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O homem é um ser gregário e social e o estabelecimento de relacionamentos favorece a estruturação das redes
neuronais de inteligência.
O núcleo familiar permite o desenvolvimento até que se estabeleça a autonomia. É na família que se
processam mecanismos reprodutivos, padrões de socialização e organização dos papéis e relações na
comunidade.
Definições de família
Em latim, família significa conjunto de pessoas que vivem sob o mesmo teto, incluindo os que se encontram
unidos por laços de matrimónio ou de sangue, mas também os criados e servos – definição desatualizada.
Há várias definições de família que se focam em questões de estrutura (vinculação biológica ou legal), de
função (apoio financeiro, objetivos e tarefas comuns) e de transação (vínculos afetivos e comunicação
simbólica).
A família é um grupo de pessoas íntimas com um passado é um futuro em comum. (Ransom &
Vandervoort, 1973)
Teto comum e laços: grupo de pessoas frequentemente, mas não necessariamente, unidas pelo sangue
ou casamento, com o compromisso de viver juntas e cuidarem-se mutuamente ao longo do tempo.
(Christie-Seely, 1984)
Objetivos comuns e interação: a família é composta por membros em interacção, com determinados
papéis, cujo fim último é promover o desenvolvimento biopsicossocial dos seus membros e transmitir
os padrões culturais específicos da família. Uma mudança num dos membros da família produz
modificações nos outros, levando a um novo equilíbrio, distinto do anterior. (Minuchin & Fishman,
1990)
Contexto social com o qual troca influências: Grupo de elementos ligados por um conjunto de
relações em contínua interacção com o exterior, que mantém o seu equilíbrio ao longo de um processo
de desenvolvimento, com diversos estádios de evolução diversificada. (Daniel Sampaio)
Evolução histórica
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Joana Tavares, 46137
carga genética hereditária: predispõe ou protege (atenção eu a estrutura genética é plástica com
aportes epigenéticos.
incentivo a comportamentos de saúde ou de risco (consciente ou não)
risco de doença por fatores psicossociais
moldagem manifestações de doença
conceito de saúde e de doença
decisão quando procurar cuidados
construção significado de uma doença
definição do papel de doente
adesão a prescrições médicas
apoio e estratégias para lidar com a doença crónica
O ambiente sociocultural tem um impacto conhecido na saúde desde a teoria do materialismo de Engels do
século 19.
A família na consulta de MGF do dia-a-dia
Antecedentes familiares
Alguém na sua família tem também esta doença?
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Apoio da família
Como é que a sua família o pode ajudar/quem é que na sua família o pode ajudar?
É na família que se estruturam os comportamentos que se vão repetindo ao longo da vida, nos hábitos, nos
estilos de vida, nas crenças e expectativas e nas respostas aos fatores causadores de stress e conflitos.
Avaliação familiar
Quando avaliar a família?
Primeira consulta
Problema de saúde implica mudança de papéis na família
Dificuldades de apoio aos doentes crónicos, má adesão
à terapêutica
Ansiedade mudança de fase do ciclo de vida família
Acontecimento negativo com sérias consequências afeta família
Diagnóstico doença crónica
Problemas conjugais e/ou sexuais (infertilidade, dependência...)
Morte na família, acidente grave c/ desfiguração, amputação, divórcio, desemprego,
pobreza grave, emigração, dedicação excessiva trabalho
Suspeita de disfunção familiar na etiologia do problema de saúde
Sintomas indefinidos, grande frequência de consultas
Sobre - utilização dos serviços de saúde
Efeito mimético
Doenças relacionadas com estilos de vida e ambiente (ex: adições)
Problemas emocionais e/ou de comportamento graves
Triangulação, negligência crianças
Sempre que modelo biomédico inadequado ou insuficiente
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As escalas de risco familiar procuram apontar um conjunto de características na família que poderão indicar
maior disfunção familiar. São úteis como instrumentos de rastreio e para identificar situações de
vulnerabilidade. A disfunção familiar é um fator de risco para doença.
A avaliação médica deve integrar fatores sociais como: pobreza, insucesso escolar, analfabetismo formal ou
funcional, precariedade de emprego e desemprego, comportamentos aditivos, instabilidade, gravidez na
adolescência, mãe solteira, doença crónica e incapacidade.
Critérios anteriores
Risco social e de saúde de famílias em cuidados primários
Escala de Garcia Gonzalez e Segovia Dreyer -> sem validação e insuficientes
Escala de Coelho e Savassi -> Brasil, não validada
Idosos vulneráveis:
Escala Gijón
Pessoas com doença mental:
Questionário de problemas familiares
Crianças com doença crónica:
Escala de Impacto na Família
Acontecimentos de vida (stress social)
Esta escala sugere que as mudanças de vida requerem um esforço para se adaptar e um esforço para recuperar
a estabilidade.
Acontecimentos (existem 43 unidades de mudança vital) a que é atribuído um valor médio, desde 11 a
100, de acordo com o impacto intrínseco que cada um apresenta
Quando um indivíduo obtém mais de 150 pontos por ano, ficará predisposto com grande
probabilidade a algum tipo de doença física ou psíquica
Significado do score:
>/= 300 por ano – 80% de probabilidade de adoecer nos próximos 2 anos por algum tipo de
doença psíquica ou física (enfarte agudo do miocárdio, doença ulcerosa péptica, infeções,
perturbações psiquiátricas)
150-299 – 50% de probabilidade
<150 – 30% de probabilidade
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Para compreender a pessoa temos que integrar a história familiar e a função de de suporte da família. A
abordagem da família em MGF não pretende ter um caráter terapêutico, estando mais focada na sua
observação, acompanhamento, apoio à mudança e prevenção.
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Situações sociais
a. Desemprego
b. Diminuição significativa dos meios de subsistência
c. Stress e burnout profissional
Tipologia
Ciclo de vida
Nível socioeconómico
Padrões e antecedentes
Dinâmica/relações
Funcionalidade
Porque avaliar?
Tipologia monoparental
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No ciclo de vida de Duvall existem fases estáveis separadas por períodos de transição de curta duração com
maior instabilidade. Foi descrito após a segunda guerra mundial, onde o homem era o sustento da casa e a
mulher cuidava dos filhos, o que cria alguma dificuldade na adaptação à atualidade.
Assim, associa a cada fase, tarefas que devem ser cumpridas para que haja sucesso familiar e permitindo a
introdução de cuidados antecipatórios nas fases de transição.
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filho
Família com Criança mais Educação dos filhos; Pais: experiência de infância insatisfatória com
filhos velha, do Adaptação da casa a contento, quer dos pais, quer dos filhos; os seus próprios pais; casamento precoce;
pequenos nascimento Reajustamento das relações com a família alargada, sendo imaturidade; doenças psiquiátricas; gravidez
aos 30 meses de realçar o papel dos avós; antes do casamento;
Adaptação dos pais ao desgaste físico e à falta de Filhos: prematuridade; deficiência; criança não
privacidade. desejada; criança chorona.
Família com Criança mais Satisfação das necessidades e interesses dos filhos, Infeções de repetição;
filhos em velha dos 30 estimulando a descoberta de novos horizontes; Tendência para acidentes;
idade pré- meses aos 6 Gestão do desgaste físico e da falta de privacidade. Enurese;
escolar anos Perturbações de comportamento;
Problemas de crescimento e de
desenvolvimento.
Família com Criança mais Encorajamento das crianças no seu desempenho escolar; Insucesso escolar;
filhos em velha dos 6 Integração na comunidade das famílias dos colegas de Problemas de comportamento na escola;
idade escolar aos 13 anos escola. Tendência para acidentes.
Família com Desde que a Equilíbrio da liberdade com a responsabilidade à medida Toxicodependência;
adolescentes criança mais que os adolescentes crescem; Insucesso escolar;
velha Procura de novas áreas de interesse e ou investimento Delinquência juvenil;
completa 13 acrescido nas carreiras profissionais. Tendência para acidentes.
anos até à
saída do
primeiro
filho de casa
Família com Desde que o Promoção da assistência adequada e dos rituais apropriados Relações fusionais com os filhos casados, não
adultos primeiro à saída dos filhos de casa – lança-los no trabalho, lhes permitindo algum distanciamento da
jovens filho sai até universidade, etc. família de origem;
que o último Estabelecimento de relações adulto-adulto entre filhos Conflitos marcados com noras ou genros.
deixe a casa crescidos e pais;
Reajustamento das relações de modo a incluir genros, noras
e netos.
Família de Desde que o Renegociação do sistema familiar como díade marital; Filho único, com as dificuldades inerentes de
meia-idade último filho Manutenção das relações intergerações: relações adulto- separação;
(ninho vazio) sai de casa adulto com filhos, incluir parentes por afinidade e netos; Mulheres focadas nos afazeres domésticos e
até à reforma Aceitação do papel mais central da geração do meio; que não construíram carreira ou cultivaram
Lidar com incapacidade e morte dos pais (avós); interesses sociais.
Interesse por novas opções sociais.
Família idosa Da reforma à Reagir bem à situação de reforma; Renegociação da díade marital disfuncional no
viuvez Adaptar-se à viuvez e a viver só; estádio 7;
Manter o funcionamento e interesses próprios ou de casal Ausência de passatempos e interesses sociais;
face declínio fisiológico; Isolamento;
Abrir espaço para sabedoria e experiência dos idosos, Centralidade da profissão na construção da
apoiando sem superfuncionar por eles; identidade.
Fechar a casa de família ou adaptá-la à velhice;
Lidar com a perda do cônjuge, irmãos e outros iguais;
Preparar-se para a própria morte.
Genograma familiar
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O genograma descreve a estrutura familiar e permite o registo gráfico da composição da família integrando os
problemas biomédicos e biopsicossociais. Foi introduzido pelos geneticistas no estudo de doenças de
transmissão hereditária e adaptado à terapia familiar na década de 70.
O genograma tem especial indicação nas primeiras consultas ou quando o modelo biomédico falha por
dificuldade de diagnóstico, falta de adesão ao plano, alta frequência de doenças agudas ou crónicas.
A construção do genograma começa com um ou vários elementos e é completado ou modificado nas seguintes
consultas. Pode ser desenhado pelo médico, pelo paciente ou por ambos.
Componentes do genograma:
simbologia própria, estabelecida por Rakel (os símbolos não estandardizados devem ser anotados na
legenda);
homem representado por quadrado e mulher por círculo;
símbolos devem ter o mesmo tamanho;
pelo menos 3 gerações numeradas (numeradas com número romano);
os laços familiares devem ser representados por linhas;
deve representar-se a família de origem de cada um dos cônjuges;
primeiro filho à esquerda, por ordem decrescente de nascimento;
agregado familiar é circundado por uma linha a tracejado;
pessoas que vivam na mesma casa mas que não pertencem à família não estão ligadas por linhas
contínuas;
homem à esquerda no casal;
nomes e datas de nascimento;
datas e causas de morte;
datas de divórcios, separações, abortos, nados-mortos e adoção;
data em que é feito
elemento informante (símbolo duplo ou uma seta);
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Estrutura familiar
Composição e tipo de família
Descendência
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Avaliação socioeconómica
1 pergunta
Dificuldade em pagar as contas no final do mês?
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História familiar
Biopatografia (medicina narrativa) narração história desde nascimento até presente 3ª pessoa
História pré-natal e peri-natal: patologia, ambiente emocional, familiar, cultural,
socioeconómico…
Infância: hábitos, desenvolvimento, comportamento, personalidade, sonhos/recordações,
aprendizagem, patologias...
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Círculo de Thrower
Dinâmica familiar
Círculo de Thrower
O circulo de Thrower permite caracterizar a funcionalidade da família, fornecendo informação sobre a relação
e a dinâmica familiar. Este método nasceu para identificar problemas psicossociais ou para ajudar doentes
mais complexos. Permite estabelecer metas para mudanças no sistema familiar. Em Portugal, é um dos
instrumentos mais utilizados para o estudo da funcionalidade familiar.
Este círculo é útil para enriquecer os dados clínicos e permite ter uma avaliação familiar atual, ao contrário do
genograma que é transgeracional (presente e passado). O circulo demora 5 minutos a ser feito e a sua
discussão pode durar até 30 minutos.
Vantagens Limitações
fotografia da dinâmica familiar difícil de estandardizar, difícil
rápido, flexível, adaptável e eficiente valorização por observador exterior
resposta às datado
preocupações/necessidades paciente só exprime a ideia/ótica do doente
centrado no paciente e no presente sobre a sua família (subjetivo,
(auto-administração) emocional)
permite perceber sistemas sociais de só possível se boa
suporte (ex.: quem prepara as relação/colaboração
refeições numa família com diabetes) qualitativo mas não quantitativo
não é necessária a presença do
médico, após serem dadas as
instruções
pode ser aplicado na adolescência e
ser obtido só de um individuo, de um
agregado ou de todos
individualmente
Introduzir o tema.
Círculo grande (feito pelo médico): representa a sua família e os apoios sociais que tem no momento
presente
Círculos mais pequenos (feito pelos pacientes): desenhe-se a si próprio em primeiro lugar e depois a
todas as pessoas e apoios que forem importantes para si, incluindo animais e objetos.
As pessoas podem estar dentro ou fora do grande círculo, tocarem-se ou estarem afastadas
umas das outras
Os círculos (pessoas) podem ser grandes ou pequenos, dependendo do seu significado e
influência
Pode representar áreas importantes da sua vida como: perdas, férias, hobbies…
Assinale cada círculo com uma inicial e date o desenho
Não é um teste, não há círculos certos ou errados
Os tamanhos dos círculos representam a importância atribuída àquela pessoa e a distância entre círculos
representa o grau de proximidade emocional. A interpretação é subjetiva e envolve três níveis sequenciais:
1. Doente descreve e explica o que desenhou, o doente não deve ser interrompido e o médico deve
estar atento à comunicação não verbal.
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O circulo pode ser usado como facilitador de comunicação ou como estratégia para construir um plano
diagnóstico ou terapêutico da funcionalidade e da dinâmica familiar.
Discussão
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Grau de dominância
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Apoios familiares
Funcionalidade familiar
Família funcional:
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O modelo circumplexo de Olson retrata os laços emocionais que os membros da família têm entre si e o
equilíbrio dinâmico entre as necessidades de individualização/autonomia e as de afiliação/identificação.
Adaptabilidade: capacidade que a família tem para mudar a sua estrutura, o poder e as regras de relação
perante um stress.
Como medir?
Questionário FACES IV: 62 questões medem estas 4 dimensões
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APGAR Familiar
Trata-se de um questionário padrão em que se avalia o modo como a pessoa se sente dentro da família.
Denominou-se APGAR devido à familiaridade que os médicos têm com o APGAR do recém-nascido. O score
permite classificar as famílias como funcionais ou disfuncionais. Este é um instrumento utilizado como
rastreio da disfunção familiar. Tem uma sensibilidade de 57% e uma especificidade de 86%.
Este instrumento pode abrir caminho à discussão de problemas familiares e à aplicação de outros métodos de
avaliação familiar. Mede melhor a satisfação do que a funcionalidade.
5 perguntas fechadas: quantifica perceção que doente tem do funcionamento da sua família,
como se sente nela num determinado momento (satisfação que admite); respondidas numa
escala de Likert de 3 pontos, variando entre 0 e 2.
Pontuação:
7-10 sugere altamente funcional
4-6 moderada disfunção
0-3 disfunção acentuada
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Ouvir criticamente
Observar e interpretar interações
Empatia e facilitação de comunicação
Evitar julgamento e alianças
Ser agente terapêutico
Perceber influências ambientais e sócio–profissionais
Identificar fases do ciclo de vida
Usar instrumentos de avaliação familiar
Personalizar propostas
Continuidade de cuidados
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