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P rática médica

USO DE PSICOFÁRMACOS NA INFÂNCIA E NA


ADOLESCÊNCIA PARA O PEDIATRA GERAL
Audrey reginA MAgAlhães BrAgA*

RESUMO
Em situações de urgência e emergência, profissionais de saúde, nem sempre com especialização em saúde
mental, acolhem crianças e adolescentes com diversas manifestações de sofrimento psíquico. Estas abrangem sín-
dromes psicóticas, de ansiedade, de depressão com repercussões comportamentais e podem ser relacionadas a
casos de abuso físico, sexual ou de uso de drogas lícitas ou ilícitas. Depois da avaliação para construir uma hipótese
de diagnóstico, o médico pode, além de utilizar medidas psicossociais, indicar o uso de medicamentos psicotrópicos,
tais como antipsicóticos, ansiolíticos e antidepressivos.
Palavras-chave. Criança; adolescente; psicotrópico; uso e abuso de drogas.

ABSTRACT
PSYCHOTROPIC USES IN CHILDHOOD AND ADOLESCENCE FOR THE GENERAL PEDIATRICIANS

It is not unusual that emergency rooms accept children and adolescents in mental suffering states. These entail
psychotic, anxiety and depressive syndromes leading to a corresponding behavior, and they could be related to
physical or sexual abuse and the use of licit and illicit substances. After diagnosis evaluation, the doctor can perform
some psychosocial procedures and can prescribe psychotropic drugs as well.
Key words. Child; adolescent; psychotropic medication; drug use and abuse.

INTRODUÇÃO
“Pediatria é uma especialidade contextual que trata de crianças, suas famílias e a comunidade em
que vivem. (...) Os pediatras começaram a colaborar com membros da comunidade para prevenir a doença
e promover a saúde. Além das portas dos ambulatórios, eles encontraram padrões claros e explicações.
Desfechos em saúde infantil se achavam em uma interação dinâmica com o ambiente, tendências seculares,
desenvolvimentos comerciais, economia, hábitos familiares e normas culturais”.
Judith S. Palfrey, Thomas F. Tonniges,
Morris Green e Julius Richmond1

A doença mental é reconhecida como relevante


causa de morbidade e mortalidade entre jovens.
As três maiores causas de morte em adolescentes
disponibilidade de novos medicamentos e mais
conhecimento sobre as indicações para o uso desses
fármacos.3
– acidentes involuntários, suicídio e homicídio –, Esse tipo de medicamento está indicado nos
estão diretamente ligadas a distúrbios emocionais transtornos de comportamento. Ainda não há con-
e comportamentais e a manifestações de impulsivi- senso sobre a definição desses transtornos, visto
dade, depressão e agressividade.2 que podem variar em diferentes culturas. Também
O uso de psicofármacos na criança e no ado- não há como medir de forma objetiva a presença e a
lescente está se tornando mais frequente com a gravidade de um transtorno comportamental e ainda

*Médica, especialista em Saúde e Educação, Hospital Regional da Asa Sul – Núcleo de Apoio Terapêutico (psiquiatria e psicologia), M.H.
Clínica de Psiquiatria e Psicologia, Brasília, Distrito Federal
Correspondência: Mental Health – Clínica de Psiquiatria e Psicologia. SRTVS 70, Ed. Centro Empresarial Brasília, bloco C, sala 204, CEP
70340-907, Brasília, DF. Telefones: 61 4501-7323, 61 3323-9061. Fax: 61 3323-9061. Internet: audrey64@globo.com
Recebido em 28-8-2011. Aceito em 15-9-2011.

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Audrey reginA MAgAlhães BrAgA

muitas vezes há dificuldade na detecção precoce do preciso tirar o pequeno enfermo de um quadro psi-
mesmo.4 cótico. Ainda, atender um pequeno paciente em um
O pediatra pode considerar transtorno de com- quadro de intoxicação por drogas. Ainda nesse con-
portamento quando: (1) houver problemas no rendi- texto de urgência, ter que lidar com a família, seus
mento escolar não explicado por fatores intelectuais, conflitos ou mesmo com a ausência familiar.
sensoriais ou outras incapacidades físicas; (2) forem A urgência psiquiátrica na criança raramente
observados problemas em estabelecer e manter rela- se expõe de forma repentina numa família. Quase
ções sociais com colegas, professores e familiares; sempre, o evento considerado agudo é precedido por
(3) forem observadas reações comportamentais ou um período de falta de ajustamento da criança e ou
sentimentais inapropriadas diante de situações corri- uma relação comprometida e ou conflituosa com sua
queiras ou tristeza e depressão contínuas; (4) houver família.5 Assim, a causa primária de urgência infantil
tendência a desenvolver sintomas e sinais físicos ou em geral, é a piora do funcionamento familiar como
medos associados a problemas comuns.4 um todo ou o agravamento de uma psicopatologia
Nem todas as situações descritas ou mesmo pou- infantil prévia ou, muito frequentemente, ambos.5
cas das situações descritas levarão uma criança e ou
um adolescente à consulta pediátrica em um pronto- AVALIAÇÃO
-socorro. Mas, o reconhecimento das primeiras A avaliação em casos de urgência tem as mes-
manifestações de condições que afetam o comporta- mas características da avaliação psiquiátrica, com
mento pode permitir, quando necessário, o encami- algumas particularidades. Além do exame mental
nhamento adequado para que as intervenções preco- e intelectual da criança, a investigação de seu fun-
ces possam modificar o curso da enfermidade.4 Um cionamento social, interpessoal, educacional e físico
número substancial de crianças e adolescentes é afe- também é muito importante,6 somando-se o quadro,
tado por doenças psiquiátricas e para muitas delas, é claro, à minuciosa história clínica, dentro do que a
o uso de medicamentos é importante opção terapêu- situação permitir.5
tica.5 As desordens psiquiátricas tendem a persis- Durante a entrevista, a procura das grandes sín-
tir ao longo do tempo, continuam na vida adulta e dromes psiquiátricas, como depressão e psicose, é
aumentam o risco de psicopatologias futuras.2 muito importante, porém, a especificidade das res-
O uso de psicofármacos na infância, além de estar postas dos doentes nessa primeira avaliação, que não
mais frequente pelo maior número de medicamentos deve ser considerada sempre de confiança, pois, se
disponíveis, como já se referiu anteriormente, tam- o comportamento da criança desencadeou uma crise
bém vem se tornando uma necessidade em razão do na família com a busca pelo pronto-socorro é normal
maior número de doentes que procuram os pediatras que ela tenda a minimizar a situação.5
gerais especialmente em salas de pronto-socorro, o O sintoma ou a queixa que motivou a procura
que determina melhor conhecimento desses profis- pelo atendimento imediato não deve ser considerado
sionais sobre suas indicações. Estas são observações o único e nem sempre o mais significativo, sob o
e preocupações frequentes dos médicos que aten- risco de o problema real ser subestimado.5
dem em pronto-socorro infantil. O aumento, ainda Na avaliação inicial, deve-se levar em conside-
não documentado no Distrito Federal, mas já refe- ração o desenvolvimento infantil normal a fim de
rido, vem demandando elaboração de um fluxo de que seja possível perceber as alterações expostas
atendimento para o pequeno paciente em situações pela criança com supostos quadros psiquiátricos.
de crise, podendo ser estas consideradas urgências Observar seu comportamento motor, sua interação
psiquiátricas. com os familiares, o tipo de contato que estabe-
Devem ser levados em consideração dois fato- lece com o médico, as características da fala e se há
res importantes na escolha da medicação, a saber, agressividade. Observar o impacto dos sintomas em
as manifestações-alvo e o diagnóstico.3 As primeiras relação ao doente e à sua família.6
devem ser graves o suficiente para interferir no fun- O assistido que manifesta sintomas e sinais psiquiá-
cionamento e no desenvolvimento da criança doente. tricos merece o mesmo cuidado e atenção que qualquer
Quanto ao diagnóstico, ser o mais preciso possível. outro que não os manifeste. Merece ser respeitado, ter
Numa urgência, este nem sempre será possível ou assegurado adequado conforto durante esse momento
terá prioridade. Em algumas situações, a manuten- delicado e possivelmente traumático de sua vida e ter
ção da vida terá maior importância. Em outras, é garantido seu direito de ser atendido com presteza.

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uso de psicofárMAcos nA infânciA e AdolescênciA

TRATAMENTO manifestações de disfunções extrapiramidais, espe-


Todo o tratamento é baseado na possiblidade de cialmente distonias, parkinsonismo e sedação, que
adequada intervenção em situação de crise. Esta é são os mais comuns, sobretudo quando do uso dos
a ocasião para maximizar os esforços para adequar antipsicóticos típicos e de alta potência, como halo-
a conduta no sentido de mudança. Em se diagnosti- peridol, e menos comuns com os atípicos, como a
cando alguma doença psiquiátrica específica, o tra- risperidona, olanzapina e clozapina.3,5,9
tamento é então direcionado a esta.5 O receio da ocorrência dos efeitos colaterais por
A primeira tarefa é a avaliação de risco para a parte da família dificulta a adesão ao tratamento.
criança e ou terceiros. Em função dessa avaliação, A informação à família e ao doente, adequando-se
efetuar a proteção da criança ou das outras pessoas a forma de comunicação com este, pode propiciar
sob risco.5 melhor qualidade de tratamento. É fundamental ter
As indicações de internação hospitalar são: em mente que a prioridade é diminuir o sofrimento
ambiente familiar ou institucional de risco, com- da criança e oferecer a ela todos os recursos para
portamento suicida, depressão importante, impul- que possa retomar, o mais adequadamente possível,
sividade, agressividade intensa auto e heterodiri- o seu desenvolvimento.7
gida, psicose ou falha de tratamento ambulatorial Os antipsicóticos mais usados na infância e na
rigoroso.5 O engajamento da família é fundamental adolescência são:3,7,8
desde a avaliação inicial durante a coleta de infor- - haloperidol (Haldol®): 0,5 a 10 mg em uma a
mações sobre a história do doente, além da própria três tomadas por dia;
avaliação do ambiente familiar em que o paciente - clorpromazina (Amplictil®): 25 a 400 mg em
está inserido.6 uma a quatro tomadas por dia;
Agentes que podem ser úteis em adultos podem - tioridazina (Melleril®): 25 a 400 mg em uma a
não ser eficazes em crianças. Outros medicamentos quatro tomadas por dia;
podem ser mais bem tolerados por adultos do que - risperidona (Risperdal®, Respidon®, Zargus®):
pelas crianças.7,8 0,25 a 4 mg em uma a duas tomadas por dia;
É importante considerar que as crianças - olanzapina (Zyprexa®): 2,5 a 10 mg em uma a
são fisiologicamente diferentes dos adultos. duas tomadas por dia;
Surpreendentemente, usualmente elas precisam de - clozapina (Leponex®): 50 a 400 mg em duas a
doses mais altas dos medicamentos, quando consi- três tomadas por dia. Usado em esquizofrenia refra-
derada a relação miligramas por quilo por dia para tária. Permanece a medicação de escolha para os
alcançar nível sérico semelhante ao dos adultos. Essa adultos. Quanto às crianças, as pesquisas são menos
diferença, ainda não totalmente esclarecida, pode ser robustas, mas consistentemente indicam que a clo-
em razão do melhor funcionamento do fígado e dos zapina é superior a outros antipsicóticos – típicos e
rins.7 Além disso, deve-se também ter em mente que atípicos – no tratamento dos pacientes quando pelo
o efeito da droga pode ser diferente na criança como menos dois outros antipsicóticos foram usados sem
consequência da imaturidade das alças neuronais.7 sucesso.5,10 Portanto, olanzapina e clozapina, espe-
cialmente, não são medicamentos para prescrição
PRINCIPAIS TRANSTORNOS PSIQUIÁTRI- em salas de pronto-socorro.
COS COM INDICAÇÃO DE TRATAMENTO
FARMACOLÓGICO EM SER-VIÇO DE PRON- Transtornos de ansiedade
TO-SOCORRO As medicações comumente utilizadas para o tra-
Transtornos psicóticos: esquizofrenia, trans- tamento são os antidepressivos, em geral os inibido-
tornos esquizotípicos e delirantes res seletivos de receptação de serotonina (ISRS) e os
Os antipsicóticos são usados para tratamento dos tricíclicos, além dos benzodiazepínicos.7,8,11
transtornos psicóticos, assim como outras condições Alprazolam (Frontal® – 0,25 a 4 mg até 3 toma-
como autismo, síndrome de Tourette, retardo mental das ao dia) e clonazepam (Rivotril® – 0,25 a 3 mg
associado a alteração de comportamento, explosões em uma a duas tomadas por dia) são eficazes no con-
de agressividade nos transtornos de conduta e no trole de sintomas somáticos e sinais autonômicos de
transtorno bipolar.6,8 ansiedade (palpitações, tremores e sudorese) encon-
Os efeitos colaterais danosos são os mesmos trados em diferentes quadros clínicos desses trans-
aos quais os adultos estão suscetíveis e podem ser tornos.11 Tonturas e sedação são os efeitos colaterais

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mais comuns. São dose-dependentes e autolimitados criança em relação aos diferentes membros da famí-
conforme se instala a tolerância. Outros efeitos cola- lia sempre que possível. E, claro, um bom exame clí-
terais podem ser incoordenação, diplopia, tremores nico em busca de evidências de abuso deve ser rea-
e desinibição comportamental ou efeito paradoxal, lizado.12 É importante que o médico converse com
comum em crianças muito pequenas e é caracteri- a criança sobre cada procedimento, tranquilizando-
zado por irritabilidade, rompantes de agressividade -a sobre o que vai acontecer e essencialmente, só a
e descontrole de impulsos.7 examine em presença do adulto que a deixar mais
Em razão do seu potencial de causar tolerância segura. Contando-se com serviço de assistência às
e dependência, recomenda-se o uso dos benzodia- vítimas de abuso sexual, este deve ser acionado para
zepínicos, quando necessário, por curto período de que tenham a devida assistência. Verificar a necessi-
tempo e, no momento de retirada, fazê-lo de forma dade de contato com o Conselho Tutelar ou a Vara da
gradual para que sejam evitados os sintomas e sinais Infância e da Adolescência.12
de abstinência ou ansiedade de rebote.6,7 Avaliar os riscos em cada caso para a necessi-
Os antidepressivos mais usados nessa faixa dade de profilaxia da hepatite B, proteção medica-
etária são os inibidores seletivos de recaptação da mentosa contra doenças sexualmente transmissíveis,
serotonina:7 quimioprofilaxia contra HIV e para as vítimas do
- fluoxetina (Prozac®, Daforin®, Verotina®): iní- sexo feminino em idade procriativa, contracepção
cio com 5 a 10 mg por dia; de urgência.12
- sertralina (Tolrest®, Serenata®): início com 12,5 Crianças abusadas podem desenvolver qua-
a 25 mg por dia; dros de ansiedade e depressão ou ambos. A inten-
- paroxetina (Pondera®, Cebrilin®, Benepax®): sidade desses quadros pode determinar a neces-
início 5 ou 10 mg por dia. sidade de avaliação emergencial e então o uso de
Em geral, esses não são fármacos para serem psicofármacos.
prescritos em pronto-socorro por motivo do tempo
de início de ação, que pode levar até quatro sema- Comportamento suicida
nas para que se observem os resultados.8 Quando for É a emergência psiquiátrica mais comum em ado-
avaliado que há indicação para seu uso, a criança lescentes. A tentativa de suicídio deve ser encarada
deve ser referenciada ao tratamento especializado. como um pedido de ajuda da criança para alguma
situação, o que não diminui o risco da letalidade em
Abuso infantil futuras tentativas.5
Tanto o abuso físico quanto o sexual podem se O médico deve avaliar as circunstâncias em que
manifestar como crise aguda ou retardada e envolver se deu a tentativa, a letalidade, a persistência do
ambos os sexos, sem distinção de cor, etnia, classe comportamento nos últimos meses e a capacidade da
social, religião ou cultura.5,12 família em dar suporte à criança, inclusive vigiando
O grupo de risco são notadamente as crianças a, quando necessário. Esses são dados importantes
com incapacidades físicas ou retardo mental. O para decisão sobre internação, além da pesquisa de
abuso pode ser óbvio, estupro recente com lesões presença de psicose, depressão grave, desesperança,
físicas graves ou abuso suspeito, como o incesto. ambivalência ao comentar sobre o comportamento
A intervenção vai depender de cada situação, sem- suicida e intoxicação aguda por álcool ou por dro-
pre com a intenção de prevenção de maiores danos. gas.5,6 Quando possível, o ideal é que se solicite a
É sempre comum a negação total, a hostilidade e a interconsulta psiquiátrica.
resistência à internação pelo abusador em ambas as Quando não forem identificadas outras situações
situações.12 de risco nem psicopatologias primárias, o encami-
Deve-se suspeitar de abuso em crianças pequenas nhamento para ambulatório especializado deve ser
com comportamento sexualizado não adequado para feito e de preferência, a alta deverá ser assinada com
sua idade e seu grau de desenvolvimento. Valorizar a consulta psiquiátrica previamente agendada.
também, história familiar e patológica da criança A intenção de morrer pode ser explícita e forte ou
para descartar e ou confirmar possível quadro de ambígua e indefinida. A avaliação pode ser muito difí-
transtorno de humor bipolar.13 Essas crianças tam- cil nessa faixa etária, pois a autoagressão pode ocor-
bém podem se mostrar agressivas e até mesmo sádi- rer num momento de raiva e frustração.6 Portanto, é
cas. Deve-se procurar observar o comportamento da fundamental reconhecer as características da criança

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e do adolescente, assim como de seu ambiente, para Deve-se investigar uso e abuso de substâncias
avaliar o potencial de letalidade do comportamento psicoativas.6
suicida. O quadro 1 traz esses parâmetros.6 As drogas para uso imediato podem ser o halope-
ridol ou a clorpromazina, já citadas e, caso necessário,
Agressão e violência o uso de benzodiazepínicos – diazepam (Diazepam®,
O comportamento agressivo é causa comum Valium®). Por causa de sua rápida absorção por via
de atendimento em pronto-socorros na faixa etá- oral pode-se usar essa forma de administração. Caso
ria infanto-puberal apesar de ser manifestação não seja possível, a dose para solução injetável é 0,5
inespecífica.6 mg/kg de peso. Atenção com dependentes químicos,
A violência pode expressar variadas doenças. pois podem abusar de seu uso.3,7,14
Tanto as biológicas, como as psicoses, transtornos
de conduta e retardo mental, como as psicossociais, Abuso de substâncias psicoativas
como o abuso sexual.5 O que determinará o diagnós- A infância e a adolescência são períodos de
tico serão os sintomas e sinais associados e a his- desenvolvimento caracterizados pela vulnerabili-
tória prévia do paciente, que deverão ser avaliados dade ao ambiente, causando prejuízo ambiental sig-
após o controle das manifestações iniciais.6 nificativo quando esse ambiente não é favorável.15
As desordens disruptivas na infância incluem Os levantamentos epidemiológicos têm mos-
os transtornos de conduta, o transtorno opositivo trado que é na passagem da infância para a adoles-
desafiador e o transtorno disruptivo sem especifica- cência que se inicia o consumo de drogas, por serem
ção. Em geral, os sintomas e sinais são persisten- períodos de maior vulnerabilidade ao ambiente, que
tes durante a infância e a vida adulta. A importân- ocasiona, no caso de esse ambiente ser aversivo, em
cia do tratamento desses casos reside no fato de que prejuízo psicossocial.16 Dados do Centro Brasileiro
as manifestações estão relacionadas a dificuldades de Informações sobre Drogas Psicotrópicas da
escolares, comprometimento no desenvolvimento Universidade Federal de São Paulo (CEBRID) apon-
social e na saúde do adulto.9 tam aumento de consumo de inalantes, maconha,
cocaína e crack.16 Mas, também são substâncias de
uso e abuso heroína, fenciclidina (PCP), dietilamida
Quadro 1. Potencial de letalidade do comportamento suicida
do ácido lisérgico (LSD), dextromorfano, esteroides
Parâmetro Alto Risco Baixo Risco
anabólicos (club drugs), flunitrazepam, gama-hidro-
xibutirato (GHB) e cetamina que, com a 3,4-meti-
Sozinho Próximo a alguém
lenodioximetanfetamina (MDMA ou ecstasy), são
Circunstância do
associados às festas rave e night club.11
comportamento Planejado Não planejado Entre os fatores que desencadeiam o uso de dro-
suicida gas pelos adolescentes, destacam-se como os mais
Métodos de baixa
Métodos letais importantes as emoções e os sentimentos associados
letalidade
a sofrimento psíquico, como depressão, culpa, ansie-
Intenção de morrer Alta Baixa
dade exagerada e baixa autoestima.16
Psicopatologia Presente e grave Ausente ou leve De relevância clínica são os achados de frequen-
tes morbidades psiquiátricas em associação com o
Fraco julgamento Bom julgamento abuso de substâncias.16,17 Essas doenças tanto pare-
Fraco controle de Bom controle de cem ter importante papel na causa e na vulnera-
Mecanismos de impulsos impulsos bilidade relativas ao uso de substâncias quanto no
enfrentamento
Alta desesperança
Baixa prognóstico do doente. As doenças referidas são as
desesperança afetivas, o transtorno de conduta, o transtorno com
Alta impotência Baixa impotência déficit de atenção e hiperatividade e os transtornos
de ansiedade.16
Fraca ou
Comunicação Boa, clara Todas as substâncias psicoativas usadas de
ambivalente
forma abusiva aumentam o risco de acidentes e de
Apoio familiar Inconsistente Consistente
violência, por tornar mais frágeis os cuidados de
Estresse ambiental Alto Baixo autopreservação, naturalmente enfraquecidos nessa
população.16

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Os prejuízos provocados pelas drogas podem ser perda de coordenação, aumento de frequência cardí-
agudos (durante a intoxicação ou overdose) ou crô- aca, ansiedade e ataques de pânico.11 Também pro-
nicos e produzem alterações mais duradouras e até duziria a chamada síndrome amotivacional, caracte-
irreversíveis.16 rizada por passividade, apatia, falta de objetivos, de
O uso abusivo de benzodiazepínicos pode poten- ambição e de interesse na comunicação, que pode
cializar os efeitos do álcool e, em altas doses, pro- levar à queda no desempenho escolar, o que por sua
vocar depressão respiratória.14,16 Deve-se monitorar vez pode aumentar os níveis de ansiedade e levar a
e manter em condições adequadas o pulso, a respira- aumento de uso.16
ção e a pressão arterial.14 A interrupção abrupta do uso da maconha resulta
Os inalantes, como cola de sapateiro, solventes em síndrome de abstinência, caracterizada por insô-
de tinta, esmalte, benzina e lança-perfume levam nia, irritabilidade, inquietação, fissura (apego exage-
grande quantidade de substâncias para os pulmões.16 rado), humor deprimido e nervosismo, seguidos de
As mortes durante as intoxicações são raras e quando ansiedade, tremores, náuseas, espasmos musculares,
ocorrem são por asfixia ou arritmias cardíacas.14 Os aumento de sudorese, mialgia e mal-estar. Em geral,
efeitos euforizantes e tóxicos dependem da inten- começa 24 horas depois do último uso, tem pico em
sidade e frequência das inalações, assim como do dois até quatro dias e diminui após duas semanas.11
estado emocional do usuário antes da exposição.18 A heroína, um derivado da morfina, pode ser aspi-
O indivíduo manifesta inicialmente, euforia seme- rada, mas tem seu uso mais frequente por via intrave-
lhante à provocada pelo álcool, seguida de confusão nosa.11 Os sintomas e sinais de abstinência incluem
mental, desinibição e alucinações visuais e ou audi- inquietação, dores musculares e ósseas, insônia, diar-
tivas.9 Esses efeitos podem durar de três a sessenta reia, vômitos, arrepios de frio e movimentos seme-
minutos.18 A evolução de sinais e sintomas no sis- lhantes a chutes. A abstinência ocorre dentro de pou-
tema nervoso está representada no quadro 2.18 cas horas depois do uso e as manifestações surgem
Quadro 2. Evolução de sinais e sintomas no sistema nervoso central
em 48 a 72 horas, com remissão após cerca de uma
semana.11
Parâmetro Alto risco
Adolescentes que frequentam raves e night clubs
podem fazer uso de 3,4-metilenodioximetanfetamina
Euforia, tontura; alucinações visuais e (ecstasy), gama-hidroxibutirato, Rohypnol (ben-
auditivas; tosse, salivação, fotofobia;
1.ª Fase: excitação
náuseas e vômitos; comportamento
zodiazepínico) e cetamina (anestésico). Todos são
bizarro potencialmente depressores do sistema nervoso cen-
2.ª Fase: depressão tral e quando adicionados às bebidas não são detec-
tados. Esses agentes foram associados a estupros.11
Confusão, desorientação,perda de A 3,4-metilenodioximetanfetamina é um derivado
a) leve autocontrole; diplopia, visão turva;
cefaleia; analgesia; palidez da metanfetamina com propriedades estimulantes e
alucinógenas que pode inibir a receptação da seroto-
Sonolência, ansiedade; ataxia e nina e da dopamina, podendo resultar em boca seca,
b) moderada incoordenação muscular; diminuição aumento da frequência cardíaca, fadiga, espasmo
dos reflexos, nistagmo
muscular e hipertermia.11
Inconsciência; delírio, estupor; sonhos O álcool é a substância mais usada e abusada
c) intensa bizarros; convulsões; alterações do pelos adolescentes. O uso excessivo ocorre em 6%
sistema nervoso central
dos adolescentes. Os jovens com transtorno de uso
de álcool têm mais possibilidade de apresentar pro-
Podem ocorrer síndromes neuropáticas persis- blemas com outras substâncias.11 Apesar de o uso
tentes com o uso crônico de drogas, particularmente crônico nesse grupo etário não resultar nas mesmas
neuropatia periférica, ototoxidade e encefalopatia. consequências que acometem os adultos, tais como
Também podem ocorrer lesões renais, pulmonares, síndrome de Korsakoff, afasia de Wernicke ou cir-
hepáticas, cardíacas e do sistema hematopoiético.16,18 rose hepática, há comprovação de diminuição do
Os efeitos em curto prazo do ingrediente ativo tamanho do hipocampo. Como este tem relação com
da maconha, o tetraidrocanabinol, incluem prejuízos o processo atencional é possível que ocorra compro-
à memória e à aprendizagem, percepção distorcida, metimento da função cognitiva, especialmente da
diminuição da capacidade de solução de problemas, atenção.11

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A apresentação clínica por intoxicação pelo Quadro 3. Indicações de desintoxicação ambulatorial ou hospitalar
álcool é muito variada, a depender da alcoolemia e do
nível de tolerância previamente e desenvolvido pelo Considerações Indicação
paciente. Outros fatores como o estado alimentar,
a velocidade da ingestão do álcool e alguns fatores Capacidade de
Necessária para a desintoxicação
dirigir-se diariamente
ambientais também podem ter papel relevante.19 ao serviço
ambulatorial
Pesquisas mostram que, no adulto com alcoolemias
História prévia de Contraindicação na desintoxicação
de 20 mg% a 80 mg%, ocorre perda da coordenação delirium tremens ambulatorial; recorrência provável.
muscular, alterações do humor e do comportamento e ou convulsões na Em condições específicas é possível
inicia-se aumento na atividade motora. Em concentra- abstinência tentar a desintoxicação ambulatorial
ções de 80 a 200 mg%, surgem alterações neuropáticas
Incapaz de oferecer
progressivas, como ataxia e fala pastosa e alterações cog- consentimento
Ambiente seguro, internação
nitivas. Até alcoolemias de 150 mg% sugere-se o moni-
toramento dos sinais vitais do paciente em ambiente Risco de suicídio,
seguro e calmo com atenção à permeabilidade das vias ho-micídio ou
Ambiente seguro, internação
sintomas psicóticos
áreas. A indicação de soro fisiológico intravenoso nos
casos de desidratação e a de glicose hipertônica só se
Capaz, motivado a
justifica se o doente tiver hipoglicemia.19 Ambiente seguro, internação se inca-
seguir recomenda-
O coma começa a ser visto em alcoolemias de 400 paz de seguir recomendações
ções do tratamento
a 600 mg%, variando de acordo com a tolerância indi-
Condições médicas instáveis como
vidual. Taxas de 600 a 800 mg% costumam ser fatais.19 Co-ocorrência de diabetes, hipertensão ou gestação,
A taxa de eliminação do álcool do organismo é condições médicas risco relativamente grande de desin-
de 10 a 30 mg% por hora. Portanto, as metas para o toxicação ambulatorial

tratamento da intoxicação pelo álcool são preservar a


Existência de Não é essencial, mas aconselhável
função respiratória e cardiovascular até que os níveis cuidador para desintoxicação ambulatorial
de álcool caiam a uma faixa segura. Indivíduos gra-
vemente intoxicados ou comatosos devem ser moni-
torados da mesma forma como todos os pacientes em gastrointestinal, ansiedade, irritabilidade, elevação da
coma, com atenção especial às funções vitais, pro- pressão arterial, taquicardia e hiperatividade autonô-
tegendo-se a respiração, aspiração de conteúdo gás- mica. O uso de betabloqueadores ou de clonidina por
trico, a hipoglicemia e a deficiência de tiamina. Deve curto prazo pode auxiliar o controle das manifesta-
ser verificada a possibilidade de uso de outras drogas. ções. Depois da alta, o enfermo deve ser encaminhado
Quando o doente estiver agitado, o ideal é a abor- para atendimento nos Centros de Atenção Psicossocial
dagem interpessoal e de enfermagem, em lugar de para Álcool e Drogas (CAPS-AD).19
medicação adicional, que pode complicar e dificultar A cocaína pode ser injetada, fumada ou direta-
a eliminação do álcool,19 além de mantê-lo em local mente inalada. Crack é o termo usado para a coca-
tranquilo com poucos estímulos visuais e sonoros e ína modificada para ser fumada. Os efeitos do uso
informando-o sobre onde ele se encontra e o porquê.6 incluem constrição dos vasos sanguíneos periféricos,
Mas, em situações de extrema agitação psicomotora, pupilas dilatadas, hipertermia, aumento da frequência
em que se expõem o doente e os membros da equipe cardíaca, da pressão arterial e da atividade motora.11,19
a riscos, o uso de antipsicóticos de alta potência, em Altas doses ou uso prolongado podem induzir pen-
baixas doses, pode ser necessário.6,19 samento paranoide. O risco de morte imediata pode
As considerações sobre a indicação de desinto- ocorrer secundário à parada cardíaca ou convulsões
xicação ambulatorial ou hospitalar encontram-se no seguidas de parada respiratória.11 Além disso, a ado-
quadro 3.19 lescência é o período de aparecimento de muitos
Os sintomas e sinais da síndrome de abstinência de transtornos psiquiátricos.15
álcool em geral se iniciam quatro a doze horas depois Estudos também relacionam o uso de cocaína
da interrupção ou da diminuição do uso. A intensidade durante a adolescência ao aumento da agressivi-
atinge seu pico no segundo dia e termina em quatro dade. Há discussão da relação entre violência ou cri-
a cinco dias. Dos assistidos com síndrome de absti- minalidade e uso de crack como fenômeno social,
nência, 70% a 90% sofrem tremores, desconforto ou seja, venda relacionada à competitividade entre

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Audrey reginA MAgAlhães BrAgA

grupos comandados por adolescentes marginalizados Quadro 4. Sinais clínicos sugestivos de abuso de substâncias psi-
coativas
e excluídos do mercado de trabalho, naturalmente
mais imaturos e impulsivos e muitas vezes dependen- Alterações clínicas
Provável droga
tes da substância. São frequentes os comportamentos consumida

violentos relacionados à precariedade social.15 Fácies e conjuntivas hiperemiadas;


fala pastosa; reflexos lentificados;
As complicações podem estar associadas à via de andar cambaleante; hálito etí-lico;
Álcool
administração ou aos próprios efeitos farmacológicos rebaixamento do nível de consciência
da droga. A transição para vias mais prejudiciais de uso,
Pupilas puntiformes, depressão do Sedativos ou
como fumar ou injetar crack, ocorre com mais frequência sistema nervoso central opioides
entre aqueles que iniciaram o uso mais precocemente.15
Agitação psicomotora, sintomas
A intoxicação é usualmente autolimitada e psicóticos, estereotipias, pupilas
Cocaína ou
demanda apenas monitorização e atendimento de estimulantes
midriáticas, hipertensão arterial
apoio. Contudo, hipertensão, taquicardia, convulsões
Hipertermia, distúrbios hidroeletrolíticos,
e delírio persecutório exigem tratamento específico. pupilas midriáticas
Ecstasy
Ainda, extrema agitação psicomotora, hipertermia,
agressividade e hostilidade têm sido descritas depois Rebaixamento do nível de cons-
ciência, crises epilépticas, hiper-
do uso de cocaína (excited delirium). Tal quadro, em emia em região perioral e nasal, odor
Inalantes
decorrência provavelmente de desbalanço dopaminér- em respiração
gico, deve estimular cuidados intensivos em ambiente
hospitalar, já que há risco de morte.19
em relação a outras, como se mostra no quadro 4.6
Doentes que estejam mais agitados podem ser tra-
A adolescência é uma etapa durante o desenvol-
tados com benzodiazepínicos, antipsicóticos ou asso-
vimento de um indivíduo que pode causar angús-
ciação de ambos os medicamentos.19
tias e incertezas que fazem o adolescente buscar sua
Após a cessação do uso de cocaína, é comum o
identidade. Nesta busca, o uso de álcool e de drogas
aparecimento de anedonia e fissura. Ainda não há con-
pode surgir como possibilidade de identificação. Para
senso sobre o quadro bem definido da abstinência. Em
alguns adolescentes o uso abusivo de alguma subs-
geral o quadro é descrito como trifásico. A primeira
tância fará parte de seu processo de amadurecimento,
fase, denominada crash, tem duração de horas a cinco
podendo cessar sem necessidade de amadurecimento.
dias e se caracteriza por fissura intensa no início, irrita-
Todavia, outros adolescentes no início do consumo de
bilidade, agitação e cursa com hipersonolência, depres-
álcool ou de drogas trazem características que mos-
são, anedonia, exaustão, acompanhados de redução
tram a possibilidade de interrupção do processo nor-
da fissura ou apego extremo. Abstinência é a segunda
mal da adolescência e que indicam a necessidade de
fase, que se inicia com a reemergência da fissura e sin-
intervenção. Caso contrário, as consequências perma-
tomas de depressão e de ansiedade, podendo durar até
necerão na vida adulta.20
dez semanas. A terceira fase é quando começa uma
No tratamento de adolescentes usuários de drogas,
redução gradativa da fissura e tendência a normaliza-
é fundamental o atendimento à família, que exerce
ção do humor, sono e ansiedade. Os tratamentos farma-
papel importante tanto como fator desencadeante de
cológicos raramente trazem benefícios ao manejo dos
uso, como nos problemas consequentes a este, sendo
sintomas e sinais de abstinência da cocaína.19
aquela indispensável na recuperação desses jovens.20
Não é infrequente que adolescentes admitidos
Visa a prevenir os comportamentos de uso, fornecer
em serviços de pronto-socorro com sintomas e sinais
educação ao doente e à sua família e abordar fatores
sugestivos de ataques de pânico (taquicardia, sudo-
emocionais, cognitivos e psiquiátricos que influen-
rese e sensação de morte iminente) sejam decorrentes
ciam o uso de substâncias.11
do uso de cocaína, cujo consumo pode ser negado.6
O Child and Adolescent Levels of Care Utilization
Os quadros de intoxicação aguda em jovens
System (CALOCUS)11 é um instrumento válido para
podem manifestar-se com agitação psicomotora,
auxiliar médicos no tratamento de abuso de substân-
agressividade, psicose aguda e, nos casos mais graves,
cias por adolescentes. Ele designa níveis de atenção
confusão mental, coma e alterações cardiocirculató-
apropriados aos sintomas e sinais, com se expõe em
rias. Essas situações requerem avaliação imediata e
sequência.
detalhada. Alguns sinais clínicos podem indicar maior
Nível 0: serviços básicos (prevenção).
probabilidade de consumo de um tipo de substância

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uso de psicofárMAcos nA infânciA e AdolescênciA

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