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Rev. Latino-Am. Enfermagem Artigo original


2016;24:e2799
DOI: 10.1590/1518-8345.1311.2799
www.eerp.usp.br/rlae

Estratégias de enfrentamento com familiares de pacientes com transtorno mental


transtornos

Daniele Alcala Pompeo1


Arélica de Carvalho2

Aline Morgado Olive3


Maria da Graça Girade Souza1
Sueli Aparecida Frari Galera4

Objetivo: identificar as estratégias de enfrentamento de familiares de pacientes com transtornos mentais e

relacioná-los às variáveis sociodemográficas dos familiares e às variáveis clínicas do paciente.

Método: trata-se de um estudo descritivo realizado em um hospital psiquiátrico do interior do estado de

São Paulo, com 40 familiares de internados maiores de 18 anos e que acompanhavam o

paciente antes e durante a internação. Usamos ferramentas para caracterizar os sujeitos e o Folkman

e Inventário Lazarus de Estratégias de Enfrentamento. Resultados: as estratégias de enfrentamento mais utilizadas pelos

os membros da família eram suporte social e resolução de problemas. Mães e pais usaram mais funcional

estratégias (autocontrole p=0,037, reavaliação positiva p=0,037 e suporte social p=0,021). Nós

não encontraram diferenças significativas entre as estratégias e outras variáveis examinadas. Conclusão:

apesar do sofrimento decorrente da doença de um ente querido, os familiares utilizam mais

estratégias funcionais, permitindo-lhes enfrentar as adversidades de forma mais ajustada.

Descritores: Adaptação Psicológica; Enfermagem Psiquiátrica; Problemas mentais; Saúde da Família.

1 PhD, Adjunct Professor, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, São José do Rio Preto, SP, Brazil.
2
Undegraduate student in Nursing, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, São José do Rio Preto, SP, Brazil. Scholarship
holder of the Scientific Initiation Program at the Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Brazil.
3
RN, student of the Obstetric Nursing of the Residency Program, Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP,
Brasil.

4 PhD, Associate Professor, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, PAHO/WHO Collaborating Centre for Nursing Research
Development, Ribeirão Preto, SP, Brazil.

Como citar este artigo

Pompeo DA, Carvalho A, Olive AM, Souza MGG, Galera SAF. Estratégias de enfrentamento com familiares de pacientes com
transtornos mentais. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2016;24:e2799. [Acesso ___ __ ____]; Disponível em:
mês dia ano
____________________. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.1311.2799.
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2 Rev. Latino-Am. Enfermagem 2016;24:e2799

Introdução hospitalar e associá-los às variáveis sociodemográficas dos familiares e às

variáveis clínicas do paciente.


Atualmente, a doença mental é um tema importante em todo o

mundo, pois está cada vez mais presente no dia a dia da população. Cerca Método
de 700 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de algum tipo de
Estudo descritivo, exploratório, transversal, realizado em um hospital
distúrbio mental ou neurológico. Uma em cada quatro pessoas desenvolverá
psiquiátrico do interior de São Paulo com 250 leitos e atendimento a
alguma forma desses distúrbios durante sua vida. É raro encontrar uma
pacientes do SUS, plano de saúde e particulares, atendendo a um grupo
família que não tenha pelo menos um membro com algum tipo de transtorno
heterogêneo de pessoas em termos socioeconômicos e culturais
mental(1). Essa alta incidência está diretamente relacionada ao uso de

drogas e álcool e ao estilo de vida moderno, onde as pessoas estão mais


nível.
expostas a estressores(1).
A população do estudo foi constituída pelos familiares de pacientes

internados no referido hospital por


transtornos mentais entre outubro e dezembro de 2013.
Muitas vezes constatamos que não só o indivíduo envolvido sofre
Os critérios de inclusão foram: ter 18 anos ou mais, ter algum tipo de
prejuízos decorrentes dessa situação, mas também seus familiares e a
parentesco com o paciente internado e ter acompanhado o paciente antes
sociedade em geral. A família vivencia uma sequência de estressores que
e durante a internação.
interferem na união familiar, como o próprio diagnóstico da doença,
Nos casos em que dois ou mais familiares se qualificaram, optou-se por

aquele que despendia mais tempo cuidando do paciente internado (indicado


os efeitos adversos da medicação, o indivíduo
pelos próprios familiares), resultando em uma amostra de 40 sujeitos.
incapacidade de realizar tarefas diárias, possíveis mudanças no status

econômico e social, incerteza quanto à cura e a possibilidade de que a


O tamanho da amostra foi limitado pelo tempo disponível para a
doença possa
tornar crônica(2-3). coleta de dados (01 de outubro a 31 de dezembro de 2013), que por sua

vez foi em função dos recursos humanos e do tempo disponível para este
Os estressores são enfrentados com base em quão significativos
estudo.
são para os envolvidos. Coping significa tentar superar aquilo que está
A coleta de dados utilizou dois instrumentos: descrição
causando estresse, podendo reorientar o significado associado às
sociodemográfica dos familiares e quadro clínico do paciente e o Inventário
dificuldades, orientar a vida do indivíduo e mantê-lo fisicamente,
de Estratégias de Coping de Folkman e Lazarus (FLICS)(4).
psicologicamente e socialmente saudável(4).

A literatura menciona inúmeros estudos sobre O Inventário Folkman e Lázaro de Coping

Estratégias inclui os pensamentos e ações que as pessoas


estratégias de enfrentamento para familiares e cuidadores de pessoas com
usado para lidar com as demandas internas ou externas de um
doenças crônicas(5-6). Alguns estudos descrevem essas estratégias entre
evento estressante específico. Trata-se de uma lista de 66 itens respondidos
os cuidadores de pacientes com esquizofrenia e doenças psicóticas, porém
em uma escala do tipo Likert, com quatro possibilidades de resposta (0:
utilizando escalas não validadas para o português(3,7-8).
nunca usei essa estratégia; 1: usei um pouco; 2: usei muito; 3: usei

extensivamente). Essa escala não está associada a uma pontuação total


Outros estudos revelam a sobrecarga e a má qualidade de vida dos
como soma para avaliação, pois os itens devem ser avaliados por meio de
cuidadores de pacientes com transtornos psiquiátricos(9-10). No entanto, a
pontuações médias dentro de cada
literatura sobre o enfrentamento familiar no caso de pessoas com
fator(4).
transtornos mentais é
Esta ferramenta foi traduzida e validada para o Brasil
escasso.
português, demonstrando correspondência entre a versão original em
As famílias geralmente são vulneráveis e despreparadas para
inglês e a traduzida, permitindo sua aplicação em outros estudos. No
enfrentar todo o processo de adoecimento e
estudo original, o alfa de Cronbach variou de 0,56 a 0,85 entre os fatores.
tratamento(3,8). Por esta razão, os enfermeiros e outros
Os itens que compõem esse instrumento são divididos em oito fatores:
os profissionais de saúde que convivem com esta realidade têm um papel
conforto, distância, autocontrole, suporte social, aceitação de
fundamental a desempenhar no binómio doente/família, apoiando-os e
responsabilidades, evitação de fuga, resolução de problemas e reavaliação
ajudando-os a identificar os estressores, compreendendo e reconhecendo
positiva (11).
a forma como lidam com os problemas de modo a intervir e minimizar o

sofrimento, contribuindo assim de forma positiva para a seu reajuste(2,7,10).


Os elementos do FLICS são divididos em duas categorias: (1)

estratégias funcionais, compostas de autocontrole, apoio social, resolução

de problemas, reavaliação positiva e aceitação de responsabilidades, e (2)


Assim, os objetivos deste estudo foram identificar as estratégias de
disfuncional
enfrentamento dos familiares de pacientes com transtornos mentais

internados em um hospital psiquiátrico

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Pompeo DA, Carvalho A, Olive AM, Souza MGG, Galera SAF. 3

estratégias, correspondendo ao confronto, distanciamento e fuga e esquiva(12). e recebeu parecer favorável do Comitê de Ética local (Documento nº 300.424).

Todos os pacientes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Foi realizado um pré-teste com cinco sujeitos para testar, ajustar,

refinar e medir o tempo de aplicação dos instrumentos de coleta de dados


Resultados
propostos, o que não resultou em alterações. Os dados foram coletados por

meio de entrevistas verbais realizadas durante o horário de visita.


Dos 40 familiares de portadores de transtorno mental, 20 eram do sexo

masculino e 20 do sexo feminino, com idade variando de 18 a 67 anos, com


Os dados foram processados e analisados usando Statistical Package
média de 39 e DP de 14,7 anos. Em relação à relação familiar, sete (17,5%)
for Social Science (SPSS) versão 19 para Windows, IBM Company, Copyright
eram pais (pai ou mãe), 10 (25%) filhos, nove (22,5%) irmãos e 14 (35,0%)
2010.
simpáticos/sobrinhos, netos, cunhado ou primo. 24 (60%) dos participantes
Para análises descritivas dos dados, utilizamos medidas de posição e
tinham dez anos ou mais de escolaridade, e metade (50%) da amostra
variabilidade para variáveis contínuas, e frequência simples para variáveis
afirmou ser católica romana.
categóricas.

Para avaliar as estratégias de coping calculamos a média, mediana e

desvio médio da pontuação


Em relação às variáveis clínicas dos pacientes, a mais frequente foi o
obtido para cada fator. As pontuações médias foram calculadas
transtorno afetivo bipolar (n=16; 40,0%), seguido de depressão (n=13; 32,5%)
com base no número de itens em cada fator. O interno
e esquizofrenia (n=11; 27,5%). A maioria (n=26 65,0%) tem a doença há mais
a consistência dos dados do FLICS foi verificada por meio do alfa de
de 10 anos, muitos com delírios recorrentes (n=17; 42,5%) e alucinações
Cronbach.
(n=20; 50,0%).
Para analisar os escores médios da associação entre estratégias de

enfrentamento e variáveis sociodemográficas, utilizamos o teste não


A estratégia de enfrentamento mais utilizada pelos familiares foi o
paramétrico de Mann-Whitney para comparar os dois grupos, e o teste de
apoio social, e a menos utilizada foi o confronto. As estratégias funcionais
Kruskal-Wallis e post-hoc de Dunn para comparar mais de dois grupos. Foi
foram as mais utilizadas. A consistência interna dos fatores FLICS medidos
utilizado nível de significância de 0,05.
pelo alfa de Cronbach variou de 0,44 a 0,79 (Tabela 1).

Este estudo atende às normas brasileiras e internacionais de ética em

pesquisa envolvendo seres humanos,

Tabela 1 - Escores médios das estratégias de enfrentamento relatadas por familiares de portadores de transtornos mentais. São José do Rio Preto, SP, Brasil,

2013

Desvio
Estratégia de enfrentamento Pontuação média Mediana Alfa de Cronbach
padrão

Confronto 0,69 0,92 0,50 0,44

Distanciar 0,83 1.03 0,35 0,62

Auto-controle 1.10 1.10 0,80 0,47

Suporte social 1,66 1.09 1,66 0,66

Aceitação de responsabilidades 1.09 1.02 0,85 0,70

Evitar fuga 1.25 1.13 1,0 0,78

Solução de problemas 1,57 1.06 1,75 0,57

Reavaliação positiva 1.42 1.14 1.44 0,79

Houve associação significativa entre relacionamento familiar e indicando que os pais (mãe e pai) utilizam mais essa estratégia do que filhos,

estratégias de autocontrole (p=0,037), apoio social (p=0,021) e reavaliação irmãos ou outros membros da família (Tabela 2).

positiva (p=0,037),

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Tabela 2 - Valores médios das estratégias de enfrentamento referidas pelos familiares de portadores de transtorno mental por variável sociodemográfica. São

José do Rio Preto, SP, Brasil, 2013

Valor médio dos fatores do Inventário de Estratégias de Enfrentamento de Folkman e Lazarus


Variáveis
sociodemográficas dos
membros da família Suporte Aceitação de Solução Positivo
Confronto Distanciamento Autocontrole Responsabilidades de
social fugir-evitar-dançar de problemas reavaliação

Gênero

Macho 0,72 0,75 1.01 1.53 1,00 0,95 1.37 1,48

Fêmea 0,77 0,93 1.19 1,78 1.16 1,55 1.81 1.33

p-valor* 0,903 0,310 0,391 0,349 0,355 0,093 0,093 0,532

Grupo de idade

18 - 30 0,70 0,74 0,93 1,56 0,91 1.18 1.51 1.35

31 - 59 0,67 0,84 1.19 1,66 1.17 1.17 1,67 1.42

60 ou mais 1.29 1.24 13h30 1,99 1.35 1,87 1,50 1,55

valor-p† 0,143 0,283 0,512 0,452 0,294 0,376 0,797 0,782

Anos de escolaridade

0a4 0,80 1.18 1.20 1,60 0,97 1.16 1.41 1.03

5a9 0,68 0,65 0,90 1,66 0,99 1,40 1,57 1.34

10 ou mais 0,76 0,83 1.15 1,66 1.15 1.20 1,64 1.53

valor-p† 0,865 0,238 0,380 0,917 0,790 0,749 0,638 0,225

Renda

1-3 0,71 0,83 1.08 1.51 1.03 13h30 1.43 1.22

4-7 0,83 0,93 1.05 2.02 1.24 1.21 1,96 1,86

Não sabe 0,79 0,76 1.28 1,93 1.13 1,00 1,95 1.81

valor-p† 0,773 0,897 0,770 0,132 0,691 0,737 0,108 0,069

tem parceiro

Sim 0,72 0,80 1.18 1,76 1.17 0,93 1,79 1,58

Não 0,77 0,88 1,00 1.52 0,98 1,64 1.34 1.19

p-valor* 0,611 0,622 0,502 0,539 0,234 0,056 0,055 0,134

Relacionamento com o paciente‡

Pai ou mãe 1.02 1.05 1.71§ 2.21§ 1.32 0,93 1,96 1.91§

Filho filha 0,69 0,69 1.18§|| 1.86§|| 1.36 1,85 1,75 1.65§||

Irmão 0,66 1.02 0,89|| 1.27|| 0,72 1.11 1,50 0,94||

Outro 0,70 0,72 0,87§|| 1.47§|| 0,99 1.07 1.35 1.28§||

valor-p† 0,646 0,406 0,037 0,021 0,089 0,137 0,283 0,037

Mann-Whitney *p-valor (<0,05); Kruskal-Wallis com teste de comparações múltiplas de Dunn †p-valor (P<0,05); ‡Símbolos diferentes na mesma coluna v diferem
significativamente de acordo com o Teste de Comparação Múltipla de Dunn (P<0,05) (§diferença significativa entre || e §|| sem diferença significativa entre § e ||)

As mulheres tendem a fugir, evitar e resolver problemas mais do que Os parceiros são mais propensos a usar fuga e evitação para lidar com seus

os homens. Membros da família ganhando problemas, enquanto aqueles que afirmam ter um parceiro pontuam mais
entre quatro e sete salários mínimos são mais na resolução de problemas.

propenso a usar a reavaliação positiva. A única variável clínica com resultados marginalmente significativos

Não encontrámos diferenças significativas nas estratégias de coping foi a presença de sintomas psicóticos, mostrando que a resolução de

em função da idade, anos de escolaridade ou religião, mas encontrámos problemas tende a ser mais utilizada pelos familiares de pacientes que não

uma tendência para uma diferença significativa na variável “tem companheiro”. apresentam sintomas psicóticos (Tabela 3).

Familiares relatando não

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Tabela 3 - Valores médios dos fatores FLICS entre os cuidadores de pacientes com transtornos mentais segundo as variáveis clínicas do
paciente. São José do Rio Preto, SP, Brasil, 2013

Valor médio dos fatores do Inventário de Estratégias de Enfrentamento de Folkman e Lazarus


Variáveis clínicas
do paciente Suporte Aceitação de Evitação Solução
Confronto Distanciamento Autocontrole Reavaliação positiva
social responsabilidades de fuga de problemas

Desordem do paciente

Esquizofrenia 0,72 0,82 1.18 1,64 1.11 1.09 1.38 1.26

EUA 0,81 0,92 1.12 1,72 1.13 1.43 1,68 1,58

Depressão 0,69 0,75 1,00 1,57 1,00 1.15 1,65 1.32

p-valor* 0,744 0,734 0,833 0,695 0,769 0,668 0,600 0,423

Duração da doença

30 dias ou menos 0,66 0,35 0,80 1.33 0,67 1,00 1.31 1.36

31 dias – 3 anos: 0,96 1.02 1,40 2.10 1.11 1.41 1.62 1,49

4 a 10 anos 0,58 0,85 1,45 1,78 1,49 0,75 1,75 1,57

11 ou mais anos 0,73 0,87 1.02 1,58 1.08 1.32 1,60 1.37

p-valor* 0,595 0,278 0,371 0,402 0,193 0,409 0,955 0,995

sintomas psicóticos

Sim 0,77 0,89 1.14 1,56 1.01 1,50 1.37 1.38

Não 0,71 0,78 1.05 1,75 1.17 0,97 1,84 1.44

valor-p† 0,631 0,594 0,733 0,480 0,513 0,095 0,052 0,828

*Valor de P para o teste de Kruskal-Wallis com teste de comparações múltiplas de Dunn (P<0,05); †Valor de P para o Teste de Mann-Whitney (P<0,05).

As estratégias de enfrentamento dos membros da família diferem Educar os cuidadores sobre o suporte social foi eficaz na
de acordo com o tipo e a duração da doença. No entanto, não encontramos redução do estresse entre os cuidadores de pacientes com
diferenças significativas entre as estratégias de enfrentamento e as demência, e os familiares que participaram de intervenções para
variáveis clínicas do paciente (Tabela 3). desenvolver essa habilidade desenvolveram menos sintomas de
depressão e ficaram mais satisfeitos com a vida(16) .
Discussão A reavaliação positiva descreve esforços para criar significado
significativo diante dos problemas, a fim de proporcionar crescimento
Os resultados deste estudo mostram que a família
pessoal(14). O controle das emoções relacionadas à tristeza serve
membros de pessoas com transtornos mentais preferencialmente
como uma forma de ressignificar, aprender e mudar a partir de uma
usar apoio social, resolução de problemas e
situação conflituosa(18). Um estudo nos Estados Unidos revelou
reavaliação para cuidar de seu familiar doente. pais
várias reflexões familiares como exemplos de reavaliação positiva.
e as mães referem ter mais autocontrole (p=0,037),
Eu devo crescer como pessoa
reavaliação positiva (p=0,037) e apoio social
diante de tais dificuldades. Devo olhar para o problema de forma diferente,
(p=0,021). Essas estratégias são classificadas como funcionais e
de uma perspectiva mais positiva. estou procurando algo deus
constituem formas positivas de enfrentamento dos problemas(12).
sobre o que estou vivenciando. Eu sempre aprendo algo com
A adoção dessas estratégias pode contribuir para diminuir o estresse
experiência(13). Pessoas com renda mais alta tendem a usar essa
e a sobrecarga dos cuidadores (13).
estratégia, o que pode estar associado ao aumento dos anos de
De acordo com a perspectiva de Lazarus e Folkman sobre o
escolaridade e à influência positiva que isso tem no enfrentamento
enfrentamento do estresse, o apoio social é baseado na
com uma situação estressante(19).
esforço para buscar apoio em seu ambiente social, profissional
Embora não tenhamos conseguido estabelecer uma correlação
e esferas emocionais(14). Estudos nos Estados Unidos(13),
positiva com as variáveis investigadas, a resolução de problemas é
Índia(3,15) e China(16-17) constataram que a busca por
uma das três estratégias mais utilizadas pelos participantes deste
o apoio é uma estratégia importante para cuidar de um familiar com
estudo. Envolve mudar uma situação por meio de análise crítica
transtorno mental. Família, amigos, religiões, consultas médicas
detalhada para obter resultados satisfatórios para a solução de
e outros recursos fornecidos pelo sistema de saúde
problemas (14). Em vez de negar ou evitar uma situação estressante
e a comunidade foram as formas de apoio social
do dia-a-dia, a pessoa
mais utilizado pelos sujeitos(3,13,15).

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opta por resolver problemas e mudar mentalidades para que consiga lidar escolaridade apresentaram escores mais elevados no confronto em relação

com as pressões normais, reduzindo ou mesmo eliminando situações que aos com mais anos de escolaridade.

lhe causam estresse(18). O confronto é uma forma agressiva escolhida para mudar uma

O autocontrole refere-se aos esforços feitos por uma pessoa para situação, como raiva e inflexibilidade(14).

controlar seus sentimentos ou ações, diante de estímulos estressantes(14). Isso pode ser resultado de constantes períodos de crise e instabilidade

Para implantar essa estratégia, a pessoa deve estar ciente e entender suas decorrentes da doença, bem como de momentos de sofrimento e incerteza

emoções e ser capaz de gerenciar seu comportamento(14). quanto ao futuro e


preocupações e dificuldades sociais e financeiras(2).

Um estudo realizado na Irlanda para encontrar formas de lidar com Indivíduos que relataram ter parceiros eram mais propensos a usar a

um familiar com transtorno mental mostrou que os cuidadores usavam mais resolução de problemas, e aqueles que não tinham parceiros eram mais

o apoio social e o autocontrole, variáveis associadas ao sexo masculino e propensos a usar fuga e evitação. Idealmente, o parceiro está associado ao

mais jovem(20). afeto, à convivência, à troca de experiências e ao apoio mútuo, o que pode

As estratégias funcionais podem ser difíceis para os familiares explicar a escolha da estratégia funcional.

vulneráveis e em sofrimento, especialmente nos estágios iniciais após o

diagnóstico, pois a família ainda está se ajustando à mudança. Aqui os A tendência ao uso da estratégia funcional de resolução de problemas

grupos de apoio podem ser estratégias eficazes para ajudar os familiares entre cuidadores familiares de pacientes que não apresentam manifestações

neste processo, tornando mais fácil para eles identificar o problema, psicóticas pode ser resultado de situações clínicas mais estáveis e ausência

expressar seus sentimentos e aprender com os outros, e nessas situações de agressividade secundária a delírios e alucinações.

informações e apoio são compartilhados, esperança é dada e problemas

semelhantes e as dificuldades são resolvidas. Esses grupos também Um estudo com familiares de pacientes com transtornos psicóticos constatou

reduzem o isolamento social, o estigma e o preconceito(21). que a fuga, o distanciamento e a ruminação foram estratégias frequentemente

encontradas, todas relacionadas à existência de estresse psicológico(8).

Um estudo com cuidadores de idosos com demência destacou as Ao avaliar a confiabilidade, o alfa de Cronbach variou de 0,44 a 0,79,

estratégias funcionais como fatores de proteção endereçáveis para redução mostrando confiabilidade moderada. Existem inúmeros fatores que podem

do estresse, após treinamento de três meses em habilidades psicossociais. influenciar a confiabilidade de um instrumento, como número de itens e

Esse problema educacional também ajudou os cuidadores a buscar mais tamanho da amostra(18).

apoio social, usando ainda mais a resolução de problemas (16). Os resultados de confiabilidade deste estudo são comparáveis a outros

estudos que utilizaram o Inventário de Estratégias de Enfrentamento de

Treinamentos psicoeducativos de familiares de portadores de Folkman e Lazarus(11,18).

transtornos mentais têm se mostrado na literatura como formas eficazes de Além disso, ao aplicar o Inventário de Estratégias de Enfrentamento,

promover o enfrentamento positivo dos problemas, destacando-se: tivemos problemas para selecionar o valor a atribuir às estratégias. Sente-se

treinamentos em grupo(16), utilizando manuais/cartilhas(22), utilizando o que as pessoas precisam de mais tempo

telefone(23-24) ou para refletir sobre os itens e decidir qual resposta melhor

recursos online(25). representa suas ações/sentimentos em relação aos conflitos que vivencia.

Os participantes da pesquisa que eram filhos ou filhas de pessoas

com transtornos mentais tiveram pontuações mais altas na estratégia Após o impacto inicial da descoberta da doença, a família começa a

disfuncional de fuga e evitação. Esses resultados sugerem que os filhos e se ajustar à nova realidade. Cada momento tem um significado, uma

filhas de portadores de transtornos mentais sabem que podem ajudar no necessidade, um sentimento, formas de enfrentamento e redes de apoio

cuidado do genitor, mas ao mesmo tempo querem evitar a situação, na específicas. Alguns sentimentos permeiam tudo, mas seu significado e

tentativa de amenizá-la. Não conseguem superar o sofrimento, assumindo o intensidade variam conforme a fase do processo de ajustamento(2), o que

papel de cuidador. pode explicar uma maior busca por estratégias funcionais por parte dos

familiares que convivem com a doença há muitos anos.

Outro estudo constatou que o distanciamento, a fuga e a evitação Enfermeiros e profissionais de saúde devem estar em contato direto

foram estratégias frequentemente utilizadas pelos cuidadores familiares mais com o universo familiar para identificar as realidades complexas e conflitantes

jovens que convivem com o doente mental, favorecendo a permanência de dessas pessoas. Isso requer planejamento para que possam oferecer

medos, preocupações e problemas físicos e psicológicos(20). cuidados e apoio, incluindo avaliação e acompanhamento das famílias

envolvidas para conhecer suas dificuldades físicas, emocionais e sociais,

Indivíduos com menos anos de escolaridade frequentemente utilizam bem como a percepção e reconhecimento precoce de problemas ou

estratégias disfuncionais, pois têm dificuldade em encontrar a origem dos sofrimentos que possam alterar a dinâmica familiar e influenciar o tratamento

problemas e opções para resolvê-los ou abordá- los(19). Nesta pesquisa, os do paciente.

familiares com menos anos de

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É de extrema importância ampliar os estudos voltados para essa 3. Kate N, Grover S, Kulhara P, Nehra R. Relação da sobrecarga do

temática, sempre buscando contribuir com novos olhares de atenção cuidador com estratégias de enfrentamento, apoio social, morbidade

psicossocial às famílias, com reflexões frequentes sobre as práticas psicológica e qualidade de vida em cuidadores de esquizofrenia. Sian J

profissionais e novas diretrizes de políticas públicas, em especial nas áreas Psychiatr. 2013;6(5):380-8.

de saúde mental e psiquiatria.

4. Folkman S, Lazurus RS. Se mudar, deve ser um processo: estudo da

emoção e enfrentamento durante três etapas de um exame universitário.


Conclusão J Pers Soc Psychol. 1985;48(1):150-70.

As estratégias de enfrentamento mais utilizadas pelos familiares de


5. Figueiredo D, Gabriel R, Jácome C, Marques A. Cuidar de pessoas com
pessoas com transtornos mentais e psiquiátricos são o apoio social e a
doença pulmonar obstrutiva crônica precoce e avançada: como lidam os
resolução de problemas. Os pais usam estratégias mais funcionais para
cuidadores familiares? J Clin Enfermeiras. 2014;23(1-2):211-20.
cuidar de uma criança com deficiência
distúrbio mental.
6. Iavarone A, Ziello AR, Pastore F, Fasanaro AM, Poderico C. Sobrecarga
Existem poucos estudos até o momento, no Brasil ou no exterior,
do cuidador e estratégias de enfrentamento em cuidadores de pacientes
sobre a vivência de familiares de pessoas com transtornos mentais ou
com doença de Alzheimer. Neuropsychiatr Dis Treat. 2014;29;10:1407-13.
psiquiátricos e como eles lidam com os estressores, em especial utilizando

um referencial teórico específico como o Inventário de Estratégias de


7. Seo JM, Byun EK, Park KY, Kim SH. Desenvolvimento de uma escala
Coping.
de enfrentamento para famílias com esquizofrenia. J Korean Acad Nurses.

2012;42(5):738-48.
Os resultados deste estudo são limitados por utilizar uma amostra
8. Cotton SM, McCann TV, Gleeson JF, Crisp K, Murphy BP, Lubman DI.
pequena e não probabilística, levando a um possível viés e sendo menos
Estratégias de enfrentamento em cuidadores de jovens com primeiro
representativa da população.
episódio de psicose. Esquizofre Res. 2013;146(1-3):118-24.
Ressaltamos também o fato de não termos observado outras variáveis que

podem ter interferido nas estratégias de enfrentamento e fornecer melhores


9. Mizuno E, Iwasaki M, Sakai I, Kamizawa N. Senso de coerência e
subsídios para nossos resultados, como personalidade das pessoas,
qualidade de vida em cuidadores familiares de pessoas com esquizofrenia
sobrecarga, suporte social
que vivem na comunidade.
e níveis de estresse.
Arch Psychiatr Enfermeiras. 2012;26(4):295-306.
No entanto, os resultados obtidos permitem compreender como os
10. Margetiÿ BA, Jakovljeviÿ M, Furjan Z, Margetiÿ B, Marsaniÿ VB.
familiares enfrentam a presença de transtorno mental em um ente querido
Qualidade de vida de cuidadores-chave de pacientes com esquizofrenia e
e permitem que os enfermeiros reforcem o conceito de que a família é um
associação com parentesco.
importante grupo de cuidado, ampliando seu escopo de atuação, com
Centro Eur J Saúde Pública. 2013;21(4):220-3.
intervenções voltadas para o manejo do cuidador sobrecarga para que ele
11. Savóia MG, Santana P, Mejias NP. Adaptação do inventário de
possa lidar melhor com a doença do paciente, mantendo seu equilíbrio e
estratégias de coping de Folkman e Lazarus para o português. Psicol
visão positiva, impactando, em última instância, no cuidado à pessoa com
USP. 1996; 7(1/2):183-201.
transtorno mental.
12. Görgen SM, Hiller W, Witthöft M. Ansiedade de saúde, enfrentamento

cognitivo e regulação emocional: uma abordagem variável latente. Int J


Além disso, abre espaço para estudos de intervenção para explicar novas
Behav Med. 2014;21(2):364-74.
evidências científicas para a implementação de programas efetivos de
13. Smith ME, Lindsey MA, Williams CD, Medoff DR, Lucksted A, Fang LJ,
psicoeducação para treinamento nesses
et al. Diferenças relacionadas à raça nas experiências de familiares de
habilidades funcionais.
pessoas com doença mental que participam do Programa de Educação

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Avaliações Positivas e Negativas do Cuidador:

Recebido: 12 de novembro de 2015

Aceito: 15 de março de 2016

Corresponding Author:
Daniele Alcalá Pompeo
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