Você está na página 1de 10

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/268147305

Representações de fragilidade para idosos no contexto da Estratégia Saúde da


Família

Article in Texto e Contexto Enfermagem · June 2011


DOI: 10.1590/S0104-07072011000200012

CITATIONS READS

19 96

1 author:

Luciane Paula Batista Araújo dd Oliveira


Universidade Federal do Rio Grande do Norte
25 PUBLICATIONS 71 CITATIONS

SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Perfil de uso de medicamentos por idosos atendidos na atenção primária à saúde View project

All content following this page was uploaded by Luciane Paula Batista Araújo dd Oliveira on 23 February 2015.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


Artigo Original - 301 -
REPRESENTAÇÕES DE FRAGILIDADE PARA IDOSOS NO CONTEXTO
DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

Luciane Paula Batista Araújo de Oliveira1, Rejane Maria Paiva de Menezes2

1
Mestre em Enfermagem. Professora Assistente da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN). Rio Grande do Norte, Brasil. E-mail: lucianeoliveira@facisa.ufrn.br
2
Doutora em Enfermagem. Professora Associado do Departamento de Enfermagem da UFRN. Rio Grande do Norte, Brasil.
E-mail: rejemene@terra.com.br

RESUMO: Este estudo objetivou analisar representações sociais de idosos domiciliados acerca da fragilidade, conforme definição
do Ministério da Saúde, e identificar a atuação da equipe de Saúde da Família na visão do idoso. Estudo descritivo, qualitativo e
fundamentado na Teoria das Representações Sociais. Teve como cenário o domicílio de idosos em área adscrita de Unidade de Saúde
da Família, de Natal-RN. Participaram 10 idosos, sendo a escolha intencional, considerando a saturação das informações. Utilizou-se
entrevista semiestruturada e observação participante. Embora muitos apresentassem aspectos da fragilidade, a maioria dos idosos tinha
dificuldade para defini-la. Com a análise de conteúdo foram alcançadas seis categorias temáticas que, de modo geral, indicaram que as
representações de fragilidade, para esses idosos, estavam relacionadas à presença de doenças, às mudanças na vida diária, à fraqueza
e ao risco de sofrer quedas. Concluiu-se que conhecer a fragilidade é fundamental na avaliação da saúde do idoso na atenção básica.
DESCRITORES: Envelhecimento. Idoso fragilizado. Enfermagem. Saúde da família.

REPRESENTATIONS OF FRAILTY FOR ELDERLY WITHIN THE FAMILY


HEALTH STRATEGY CONTEXT

ABSTRACT: This study aimed to analyze social representations among elderly who live with frailty, as defined by the Brazilian
Ministry of Health, as well as to identify the role of the Family Health Team, according to the elderly. This qualitative, descriptive study
was based on the Theory of Social Representations and took place in the homes of elderly people enrolled in the Family Health Unit
in Natal, RN, Brazil. A total of 10 elderly participated in this study, considering intentional choice and the saturation of information.
Semi-structured interviews and participant observation were used to collect data. Although many of subjects presented aspects of
frailty, the majority of the elderly had difficulty defining it. Through the content analysis, six themes were achieved that in general
indicated that the representations for frailty given by these elderly people were related to the presence of disease, changes in daily life,
weakness, and risk of falling. It was concluded that understanding frailty is fundamental to assessing elderly health in primary care.
DESCRIPTORS: Aging. Frail elderly. Nursing. Family health

REPRESENTACIONES DE LA FRAGILIDAD DE LOS ANCIANOS EN EL


CONTEXTO DE LA ESTRATEGIA DE SALUD FAMILIAR

RESUMEN: Los objetivos del presente estudio son: analizar las representaciones sociales de ancianos residentes en sus hogares, acerca
de su fragilidad, según lo definido por el Ministerio de Salud, e identificar el papel del equipo de Salud Familiar desde la perspectiva
del anciano. Es un estudio descriptivo, cualitativo, basado en la Teoría de las Representaciones Sociales, desarrollado en las residencias
de los ancianos en el área adscrita a la Unidad de Salud Familiar, en la ciudad de Natal-RN. Participaron 10 ancianos elegidos
intencionalmente, teniendo en cuenta la saturación de las informaciones. Se utilizaron entrevistas semiestructuradas y observación
participante. Aunque muchos ancianos presentaron aspectos de fragilidad, la mayoría tenía dificultad para definirla. El análisis de
contenido reveló seis categorías temáticas, indicando que las representaciones de fragilidad estaban relacionadas a la presencia de
enfermedades, cambios en la vida diaria, debilidad y al riesgo de sufrir caídas. Se concluyó que conocer la fragilidad es fundamental
para la evaluación de la salud del anciano en la atención básica.
DESCRIPTORES: Envejecimiento. Anciano frágil. Enfermería. Salud de la familia

Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2011 Abr-Jun; 20(2): 301-9.


- 302 - Oliveira LPBA, Menezes RMP

INTRODUÇÃO cia esse processo. Pressupõe-se que a identificação


de mudanças advindas da fragilidade em idosos
No decorrer do século XX, a população
domiciliados, possa favorecer o desenvolvimento
brasileira passou por várias transformações,
de ações capazes de postergar a sua instalação.
entre elas a mudança no perfil de morbidade e
mortalidade da população, o que resultou em um Este estudo destina-se a encontrar respostas
crescimento no número de pessoas idosas e, em para os seguintes questionamentos: qual a represen-
especial, no segmento que se encontra acima dos tação de “ser frágil” para os idosos deste estudo?
80 anos de idade, alterando a composição interna Quais as dificuldades enfrentadas por esses idosos e
do próprio grupo. seus familiares no processo de instalação de fragili-
dade? Como os idosos e/ou familiares deste estudo
A população muito idosa, ou seja, o grupo
identificam a atenção recebida pelo enfermeiro(a)
com 80 anos ou mais, é a que apresenta as maiores
no atendimento aos seus problemas de saúde?
taxas de crescimento.1 Essa caracterização favo-
rece o surgimento de novos problemas de saúde A partir desses questionamentos, o estudo
nessa fase avançada da vida. Dentre esses, uma teve como objetivos: analisar representações so-
das condições comumente observada tem sido ciais de idosos sobre sua situação de fragilidade
a chamada síndrome da fragilidade, de causa em domicílio e identificar como a atuação da
multidimensional – pois envolve fatores bioló- enfermagem é percebida pelo idoso, no contexto
gicos, psicológicos e sociais do indivíduo –, que de atenção em domicílio, na Estratégia de Saúde
tem como conseqüência, maior vulnerabilidade a da Família (ESF).
desfechos clínicos adversos.2
Exemplos de idosos com problemas crônicos MÉTODOS
de saúde e incapacidades são encontrados pelos É um estudo do tipo descritivo e de natureza
profissionais de saúde nos diversos níveis de aten- qualitativa, fundamentado em princípios teórico-
ção à saúde e, quando identificados tardiamente, metodológicos da Teoria das Representações
dificultam a aplicação de intervenções que possam Sociais.4 Teve como cenário o domicílio de idosos
subvertê-los ou minimizá-los. residentes em área adscrita de uma Unidade de
Compreende-se ainda que, de um modo Saúde da Família (USF), da zona administrativa
geral, o avanço da idade está associado ao maior leste do Município de Natal-RN.
risco de ocorrência da síndrome da fragilidade, O estudo contou com 10 participantes idosos.
tornando prioritário o desenvolvimento de ações Essa escolha foi intencional, conforme critérios
que possam prevenir e assistir esse grupo mais efe- estabelecidos: ter 60 anos ou mais; ser residente na
tivamente. Portanto, partindo da conceituação do área adscrita da USF Passo da Pátria; apresentar
Ministério da Saúde, o presente estudo considera pelo menos uma das características de fragilidade3;
como idoso frágil, ou em situação de fragilidade, apresentar funções físicas, sensoriais e cognitivas
aquele que: vive em Instituição de Longa Perma- que possibilitasse responder aos instrumentos de
nência para Idosos (ILPI); encontra-se acamado; pesquisa; e ser voluntário. Também foi levada em
esteve hospitalizado recentemente por qualquer consideração a necessidade de visita domiciliária
razão; apresente doenças sabidamente causado- da USF, num determinado período de tempo, bem
ras de incapacidade funcional (acidente vascular como o processo de saturação das informações.
encefálico, síndromes demenciais, outras doenças
neurodegenerativas, etilismo, neoplasia terminal, Os dados foram coletados no período de
amputações de membros); encontra-se com, pelo julho a setembro de 2008, obedecendo aos precei-
menos, uma incapacidade funcional básica ou viva tos éticos estabelecidos pela resolução nº 196/96,5
situações de violência doméstica.3 tendo sido aprovado pelo Parecer nº 172/2008,
do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade
Apesar das políticas nacionais enfatizarem a Federal do Rio Grande do Norte. Todos os parti-
importância do atendimento ao idoso no âmbito cipantes foram esclarecidos quanto ao anonimato
do domicílio, os serviços de atenção básica ainda (os idosos são identificados nas falas com nomes
não oferecem uma assistência voltada para as de pedras preciosas) e tiveram acesso ao Termo
questões do idoso frágil. Por outro lado, considera- de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
se igualmente importante que haja compreensão Logo, os procedimentos de coleta somente foram
acerca da fragilidade e suas representações sobre o aplicados aos que concordaram com os termos
“ser frágil” por parte do próprio idoso que viven- da pesquisa.

Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2011 Abr-Jun; 20(2): 301-9.


Representações de fragilidade para idosos no contexto da... - 303 -

Como procedimentos de coleta, foram utili- oriundos de zona rural e vieram para a capital al-
zadas: a entrevista semiestruturada acompanha- mejando emprego e, consequentemente, melhoria
da de formulário e a observação participante. O na condição de vida.
formulário de entrevista constituiu-se de questões Os resultados obtidos indicam que a maioria
referentes à: percepção do estado de saúde, aten- dos participantes se expressava com dificuldades
ção recebida pela equipe da ESF e representação para falar ou dar significado aos termos fragili-
do idoso acerca da fragilidade. Já o roteiro de ob- dade e ser frágil, mesmo considerando que a sua
servação, incluiu aspectos do ambiente residencial maioria (oito idosos) apresentava um ou mais
(condições de moradia e riscos ambientais) e do dos aspectos da fragilidade. Por um lado, este
contexto familiar (como por exemplo, se o idoso fato pode ser atribuído à escassez de repertório
morava sozinho ou com familiares, e se era o res- para este termo, na atual linguagem popular, o
ponsável pelo domicílio). que pode ser percebido, até mesmo, por parte de
Para que a análise fosse válida, foram obe- alguns profissionais da ESF.
decidas regras para se chegar às categorias de À luz da Teoria das Representações Sociais,
fragmentação de comunicação, as quais devem inferiu-se que a representação social do ser frágil
ser homogêneas, exaustivas, exclusivas, objetivas, está ancorada no contexto domiciliar, na realização
adequadas ou pertinentes.6 A análise de conteúdo das atividades da vida diária (AVD), nas alterações
temática foi realizada em três etapas, a saber: pré- fisiológicas do envelhecimento e nas dificuldades
análise (leitura flutuante, constituição do corpus, com as quais se deparam o idoso e seus familiares,
formulação de hipóteses e objetivos), exploração pois é através desses atributos que o termo que
do material e tratamento dos resultados obtidos inicialmente pode ser considerado estranho para
e interpretação.7 os idosos, torna-se algo familiar. Ao mesmo tempo,
Realizadas as etapas da análise de conteúdo, fragilidade e “ser frágil” são objetivados como
buscou-se alcançar os processos de ancoragem e adoecimento, fraqueza e risco de sofrer quedas.
objetivação, elementos importantes na construção Assim, com o processo de objetivação, um termo
das representações que os idosos desse estudo têm complexo como “fragilidade”, torna-se simples
sobre “ser frágil”, do ponto de vista conceitual e para esses idosos.
metodológico da Teoria das Representações So- Nesse estudo, a utilização da análise de
ciais. As técnicas de análise empregadas procura- conteúdo temática, na vertente da elaboração
ram de alguma forma desvendar a associação de das representações, foi centrada na totalidade do
ideias subjacentes.8 discurso dos chamados “sujeitos genéricos” que,
quando devidamente contextualizados, são capa-
RESULTADOS E DISCUSSÃO zes de representar o grupo no indivíduo.9
A partir da análise de conteúdo das falas das
Os idosos desse estudo tinham entre 62 e 88
pessoas idosas participantes deste estudo, foram
anos, sendo que três participantes tinham mais de
alcançadas as seguintes categorias: fragilidade
75 anos – uma das características definidoras de
como doença e doença como envelhecimento; o
fragilidade, segundo o conceito do Ministério da
envelhecimento e a fragilidade como causas de
Saúde. Quanto ao sexo, sete participantes eram
mudanças e dificuldades na vida diária; a presença
mulheres e três eram homens. De acordo com o
de familiares na vida da pessoa idosa frágil; fragi-
estado civil, três idosos eram casados, cinco eram
lidade como fraqueza e o risco para quedas; a per-
viúvos, um separado e outro solteiro. Com exceção
cepção do “ser frágil” como uma pessoa diferente;
de um participante, todos tiveram filhos; em vários
e a ausência da fragilidade na vida do idoso.
casos, o idoso residia com seus filhos ou netos.
Dos dez idosos, seis possuíam renda familiar
de um Salário Mínimo (SM); dois recebiam dois Fragilidade como doença e doença como
SM; e os outros dois recebiam entre dois e três SM. envelhecimento
Nestes últimos, a renda familiar correspondia à A maioria dos idosos descrevem suas queixas
soma de sua aposentadoria e dos rendimentos de relacionadas à atual condição de saúde, referindo
outro membro da família. Quanto à escolaridade, Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT),
entre todos os idosos, seis deles nunca frequenta- tais como Hipertensão Arterial, Artrose, Déficit
ram a escola. Em relação à procedência, observa-se Visual, Diabetes Mellitus, Doença de Parkinson,
que, com exceção apenas de um idoso, todos eram Hipertireoidismo, Tuberculose Pulmonar, Osteo-

Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2011 Abr-Jun; 20(2): 301-9.


- 304 - Oliveira LPBA, Menezes RMP

porose, Sequelas de Acidente Vascular Encefálico fato de ser idoso muito idoso esteja associado à
(AVE) e Depressão. presença de doenças incapacitantes, mostrando
Quase todos apresentam uma ou mais con- que esta fase da vida pode ser saudável, desde que
dição crônica de saúde, com exceção apenas de adaptações sejam feitas às limitações existentes.
uma idosa que afirma ter adquirido uma doença Segundo a Teoria das Representações So-
infecciosa (neste caso, Tuberculose Pulmonar), e ciais, as pessoas idosas entrevistadas podem
outro idoso que referiu não apresentar nenhuma ser vistas como atores sociais e, por isso, acabam
doença. Influenciados pela presença dessas pato- construindo teorias de senso comum, as quais, em
logias ou por outros fatores, como o próprio con- parte, servem para explicar esses fenômenos por
texto domiciliar e algumas mudanças advindas do eles representados e, de outra, podem sustentar
processo de envelhecimento, os idosos apresentam suas práticas sociais em relação a como permane-
queixas diversas com relação à sua saúde. Assim, cer saudável na velhice.12
algumas falas se caracterizaram pela linha tênue
que relaciona a presença de doenças ao processo
O envelhecimento e a fragilidade como causas
de envelhecimento:
de mudanças e dificuldades na vida diária
[...] eu vivo muito adoentada; tem a idade tam-
bém. Estou com 71 anos, não tenho mais saúde que Os idosos entrevistados vivenciam o proces-
preste! (Turmalina). so de envelhecimento de forma variável, influen-
ciados pelo contexto em que vivem e pelos múlti-
À medida que a população envelhece, au-
plos fatores – biológicos, psicológicos e sociais – o
menta a incidência das DCNT, e estas podem ser
que pôde ser demonstrado através das falas nas
evitadas em grande parte, já que seus determinan-
entrevistas e observação de campo.
tes não se referem apenas aos fatores genéticos e/
ou mudanças da idade, e sim, a fatores de risco Considerando as mudanças físicas e fisioló-
ambiental e comportamental.10 gicas advindas do envelhecimento, alguns idosos
referem que as mesmas relacionam-se com as
Outros idosos investigados nesse estudo
dificuldades na sua vida cotidiana enfrentadas
demonstram não estarem satisfeitos com sua atual
por eles e os seus familiares. Estes expressam que
condição de saúde e afirmam que apesar da tera-
existem mudanças na sua saúde que implicam em
pêutica medicamentosa, não observam melhora,
dificuldades para a sua vida diária, como o fato de
dizendo que estão piores agora quando compara-
não deambular e ter déficit visual, dizendo que,
do ao momento antes do tratamento.
devido a esses fatores, não pode fazer nada, pois
O avanço da idade tem sido relacionado, com saúde poderia ajudar suas filhas com os cui-
por parte dos próprios idosos, como sinônimo dados domésticos e reflete dizendo que antes era
de doença, e indica que, nessa população, possui uma pessoa diferente da que é atualmente.
um caráter crônico, envolve gastos com os quais
Sobre as mudanças próprias do envelheci-
a pessoa idosa nem sempre pode arcar, gerando
mento vividas, o Senhor Citrino fala que costumava
ainda mais desconforto e insatisfação.
se movimentar, fazer serviço pesado e ser uma
Em estudo baseado na Pesquisa Nacional pessoa ativa e, assim, sentia-se bem e tinha o sono
de Amostra de Domicílios, a percepção da pró- preservado; atualmente não tem feito caminhada
pria saúde como ruim foi relatada por 10,5% dos devido à perda visual consequente do Diabetes e
idosos entrevistados, e a pior percepção da saúde pela dificuldade de deambulação, por isso, sempre
aumentou com a idade entre os homens, mas não que sai de casa precisa que alguém o acompanhe.
entre as mulheres; os idosos que relataram ter pelo
O Diabetes Mellitus constitui uma das prin-
menos uma doença crônica corresponderam a
cipais causas de cegueira, amputação de membros
69,0%, sendo esta proporção maior entre mulheres
inferiores, insuficiência renal e doenças cardiovas-
(74,5%) do que entre os homens (62,2%).11
culares, com impacto significativo na qualidade de
No presente estudo, houve um entrevistado vida das pessoas acometidas. Por isso, é impres-
que não se queixou de problemas de saúde, o Sr. cindível que os profissionais de saúde a detectem
Ônix, de 84 anos – sexo masculino, casado, que não precocemente e expliquem ao idoso e sua família
possui doença causadora de incapacidade diag- a importância do tratamento.10
nosticada – afirma não ter do que reclamar, pois
Para a pessoa idosa, a realização das Ativi-
dificilmente sente algum incômodo ou adoece. Tal
dades da Vida Diária (AVDs) aparece como algo
depoimento nos induz a dizer que nem sempre o
presente e necessário para sua sobrevivência,
Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2011 Abr-Jun; 20(2): 301-9.
Representações de fragilidade para idosos no contexto da... - 305 -

de forma natural em seu dia a dia, mantendo-o lavagem da roupa, em geral, sendo realizadas por
participativo tanto na gestão e nos cuidados com um familiar da casa.
a própria saúde, como no desenvolvimento de A fadiga na realização das AVDs não só é
tarefas domésticas. um forte fator de predisposição de incapacidade
As condições crônicas tendem a se manifes- e mortalidade, como também é um mediador nos
tarem de forma simultânea e com maior expressão efeitos da comorbidade e na capacidade de realizar
nos idosos. Embora não sejam fatais, tais condições exercícios que exigem esforço físico, configurando-
podem comprometer, de forma significativa, a se então como uma medida subjetiva válida para
qualidade de vida. Como resultado, pode surgir identificar sinais de vulnerabilidade à fragilidade
um processo incapacitante pelo qual uma de- em idosos, mostrando a necessidade de estratégias
terminada condição (aguda ou crônica) afeta a de prevenção.14
funcionalidade dos idosos e, consequentemente, Compreende-se ser importante a manuten-
o desempenho das atividades cotidianas.13 ção da capacidade funcional e autonomia dos
Em situação na qual o idoso apresenta algu- idosos e, para tanto, deve-se estimular a promoção,
ma limitação funcional, como por exemplo, difi- a prevenção e o controle dos fatores de risco que
culdade em deambular, obviamente haverá maior evitam o surgimento da condição de fragilidade
dependência para a realização das AVDs, podendo nos idosos. Entretanto, o fato desses problemas
necessitar do auxílio dos familiares ou vizinhos serem comuns no dia-a-dia dos idosos nem sempre
quando dispostos a ajudar. A importância de impedem que os mesmos realizem as suas AVDs
identificar-se quais idosos não realizam as AVDs, e AIVDs.
possibilita a identificação dos que necessitam de
ajuda para a sua realização diária.
A presença de familiares na vida da pessoa
A maioria das pessoas idosas entrevistada idosa frágil
apresenta-se com boa capacidade funcional e au-
tonomia, e com a condição de realizar suas AVDs Para alguns idosos, os aspectos vivenciados
de forma independente, necessitando de ajuda no contexto domiciliar com outros familiares
somente para algumas Atividades Instrumentais influenciam na sua condição de tranquilidade,
da Vida Diária (AIVDs), como o preparo dos ali- tornando-os algumas vezes temerosos e insegu-
mentos, a realização das compras de alimentos e ros diante da própria família. Em alguns casos,
o uso de medicamentos, de transportes, a limpeza observa-se que a convivência cotidiana entre
da casa e controle das finanças. idosos e familiares pode contribuir para a instala-
ção do processo de fragilidade no idoso ou pode
Nesse contexto, vê-se a importância da uti-
influenciar para a elaboração dessa representação
lização de uma avaliação funcional que busque
social no idoso.
verificar em que nível as doenças ou agravos
impedem que os idosos o desempenhem suas A vida familiar constitui um espaço impor-
atividades cotidianas de forma autônoma e inde- tante para a elaboração de um destino comum,
pendente. Um dos instrumentos mais utilizados para o amadurecimento de um saber sobre o
para avaliação funcional em gerontologia tem sido espaço, o tempo, a memória, a transmissão de
o índex de Independência nas AVDs desenvolvido conhecimentos e informações, a compensação da
por Sidney Katz, na década de 1960.13 pouca escolarização com outros aprendizados
transmitidos oralmente e por contato direto.15
Embora a aplicação desse tipo de avaliação
não tenha sido objeto do presente estudo, durante Neste estudo foram entrevistados idosos
a observação de campo pôde ser percebido que que nunca tiveram filhos ou não mantém ne-
apenas nos idosos que apresentam incapacidade nhum contato com eles e procuram apoio em
funcional instalada se observa dependência de outros familiares ou amigos que possam ajudá-
familiares ou cuidadores com os quais convivem, los. Compreende-se que a velhice é uma fase de
no auxílio ou mesmo ajuda para a realização das dificuldades entre os idosos na qual o indivíduo
suas AVDs. pode necessitar de mais cuidados e apoio da sua
família. O processo de cuidar da pessoa idosa
Observa-se que no desenvolvimento das
depende da integração das relações familiares, da
AVDs ou AIVDs por parte desses idosos, há certa
disponibilidade de recursos pessoais e externos
indisposição para a realização das atividades do-
em diferentes momentos e situações, e da história
mésticas e, neste caso, naquelas que despendam
anterior de relacionamento com o idoso.16
de mais esforço físico, como a limpeza da casa e a
Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2011 Abr-Jun; 20(2): 301-9.
- 306 - Oliveira LPBA, Menezes RMP

Uma das participantes do estudo, Senhora ainda como consequência sentimentos de desam-
Pérola, pensava que chegaria à terceira idade com paro, abandono, solidão, depressão e pode levar a
uma vida sossegada, mas diante da relação de con- processos de perdas cognitivas como decorrência
flito com um de seus filhos – usuário de drogas e de abalos vinculares extremos.18
autor de assaltos na comunidade –, fala não sentir Faz-se necessária uma mudança do com-
mais vontade de viver e descreve as vezes que seu portamento atual centrado nos cuidados especia-
filho chega em casa bastante agressivo e discutindo lizados realizados em instituições, visto que para
com ela, fatos que a fazem considerar ser esse filho atender a população mais idosa, são necessárias
“a cruz mais pesada que carrego”. Atualmente, a vio- medidas que visem proporcionar condições de
lência familiar parece ser frequente no cotidiano manter estes idosos, o maior tempo possível, em
de alguns idosos e influencia diretamente sobre seus lares e ter a família como sustentação, para a
os seus sentimentos ou, pelo menos, de algumas manutenção tanto física como social deste grupo
idosas desse estudo. fragilizado.19
As violências contra pessoas mais velhas A atenção ao idoso está intimamente rela-
precisam ser vistas sob, pelo menos, três parâme- cionada à presença do cuidador, ou melhor, da
tros: demográficos, sócioantropológicos e epide- pessoa que, no espaço privado doméstico, realiza
miológicos. Embora a vitimação dos velhos seja ou ajuda o idoso a realizar suas atividades de vida
um fenômeno cultural de raízes seculares e suas diária e atividades instrumentais de vida diária,
manifestações, facilmente reconhecidas, desde as com o objetivo da preservação de sua autonomia
mais antigas estatísticas epidemiológicas. Esse e de sua independência.19
problema não tem se apresentado como algo re-
levante para a sociedade.17
Fragilidade como fraqueza e o risco para
No caso do Brasil, as violências contra a
quedas
pessoa idosa se expressam em tradicionais formas
de discriminação, tratando-as como pessoas “des- Uma representação social é um modo de
cartáveis” e “peso social”; por parte do Estado, a pensamento sempre ligado à ação, à conduta indi-
pessoa idosa hoje é responsável pelo custo insus- vidual e coletiva, uma vez que ela cria ao mesmo
tentável da Previdência Social.17 tempo as categorias cognitivas e as relações de
Neste estudo surgiram situações em que os sentido que são exigidas.20
familiares não permitem que o idoso participe de Para alguns idosos, o “ser frágil” adquire ma-
atividades domésticas, e que o fazem por acreditar terialidade em algo “que quebra”, em um estado
que essa seja uma forma de proteger o idoso ou de fraqueza, de ser fraco e que, para eles, é uma
cuidar de sua saúde. Esse fato é relatado pelos conseqüência da idade avançada.
familiares e pelos próprios idosos. Considerando Em algumas situações, “ser frágil” foi re-
a importância de manter-se ativo durante o pro- lacionado ao risco de sofrer quedas e, por isso, à
cesso de envelhecimento como forma de prevenir necessidade de ajuda, de outras pessoas para rea-
a instalação de incapacidades e dependência, lizar suas atividades. Ao referir-se à necessidade
considera-se que tais atitudes devam ser discutidas de ajuda percebe-se que, por parte dos idosos, há
cuidadosamente. uma preocupação em depender de outras pessoas
Com todo um conjunto de limitações que se para realizar atividades e em não poder fazer o
instala em seu organismo, o idoso sente-se descon- que fazia antes:
fortável, pois gostaria de ajudar seus familiares e [...] é cair? [...] Eu penso assim, que é a pessoa
participar mais ativamente das tarefas cotidianas, que não tem condições, não tem condições de andar,
como relata a Senhora Esmeralda, dizendo que, vive assim, com ajuda dos outros, e é muito doloroso
pelo fato de não deambular e ter déficit visual, não isso (Rubi).
pode fazer nada, pois com saúde poderia ajudar
Considerando o envelhecimento, a queda
suas filhas com as tarefas domésticas.
pode representar um problema que compromete a
O papel do idoso sofreu modificações subs- capacidade funcional do cliente, tornando-o depen-
tanciais, através do tempo, no âmbito familiar e dente de assistência, limitando sua autonomia.21
social. Perdeu o protagonismo, que constituía uma
As quedas, em idosos, têm como consequên-
referência fundamental e ao qual o idoso ainda
cias, além de possíveis fraturas e risco de morte, o
amarra seu sentimento de pertencimento e auto-
medo de cair, a restrição de atividades, o declínio
estima. Por isso, a retirada dos investimentos traz
Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2011 Abr-Jun; 20(2): 301-9.
Representações de fragilidade para idosos no contexto da... - 307 -

na saúde e o aumento do risco de institucionali- como também a negação da velhice e de uma condi-
zação. Assim, o envelhecimento populacional e o ção de fragilidade, onde a própria idosa apresenta
aumento da expectativa de vida demandam ações critérios para ser classificada como “frágil”, conside-
de prevenção e reabilitação no sentido de diminuir rando a delimitação do Ministério da Saúde.
os fatores de risco para quedas, como o comprome- Embora essa negação tenha aparecido ex-
timento da capacidade funcional, a visão deficiente plicitamente na fala de apenas uma participante,
e a falta de estimulação cognitiva.22 considera-se esse resultado relevante, por tratar-se
de dado valioso para se entender a representação
A percepção do “ser frágil” como uma pessoa da fragilidade do idoso e, sendo um estudo de
diferente natureza qualitativa, o aspecto quantidade não
pretere a qualidade dessa informação.
O processo de envelhecimento e a presença
O indivíduo não se reconhece velho e, à me-
de fatores que caracterizam o idoso como uma
dida que envelhece, tende a fixar em idades cada
pessoa frágil, pode despertar sentimentos que faz o
vez mais avançadas aquela que marca a entrada
idoso se perceber como alguém diferente daquele
na última fase do ciclo vital.24
que costumava ser em tempos passados. Essa per-
cepção é descrita pelo idoso através do repertório
que possui para representar a fragilidade ou o ser O IDOSO E A EQUIPE DE SAÚDE DA
frágil como algo que o torna diferente. FAMÍLIA
Não tenho vergonha de mentir, às vezes choro Sobre a atenção recebida pela equipe de
[...]. Choro, mas é o jeito. Quem era eu, e [quem] eu Saúde da Família e pelo (a) enfermeiro (a), na
sou hoje (Esmeralda). visão dos idosos, estes ainda não aparecem
As falas dos idosos demonstram sentimentos como profissionais presentes e atuantes, embora
de tristeza e um pensamento saudoso com relação os idosos entrevistados frequentemente façam
à sua própria vida no passado, fazendo com que menção à atuação do Agente Comunitário de
a pessoa idosa intuitivamente perceba que com a Saúde (ACS). Quanto à atenção da equipe da ESF
velhice vieram também algumas perdas. Em geral, dada aos idosos e, segundo estes, observa-se uma
as pessoas idosas desse estudo tendem a comparar ênfase para as ações desenvolvidas pelo ACS que
outras fases de sua vida com o presente e relatam os visitam com frequência e sempre os ajudam,
que algumas funções e atividades encontram-se dando-lhes às informações da USF ou, fazendo
prejudicadas, como por exemplo, dificuldades agendamento de consultas.
de deambulação, as quais implicam em déficit no A atual Política Nacional de Atenção Básica
desempenho, tanto das AVDs, como das AIVDs. descreve que a realização do cuidado em saúde
da população idosa de área adscrita à ESF, se
Ausência da fragilidade na vida do idoso dá tanto no âmbito da unidade de saúde quanto
no domicílio e nos demais espaços comunitários
Entre os vários dizeres sobre a velhice, que cir- (escolas, associações, entre outros), e que a escuta
culam no meio social, existem discursos claramente qualificada das necessidades dos usuários em
marcados pela negação, em que se destacam os todas as ações, proporciona atendimento huma-
sujeitos posicionados discursivamente para recusar nizado e viabiliza o estabelecimento do vínculo, e
a velhice, quando fazem referência a si mesmos.23 estão entre as atribuições que são comuns a todos
Uma das idosas entrevistadas, a Senhora Pé- os membros da equipe de Saúde da Família.25
rola, apesar de queixar-se de situações de conflito Segundo alguns idosos entrevistados, é
familiar e de dificuldades de enfrentar o envelheci- raro se receber uma visita da equipe da ESF, mas
mento, vivendo com uma baixa renda familiar e di- compreendem o fato pois reconhecem que os pro-
ficuldades de acesso a saúde, vê a fragilidade como fissionais tem muito trabalho a fazer na unidade
algo distante de sua realidade, pois para ela há uma de saúde. Por isso, só procuram atendimento na
interpretação de que ser frágil é ser acamado, e esta unidade quando realmente percebem que preci-
é uma situação que não faz parte de sua vida: sam de assistência:
[...] graças a Deus não vivo acamada. Tenho [...] esse pessoal do posto [...] é difícil eles virem
disposição para tudo (Pérola). aqui em casa [...] eles também não podem sair do lugar
Dessa forma, percebe-se tanto uma visão dis- pra ir em outro canto né? Enquanto aguentar, eu não
torcida daquilo que hoje se entende por fragilidade, vou lá [...] (Ônix).
Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2011 Abr-Jun; 20(2): 301-9.
- 308 - Oliveira LPBA, Menezes RMP

Entende-se que a visita evita ou deve evitar se que também devam ser analisados aspectos
que aquele que tem uma dada necessidade precise subjetivos da pessoa idosa em razão de ser esta
se deslocar até a USF para ser atendido, em situa- quem enfrenta no seu dia-a-dia, o processo de
ções em que a pessoa se vê e/ou está impossibilita- fragilidade em seu organismo, tendo assim, maior
da de se deslocar pela doença, por falta de tempo, propriedade para falar sobre o que sente e para
por uma deficiência, em uma situação de descon- melhor vivenciá-lo.
forto, ou em casos considerados de urgência.26 Para entender a fragilidade no idoso, faz-se
A técnica e a padronização no atendimento a necessário que o enfermeiro esteja atento não só
população não impõem a reflexão sobre o objeto de às alterações físicas e fisiológicas advindas do
trabalho, onde o parcelamento das tarefas implica processo de envelhecimento, mas também para
também na fragmentação das relações. Para os possíveis alterações da dinâmica familiar e de
autores, a falta de qualificação especializada para como o idoso se sente dentro do seu contexto,
o cuidado integral da pessoa idosa interfere nas visto que uma situação de dependência e redução
práticas de cuidar em saúde, pois em estudo recen- da capacidade funcional tem grande repercussão
te, observaram que o conhecimento sobre o enve- na vida das pessoas, por envolver questões de
lhecimento entre os profissionais de saúde ainda é natureza não só biológica ou física, mas também
conceitual, ou encontra-se no domínio dos universos emocional e social.
consensuais, pois os elementos desse conhecimento Inferiu-se também que, através dos processos
não estão integrados à realidade social.27 de objetivação e ancoragem, “ser frágil” transfor-
Na construção da realidade social, concor- ma-se em algo familiar e concreto, mostrando que,
rem universos de pensamento classificados como além da definição científica encontrada nos univer-
reificados e consensuais. Nos universos reificados sos reificados, a fragilidade pode ser ressignificada
se produzem e circulam as ciências e o conheci- e construída dentro de universos consensuais. Para
mento técnico. Já os consensuais correspondem os idosos desse estudo, fragilidade representa, de
àqueles onde, a partir da reificação e dos processos modo geral, uma condição relacionada à presença
de ancoragem e objetivação, são elaboradas as de doenças, às mudanças na vida diária, à fraqueza
representações sociais.28 e ao risco de sofrer quedas.
Assim, enquanto o conhecimento reificado Portanto, considerando o contexto onde esse
do profissional de saúde sobre o envelhecimento estudo foi desenvolvido, a noção do que significa
enfatiza a promoção da saúde e a prevenção, sua fragilidade e “ser frágil”, para a pessoa idosa,
prática diária ainda é focalizada nas ações curativas; surge como de grande importância, podendo ser
portanto, sugere-se que para haver um redireciona- incorporado à avaliação em saúde realizada pelo
mento de políticas de saúde e educação, os universos enfermeiro nas visitas domiciliares e, no momento
consensuais e reificados devam ser integrados.27 das consultas na USF, torne-se algo importante
Sobre a atenção recebida pela (o) profissio- para que este profissional que atua em nível de
nal enfermeira (o), de acordo com alguns idosos, atenção básica na ESF conheça esses aspectos que
não parece estar claro para os mesmos, sobre as nem sempre são abordados em sua formação.
funções deste profissional, fato observável quan-
do, ao falarem das visitas que recebem, sempre REFERÊNCIAS
relacionam ao profissional que apenas verifica a
1. Camarano AA. Envelhecimento da população
pressão arterial ou, que foi em lugar do médico
brasileira: uma contribuição demográfica. In:
quando este não pode realizar a visita. Assim, na Freitas EV, Py L, Cançado FAX, Doll J, Gorzoni ML,
maioria das vezes, confunde-se o enfermeiro com organizadores. Tratado de geriatria e gerontologia.
o profissional técnico de enfermagem ou o ACS. 2ª ed. Rio de Janeiro (RJ): Guanabara Koogan; 2006.
Compreende-se que tanto o enfermeiro como os p. 88-105.
outros profissionais da ESF necessitam desenvol- 2. Fried LP, Tangen CM, Walston J, Newman AB,
ver mais ações no domicílio, principalmente, com Hirsch C, Gottdiener J. Frailty in older adults:
um atendimento mais focado na pessoa idosa. evidence for a phenotype. J Gerontol Med Sci. 2001
Mar; 56(3):146-56.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 3. Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Atenção à
Saúde, Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa.
Além das diretrizes preconizadas pelo Mi- Portaria no 2.528 de 19 de outubro de 2006. Brasília
nistério da Saúde sobre a fragilidade, considera- (DF): MS; 2006.

Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2011 Abr-Jun; 20(2): 301-9.


Representações de fragilidade para idosos no contexto da... - 309 -

4. Moscovici S. Prefácio. In: Guareschi P, Jovchelovitch Cachioni M, organizadores. Saúde e qualidade de


S, organizadores. Textos em representações sociais. vida na velhice. 2ª ed. Campinas (SP): Alínea; 2006.
10ª ed. Petrópolis (RJ): Vozes; 2008. p.7-16 17. Minayo MCS. Violência contra idosos: relevância
5. Ministério da Saúde (BR), Conselho Nacional para um velho problema. Cad Saúde Pública. 2003
de Saúde, Comissão Nacional de Ética em Mai-Jun; 19(3):783-91.
Pesquisa. Resolução No 196 de 10 de outubro 18. Goldfarb DC, Lopes RGC. Avosidade: a família e
de 1996: diretrizes e normas regulamentadoras a transmissão psíquica entre gerações. In: Freitas
de pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília EV, Py L.; Cançado FAX, Doll J, Gorzoni ML,
(DF): MS; 1996. organizadores. Tratado de geriatria e gerontologia. 2ª
6. Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa (PT): Edições ed. Rio de Janeiro (RJ): Guanabara Koogan; 2006.
70; 1977. 19. Mazza MMPR, Lefevre F. Cuidar em família: análise
7. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa da representação social da relação do cuidador
qualitativa em saúde. 8ª ed. São Paulo (SP): Hucitec; familiar com o idoso. Rev Bras Cresc Desenv Hum.
2004. 2005 Abr; 15(1):1-10.
8. Moscovici S. A representação social da psicanálise. 20. Herzlich C. A problemática da representação social
Rio de Janeiro (RJ): Zahar Editores; 1978. e sua utilidade no campo da doença. Physis: Rev
9. Spink MJ. Desvendando as teorias implícitas: uma Saúde Coletiva. 2005; 15(Supl): 57-70.
metodologia de análise das representações sociais. 21. Fabrício SCC, Rodrigues RAP. Percepção de idosos
In: Guareschi P, Jovchelovitch S, organizadores. sobre alterações das atividades da vida diária após
Textos em representações sociais. 10ª ed. Petrópolis acidentes por queda. Rev Enferm UERJ. 2006 Dez;
(RJ): Vozes; 2008. 14(4):531-7.
10. Lebrão ML, Duarte YAO. O Projeto Sabe no 22. Perracini MR, Ramos LR. Fatores associados a quedas
município de São Paulo: uma abordagem inicial. em uma coorte de idosos residentes na comunidade.
Brasília (DF): Organização Pan-Americana da Rev Saude Publica. 2002 Dez; 36(6):709-16.
Saúde; 2003. 23. Silva Sobrinho HF. A negação da velhice: uma
11. Lima-Costa MF, Barreto SM, Giatti L. Condições discursividade ancorada na memória. Est. líng. 2005;
de saúde, capacidade funcional, uso de serviços de 34(Esp): 241-6.
saúde e gastos com medicamentos da população 24. Neri AL. Feminização da velhice. In: Neri AL,
idosa brasileira: um estudo descritivo baseado na organizadores. Idosos no Brasil: vivências, desafios
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Cad e expectativas na terceira idade. São Paulo (SP):
Saúde Pública. 2003 Jun; 19(3):735-43. Fundação Perseu Abramo, Edições SESC; 2007.
12. Teixeira MCTV, Nascimento-Schulze CM, Camargo 25. Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Atenção à
BV. Representações sociais sobre a saúde na velhice: Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília
um diagnóstico psicossocial na rede básica de saúde. (DF): MS; 2006b.
EPSIC. 2002 Jul-Dez; 7(2):351-9.
26. Mandú ENT, Gaíva MAM, Silva MA, Silva
13. Duarte YAO, Andrade CL, Lebrão ML. O Índex de AMN. Visita domiciliária sob o olhar de usuários
Katz na avaliação da funcionalidade dos idosos. Rev do programa saúde da família. Texto Contexto
Esc Enferm USP. 2007 Jun; 41(2):317-25. Enferm. 2008 Jan-Mar; 17(1):131-40.
14. Schultz-Larsen K, Avlund K. Tiredness in daily 27. Comerlato BEM, Guimarães I, Alves ED. Tempo de
activities: a subjective measure for the identification plantar e tempo de colher: as representações sociais
of frailty among non-disabled community-living de profissionais de saúde e idosos sobre o processo
older adults. Arch Gerontol Geriatr. 2007 Jan-Feb; de envelhecimento. Rev Eletr Enf [online]. 2007 Set
44(1):83-93. [acesso 2010 Jun]; 9(3):736-47. Disponível em: http://
15. Vasconcelos EM. A priorização da família nas www.fen.ufg.br/revista/v9/n3/v9n3a13.htm.
políticas de saúde. Saúde em debate. 1999 Set-Dez; 28. Sá CP. Representações sociais: o conceito e o estado
23(53):6-19. atual da teoria. In: Spink MJP, organizadora. O
16. Torres SVS, Sé EVG, Queroz NC. Fragilidade, conhecimento no cotidiano: as representações sociais
dependência e cuidado: desafios ao bem-estar dos na perspectiva da psicologia social. São Paulo (SP):
idosos e de suas famílias. In: Diogo MJD’E, Neri AL, Brasiliense; 1993.

Correspondência: Luciane Paula Batista Araújo de Oliveira Recebido: 10 de maio de 2010


Av Jaguarari, 5100, C 146 Aprovação: 29 de março de 2011
59064-500 - Lagoa Nova, Natal, RN, Brasil
E-mail: lucianeoliveira@facisa.ufrn.br

Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2011 Abr-Jun; 20(2): 301-9.

View publication stats

Você também pode gostar