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Módulo de Acolhimento e Avaliação

Projeto Mais Médicos para o Brasil


31° Ciclo do PMMB

SAÚDE DA PESSOA IDOSA


OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Discu&r o envelhecimento populacional brasileiro
• Discu&r a promoção do envelhecimento saudável
• Apresentar os aspectos culturais
• Conceituar saúde da pessoa idosa
• Apresentar a discu&r a Avaliação Mul&dimensional da Pessoa Idosa
• Discu&r a polifarmácia e a desprescrição
• Refle&r o cuidado do cuidador
• Abordar a violência contra a pessoa idosa
Envelhecimento populacional brasileiro
• A prevalência de brasileiros com
idade > 65 anos aumentará de 7,4%
em 2015 para 20% em 2030 e para
26,7% em 2060 (OMS).

• Pessoas com 60 anos ou mais de


idade passou de 11,3% em 2012
para 14,7% da população em 2021,
com razão de sexos de 78,8 homens
para cada 100 mulheres nessa faixa
etária.
(IBGE, 2022)
Envelhecimento populacional brasileiro
• Make Health Last. What will your last 10
years look like?, 2013. The Canada
Heart and Stroke FoundaMon.
• (Faça sua saúde durar. Como serão os
seus úlMmos 10 anos de vida?)
• hQps://www.youtube.com/watch?v=ml
Y8HFqxRdQ
Envelhecimento populacional brasileiro
• Maior carga de doenças crônicas e incapacidades funcionais, com
surgimento de novas demandas e o uso mais intensivo dos serviços de
saúde.
• Doenças mais frequentes, porém nem sempre estão associadas à
dependência funcional.
• Envelhecimento X Incapacidades e Dependência
• Envelhecimento = maior vulnerabilidade.
Envelhecimento populacional brasileiro

• A idade e as doenças crônico-degenerativas elevam o risco de


disfunções e incapacidades.

• A redução dos fatores de risco para doenças crônicas, irá


prevenir mais de 70% dos problemas de saúde, incluindo as
incapacidades.

• Mais de 80% dos gastos em saúde são atribuídos às


doenças crônicas.
Promover o envelhecimento saudável

Envelhecimento saudável previne,


posterga e minimiza a severidade manter estilo de vida ativo
das doenças crônicas e das
alimentar saudavelmente
incapacidades na velhice,
mantendo a autonomia, manter conexão social
independência e sociabilidade e,
eliminar tabagismo
consequentemente reduzindo a
pressão sobre o sistema de saúde.
Promover o envelhecimento saudável

• Trabalho em grupos com a pessoa idosa.

• Grupos de convivência, de aMvidade jsica, etc.

• Promoção de saúde: cessação do tabagismo, eMlismo, promoção


de aMvidade jsica, orientações para alimentação saudável,
imunização, aMvidades de lazer e social.
Imunização na pessoa idosa

(BRASIL, 2022)
Regra de ouro da alimentação saudável
Prefira sempre alimentos in natura ou minimamente
processados e preparações culinárias a alimentos
ultraprocessados.
(BRASIL, 2007)
Promover atividade física, atividades de lazer
e social
Aspectos culturais
• Diferenças culturais.
• Sábios - Transmissão de conhecimentos e aspectos espirituais.
• Memórias, histórias.
• Educadores.
• Preservação e divulgação do etnoconhecimento.
• Anciãos – muito voltados para dentro da comunidade.
Saúde da pessoa idosa

Define-se saúde como uma medida da capacidade individual de


realização de aspirações e da saMsfação das necessidades,
independentemente da idade ou da presença de doenças.
(MORAES E LANNA, 2014)
Caso clínico 1
Estelita, 68 anos comparece ao acolhimento. É hipertensa, tem historia de
trauma com correção cirúrgica em pé esquerdo. Ela usa uma muleta a esquerda, e
arrasta o pé esquerdo para entrar no consultório. É percepUvel também um
curaVvo simples em região de supercilio. No momento está muito chateada com
aumento da frequência urinária, pois isso dificulta suas aVvidades na rua. Ela relata
que suspendeu o uso de hidrocloroVazida por conta própria, mas o médico que a
acompanha retomou o uso para controle da TA. Ela conta que há 02 dias chegou a
cair tentando chegar ao banheiro e hoje veio com o objeVvo da troca do
medicamento.
O que você perguntaria para complementar a avaliação deste
caso?
Caso clínico 2

Pedro, 89 anos, DPOC, ex-tabagista, artesão. Vive com a esposa, duas filhas e
um neto, em uma casa de 5 cômodos, água encanada, rede de esgoto e
iluminação. A casa é própria e a família está em obras no andar superior.
Pedro vem para consulta de rotina, acompanhada de Lisia, sua filha, que
espera ao lado de fora. No momento está em uso dos anti-hipertensivos de
uso habitual, traz medidas pressóricas com bom controle. Usa também
Clenil e Salbutamol spray, conforme prescrição anterior. Está sem queixas.
Que caminhos você tomaria nesta consulta?
O processo de envelhecimento
• O envelhecimento fisiológico, ou senescência, reduz a vitalidade do indivíduo,
definida como capacidade de defesa contra as agressões dos meios interno e
externo, gerando maior vulnerabilidade.
• A redução fisiológica, por si só, é insuficiente para gerar incapacidades ou
dependência funcional.
• O envelhecimento patológico, consequência de uma ou mais doenças, e
agravado por fatores ambientais e contextuais, compromete, de forma mais
intensa, a vitalidade do indivíduo associado ao declínio funcional.
O processo de
envelhecimento
Atenção integrada para as pessoas idosas (ICOPE).
Diretrizes de intervenções comunitárias para o
manejo dos declínios na capacidade intrínseca

• O Programa de Atenção Integrada para a Pessoa Idosa (ICOPE) foi


desenvolvido pela OMS para atender às necessidades e demandas de
saúde das populações idosas em todo o mundo.

• Em 2050, a proporção da população global com 60 anos ou mais quase


dobrará.
Capacidade Intrínseca
O envelhecimento promove alterações em aspectos físicos, fisiológicos,
psicológicos e sociais e pode estar relacionado a uma maior vulnerabilidade
para o desenvolvimento de doenças crônicas e perdas funcionais.

O conceito de capacidade intrínseca (CI) foi introduzido pela OMS como o


composto de todas as capacidades físicas e mentais de um indivíduo,
avaliadas por cinco domínios: Cognição, Humor, Sensorial, Locomoção e
Vitalidade
CI: Resultado da
soma e da interação
das capacidades
6sicas e mentais do
indivíduo e suas
interações com os
fatores ambientais
relevantes.
• A Caderneta é um instrumento de
empoderamento da pessoa idosa e seus
familiares, pois permite que conheçam formas
de prevenir agravos e promover a saúde, bem
como saibam identificar as situações em que é
necessário procurar ajuda profissional.

• É distribuída pelas Unidades Básicas de Saúde


Avaliação mulLdimensional da Pessoa Idosa
Sinais e sintomas indiferenciados, muitas vezes suMs, podem ser de alarme
na população idosa como:

Ausência de febre mesmo em contextos infecciosos graves


Alteração comportamental

Desorientação aguda

Fadiga/adinamia
Avaliação multidimensional da pessoa idosa

Incapacidades Deficiências

Comorbidades

Declínio funcional
Idade: 80 anos

Idade X Funcionalidade Idade: 80 anos

Idade: NÃO é um bom marcador de declínio funcional


Funcionalidade: bom marcador de vitalidade
EstraLficação
de risco
clínico
funcional
Capacidade Funcional
• Envelhecer sem nenhuma doença crônica é mais uma exceção do que a regra
(Veras, 2012).
• Novo indicador de saúde = CAPACIDADE FUNCIONAL.
• Saúde = Funcionalidade global do indivíduo -> a capacidade de gerir a própria
vida ou cuidar de si mesmo.
• A pessoa é considerada saudável quando é capaz de realizar suas atividades
sozinha, de forma plena, mesmo que seja muito idosa ou portadora de
doenças (Moraes, 2012).
• Diagnóstico clínico X capacidade funcional
• População heterogênea
Capacidade Funcional
• Bem-estar e funcionalidade são complementares.

• Presença de:
• Autonomia (capacidade individual de decisão e comando sobre as ações,
estabelecendo e seguindo as próprias convicções) e;
• Independência (capacidade de realizar algo com os próprios meios)

• PermiMndo que o indivíduo cuide de si e de sua vida.


MACC pessoa idosa
Avaliação multidimensional da Pessoa Idosa -
IVCF-20
Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional
• Primeiro instrumento brasileiro para rastreio da pessoa idosa com fragilidade
(pessoa idosa em risco de fragilização e pessoa idosa frágil) na APS.
• Ênfase na idenVficação da pessoa idosa de risco e orientações capazes de
reservar ou recuperar sua independência e autonomia.
• Simples e de rápida aplicação: Considerado uma metodologia de Avaliação
Geriátrica Ampla uVlizável por qualquer profissional de saúde ou familiares.
IVCF-20
IVCF-20
Índice De Vulnerabilidade Clínico-funcional-20
(MORAES, 2018)
Síntese do resultado do (IVCF-20)

Auto
Percepção
de Saúde
Capacidade Funcional – Domínios:
• Cognição: é a capacidade mental de compreender e resolver adequadamente os
problemas do coVdiano;

• Comunicação: é a capacidade de estabelecer um relacionamento produVvo com o


meio, trocar informações, manifestar desejos, ideias e senVmentos. Depende de três
subsistemas funcionais: visão, audição e produção/motricidade orofacial. Esta úlVma é
representada pela voz, fala e masVgação/degluVção;
Capacidade Funcional – Domínios:
• Humor/Comportamento: é a motivação necessária para a realização das
atividades e/ ou participação social. Inclui também o comportamento do
indivíduo, que é afetado pelas outras funções mentais, como senso-percepção,
pensamento e consciência;
• Mobilidade: é a capacidade individual de deslocamento e de manipulação do
meio. Por sua vez, a mobilidade depende de quatro subsistemas funcionais: a
capacidade aeróbica e muscular (massa e função), o alcance/preensão/pinça
(membros superiores) e a marcha/ postura/transferência. A continência
esfincteriana é também considerada um subdomínio da mobilidade, pois a sua
ausência (incontinência esfincteriana) é capaz de interferir na mobilidade e
restringir a participação social do indivíduo.
FUNCIONALIDADE
A"vidades de Vida Diária
ESCALA DE LAWTON-BRODY

AFvidades de Vida Diária


BÁSICAS ESCALA DE KATZ
Teste funcional de levantar-se e se sentar da cadeira

• O TLS30s é uVlizado com objeVvo de fornecer informações sobre o desempenho da


força muscular de membros inferiores e a agilidade funcional em pessoas idosas.
• O aumento da capacidade msica para realizar esse exercício pode reduzir a chance de
queda.
• O movimento de sentar e levantar (SL) é considerado pré-requisito fundamental para a
mobilidade e a independência funcional, pois faz parte de AVD.
• Alta confiabilidade.
• Válido para esVmar a força máxima de membros inferiores em pessoas idosas, aVvas.
• Realizar durante consulta na APS.
Capacidade Funcional – Dor crônica/artalgia:
• A dor crônica está associada a limitações funcionais em pessoas idosas,
afetando negaVvamente a saúde dessa população.

• A aVvidade e/ou exercício Xsico tem sido proposto como uma intervenção não
farmacológica com efeitos posiVvos no tratamento da dor crônica.

• A presença de dor crônica está associada com o maior número de doenças


crônicas.

• É importante invesVgar e tratar a dor na pessoa idosa.


Avaliação multidimensional da Pessoa Idosa
• Estado mental: cognição e memória

• Perguntar à família e ao paciente: dificuldade de memória ou


esquecimento.
• Solicitar à pessoa idosa que repita o nome dos objetos e, após 3 minutos,
pedir que os repita.
• Se for incapaz de fazê-lo, aplicar o Mini Exame do Estado Mental (teste
cogniVvo).
Interpretação do MEEM

Se exame alterado, prosseguir com investigação de demência.


Avaliação mul1dimensional da Pessoa Idosa –
Humor

• Perguntar ao paciente se ele se sente triste


ou desanimado frequentemente.
• Se positivo, aplicar escala de depressão
geriátrica (GDS-15).
GDS
Interpretação:
GDS-5 ≥ 2
GDS-15 ≥ 6

• Suspeita de distúrbio do humor


Avaliação multidimensional da Pessoa Idosa
MOBILIDADE
Quando os idosos
caem, mesmo
• Quedas: que a queda não
seja grave, muitas
-Frequência
vezes eles ficam
-Circunstâncias com medo de cair
• Ausências de reflexos de proteção novamente. Isso
• Densidade mineral óssea reduzida – osteoporose pode levar a
inaMvidade, que
• Desnutrição
pode causar
problemas de
saúde adicionais.
PESSOA IDOSA COM QUEDAS DE REPETIÇÃO
(≥ 2 quedas no último ano)

Avaliar fatores de risco: Triagem Avaliar segurança ambiental


• fraqueza muscular; Timed Up and Go • Escala Ambiental do Risco de Quedas
• déficit visual;
• limitação da mobilidade por doença músculo-esquelética;
• incapacidade cognitiva: demência ou depressão;
• presença de hipotensão ortostática;
• comprometimento em AVD;
• uso de medicamentos relacionados a quedas.

< 10 segundos 10 a 20 segundos 20 segundos


Baixa probabilidade de alteração de Realizar avaliação qualitativa da Alta probabilidade de alteração de marcha e
marcha e equilíbrio marcha (Get Up and Go Test) equilíbrio contribuindo para queda

MARCHA NORMAL MARCHA ANORMAL

Tonteira / Vertigem Crise de queda: “drop attack” Alteração de marcha/equilíbrio:


• Marcha típica: causa única.
• Ausência de padrão típico de marcha: provável
VPPB: Manobra de Epley Exame clínico e pesquisa de etiologia multifatorial
hipotensão ortostática

Holter 24 horas
Vertigem com manobra de Dix-Hallpike negativa
• Procurar causas metabólicas ECG e Ecodopplercardiograma
• Encaminhar para avaliação com ORL Excluir cardiopatia estrutural Tilt Table Test
Fazer avaliação ambiental – visita domiciliar:
• Ambiente desorganizado com muitos móveis, objetos atrapalhando a passagem,
• Escadas inclinadas, com degraus irregulares, mal iluminadas e sem corrimão,
• Tapetes avulsos e carpetes mal adaptados, rasgados ou dobrados
• Má iluminação,
• Tacos soltos no chão ou pisos quebrados,
• Pisos encerados ou escorregadios,
• Camas e sofás muito altos ou muito baixos,
• Cadeiras e vasos sanitários muito baixos,
• Prateleiras de di6cil alcance,
• Presença de animais domésMcos pela casa,
• Uso de chinelos ou sapatos em más condições ou mal adaptados,
• Fios elétricos soltos, objetos espalhados pelo chão.
Avaliação MulLdimensional da Pessoa Idosa -
Mobilidade
• Incentivar a atividade física. Mesmo um pouco de atividade fortalece os ossos e os músculos,
melhora a firmeza ao caminhar, e ajuda a prevenir fraturas.
• Não subir em banquinhos ou cadeiras, ou apoiar-se na cama ou em outros locais para alcançar
prateleiras altas ou maleiros;
• Não apoiar-se em cadeiras ou portas de geladeira ou de armários para levantar-se ou para
andar;
• Na rua, nunca atravessar no meio dos carros ou quando o semáforo para pedestres ainda
estiver vermelho;
• Se estiver com sono, não permanecer em cadeiras, pois ao adormecer, poderá cair;
• Manter a casa o mais livre possível de riscos de quedas;
• Não lavar a cozinha, banheiro ou quintal com chinelos ou descalço, pois poderá escorregar;
• Durante a noite, deixar sempre uma luz acesa, para facilitar o deslocamento do quarto até o
banheiro. Geralmente, os idosos levantam-se à noite e a sonolência ou o efeito de alguns
medicamentos podem provocar quedas;

Avaliação MulLdimensional da Pessoa Idosa -
Mobilidade

InconMnência urinária
“Você já perdeu urina ou senVu-se molhado?”
Verificar se faz uso de fraldas geriátricas.
Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa
Nutrição
Avaliação MulLdimensional da Pessoa Idosa
Nutrição
Causas frequentes de anorexia e perda de peso em pessoas idosas:

• Pobreza; • ConsMpação;

• Isolamento social; • Alcoolismo;

• Depressão; • Uso de medicamentos;

• Demência; • Problemas dentários;

• Dor; • Xerostomia;

• Imobilidade; • Diminuição do paladar;

• Refluxo gastroesofágico; • Alterações no reconhecimento de fome


e sede.
Saúde Bucal

• Dentre os fatores que podem piorar o prognósVco da qualidade de vida de


pessoas idosas, no contexto biopsicossocial, merecem destaque o estado
nutricional e a qualidade da saúde bucal.

• Estudos apontam que, quando pessoas idosas apresentam algum


compromeVmento cogniVvo, a nutrição e a saúde oral parecem afetar de
maneira negaVva a qualidade de vida dos pacientes.
(Gonçalves et al., 2019; Roque, Bomfim, & Chiari, 2010).
• A perda dentária interfere diretamente nos aspectos estéVcos, funcionais e
qualidade de vida da pessoa idosa. (Zanesco, Bordin, Santos, & Fadel, 2018).

• A pessoa idosa edêntula total ou parcial tem a perda da sua correta


capacidade masVgatória e de absorção dos alimentos, acarretando
diretamente em uma interferência no aspecto nutricional. (Ba:sta, 2018)

• A pessoa idosa deve ser conscienVzada da necessidade conZnua de cuidados


bucais, mesmo que apresentem poucos ou nenhum dente remanescente.
Saúde Bucal da Pessoa Idosa - APS

• Desenvolver aVvidades sobre prevenção de cárie dentária, câncer bucal, o auto


exame da boca, a importância da manutenção dos dentes para a alimentação e
para a saúde geral.
• Orientar sobre a realização e manutenção de uma higiene correta da cavidade
bucal, das próteses e da língua.
• Orientar sobre o uso e cuidados com as próteses.
• Realizar de consultas periódicas para prevenção e tratamento de afecções
bucais prevalentes junto a equipe de saúde bucal.
ConsLpação IntesLnal
• Frequente entre pessoas idosas.
• Definição: menos de 3 evacuações por semana.
• Sintomatologia: Distensão abdominal (geralmente dolorosa), empachamento
e fezes endurecidas cuja expulsão necessitam esforço ou reVrada manual.
• Como os idosos geralmente se referem a cons=pação:
-“O intesVno não funciona como antes”;
-Fezes endurecidas;
-Muito esforço para evacuar ou sensação de evacuação incompleta.

Um idoso sadio com queixa nova de constipação não deve ser considerada “normal da idade”.
Causas: A principal causa primária (ou funcional) é a Síndrome do Cólon
Irritável.
As causas secundárias, que efetivamente cursam como trânsito intestinal
lento, são mais comuns.

Avaliação Clínica: Regra dos 4 D: Deambulação, Dieta, Doenças e Drogas.


Deambulação
Imobilidade. (Acamado ou com mobilidade reduzida por períodos prolongados, falta de aMvidade
6sica extrema (imobilização no leito) está relacionada à lenMficação do trânsito intesMnal.

Dieta
Alimentos com baixo teor de fibras e a ingestão insuficiente de líquidos são os fatores associados à
consMpação.
Doenças
Diversas patologias comuns podem cursar com constipação, por dificultar o processo digestivo ou o
ato da defecação.
Drogas
Polifarmácia.
Medicamentos anMdiarreicos,podem levar a quadros mais graves de consMpação em pessoas idosas
O uso crônico de substâncias laxantes pode condicionar o trato gastrointesMnal a funcionar apenas
na presença da substância.
Doenças que causam consBpação em pessoas idosas

(UNA SUS)
Medicamentos comumente usados por pessoas idosas que
causam cons1pação

(UNA SUS)
Avaliação MulLdimensional da Pessoa Idosa -
Comunicação
A possibilidade de estabelecer um relacionamento produtivo com o meio,
trocar informações, manifestar desejos, idéias, sentimentos está
intimamente relacionada à habilidade de se comunicar. É através dela que
o indivíduo compreende e expressa seu mundo.

VISÃO AUDIÇÃO FALA


Avaliação MulLdimensional da Pessoa Idosa -
Comunicação
VISÃO Você tem problema para ler, dirigir
ou dificuldade para enxergar?

Sim Não

Aplicar
Teste de Jaeguer e
Teste de Snellen

Normal

Alterado

Encaminhar ao
oftalmologista
Avaliação MulLdimensional da Pessoa Idosa -
Comunicação
AUDIÇÃO Aplicar
teste do sussuro

Normal Alterado

Reavaliação Fazer
anual Otoscopia

Cerume

Fazer lavagem
dos ouvidos e reavaliar

Normal

solicitar
audiometria
Polifarmácia
• Acomete cerca de 30,0% das pessoas idosas com doenças cardíacas,
diabetes mellitus e AVC/isquemia.
• A frequência de pessoas idosas que adquiriram os medicamentos na APS
foi de 20,3% e com recursos próprios foi de 13,5%.
Isso, pode indicar uma ampliação do acesso aos medicamentos no SUS, mas
também pouca valorização de outras práMcas terapêuMcas não
medicamentosas.
Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. 2019;22(5):e190118

Sugestão de vídeo: COLATERAL. Porta dos fundos, 2015 hSps://www.youtube.com/watch?v=c2Vf1MbO2BU


Promover a prevenção quaternária - combate ao
sobrediagnóstico e ao sobretratamento
Comorbidades

Atendimento por diferentes profissionais

Duplicação e interação medicamentosa

Latrogenia

APS: coordenação da assistência, manejo, revisão regular da medicação,


contribuir com apoio à família.
Promover a prevenção quaternária - combate ao
sobrediagnóstico e ao sobretratamento
“Medicalização” da velhice leva a Polifarmácia

• Excesso de medicamentos.
• Interação medicamentosa.
• Dosagem excessiva, ou
insuficiente.
• Fragilidade metabólica: mgado
e rim Dificuldades de acesso.
• Dificuldades na administração.
Pseudo-hipertensão
Pseudo-hipertensão
Nifedipina®
Pseudo-hipertensão
Nifedipina®
Tontura
Pseudo-hipertensão
Nifedipina®
Tontura
“Labirintite”
Pseudo-hipertensão
Nifedipina®
Tontura
“Labirintite”
Cinarizina
Pseudo-hipertensão
Nifedipina®
Tontura
“Labirintite”
Cinarizina
Parkinsonismo
Pseudo-hipertensão
Nifedipina®
Tontura
“Labirintite”
Cinarizina
Parkinsonismo
Levodopa®
Pseudo-hipertensão
Nifedipina®
Tontura
“Labirintite”
Cinarizina
Parkinsonismo
Levodopa®
Confusão mental
Pseudo-hipertensão
Nifedipina®
Tontura
“Labirintite”
Cinarizina
Parkinsonismo
Levodopa®
Confusão mental
Queda
Pseudo-hipertensão
Nifedipina®
Tontura
“Labirintite”
Cinarizina
Parkinsonismo
Levodopa®
Confusão mental
Queda
Fratura de fêmur
Pseudo-hipertensão
Nifedipina®
Tontura
“Labirintite”
Cinarizina
Parkinsonismo
Levodopa®
Confusão mental
Queda
Fratura de fêmur

“Da idade"
Cuidado com a Cascata Iatrogênica

Pseudo-hipertensão
Nifedipina
Tontura
“Labirintite”
Cinarizina
Parkinsonismo
Levodopa
Confusão mental
Queda
Fratura de fêmur

“Da idade"
Hipotensão OrtostáLca
• Investigar da presença de hipotensão ortostática especialmente em pessoa
idosa com polifarmácia ou em uso de anti-hipertensivos;
• Sintomatologia: Visão turva, sensação de desfalecimento, tontura, confusão
e até desmaio
• Conduta:
- Aferir PA em decúbito e posteriormente em ortostatismo;
- A hipotensão ortostática é definida quando redução de PAS > 20 mmHg
ou PAD > 10 mmHg.
(Des)Prescrição
• “Mais de 90% dos pacientes estão disposto a interromper o uso de
algum medicamento se seus médicos disserem que isso é
possível”. .
• A desprescrição é o processo planejado e supervisionado de
redução da dose ou interrupção de medicamentos que possam
estar causando danos ou que não sejam mais benéficos.
• A desprescrição faz parte de uma boa prescrição - recuar quando
as doses são muito altas ou interromper medicamentos que não
são mais necessários.
(Des)Prescrição
• No Brasil, ainda não há uma lista de critérios nacionais.
• Vários estudos demonstraram a importância da implantação dos
critérios de Beers e STOPP/START em hospitais e ambulatórios
• A lista de Beers é mais uMlizada no momento da prescrição para
prevenir e evitar os medicamentos inapropriados.
• Os critérios STOPP/START são mais úteis no rastreio, com a
finalidade de detectar possíveis erros na prescrição e se há omissão
de medicamentos
(Des)Prescrição
• Ferramenta para tomada de decisão comparMlhada para a
desprescrição. Exemplos:
1- Inibidor da bomba de prótons:
htps://deprescribing.org/wp-content/uploads/2017/10/PPI-Consult-PtDA-Oct-11-v2-
wt.pdf
2- Benzodiazepínicos
htps://deprescribing.org/wp-
content/uploads/2019/03/deprescribing_algorithms2019_BZRA_vf-locked.pdf
(Des)Prescrição
STOPP (Screening Tool of Older Persons’ Prescription)
• Identificação de prescrições dos medicamentos potencialmente inapropriados,
com foco nos medicamentos que podem causar interações e análise das
prescrições com duplicidade terapêutica.
START (Screening Tool to Alert to Right Treatment)
• Detecta os medicamentos potencialmente omissos (MPO), ou seja, fármacos
que deveriam ter sido prescritos as pessoas idosas e não foram.
Lista de Beers – Atualizada em 2019 pela Sociedade Americana de Geriatria.
Avaliação Multidimensional da pessoa idosa
Suporte Social
IdenMficar os cuidadores (familiares, vizinhos, amigos, profissionais
que apoiam a pessoa idosa) e o suporte social de que poderia dispor
ou dispõe:

• Alguém poderia ajuda-lo caso você fique doente ou incapacitado? Quem?


• Quem seria capaz de tomar decisões de saúde por você caso não seja capaz
de fazê-lo?

Anotar nome, endereço, telefone no prontuário do paciente.


Avaliação MulLdimensional da pessoa idosa
Cuidar do Cuidador
Cuidador é a pessoa que presta cuidados à pessoa idosa.
• Frequentemente esse papel é exercido por uma só pessoa.

• Papel da equipe da ESF:


• Apoio à pessoa idosa e ao cuidador.
• Localizar serviços de apoio (Centro dia, Programa acompanhante de pessoa
idosa, Grupo Terapêutico, etc).
• Apoio à família evitando a institucionalização (abrigo ou instituição de longa
permanência).
Avaliação MulLdimensional da pessoa idosa
Cuidar do Cuidador

Sobrecarga do cuidador: pactuação dos cuidados entre todos os


familiares próximos, evitar sobrecarga de poucos.

• Avaliação de sobrecarga do cuidador:


• Escala de Zarit: hQps://dms.ufpel.edu.br/casca/modulos/zarit-
main#comp/zarit-main
Escala de Zarit

https://dms.ufpel.edu.br/casca/modulos/zarit-main#comp/zarit-main
Registro em Prontuário Eletrônico

Após aplicação do IVCF-20 ou de outros instrumentos de avaliação


mulMdimensional, realize o registro do código de procedimento – Indicador:

"03.01.09.03-3 - Avaliação MulMdimensional da Pessoa Idosa"


Abordar a pessoa idosa vítima de violência
Diversos Mpos de violência podem ser
idenMficados:
• Física
• Negligência
• Financeira
• Sexual
• Psicológica
• InsMtucional
Situações de risco para violência contra pessoas idosas
• Agressor e víVma viverem na mesma casa;
• Filhos serem dependentes financeiramente de seus pais de idade avançada;
• pessoas idosas dependerem da família de seus filhos para sua manutenção e
sobrevivência;
• Abuso de álcool e drogas pelos filhos, outros adultos da casa ou pela própria
pessoa idosa;
• Ambiente e vínculos frouxos, pouco comunicaVvos e pouco afeVvos na família;
• Isolamento social dos familiares e da pessoa de idade avançada;
• A pessoa idosa ter sido uma pessoa agressiva nas relações com seus familiares;
• História de violência na família;
• Os cuidadores terem sido víVmas de violência domésVca;
• Os cuidados padecerem de depressão ou outro sofrimento psíquico.
Abordar a pessoa idosa víLma de violência
Abordagem intersetorial
• Centro de Referência de Assistência Social (CRAS);
• Centro de Referência para a Mulher;
• Delegacias Policiais;
• Conselhos Municipais de Direitos das Pessoas Idosas;
• Ministério Público (MP);
• Instituto Médicos Legal (IML);
• Secretaria Municipal de Assistência Social.

DISQUE 100: NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA PARA CASOS DE


VIOLÊNCIA
Referências bibliográficas
ARAÚJO REIS, D. et al. SAÚDE DO IDOSO INDÍGENA NO BRASIL: REVISÃO INTEGRATIVA. Revista de Enfermagem UFPE, v. 10, n. 8, 2016.

BRASIL. Portaria nº 2.528, de 19 de outubro de 2006. Aprova a Políaca Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. 2006. Disponível em:
hdps://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt2528_19_10_2006.html. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
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BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE. SECRETARIA DE GESTÃO DO TRABALHO E DA EDUCAÇÃO NA SAÚDE. Guia
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Gra$dão
OBRIGADO(A)!
COORDENAÇÃO GERAL
FRANCISCO DE ASSIS ROCHA NEVES
NILSON MASSAKAZU ANDO

POLO SÃO PAULO


COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
GUSTAVO EMANUEL FARIAS GONÇALVES
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POLO BELO HORIZONTE


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REFERÊNCIAS CENTRAIS DO MEC/PMMB
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