Estudos feitos com popula-
desadaptação psicossocial, que aliados à baixa resposta ao ções clínicas constataram taxas de prevalência de transtor-
uso de medicamentos antidepressivos nos conduziram a novas nos de personalidade borderline de 23 a 67% em pacientes
hipóteses diagnósticas no campo dos transtornos de personali- internados com depressão maior unipolar (Docherty et al.,
dade, onde os sintomas, aparentemente depressivos, encontra- 1986 in Schestatsky, 1999)(2). Em um estudo de seguimento a
vam contexto mais amplo. Dentre os transtornos de personali- longo prazo (Stone e cols., 1987 in Gabbard, 1998)(3), havia
dade consideramos ser mais pertinente o Transtorno de perso- uma sobreposição de 69% entre transtorno afetivo maior e
nalidade emocionalmente instável de tipo Borderline. transtorno de personalidade borderline. O DSM-IV (1995)(4)
Segundo a CID 10 (1993)(1), para que se possa fazer corrobora tais achados, apontando que é freqüente a associ-
um diagnóstico de Transtorno de Personalidade devem ser ação entre transtorno de personalidade borderline e transtor-
satisfeitos os seguintes critérios: no de humor. Gunderson e Phillips (1991) in Gabbard (1998)(3),
- Padrão de comportamento persistente que surge precoce- revisando todas as evidências disponíveis sobre a interface
mente no desenvolvimento individual, como resultado tanto entre transtorno de personalidade borderline e depressão maior,
de fatores constitucionais como da experiência social. concluíram que os dois transtornos freqüentemente co-exis-
- Representam desvios significativos dentro de uma certa cultura. tem numa pessoa, mas não têm maior relação.
- Abrangem múltiplos domínios de comportamento e funcio- Segundo Gabbard (1998)(3), um problema comum que
namento psicológico. o clínico enfrenta é a diferenciação entre a depressão típica da
Todavia, para que possamos falar de um Transtorno personalidade borderline e a do transtorno afetivo maior, pois os
de Personalidade emocionalmente instável, as característi- pacientes borderline podem utilizar o termo “depressão” para a
cas a serem preenchidas seriam (pelo menos três): descrição de sentimentos crônicos de enfado, vazio e solidão,
- Tendência a agir impulsivamente e sem levar em conta as mas em termos diagnósticos podem faltar os sinais típicos de
conseqüências. depressão maior (perturbação do sono, perda de interesse em
- Humor imprevisível e caprichoso. atividades que anteriormente produziam prazer, culpa, falta de
- Tendência a ter rompantes de emoção e incapacidade de energia, autodepreciação, perda de apetite, perda de libido,
controlar explosões de comportamento. retardo psicomotor), em sua maioria ausentes no paciente
- Tendência a comportamento querelante e a ter conflitos relatado.
com os outros. A importância clínica da comorbidade entre trans-
Para o sub tipo Borderline, em adição, teríamos: torno de personalidade e transtorno de humor se expressa,
- Perturbações da auto-imagem, objetivos e preferências internas. atualmente, na constatação de que a mesma influencia des-
- Sentimentos crônicos de vazio. favoravelmente a apresentação, curso e prognóstico dos
- Relacionamentos interpessoais intensos e instáveis, levan- transtornos de humor: pacientes com transtorno de persona-
do com freqüência a crises emocionais. lidade concomitante tentam mais o suicídio, respondem me-
- Tendência a comportamento autodestrutivo, incluindo nos aos tratamentos, têm menos remissões completas e apre-
gestos e tentativas de suicídio. sentam menores níveis de readaptação social após cada epi-
- Esforços excessivos para evitar abandono. sódio (Girolamo & Reich, 1993 in Schestatsky, 1999)(2).
Considerando o exposto acima, o paciente preen- Derivado da colocação dos autores acima citados, jul-
cheria os critérios que se seguem: gamos ser importante a discussão sobre o atual sistema de assis-
1. Para Transtorno de Personalidade: tência em saúde mental quando de casos análogos ao descrito.
- Padrão de comportamento persistente. A quase que total refratariedade do paciente ao trata-
- Surgimento precoce das alterações. mento proposto também nos confrontou com os alcances e limi-
- Padrão inadequado para a cultura onde está inserido. tações terapêuticas da equipe de saúde mental quando de casos
- Abrange alterações em várias esferas: deste tipo. Indagamos qual a abrangência do tratamento e
Cognição – interpreta de modo muito peculiar as pessoas e mesmo qual a pertinência da hospitalização em casos seme-
os fatos com percepção alterada de si mesmo e dos outros. lhantes. Ademais, julgamos tratar-se de paciente que idealmente
Afetividade – respostas emocionais inadequadas. deveria ter um seguimento especializado ambulatorial a longo
Descontrole dos impulsos prazo, fato que não está garantido por diferentes fatores: a cons-
Inadequação nos relacionamentos, manifesta em atitudes tituição emocional do paciente e a falta de retaguarda familiar
de manipulação e nas situações interpessoais em geral. mais sistemática – ambos fatores complicadores quanto à adesão
2. Para Transtorno de Personalidade emocionalmente instável: ao tratamento – além da incerteza de uma assistência ambulatorial
- Tendência a agir inesperadamente e sem considerar as que contemple as peculiaridades do caso, sobretudo no que se
conseqüências. refere aos achados psicodinâmicos de personalidade.
- Acessos de violência e incapacidade de controlar as
manifestações de comportamento resultantes. Referências bibliográficas
- Humor instável e caprichoso.
3. Para o tipo Borderline: 1. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação
- Incerteza sobre a auto-imagem, sobre seus objetivos e de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10.
preferências internas. Porto Alegre, Artes Médicas, 1993, p. 195-203.
- Envolvimento em relacionamentos intensos e instáveis, 2. SCHESTATSKY, S. Comorbidade entre depressão e
muitas vezes com conseqüentes crises emocionais. Transtornos de Personalidade. In: Depressão &
- Atos recorrentes de dano a si próprio. Comorbidade. Associação Brasileira de Psiquiatria/
- Sentimento crônico de vazio. SmithKline Beecham Farmacêutica, 1999, p. 45-60.
Ao examinarmos a literatura acerca dos transtornos 3. GABBARD, G. - Psiquiatria Psicodinâmica – baseado no
de personalidade, encontramos a existência de uma significa- DSM-IV. Porto Alegre, Artes Médicas, 1998, p. 296-324.
tiva comorbidade destes com os transtornos de humor. Em 4. ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA. - Manu-
estudo de uma amostra de 275 pacientes ambulatoriais com al Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
traços depressivos, evidenciou-se que 74% deles também re- 4ª edição, Porto Alegre, Artes Médicas, 1995, p. 593-634.

Revista Perspectivas Médicas, 11: 24-28, jan/dez 2000.

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