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3, (2009) 41
ambos. Não houve recusas para participar do estudo. A literatura aborda diferentes definições de suporte
Os dados foram coletados no período de 01/09 a ou apoio social, mas com algumas características em
30/12/2004, por meio de entrevista individual, com dura- comum, tais como a preocupação, a confiança e ajuda
ção média de 45 minutos. Foram utilizados dois roteiros mútua. O suporte social é indispensável para a seguran-
de entrevista, um para identificar as características das ça emocional de qualquer pessoa que precisa sentir-se
pessoas quanto: a idade, sexo, estado civil, escolaridade, parte de uma família ou círculo de amigos (TOLJAMO;
ocupação, renda familiar, tempo da doença, peso, altu- HEITINEN, 2001).
ra, tratamento do diabetes, complicação relacionada ao Para Helgeson (2003), o suporte social não é um
diabetes, internação motivada pelo diabetes (número de tema facilmente definido, podendo ser visto como di-
vezes, motivo da internação) e valor da última glicemia. ferentes maneiras que as pessoas adotam no ambiente
Utilizou-se o outro instrumento para obtenção dos social para suportarem as situações apresentadas, con-
relatos de incidentes críticos, com o seguinte roteiro: sistindo em basicamente três tipos de suporte: emocio-
“sabemos que, para o controle adequado do diabetes, a nal, instrumental e de informação.
pessoa precisa ter cuidados diários, como seguimento O suporte emocional refere-se à presença de pes-
da dieta, uso de medicamentos na dose e horário cor- soas disponíveis para escutar, preocupar-se, simpatizar,
retos, exames periódicos, atividade física e compareci- prover confiança, tocar e amar; portanto, ele é sempre
mento aos retornos. Assim, tente se lembrar de ocor- útil, não importa qual seja a fonte (familiar, amigo ou
rências relacionadas ao (a) senhor (a) e às pessoas de profissional da saúde). O instrumental refere-se à ajuda
sua família, que aconteceram nos últimos doze meses nas tarefas domésticas, empréstimo de dinheiro, aqui-
e que considera que “contribuíram” para o cuidado do sição de medicamentos; e o de informação envolve a
diabetes. Conte-me o fato ocorrido, quais as pessoas provisão de informações, conselhos ou orientações que
envolvidas, o que elas fizeram e o que resultou daí. Para as pessoas desejam de peritos como médicos e enfer-
obtenção dos relatos negativos, substituiu-se apenas a meiros e não de amigos ou familiares (HELGESON,
palavra “contribuíram” por “prejudicaram”. 2003).
Os incidentes, depois de registrados no instrumento, Vários autores reconhecem a importância da famí-
foram lidos em voz alta para que o conteúdo recebesse lia como suporte social para a adaptação a uma doen-
a aprovação do relator dos fatos. ça crônica e as mudanças necessárias que ela impõe
A análise e interpretação dos incidentes críticos fo- (DIAS; WANDERLEY; MENDES, 2002; ZIMMER-
ram realizadas conforme etapas propostas por Nogueira MAN; WALKER, 2002; BIELEMANN, 2003; HOL-
(1998) e utilizadas em outras pesquisas: leitura, deri- MSTRÖM; MARTIRE et al, 2004; ROSENQVIST,
vação e arrolamento dos relatos, identificação dos três 2005). Em relação ao diabetes, a pessoa e sua família
elementos fundamentais do incidente crítico (situação, são responsáveis por mais de 95% do tratamento (OMS,
comportamento e conseqüência); agrupamento dos 2003; TOLJAMO; HENTINEN, 2001). Assim, é preci-
relatos e categorização de situações, comportamentos so fazer com que cada membro da família entenda o que
e conseqüências, com quantificação das respectivas é a doença, como é controlada e como agir em situações
ocorrências. Assim, considerou-se situação o fato ou de emergência.
circunstância que levou a pessoa a manifestar determi- Considerou-se como família, as pessoas residentes
nado comportamento; comportamento como a conduta no mesmo domicílio, independente de laços consangüí-
apresentada pela pessoa devido à circunstância e, como neos, em concordância com a afirmação de que “família
conseqüência, o resultado do comportamento da pessoa é quem seus membros dizem que são” (WRIGHT; LE-
devido à circunstância (NOGUEIRA, 1998). AHEY, 2002).
O estudo mereceu aprovação pelo Comitê de Éti- Do exposto, percebe-se que a família desempenha
ca em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribei- papel importante no cuidado diário da pessoa com dia-
rão Preto da Universidade de São Paulo (Protocolo betes. Na perspectiva de verificar como esse apoio é
nº0461/2004) em 18 de agosto de 2004. percebido pela pessoa com diabetes, utilizou-se a Téc-
nica do Incidente Crítico (TIC) para obtenção de relatos
REFERENCIAL TEÓRICO de fatos vivenciados por ela e sua família.
METODOLÓGICO: SUPORTE SOCIAL
Suporte social, apoio social ou redes sociais são estrutu- TÉCNICA DO INCIDENTE CRÍTICO
ras que se inter-relacionam, abrangendo a família, amigos, A técnica do incidente crítico (TIC) consiste em um
vizinhos e outros, que provêem apoio de forma recíproca, conjunto de procedimentos para a coleta de observações
ou seja, a pessoa que recebe apoio de sua rede, também diretas do comportamento humano, de modo a facilitar
dá apoio às pessoas que integram essa rede. Refere-se aos sua utilização potencial na solução de problemas práti-
mecanismos pelos quais os relacionamentos interpessoais cos e no desenvolvimento de amplos princípios psico-
presumivelmente protegem as pessoas dos efeitos deleté- lógicos, delineando também procedimentos para a co-
rios do estresse (TILDEN; WEINERT, 1987). leta de incidentes que apresentem significação especial
Rossi, Pace; Hayashida, 2009 43
derados positivos e negativos envolvendo o apoio fa- RELATOS DOS INCIDENTES CRÍTICOS
miliar; identificando como positivas as ocorrências em RELACIONADOS AO SUPORTE FAMILIAR
que os sujeitos obtiveram apoio familiar no cuidado Para subsidiar a discussão dos relatos dos incidentes
diário, em confraternizações entre amigos/familiares; críticos, utilizou-se a classificação citada anteriormente
e os que receberam apenas indicação como sendo ne- (HELGESON, 2003), que considera três componentes
gativas abarcaram a ocorrência de doença/morte na fa- do suporte social, ou seja, o suporte emocional, o supor-
mília, preocupação com filhos/familiares, alteração da te instrumental e o suporte de informação.
composição familiar, alcoolismo, relacionamento entre De acordo com os relatos obtidos, verificou-se que
familiares. Na categoria alterações decorrentes da pró- o apoio familiar junto à pessoa com diabetes pode fa-
pria doença incluíram-se as situações, comportamen- vorecer ou dificultar o alcance de um ótimo controle
tos e conseqüências positivas e negativas referentes ao glicêmico. A união entre os membros da família e a afe-
controle alimentar, alterações do estado de saúde/emo- tividade encontram-se associados à adesão do paciente
cionais, necessidade de orientação e a necessidade de ao tratamento e ao controle glicêmico; já os conflitos
internação designada apenas como negativa. familiares podem representar uma barreira à adesão.
Em práticas terapêuticas considerou-se como ne- A família tem um papel fundamental, que é enfren-
gativas e positivas as situações, comportamentos e tar a doença, colocando-se a serviço do bem-estar do
conseqüências dos incidentes referentes à adesão doente. Deve haver muita compreensão, controle da si-
e não adesão aos cuidados recomendados e ao regi- tuação, ajuda mútua, combate aos medos e ao isolamen-
me alimentar. Indicadas apenas como positivas estão to que a doença pode trazer (DIAS; WANDERLEY;
aquelas que envolvem a participação em grupos da MENDES, 2002).
comunidade/diabéticos, atividade física e tratamento Entre as falas, houve relatos de solidão, sentimentos
médico/medicamentoso. de medo, depressão. Pessoas deprimidas e socialmente
As situações, comportamentos e conseqüências isoladas, podem não ter disposição para, sozinhas, en-
identificadas como positivas e negativas nos relatos de frentarem e reagirem a esses sentimentos.
incidentes envolvendo os gastos com material/medica- Para a Sociedade Brasileira de Diabetes – SBD
mento, alteração de emprego/poder aquisitivo da famí- (2000), a pessoa com diabetes deve ser continuamente
lia, resultaram na composição da categoria alterações estimulada a adotar hábitos de vida saudáveis, o que in-
das condições econômicas. clui a educação alimentar, pois não é possível um bom
controle sem uma alimentação adequada. Neste senti-
DISCUSSÃO do, o apoio da família é fundamental para a pessoa se
• Caracterização da população em estudo adaptar com menos sofrimento às mudanças necessá-
É interessante observar que estudos envolvendo rias, em especial no que se refere à alimentação, sendo
pessoas com diabetes (ROSSI; PACE, 2003; DAMAS- normalmente a parte mais infringida pelas pessoas.
CENO, 2005; GILMER et al, 2005) também encontra- Neste estudo, as pessoas relacionaram a adesão da
ram na caracterização da população, maior frequencia família ao plano alimentar como fator positivo, podendo
do sexo feminino, merecendo um estudo de gênero evidenciar a importância que dão a esse envolvimento.
para a compreensão deste comportamento; este fato Como grande parte do cuidado diário é realiza-
pode refletir um viés de demanda, pois resultados de da pela pessoa e sua família, torna-se necessário que
estudos de prevalência do diabetes tipo 2 (CENEPI, todos estejam orientados adequadamente e assumam
1992; FRANCO, 2004) apontaram a mesma grandeza as responsabilidades pelo cuidado (PACE; NUNES;
em homens e mulheres. OCHOA-VIGO, 2003). Daí a importância de conscien-
De acordo com Rossi e Pace (2003), a baixa escola- tizar e envolver a família nas orientações.
ridade, idade, tempo de diagnóstico e presença de com- Sabe-se que os profissionais da saúde têm um papel
plicações são fatores que precisam ser considerados, chave quanto ao incentivo para o autocuidado, facili-
pois, à medida que aumenta a complexidade da tera- tando a mudança no estilo de vida, dando sustentação
pêutica, o grau de controle metabólico tende a piorar. psicológica e social e, nesse processo, a família deve
Um controle inadequado pode ser devido à instru- ser envolvida no fortalecimento da sustentação física
ção ineficaz, falta de participação da pessoa e ausência e emocional, auxiliando no cuidado (GILMERT et al,
de suporte, e os profissionais da saúde precisam reco- 2005).
nhecer a importância da educação do paciente. O co- É essencial que as pessoas com diabetes sejam vis-
nhecimento das relações entre uma doença no adulto tas como participantes ativas em seu cuidado, incenti-
e relacionamento familiar, tem levado alguns pesqui- vando-as a serem responsáveis por suas próprias saúdes
sadores a desenvolverem ou modificarem intervenções (OMS, 2003; WONG et al, 2005). É também imprescin-
focadas na pessoa, para incluírem no cuidado, um fami- dível que as pessoas desenvolvam com os profissionais
liar (MARTIRE et al, 2004; HOLMSTRÖM; ROSEN- da saúde um bom relacionamento, e que esse vínculo se
QVIST, 2005; ROSSI; PACE, 2003). mantenha com o passar do tempo.
Rossi, Pace; Hayashida, 2009 45
Para isso, é preciso que todas as pessoas estejam in- diabetes mellitus no Brasil. Informe Epidemiológico
seridas em um ambiente onde se sintam à vontade para do SUS, Brasília, v. 1, n. 3, p. 45-73, 1992.
fazer perguntas, sendo que a qualidade da comunicação DAMASCENO, L.A.N. Diretrizes para a atuação do
entre a pessoa e o profissional influencia os resultados fisioterapeuta na prevenção do pé diabético. 2005. Dis-
para a saúde em uma variedade de condições crônicas, sertação (Mestrado em Enfermagem) - Faculdade de
o que inclui o diabetes. Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São
Paulo, Ribeirão Preto, 2005.
CONSIDERAÇÕES FINAIS DELA COLETA, José Augusto; DELA COLETA, Ma-
Quando a família aceita a presença da doença crô- rilia Ferreira. A técnica dos incidentes críticos: 30
nica e adere aos cuidados, à medida que cada membro anos de utilização no Brasil na Psicologia, Adminis-
muda, afeta o comportamento do outro favorecendo, tração, Saúde e Educação. Taubaté: Cabral Editora e
conseqüentemente, a mudança de comportamento da Livraria Universitária, 2004.
pessoa com diabetes. DIAS, Ernesta Lopes Fferreira; WANDERLEY, Jami-
Um aspecto muito importante é a participação e o ro da Silva; MENDES, Roberto Teixeira. Orientações
envolvimento da família no cuidado da pessoa portado- para cuidadores informais na assistência domiciliar.
ra de doença crônica. A pessoa diabética e seus familia- Campinas: UNICAMP, 2002.
res precisam estar motivados para aceitar possíveis li-
mitações nas atividades diárias impostas pelo diabetes, FLANAGAN, J.C. A técnica do incidente crítico.
e a enfrentar essas limitações. Arq Bras Psicol Apl, São Paulo, v. 25, n. 2, p. 99-
Pela análise dos relatos, os participantes referiram 141, 1973.
ter recebido dos familiares apoio, carinho, compreen- FRANCO, L.J. Prevenção do diabetes mellitus tipo 2.
são e estímulo, mas, também referiram incompreensão, Diabetes Clínica, São Paulo, v. 3, n. 3, p. 217-218, 2004.
desarmonia, brigas e discussões com familiares. GILMER, T.P; O’CONNOR, P.J; WILLIAM, A;
Entre os relatos com referência positiva, em que CRAIN, A.L; WHITEBIRB, R.R; HANSON, A.M.
as pessoas consideraram ter auxiliado no cuidado Predictors of health care costs in adults with diabetes.
diário, destacam-se o apoio, confraternização, com- Diabetes Care, v. 28, n. 1, p. 59-64, 2005.
preensão e estímulos recebidos de familiares, de- HELGESON, V.S. Social support and quality of life. Qua-
monstrando a grande influência que a família tem na lity of Life Research, v.12, suppl. 1, p. 25-31, 2003.
vida dessas pessoas.
HOLMSTRÖM, I.M; ROSENQVIST, U. Misunders-
Já entre os relatos considerados negativos, nos quais
tandings about illness and treatment among patients
os diabéticos sentiram que, de alguma forma, dificulta-
with type 2 diabetes. Journal of Advanced Nursing, v.
ram os cuidados, pode-se destacar falta de apoio, brigas
49, n. 2, p. 146-154, 2005.
e discussões com familiares, demonstrando que a harmo-
nia familiar parece ter papel importante para a tranqüi- HÖRNSTEN, A; SANDSTRÖM, H; LUNDMAN, B.
lidade dessas pessoas, que podem encontrar forças para Personal understandings of illness among people with
superarem períodos de desgaste físico e emocional. type 2 diabetes. Journal of Advanced Nursing, v.47,
Entretanto, relatos sobre aposentadoria, perda de n. 2, p. 174-182, 2004.
emprego, mudança na terapêutica medicamentosa, MARTIRE, L.M; LUSTIG, A.P; SCHULZ, R; MIL-
atividade física, entre outros, receberam referência LER, G.F; HELGESON, V.S. Is it beneficial to invol-
positiva por algumas pessoas e negativa por outras, ve a family member? A meta-analisys of psychosocial
demonstrando que cada pessoa reage de uma determi- interventions for chronic illness. Health Psychology,
nada forma frente a um mesmo estressor, necessitando v.23, n. 6, p. 599-611, 2004.
de abordagens diferentes para incentivo e adesão aos MURATA, G.H; SHAH, J.H; ADAM, K.D; WENDEL,
cuidados necessários demonstrando, mais uma vez, a C.S; BOKHARI, S.U; SOLVAS, P.A. Factors affecting
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