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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

SUMÁRIO

1– Noções básicas de geriatria e gerontologia...........................................................2

2– A bioética, o envelhecimento humano e o idoso....................................................6

3– O envelhecimento fisiológico e sua importância para a prática assistencial................9

4–Semiologia do idoso e suas correlações clínicas....................................................19

5- Avaliação Geriátrica Ampla...............................................................................29

6– Incontinência Urinária no idoso.........................................................................40

7– Imobilidade no idoso.......................................................................................51

8– Demência no idoso..........................................................................................58

9– Depressão no idoso.........................................................................................72

10– Idoso frágil...................................................................................................85

11– Delirium no idoso..........................................................................................92

12- Terminalidade e Cuidados Paliativos................................................................100

13– Referências.................................................................................................109

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HISTÓRIA
 1903 – Elie Metchnikoff criou a Gerontologia; (estudo do envelhecimento)
 1909 – Dr Ignatz Leo Nascher criou a Geriatria. Considerado o Pai da Geriatria;
 1961 – Fundação da Sociedade Brasileira de Geriatria (SBG);
 1968 – A SBG incorporou a Gerontologia e passou a ser chamada de Sociedade Brasi-
leira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). Aceitou a inclusão de profissionais não médi-
cos. Gerontólogo pode ser qualquer profissional de saúde, não exclusivos a médicos
 2003 – Criação do Estatuto do Idoso em 01/10/2003 sob a lei nº 10.741.

Gerontologia: Estuda o processo de envelhecimento / Foco em todas as dimensões


Geriatria: Especialidade Médica / Foco somente na parte biológica (patologia, físico)

EPIDEMIOLOGIA

Expectativa de vida
(sempre em crescimento)
1900: mulheres 44 anos*
2021: mulheres 77 anos*
2025: acima de 80 anos*

O que fazer? importância da


prevenção primária (promoção da
saúde) Consulta de orientação/
aconselhamento (hábitos de vida,
relações sociais)

Maiores gastos*

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PRINCIPAIS CAUSAS DE MORTE

1°: neoplasia em ambos os sexos

Homens morrem mais de causas


externa do que mulheres

Ambas as causas são as que per-


manecem acentuadas.

FEMINIZAÇÃO DA VELHICE

Dificuldade em lidar com a morte: depressão


 autonomia, independência: qualidade de vida (perda da funcionalidade)
Casa de idosos/ Asilo/ Instituições de longa permanência

TERMOS BÁSICOS
IDOSO: É toda pessoa com 65 anos ou mais nos países desenvolvidos e 60 anos ou mais
nos países em desenvolvimento (Organização Mundial de Saúde). Expectativa de vida é
maior nos países desenvolvidos*****

ENVELHECIMENTO: Processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal,


não patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros
de uma espécie, de maneira que o tempo o torna menos capaz de fazer frente ao estres-
se do meio ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte (Organização Pan-
Americana de Saúde).
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2 marcos de envelhecimento: 40 e 60 anos = aumento da velocidade da


degeneração da cartilagem / perda de massa óssea...
Necessidade da pratica de atividade física regular!!!!

SENESCÊNCIA OU SENECTUDE: Envelhecimento natural / idoso autônomo, indepen-


dente, com boa qualidade de vida (Prevenção primária!!)

SENILIDADE: Envelhecimento patológico / idoso doente, dependente, com uma maior


degeneração e de forma acelerada.

INDEPENDÊNCIA/AUTONOMIA: realiza atividades básicas diária (banho, comida..) ati-


vidades instrumentais (ir ao banco, sair de casa, andar sozinho) *SEMPRE PERGUNTAR
AS ATIVIDADES QUE O IDOSO FAZ!!!!! Para saber se há condições do idoso morar sozi-
nho ou não. *sempre pensar em plano terapêutico singular (SOAP) para encaixar a con-
duta ideal!

TIPOS DE IDADE

Cronológica
Funcional: necessidade de saber sobre a independên-
cia/autonomia
Psicológica: saber como está a sanidade mental (Depressão
é a + comum)
Biológica: aparência da pessoa
Social: representa a capacidade social da pessoa (trabalho vo-
luntário—sempre incentivar—reduz chances de se sentir ‘’inútil’’,
auxilia na depressão)

IDOSO VULNERÁVEL

 Fratura por stress


 Sequelas osteomuscular
 Acamado!!!!
*ulcera de pressão..
 Emocional
 Atender as vontades do
idoso
(como lidar com a morte)

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Em resumo:

A avaliação global de saúde da pessoa idosa deve contemplar as dimensões social, clíni-
ca, mental e funcional, e contribuir na identificação do conjunto das necessidades do ido-
so, possibilitando a otimização da alocação de recursos e estratégias de cuidado. Ao mes-
mo tempo, deve ampliar a compreensão do processo de envelhecimento permitindo a
identificação e classificação de riscos e finalmente a elaboração de Projeto Terapêutico
Singular.

O declínio funcional do idoso ocorre frequentemente em um contexto de múltiplos e com-


plexos problemas de saúde, que se traduzem em síndromes geriátricas, tais como: insta-
bilidade postural, insuficiência cognitiva, imobilidade, incontinência e iatrogenia, que re-
querem conhecimentos à luz dos fundamentos da gerontologia, habilidades e atitudes dos
profissionais da saúde, bem como ações específicas não contempladas pelas redes exis-
tentes.

O perfil epidemiológico da população idosa é caracterizado pela tripla carga de doenças


com forte predomínio das condições crônicas, prevalência de elevada mortalidade e mor-
bidade por condições agudas decorrentes de causas externas e agudizações de condições
crônicas. A maioria dos idosos é portadora de doenças ou disfunções orgânicas, mas cabe
destacar que esse quadro não significa necessariamente limitação de suas atividades,
restrição da participação social ou do desempenho do seu papel social.

À precária condição socioeconômica exposta associam-se as múltiplas afecções concomi-


tantes, as perdas não raras de autonomia e independência, a dificuldade de adaptação do
idoso às exigências do mundo moderno, que levam o velho ao isolamento social, e o im-
pacto para a sociedade, que tem que enfrentar esse desafio dentro de curto período. A
sociedade moderna encontra-se diante de uma situação contraditória: de um lado, de-
fronta-se com o crescimento massivo da população de idosos, e, de outro, se omite pe-
rante a velhice ou adota atitudes preconceituosas contra a pessoa idosa, retardando des-
tarte a implementação de ações que visam minorar o pesado fardo dos que ingressaram
na terceira idade

No entanto, é importante sinalizar que o envelhecimento não é sinônimo de incapacida-


des e dependência, mas de maior vulnerabilidade, requerendo cuidados que considerem
as especificidades da população que envelhece. O processo de envelhecimento é natural,
irreversível e individual, marcado pela heterogeneidade entre os idosos, em função de
suas características sociais, pessoais, econômicas e culturais que foram estruturando ao
longo da vida.

Nessa perspectiva, a OMS considera como determinantes do envelhecimento ativo a situ-


ação econômica e social, as condições de saúde, o comportamento em saúde, o ambiente
físico e a provisão de serviços de saúde.

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ÉTICA MÉDICA: É o conjunto de normas e valores respeitados


e aplicados por todos os médicos no exercício da profissão.

BIOÉTICA: É o ramo da ética caracterizado pelo conjunto de


normas e valores que justificam os atos humanos capazes de
provocar efeitos irreversíveis sobre alguns aspectos da vida.
Áreas de aplicação: valores na área da saúde, pesquisas com
seres humanos / animais e meio ambiente, intervenções sociais
História:
 1970 - Van Rensselaer Potter criou o termo Bioética;
 Enciclopédia de Bioética: quatro edições (1970, 1978, 1995
e 2003)

TEMAS DISCUTIDOS NA GERIATRIA

 Saúde mental: tratamento


 Nutrição: alimentação/sonda
 Oncologia: quimioterapia/radioterapia
 Demência: leve a grave tem suas particularidades
 Morte
 Ortotanásia

CUIDAR DE UM IDOSO

Idoso pode estar em:


• Sofrimento físico
• Sofrimento emocional
• Sofrimento social
Segregação: afastamento
Desolação: ‘’arruinado’’
Rejeição: ‘’perda do eu’’
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Em resumo:

O envelhecimento (processo), a velhice (fase da vida) e o velho ou idoso (resultado final)


constituem um conjunto cujos componentes estão intimamente relacionados.

A reflexão bioética na sua essência é um grito pelo resgate da dignidade de vida humana,
ao nascer, crescer, desenvolver-se, atingir a maturidade, envelhecer gracio-
sa/elegantemente após muito viver e, quando chegado o momento, dignamente dizer
adeus. Isso sem esquecer o contexto maior em que a vida humana está inserida, ou seja,
o contexto socio político-econômico, meio ambiente e biosfera (Pessini e Barchifontaine,
2006).

Em síntese, o exercício da medicina, nos obriga a dominar em profundidade os aspectos


clínico-patológicos das diferentes enfermidades que afetam as pessoas idosas, atitude,
entretanto, insuficiente, se deixarmos de considerar outras áreas do conhecimento, como
as oriundas das ciências humanas. Lain Entralgo afirmava que para ser médico não bas-
taria apenas saber medicina, mas seria imprescindível ser fluente em humanidades médi-
cas, o que deve ser compreendido como a capacidade para tomar decisões clínicas utili-
zando o método dialógico, considerando válidas as diferentes percepções morais dos pa-
cientes idosos e acolhê-los como pessoas na dimensão proposta pelo imperativo categóri-
co kantiano, ou seja, reconhecê-los como seres autônomos e dotados de dignidade.

A bioética, portanto, considerada uma ciência relacionada à sobrevivência humana, volta-


da a defender a melhoria das condições de vida, vislumbra reflexões sobre o agir huma-
no, buscando assegurar o bem-estar e a sobrevivência da humanidade com base em seus
princípios fundamentais: autonomia, beneficência, não maleficência e justiça. Nessa pers-
pectiva, a bioética admite que todo avanço no campo das ciências biomédicas deve estar
a serviço da humanidade e apresenta-se como uma nova consciência ética, na busca de
respostas equilibradas diante dos conflitos éticos atuais (FREITAS; SCHRAMM, 2013).

A rotina imposta aos médicos será sempre a de reconhecer e perseguir múltiplos objeti-
vos, que podem ser complementares ou excludentes. Curar a enfermidade quando possí-
vel for, cuidar da insuficiência orgânica, compensar a perda, aliviar os sofrimentos, con-
fortar pacientes e familiares, acompanhar ativamente e com serenidade os últimos mo-
mentos da vida do idoso. Tarefa nem sempre fácil e isenta de frustrações, pois obriga os
profissionais a considerar, caso a caso, o justo equilíbrio nas tomadas de decisões clíni-
cas, evitando a obstinação terapêutica em situação de terminalidade da vida, reconhe-
cendo a finitude humana e as limitações da ciência médica.

É papel do estudioso em bioética, diante dessa realidade social inevitável, identificar os


dilemas e conflitos que surgem a cada dia nos modos de vida, hábitos, habilidades e per-
da de autonomia das pessoas que avançam para a terceira idade. Afinal, “o sonho da
eterna juventude pode parecer mais interessante que a discussão dos problemas relacio-
nados ao envelhecimento” (GUIMARÃES & CUNHA, 2005).
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ENVELHECIMENTO: Processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal,


não patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros
de uma espécie, de maneira que o tempo o torna menos capaz de fazer frente ao estres-
se do meio ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte (Organização Pan-
Americana de Saúde).

FATORES ASSOCIADOS:
Internos: genética
Externos: estilo de vida (alimentação balanceada, controle do stress, atividade física re-
gular, uso consciente de álcool, não fumar, atividade física regular), exposição ambiental

ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS:

SISTEMA CUTÂNEO
Anatomia-Pele e Anexos (CEC, CBC 2 CA + comum no idoso)
Diminuição da barreira, espessura, fibras nervosas, colágeno
SENESCÊNCIA—PELE SENESCÊNCIA—ANEXOS
Seca Cabelos brancos (diminui a
Fina quantidade de melanócitos)
Pálida e fria Queda de cabelo (bulbo ca-
Sensível pilar)
Rugas
Manchas
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Anatomia—Unha
SENESCÊNCIA—ANEXOS
Unhas com menor crescimento
Unhas frágeis
Unhas sem brilho
Unhas com linhas verticais

Unhas do pé—onicomicose**

SISTEMA VISUAL
SENESCÊNCIA—OLHOS
Dificuldade na visão lateral
Lacrimejamento persistente
Ptose senil *Músculo levanta-
dor da pálpebra superior*
Bolsa infraorbitária

Aparelho lacrimal:

SISTEMA OSTEOMUSCULAR

SENESCÊNCIA—MÚSCULO
ESQUELÉTICO
Diminuição da massa muscular
Diminuição da força muscular

Estriado esquelético: contração voluntaria (lenta)


Estriado cardíaco: contração involuntária (rápida)
Músculo liso: contração involuntária (rápida)
Idosos: sarcopenia (diminuição de fibras e força muscular)
-> aumento da chance de quedas e risco de fraturas

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Anatomia—Ossos

SENESCÊNCIA—OSSOS
Perda de massa óssea (a partir de 45/50
anos) Principalmente após a menopausa
e andropausa.

SISTEMA CARDIOVASCULAR

Anatomia—vasos sanguíneos

SENESCÊNCIA—VASOS SANGUÍNEOS
Aumento da rigidez da parede arterial
Diminuição do fluxo sanguíneos
Aumento da pressão arterial sistólica

*doppler de carótida vertebrais: investigar placas de


ateroma

Anatomia—coração

SENESCÊNCIA—CORAÇÃO
Aumento da rigidez do endocárdio, miocárdio e
das valvas
Contração prolongada
Menor enchimento ventricular esquerdo
Hipertrofia do ventrículo esquerdo
Câmaras cardíacas aumentadas
**fibrilação atrial—muito comum

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SISTEMA NERVOSO
Anatomia—encéfalo

SENESCÊNCIA—encéfalo
Diminuição do volume cerebral, principalmente do
lobo frontal e temporal
Diminuição das sinapses
Diminuição da síntese de proteínas e lipídios
Diminuição da condução nervosa
Redução do fluxo sanguíneo cerebral
Barreira hematoencefálica está enfraquecida
Alteração do sono

2 lobos mais afetados:


LOBO FRONTAL LOBO TEMPORAL
Motricidade contralateral Audição
Atenção Linguagem
Comportamento Memoria
Linguagem Emoção
Memoria

SISTEMA RESPIRATÓRIO

Anatomia—árvore respiratória

SENESCÊNCIA-pulmões
Perda do tecido septal
Dilatação dos alvéolos
Aumento dos espaços aerados
Diminuição da superfície de troca gasosa
Diminuição do surfactante pulmonar
Perda da elasticidade pulmonar

SENESCÊNCIA-vias aéreas e tórax


Função mucociliar é lenta
Enfraquecimento da musculatura respiratória
Diminuição da elasticidade da parede torácica

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SISTEMA HEMATOPOIÉTICO

Anatomia—medula óssea

SENESCÊNCIA-medula óssea
Diminuição do numero de hemácias
Diminuição de hemoglobina
Diminuição do hematócrito
Demora no inicio da eritropoiese após sangramento
importante
Não altera o numero de plaquetas

HEMATOPOISE

SISTEMA URINÁRIO
Anatomia-rim

SENESCÊNCIA—rim
Perda do tecido renal com diminuição do volume
(após os 50 anos)
Diminuição da função renal (50% menor aos 85 anos)
Diminuição da filtração glomerular
Diminuição da produção de renina
Diminuição da capacidade funcional dos receptores do
hormônio antidiurético (ADH)
Diminuição da capacidade funcional dos receptores de
Peptídeo natriurético atrial (ANP)

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SISTEMA ENDÓCRINO

Anatomia e fisiologia—tireoide

SENESCÊNCIA—tireoide
Diminuição da produção dos hormonos tireoidianos
Diminuição do metabolismo celular
Diminuição do efeito calorigênico

Anatomia e fisiologia—pâncreas

SENESCÊNCIA—pâncreas

Intolerância a glicose:
Perda de tecido pancreático
Diminuição da produção de insulina
Aumento do tecido adiposo corporal
Aumento da resistência a insulina
Aumento da gliconeogênese hepática
Aumento dos níveis de glucagon

SISTEMA DIGESTIVO
Anatomia

BOCA

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SENESCÊNCIA - boca
Retração gengival + exposição de raízes dentárias = CÁRIE
Perda de massa do osso maxilar e mandibular = PERDA DENTÁRIA
Maior atrito dos dentes = LESÃO DO ESMALTE
Perda de massa do músculo masseter e pterigoide = DIFICULDADE DE MASTIGAÇÃO
Perda das papilas gustativas = LÍNGUA LISA
Diminuição da produção de saliva = BOCA SECA (xerostomia)

ESÔFAGO

SENESCÊNCIA—esôfago
Aumento da espessura da camada muscular
Diminuição das células ganglionares mioentéricas
Diminuição da contração muscular
Diminuição do peristaltismo
Incompetência esfincteriana distal do esôfago

ESTÔMAGO

SENESCÊNCIA—estômago
Diminuição das células parietais (diminuição da produção de aci-
do clorídrico e fator intrínseco)
Diminuição da produção de prostaglandina (diminuição da pro-
dução de bicabornato)
Aumento da espessura da camada muscular (diminuição do pe-
ristaltismo, lentificação do esvaziamento gástrico)
Maior exposição a lesões

INTESTINO DELGADO

SENESCÊNCIA—intestino delgado
Diminuição das vilosidades (redução da absorção de nutrien-
tes)
Diminuição dos receptores de vitamina D (redução da absor-
ção de cálcio)
Diminuição da sensibilidade e dos neurônios mioentéricos
(lesões indolores)
Motilidade preservada

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INTESTINO GROSSO

SENESCÊNCIA—intestino grosso
Aumento da espessura da camada muscular: redução do
peristaltismo
Perda dos neurônios sensoriais: lesoes indolores
Diminuição do tônus e da força do esfíncter anal: inconti-
nência
Fragilidade e herniação da mucosa intestinal: divertículos
(30-40% das pessoas acima de 50 anos)

FÍGADO E VESÍCULA BILIAR

SENESCÊNCIA– fígado
Perda de tecido hepático:
Deficiência na metabolização das substancias exó-
genas
Diminuição da produção de colesterol

SENESCENCIA– vesícula biliar


Lentificação do esvaziamento biliar:
Formação de cálculos

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Em resumo:

O envelhecimento fisiológico atinge todos os seres humanos. É Caracterizado como um


processo dinâmico, progressivo e irreversível. Além disso,é um processo altamente indi-
vidualizado, que apresenta muitas diferenças entre os sujeitos e entre as funções associ-
adas, tanto em nível biológico, como psicológico e sócio cultural.

O conhecimento da fisiologia do envelhecimento tem contribuído para o desenvolvimento


de novas estratégias na área da saúde que visam cuidados específicos e a orientação em
saúde voltada para a população idosa. Tal orientação tem compromisso para a melhora
da qualidade de vida desse grupo de indivíduos já bastante representativo, em termos
quantitativos, na nossa população.

Algumas alterações biológicas do organismo resultam naturalmente do envelhecimento


normal. É considerado um envelhecimento universal e também chamado de “alteração
orgânica”. Entre essas alterações podemos citar o sistema cardíaco e o respiratório.

No sistema cardíaco, há um aumento da massa cardíaca de 1 a 1,5 g/ano, entre 30 e 90


anos de idade. É um órgão que, com o envelhecimento, não apenas se atrofia, mas se
hipertrofia. Resultado este, do aumento da pós-carga associada ao envelhecimento, que
é decorrente do enrijecimento arterial

O miocárdio sofre degeneração muscular com substituição de células miocárdicas por te-
cido fibroso. Também se observa acúmulo de gordura nos átrios e septo interventricular.
Tanto no pericárdio como no endocárdio, ocorre aumento do colágeno. Modificações que
são decorrentes do desgaste progressivo e da perda de elasticidade nas paredes arteriais
(e sua maior rigidez). Isso provoca aumento da calcificação das artérias e propicia o de-
senvolvimento de arteriosclerose.

Quando não acometido por doenças, o coração de um idoso funciona tão bem quanto de
um jovem. Porém, o idoso não atingirá frequência cardíaca máxima, dos tempos de ju-
ventude. Ou seja, esse coração por estar envelhecido, vai estar menos sensível a estimu-
lações beta-adrenérgica.

Com o envelhecimento, há diminuição da função pulmonar. Sendo assim, algumas altera-


ções estruturais no aparelho respiratório são evidentes com o envelhecimento.

O envelhecimento é um processo evolucionário, no qual se destacam o metabolismo,


seus danos nas células e sistemas e as patologias decorrentes. O metabolismo, processo
de sustentação da vida, gera toxinas, principalmente em células permanentes em está-
gios pós-mitóticos, como os neurônios tão necessários para memória de longa duração, e
os cardiomiócitos, que facilitam a hipertrofia compensatória do coração. Paradoxalmente,
os danos nas células são causados por produtos biológicos tóxicos.

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Esses fatos constituem-se na ponta do iceberg que permeia as incapacidades do indivíduo


idoso em todos os sistemas orgânicos. Dentre essas incapacidades, a perda da integração
ósteo-muscular-cerebral é a maior responsável pelas quedas e suas deletérias conse-
quências.

A caixa torácica fica enrijecida, com diminuição da elasticidade pulmonar, pois


o envelhecimento acarreta diminuição da ventilação pulmonar, redução da elasticidade
dos alvéolos e subtração da capacidade vital.

Nesse texto você teve acesso a algumas das principais alterações no envelhecimento que
ocorrem em todos os sistemas do nosso organismo. Ele serve especialmente como um
panorama, pois os processos metabólicos são muito complexos e merecem ser estudados
a fundo.

É importante ressaltar que a alteração de um sistema pode estar diretamente relacionada


a alteração de outros sistemas. Por isso, deve-se sempre olhar o indivíduo idoso como
um todo, levando em conta que a intervenção a ser feita poderá causar estímulos em sis-
temas diferentes.

A partir daí, percebe-se que a atenção ao indivíduo idoso deve ser feita de forma multi-
profissional, ou seja, incluindo diferentes áreas da medicina voltadas a atender suas ne-
cessidades.

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EXAME DA CABEÇA
FÁSCIES, OLHOS, NARIZ, CAVIDADE ORAL, OUVIDOS

FÁSCIES

HIPOTIREOIDISMO
Rosto arredondado
Olhos pequenos
Cabelos secos
Apatia

PARKINSON
Fixa
Inexpressiva
Fronte enrugada
Pouca mobilidade palpebral
Tendência a babar

DEPRESSÃO
Fronte enrugada
Olhar sem brilho
Apatia

DEMÊNCIA
Mímica pobre
Lábios entreabertos
Olhar vago para o infinito

Discinesias orofaciais ou bucolinguais


 Movimentos involuntários
 Condições: incapacidade cognitiva, falta de dentes, medicamentos;

OLHOS—pálpebras
PTOSE PALPEBRAL
Unilateral ou bilateral
Condições:
Ptose senil
Lesão do 3° par craniano
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XANTELASMA
Placa amarelada na região supraorbitária
e/ou infraorbitária
Condição: hiperlipidemia

OLHOS-conjuntiva

ICTERÍCIA
Olhos amarelados
Condições: coledocolitíase, neoplasias.

ANEMIA
Palidez de conjuntiva
Condições: deficiência de ferro, deficiência
de vitamina B12, doença crônica.

OLHOS-córnea
ARCO SENIL
Anel esbranquiçado no perímetro da córnea
Condição: hiperlipidemia

CAVIDADE ORAL
LÁBIOS, DENTES, LÍNGUA, PALATO

CAVIDADE ORAL
ÚLCERAS
Traumáticas
Câncer

ESTOMATITE
Inflamação da mucosa oral
Hiperemia e edema
Úlceras eventualmente
Condições: infecção, alergia

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CANDIDÍASE
Placa branca ou amarelada com fundo erite-
matoso, ulcerado ou erosivo
Fatores predisponentes: uso inadequado de
prótese, falta de higiene

CARIE E DOENÇA PERIODONTAL

NARIZ—
PÓLIPO
Tumor benigno
Fator predisponente: inflamação crônica das
vias aéreas

OUVIDOS —

CERUME

CÂNCER

EXAME DOS MEMBROS SUPERIORES


MÃOS, OMBROS
MÃOS
PELE Cianose

DEDOS Baqueteamento, artrite, nódulos

UNHAS Onicomicose

DEFORMIDADE Pescoço de Cisne

TREMOR Essencial, parkinson

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Alterações na pele

SENESCÊNCIA

CIANOSE
Coloração azul-arroxeada da pele
Condições: DPOC, cardiopatia avançada, fe-
nômeno de Raynaud.

Alterações nos dedos

BAQUETEAMENTO DIGITAL
Arredondamento da ponta do dedo e alarga-
mento da unha
Condições: respiratórias (câncer e DPOC);
cardíacas (endocardite bacteriana)
ARTRITE
Dor, calor e edema nas metacarpofalangea-
nas e interfalangeanas proximais
Condições: artrite reumatoide; artrite psori-
ática
NÓDULOS—OSTEOARTROSE
Nódulos interfalangeanos distais (Heberden)
Nódulos interfalangeanos proximais
(Bouchard)
Gota (tofos subcutâneos)

Alterações nas unhas

SENESCÊNCIA

ONICOMICOSE

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Deformidade

PESCOÇO DE CISNE
Hiperextensão da articulação interfalangica
proximal e da flexão, com incapacidade de
extensão, da interfalângica distal
Condição: artrite reumatoide.

Tremor
ESSENCIAL
• Tremor fino e com frequência maior
• Tremor de movimento
• Piora com ansiedade, anormalidades metabólicas (tireotoxicose e abstinência alcoólica)
e uso de certos medicamentos e substâncias (beta-adrenérgicos agonista, corticoides,
inibidores da fosfodiesterase e cafeína)
• Melhora com o repouso e uso de álcool
• História familiar frequente
PARKINSON
• Tremor mais grosseiro e com frequência menor
• Tremor de repouso
• Inicia geralmente nas mãos de forma unilateral (contar dinheiro)
• Piora com ansiedade
• Melhora com os movimentos

OMBRO
SÍNDROME DO MANGUITO ROTADOR
JOBE
PATTE
GERBER

EXAME DO TÓRAX
INSPEÇÃO, AUSCULTA
INSPEÇÃO

TÓRAX EM TONEL
Aumento do diâmetro anteroposterior do
tórax
Condição: DPOC

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SAÚDE DO IDOSO

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TÓRAX CIFÓTICO
Aumento da curvatura dorsal da coluna ver-
tebral
Condições: senescência, artrose, osteoporo-
se avançada

AUSCULTA RESPIRATÓRIA
Torna-se mais difícil porque nem sempre os idosos conseguem realizar
inspirações profundas.

Nos casos de pneumonias, os sinais identificados a ausculta como: crepitações


pode aparecer 72 horas antes da alteração radiológica

focos da ausculta

AUSCULTA CARDÍACA
Segunda bulha cardíaca: até a quarta década é mais inten-
sa no segundo espaço intercostal esquerdo do que no direi-
to. Em idade mais avançada, esta relação se inverte prova-
velmente devido a modificações na posição da aorta e da
artéria pulmonar devido ao envelhecimento;

Terceira bulha cardíaca: no idoso é sempre patológica e


um indicador confiável de insuficiência ventricular
esquerda;

Quarta bulha cardíaca: pode ser detectada em 94% dos


idosos, independente ou não de haver cardiopatia.

SOPRO CARDÍACO
Prevalência de sopros sistólicos na população idosa é de aproximadamente 60%;
A causa mais comum é a doença valvar calcificada, sendo as valvas aórticas e mitral
as mais comumente afetadas;

Podem ser causados por uma estenose que restringe a abertura de uma valva cardíaca
ou uma insuficiência da valva que permite o fluxo inverso do sangue quando a valva in-
competente deveria estar fechada.
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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

EXAME DA COLUNA

MANOBRA DE VALSALVA
• Possível compressão radicular:
Se houver acentuada exacerbação da dor ou irradiação da dor completa (até o pé)
MANOBRA DE LASEGUE
• Compressão radicular:
Se ocorre dor lombar ou esta se exacerba no trajeto do dermátomo de L4-L5 ou L5-S1
entre 30° e 60°
Prova inequívoca se teste positivo em 60°

EXAME DO ABDOME
INSPEÇÃO, AUSCULTA, PERCUSSÃO, PALPAÇÃO
INSPEÇÃO
ABDOME PLANO ABDOME ESCAVADO
Condições: peritonite Condições: desnutrição

ABDOME ASSIMÉTRICO PROTUSÃO UMBILICAL


Condições: tumores, Condições: hérnia umbilical,
visceromegalias ascite

CICATRIZES
Indicativos de cirurgias anteriores
Suspeita: diástase abdominal, aderências,
hérnias de parede abdominal.

AUSCULTA
Redução ou abolição do peristaltismo: fase avançada da
obstrução intestinal; peritonite
Aumento do peristaltismo: fase inicial da obstrução intestinal;
hemorragia digestiva alta; gastroenterite

PERCUSSAO
TIMPANISMO X MACICEZ
25
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

PALPAÇÃO

FECALOMA HEPATOMEGALIA
Massa palpável em fossa ilíaca esquerda Tumor benigno, câncer e cirrose: fígado
muito endurecido e irregular
Hepatite e ICC: fígado doloroso

EXAME PROCTOLÓGICO
INSPEÇÃO, TOQUE RETAL
INSPEÇÃO
FISSURA HEMORROIDA

PLICOMA FÍSTULA

TUMOR

TOQUE RETAL
Condições: tônus anal, fecaloma, tumor
Idosa: retocele
Idoso: exame de próstata

EXAME DE PRÓSTATA

Condição fisiológica: hiperplasia protática benigna: próstata aumen-


tada de tamanho, assimétrica e de consistência fibrosa.

Condição patológica: Câncer: próstata assimétrica, com nodulação e


de consistência pétrea

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

EXAME DOS MEMBROS INFERIORES


PELE (ECZEMA, ÚLCERA)
ECZEMA
ECZEMA XERÓTICO
Geralmente após os 60 anos de idade
Pele seca, descamativa e eritematosa
Prurido

ÚLCERA
ÚLCERA VENOSA
Localiza-se no terço médio das pernas e frequente acima e abaixo do maléolo medial;
Margem irregular e elevada;
Superficial, não acometendo os tecidos profundos;
Aspecto de fundo avermelhado;
Geralmente não dolorosa;
Evolução lenta;
Pele quente;
Presença de veias reticulares, varicosas, varizes, edema e hiperpigmentação.
ÚLCERA ARTERIAL
Localiza-se na face lateral dos pés, calcanhar, dedos e leito ungueal;
Margem regular;
Profunda, podendo acometer músculos e tendões;
Muito dolorosa;
Evolução rápida;
Pele fria;
Ausência de edema;
Pulsos periféricos ausentes ou diminuídos.
ÚLCERA DE PRESSÃO
Ulcera de decúbito;
Deficiência prolongada na irrigação de sangue e na oferta de
nutrientes em determinada área do corpo por motivo de pressão
externa;
Manchas eritematosas, bolhas, necrose e ulceração.

27
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Em resumo:

Um dos aspectos fundamentais para o entendimento do processo de envelhecimento é a


perda de função. Ao longo da vida colecionamos perdas em todos os sistemas orgânicos,
em uns mais, em outros menos. Os sinais encontrados podem ser mais tênues ou atípi-
cos, mesmo quando há patologia instalada e em progressão de gravidade.

Avaliação funcional do idoso: Tudo começa pela anamnese, sendo que muitas vezes um
cuidador ou familiar deve ser solicitado a fornecer informações ou completar as do paci-
ente.

É fundamental o reconhecimento de que existe uma enorme heterogeneidade entre os


idosos, sem se esquecer de que a idade cronológica não guarda relação com o prognósti-
co do paciente. Na verdade, os principais determinantes de melhor evolução na história
natural das doenças dos idosos são o seu estado funcional e o contexto social em que vi-
vem.

Os objetivos da avaliação funcional são:

- Melhorar a precisão diagnóstica; Determinar o grau e a extensão da incapacidade; Ser-


vir de guia para a escolha de medidas que visam restaurar e preservar a saúde; Identifi-
car fatores que predispõem à iatrogenia e estabelecer medidas para sua prevenção; Esta-
belecer critérios para a indicação de internação e institucionalização.

Parâmetros da avaliação funcional do idoso

- Força muscular; Função cognitiva; Condições emocionais; Disponibilidade e adequação


de suporte familiar e social; Condições ambientais; Capacidade para executar as ativida-
des da vida diária; Capacidade para executar as atividades instrumentais da vida diária.

Assim, o desenvolvimento de um olhar diferenciado para problemas que têm maior rele-
vância no paciente idoso, seja pela sua alta prevalência, seja pelo seu significado clínico
distinto, assim como a observação da capacidade funcional desse paciente, são aspectos
que devem nortear o exame clínico.

Reconhecer o processo patológico, isolar seus agentes e interferir para mudar o ritmo de
declínio é papel do profissional que estiver envolvido no atendimento do idoso.

28
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Avaliação geriátrica multidimensional x Avaliação geriátrica global

É um processo diagnostico multidimensional, geralmente interdisciplinar, para determinar


as deficiências, incapacidades e desvantagens do idoso e planejar o seu cuidado e assis-
tência a médio e longo prazo, tanto do ponto de vista médico, como psicossocial e funcio-
nal (Costa e Monego, 2003)

Avaliação Padrão-ouro
Cenários diversos
Instrumentos de avaliação
Equipe multidisciplinar

Objetivos:
Diagnóstico global
Plano terapêutico
Reabilitação

Evidencias:
Complementa a avaliação clinica tradicional
Melhora a precisão diagnostica
Identifica o risco de declínio funcional
Identifica os riscos nutricionais
Identifica os riscos de iatrogenia
Estima desfechos desfavoráveis
Define critérios para hospitalização e institucionalização

As evidências tem demonstrado que a AGA só é eficaz se existir processo de identificação


dos idosos que realmente possam se beneficiar de sua aplicação; a avaliação resultar em
um plano de cuidado e o plano de cuidado for implementado, preferencialmente, por
equipe interdisciplinar (Wieland e Hirth, 2003; Ellis e Langhorne, 2005).

Benefícios:
Redução da mortalidade
Diminuição da internação hospitalar
Diminuição a institucionalização
Redução do uso da medicação
Redução da iatrogenia
Diminuição do uso e dos custos do sistema de saúde
Aumento da satisfação com o atendimento

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Parâmetros:
Equilíbrio e mobilidade
Funções cognitivas
Estado emocional
Capacidade funcional
Estado nutricional
Estado social
Polifarmácia

EQUILIBRIO E MOBILIDADE

Sistema vestibular
Orienta a posição da cabeça em relação ao meio externo

Sistema proprioceptivo
Orienta a posição do corpo e os movimentos no espaço

Sistema visual
Coleta e processa várias informações sobre o ambiente

Instrumentos:

1.
Get up and Go

2.
Timed Get up and Go

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

3. Índice de Tinneti (por mary Tinetti em 1986 e adaptada para o brasil em 2003)

4. Avaliação muscular
Função muscular = desempenho, força, velocidade de marcha, preensão palmar
Massa muscular = circunferência da panturrilha

Circunferência da panturrilha
Maior ou igual a 31cm: NORMAL
Menor a 31cm: DIMINUIÇÃO DA MASSA MUSCULAR

Velocidade de marcha
O cálculo é feito pela média de três tentativas
Calculo: velocidade = distancia (m)/ tempo (s)
 Velocidade maior ou igual a 1,0 m/s (andar 4 metros em
4 segundos ou menos): BAIXO RISCO DE QUEDAS;
 Velocidade entre 0,7 m/s e 1,0 m/s (andar 4 metros en-
tre 5 e 6 segundos): MODERADO RISCO DE QUEDAS;
 Velocidade menor a 0,7 m/s (andar 4 metros em 7 ou
mais segundos): ALTO RISCO DE QUEDAS.

Força de preensão palmar


O calculo é feito pela media de três medidas realizadas no
membro dominante com intervalo de 60 segundos entre as
medidas
Resultado:
Mulheres >= 20kg e Homens >= 30kg : NORMAL

31
SAÚDE DO
IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

FUNÇÕES COGNITIVAS
Cognição:
Processo de aquisição de conhecimento que se dá através de alguns processos como
atenção, raciocínio, pensamento, memoria, juízo, abstração, linguagem...

Alterações cognitivas podem levar a perda de autonomia e progressiva dependência.

Instrumentos:

1. Teste do desenho do relógio


Memória, imaginação, compreensão, pensamento

Resultado:
3 ou mais pontos: NORMAL
0 a 2 pontos: PERDA COGNITIVA

2. Miniexame do estado mental


Proposto em 75 por Folstein; No BR foi modificado por Bertolluci em 94 e Brucki em 2003.

Divide-se em 2 fases:
A primeira soma o total de 21 pontos e avalia: orientação, memória e atenção
A segunda soma o total de 9 pontos e avalia: nomeação e compreensão

Resultado:
Normal: Analfabeto >= 20 pontos;
1 a 4 anos de estudo >= 25 pontos;
5 a 8 anos de estudo >=26 pontos;
9 a 11 anos de estudo >=28 pontos;
> 11 anos de estudo >= 29 pontos.

32
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

3. Teste de fluência verbal


Pede-se para o paciente dizer o maior número possível de animais (podem ser outros
grupos de palavras ou palavras que comecem com a mesma letra) no intervalo de um
minuto;
Não pontuar novamente quando há apenas flexão de gênero ou discriminação de animais
de classe já citada (por exemplo, passarinho, canarinho e beija-flor – pontuar apenas
passarinho);

Resultado, quando normal:


8 anos ou menos de escolaridade: mínimo 9 animais;
9 anos ou mais de escolaridade: mínimo 13 animais.

ESTADO EMOCIONAL

Instrumentos: escala de yesavage (1983)


1. Escala de depressão geriátrica
Instrumento de fácil aplicação, em que a pessoa precisa responder questões com respos-
tas dicotômicas (sim ou não)
Incialmente a escala possuía 30 questões, foram desenvolvidas versões mais curtas, com
15-10 questões; a versão com 15 questões é a mais utilizada no brasil.

Resultado
Menor ou igual a 5 pontos: NORMAL
Maior do que 5 pontos: POSSIVEL DEPRESSÃO
Maior ou igual a 11 pontos: POSSIVEL DEPRESSÃO
GRAVE

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

CAPACIDADE FUNCIONAL

É definida como a aptidão do idoso para realizar determinada tarefa que lhe permita cui-
dar de si mesmo e ter uma vida independente em seu meio.

É determinada pelo grau de autonomia e independência.

As atividades de vida diária são classificadas em:

1. Atividades básicas de vida diária (ABVD)


São as atividades fundamentais necessárias para o individuo realizar o autocuidado; ex:

Cuidados pessoais: comer, tomar banho, se vestir e ir ao banheiro


Mobilidade: andar com ou sem ajuda, transferir-se da cama para a cadeira e vice-versa e
mover-se da cama
Continência: urinária e fecal

Escalas:

Índice de Barthel (1985)


Avaliação de 10 funções
Alimentar-se, banhar-se, vestir-se e promover higiene
Transferir da cama para cadeira e vice-versa, deambular e descer escadas
Usar o vaso sanitário, manter continências fecal e urinaria

Resultado (máximo: 100 pontos)

100 pontos: INDEPENDENCIA


60 a 99 pontos: DEPENDÊNCIA LEVE
40 a 59 pontos: DEPENDENCIA MODERADA
20 a 39 pontos: DEPENDENCIA GRAVE
< 20 pontos: DEPENDENCIA TOTAL

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Escala de Katz (1963)


Avaliação de 6 funções: banhar-se, vestir-se, usar o vaso sanitário, transferir da cama
para cadeira e vice-versa, manter continências e alimentar-se
Grande limitação é de não avaliar a capacidade de deambular

6 pontos: INDEPENDENCIA
4 pontos: DEPENDENCIA PARCIAL
2 pontos: DEPENDENCIA IMPORTANTE

2. Atividades instrumentais de vida diária (AIVD)


São as atividades que dao suporte as atividades de vida diária em casa ou na comunida-
de, exigindo interações mais complexas do que as ABVD; ex:

Dentro de casa: preparar a comida, fazer as tarefas domesticas, lavar e cuidar do vestuá-
rio, executar trabalhos manuais, manusear medicação, usar o telefone e manusear o di-
nheiro;
Fora de casa: fazer compras, usar os meios de transporte e deslocar-se (compromissos
sociais, religioso e ir ao medico)

Escalas:
Questionário de Pfeffer (1982)
***não é validado no BR (+ muito usado para avaliação funcional)

Respostas:
0 – sim, é capaz;
0 – nunca o fez, mas poderia fazer agora;
1 – com alguma dificuldade, mas faz;
1 – nunca fez e teria dificuldade agora;
2 – necessita de ajuda;
3 – não é capaz.

Resultado:
Menor do que 6 pontos: INDEPENDÊNCIA;
Maior ou igual a 6 pontos: DEPENDÊNCIA.

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Escala de Lawton

3. Atividades avançadas de vida diária (AAVD)


São as atividades mais complexas, cotidianas, voluntarias, especificas para cada indivi-
duo e influenciadas por fatores socioculturais, educacionais e motivacionais;

Não são fundamentais para uma vida independente; ex:


Dirigir automóvel, praticar esportes, pintar, tocar instrumento musical, participar de ser-
viços comunitários e de atividades politicas..

ESTADO NUTRICIONAL
A heterogeneidade do idoso dificulta a avaliação do estado nutricional
Desnutrição: viver sozinho, restrição funcional, condição social adversa, sexo masculino

Miniavaliação nutricional (MAN) - proposto por Guigoz em 1994


Avalia 18 itens:
Dados antropométricos: IMC; circunferência do braço e da panturrilha;
Informações dietéticas: consumo alimentar e alimentação;
Informações do estilo de vida: mobilidade e onde vive;
Medicação: uso de mais de 3 medicamentos por dia;
Autopercepção: avaliação da própria saúde;
Condição clínica: perda de peso; estresse psicológico ou doença aguda; problemas neu-
ropsicológicos; IMC e presença de úlcera de pressão.

Resultado:
Maior ou igual a 24 pontos: NORMAL
Entre 17 e 23 pontos: RISCO DE DESNUTRIÇÃO
Menor do que 17 pontos: DESNUTRIÇÃO

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

ESTADO SOCIAL
Dimensão mais complexa e difícil de ser quantificada
Avaliação das relações sociais, das atividades sociais, dos recursos disponíveis de suporte
(social, familiar e financeiro), da residência e do cuidador;

Sistema de suporte social: Informal: entre membros de uma familia, amigos e vizinhos;
Formal: hospital, ILPI e atendimento domiciliar
Cuidador: Formal ou informal, capacitado ou não, treinado ou não e estressado ou não.

Apgar da família e dos amigos


Resultado
Maior do que 6 pontos: DISFUNÇÃO LEVE OU AUSENTE
Entre 4 a 6 pontos: DISFUNÇÃO MODERADA
Menor do que 4 pontos: DISFUNÇÃO ACENTUADA

POLIFARMÁCIA
Teste de sacola de remédios (ou ‘’inventário medicamentoso’’)
Levantamento da lista de medicamentos;
 Solicitar no agendamento da consulta que o paciente ou acompanhante traga uma sa-
cola com todos os medicamentos em uso pelo paciente
 Mostrar cada medicamento e perguntar a posologia, há quanto tempo usa e para que
foi indicado
 Perguntar sobre outros medicamentos utilizados recentemente (ultimo mês) e sobre a
suspensão ou mudança de dosagem de algum medicamento
 Perguntar sobre o uso de medicação injetável, tópica ou aerossóis, de remédios natu-
rias, fitoterápicos, vitaminas e sobre automedicação
 Insistir sobre o uso de analgésicos, anti-nflamatórios, sedativos e hipnóticos, antiver-
tiginosos, antigripais e antialérgicos
 Perguntar sobre a relação entre introdução, aumento ou redução de dose e suspensão
de algum medicamento com: declínio funcional, confusão mental, quedas, incontinên-
cia.
Desprescrição: Processo sistemático de identificação e descontinuação de medicamentos
nas situações nas quais os danos existentes ou potenciais suplantam os benefícios exis-
tentes ou potenciais, dentro do contexto dos objetivos de cuidados individual de cada pa-
ciente, do seu estado funcional, expectativa de vida, valores e preferências (Scott 2015).
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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Em resumo:

O avançar da idade aumenta de forma significativa a multimorbidade e a incapacidade


dos indivíduos. Cerca de 65% dos indivíduos entre 65 e 84 anos e 82% dos idosos com
85 anos ou mais são portadores de multimorbidade (possuem duas ou mais doenças crô-
nicas).

Esses idosos apresentam muita vulnerabilidade, seja por problemas cognitivos, funcionais
ou psicossociais; suas doenças ou complicações se apresentam de forma atípica, o que
dificulta e retarda o diagnóstico muitas vezes. Com isso, estão sujeitos a mais frequência
de iatrogenia, fragilização, internações e institucionalização.

As bases para o desenvolvimento da avaliação geriátrica ampla (AGA) surgiram a partir


do modelo de cuidado da médica Marjory Warren, no final da década de 1930. Considera-
da a mãe da medicina geriátrica, Dr. Warren conseguiu modificar os cuidados oferecidos
a um grupo de pacientes crônicos e acamados em um hospital de Londres. Utilizando
uma avaliação clínica detalhada e uma abordagem multidisciplinar, ela conseguiu ampliar
a detecção de problemas e elaborar planos individualizados de tratamento para esses pa-
cientes, com foco na avaliação sistemática e na reabilitação.

A Avaliação Geriátrica Ampla (AGA) surgiu como forma de avaliar esses pacientes, inclu-
indo diversos aspectos da sua vida, como o físico (médico), o mental, o social, o funcional
e o ambiental. Para isso, são utilizados instrumentos capazes de identificar sinais de de-
mência, delirium, depressão, fragilidade, déficits visuais e auditivos, assim como perda
do equilíbrio e capacidade funcional.

Apesar disso, sua utilização não exclui a avaliação clínica tradicional, que é capaz de
identificar distúrbios ou doenças que sejam responsáveis pela diminuição da capacidade
ou limitação das suas atividades.

Como instrumento de diagnóstico multidimensional, a AGA é estruturada para que possa


haver um acompanhamento da evolução do paciente e para avaliar prognóstico. Avalia as
4 principais dimensões (capacidade funcional, condições médicas, funcionamento
social e saúde mental)

A presença de declínio funcional capaz de restringir a autonomia e a independência do


indivíduo não pode ser atribuída ao envelhecimento normal, mas sim à presença de inca-
pacidade funcional, resultante das grandes síndromes geriátricas, de forma isolada ou as-
sociada (Moraes, 2010). Este declínio funcional não deve ser considerado “normal da ida-
de”, pois representa o principal determinante de desfechos negativos, como o desenvolvi-
mento de outras incapacidades e piora funcional.

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Ações que envolvem uma avaliação funcional prévia em níveis preventivos na incidência
de complicações agudas e crônicas, reabilitação de doenças e agravos, atividades educa-
tivas, promoção e orientação à saúde em geral, apresentaram em aproximadamente oito
anos de atuação do grupo, progressos na adesão dos pacientes, com melhora e/ou esta-
bilização do seu quadro clínico, social e psicológico. Os esforços também são direcionados
para uma maior integração da equipe multiprofissional, em benefício do paciente porta-
dor de diabetes, com o fim de identificar estratégias que motivem os idosos, cuidadores e
familiares no processo de autocuidado.

Um dos maiores benefícios da Avaliação Geriátrica Ampla é que ela melhora a relação en-
tre envelhecimento e saúde do idoso. Primeiramente, porque oferece uma visão comple-
ta, que combina aspectos físicos, mentais e psicológicos da pessoa idosa. A partir disso, é
possível desenvolver um plano de cuidado totalmente personalizado. No caso de pacien-
tes que exigem atenção especial, é algo que aumenta a qualidade de vida e pode até pro-
longar a expectativa de vida. Não menos importante, pode ajudar na desospitalização.
Afinal, o reconhecimento de todas as condições e necessidades favorece a continuidade
do tratamento mesmo fora de instituições de saúde. Assim, a Avaliação Geriátrica Ampla
serve ao propósito de trazer uma visão completa da saúde do idoso. Graças a ela, é pos-
sível definir as características de atendimento e tratamento de forma personalizada, o
que aumenta as chances de sucesso no cuidado.

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Perda involuntária da urina


Aspectos gerais:
Alta prevalência na população idosa
Condição subdiagnosticada e subtratada
Compromete a qualidade de vida dos idosos/família/cuidador
Resulta em institucionalização precoce

Epidemiologia:
Sexo feminino é o mais acometido (30-60%)
Homens (10-35%)
Institucionalizados (até 80%)

APARELHO URINÁRIO INFERIOR


Anatomia da bexiga urinária

 Bexiga
 Uretra
 Esfíncteres (interno e externo—voluntário)

Função:
Armazenamento da urina através do enchimento vesical
Eliminação da urina através do esvaziamento vesical

MICÇÃO
Fisiologia:
Sistema aferente (bexiga, vias aferentes)
SNC (córtex cerebral—giro frontal e cingulado)
Ponte (centro pontinho da micção)
Medula (T11 a L2 e S2 a S4)
Sistema aferente (vias eferentes (nervo pélvico/hipogástrico/pudento)
Músculos (detrusor, liso uretral, estriado esfíncter uretral)

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

SENESCÊNCIA
Série de alterações que tornam o idoso mais suscetível a incontinência urinaria

Alterações:
 Aumento da fibrose do músculo detrusor;
 Estimulação dos receptores de pressão;
 Aumento da fibrose do músculo da uretra;
 Fragilização do períneo;
 Aumento da pressão sobre a fáscia muscular;
 Atrofia e ressecamento da mucosa uretral;
 Hipertrofia benigna da próstata.

Classificação: incontinência urinária TRANSITÓRIA x ESTABELECIDA

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

INCONTINENCIA URINÁRIA TRANSITÓRIA


Causas:
 Infecções do trato urinário;
 Uretrite e vaginite atrófica;
 Restrição da mobilidade;
 Aumento do débito urinário;
 Medicamentos;
 Impactação fecal;
 Transtornos mentais;
 Transtornos neurológicos.

MEDICAMENTOS EFEITO SOBRE A CONTINÊNCIA


AGONISTAS ALFA-ADRENÉRGICOS Obstrução uretral (homem)
AINES Edema de MsIs, noctúria
ÁLCOOL Urgência, sedação
ANTICOLINÉRGICOS Retenção urinária, sedação, impactação fecal

ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS Efeitos anticolinérgicos, sedação


ANTIPSICÓTICOS Efeitos anticolinérgicos, rigidez e imobilidade
BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO Retenção urinária, edema de MsIs, noctúria,
constipação
BLOQUEADORES ALFA-ADRENÉRGICOS Diminuição da resistência uretral
DIURÉTICOS DE ALÇA Poliúria, urgência miccional
HIPNÓTICOS Sedação, delirium, imobilidade
IECA Tosse
GABAérgicos (PREGABALINA) Edema de MsIs, noctúria
ANTAGONISTAS H2 Confusão mental
ANTIPARKINSONIANOS Confusão mental, hipotensão postural
OPIOIDES Confusão mental, constipação
ANESTÉSICOS, RAQUIANESTESIA Paralisia detrusora

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

INCONTINENCIA URINÁRIA ESTABELECIDA


 Estresse
 Hiperfluxo
 Urgência
 Mista

INCONTINÊNCIA URINARIA DE ESTRESSE (ESFORÇO)


Perda involuntária de urina que ocorre com o aumento da pressão intra-abdominal
(tosse, espirro, atividade física)

Principal causa em mulheres jovens


Incomum em homens

Mulheres: hipermobilidade uretral; deficiência esfincteriana intrínseca.


Homens: deficiência esfincteriana intrínseca

Perda de urina precedida ou acompanhada de um desejo imperioso de urinar (urgência)


Hiperatividade do musculo detrusor

BEXIGA HIPERATIVA: síndrome que inclui urgência urinaria com ou sem incontinência
urinaria, frequência elevada (oito ou mais micções em 24 horas) e noctúria (dois ou mais
despertares noturnos)

INCONTINÊNCIA URINÁRIA POR HIPERFLUXO (TRANSBORDAMENTO)


Inabilidade de esvaziamento vesical devido a hipocontratilidade do músculo detrusor,
obstruções uretrais ou ambos;

Homens: principal causa em homens idosos; causa mais frequente é a obstrução uretral
Mulheres: incomum em mulheres idosas

INCONTINÊNCIA URINÁRIA MISTA


Presença de mais de um tipo de incontinência no mesmo paciente

Principal causa em mulheres idosas

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

DIAGNÓSTICO
ANAMNESE
Características da perda urinaria e sintomas associados
Comorbidades clinicas
Condições previas
Lista de medicamentos

EXAME FÍSICO
Exame neurológico
Exame proctológico
Exame ginecológico
Avaliação cognitiva, da mobilidade e funcionalidade do individuo.

EXAMES COMPLEMENTARES
Laboratorial:
Medida do volume residual pós-miccional:

Estudo urodinâmico:
Avaliar a qualidade das contrações vesicais e dos esfíncteres uretrais
Cistometria, medida da pressão de perda sob esforço e urofluxometria

Cistoscopia: suspeita de fístulas

TRATAMENTO:
Objetivo geral: melhora da qualidade de vida
Objetivos específicos: diminuição de sintomas; diminuição do uso de fraldas e absorven-
tes; reinserção social; retardo em institucionalização.

TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO


Mudança de estilo de vida
Fisioterapia pélvica: fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico
Treinamento vesical
Perda de peso
Evitar liquido de forma abundante
Evitar cafeína e álcool Exercícios de Kegel

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

TREINAMENTO VESICAL
Consiste em ensinar ao paciente a urinar em períodos fixos
Princípios:
Realizar micções frequentes voluntárias para manter um baixo volume de urina
Treinamento para inibir as contrações do detrusor, quando se apresenta urgência

TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

MEDICAMENTOS ANTIMUSCARÍNICOS
OXIBUTININA
Mecanismo de ação: potente ação antimuscarínica e não seletiva para os receptores mus-
carínicos vesicais; propriedade anti-histamínicas
Efeitos colaterais: boca seca, constipação, tontura, sonolência e náuseas
Apresentação: VO comprimido de 5-10mg (RETEMIC UD liberação prolongada) e xarope
1mg/ml; Dose terapêutica: 10-15mg/dia
Posologia:
• Iniciar com 2,5 mg (meio comprimido) ou 2,5 ml 2x ao dia e, após 4 semanas, au-
mentar para 5 mg ou 5 ml 2x ao dia, podendo chegar até 5 mg ou 5 ml 3x ao dia; OU
• Iniciar com 5 mg (meio comprimido de liberação prolongada) e, após 4 semanas, au-
mentar para 10 mg 1x ao dia, podendo chegar até 10 mg um comprimido e meio
1x/dia.

SOLIFENACINA
Mecanismo de ação: ação antimuscarínica seletiva para os receptores muscarínicos vesi-
cais
Efeitos colaterais: incomuns
Apresentação: VO comprimido de 5-10mg; Dose terapêutica: 5-10 mg/dia
Posologia: iniciar com 5mg 1x ao dia e se for necessário após 4 semanas aumentar para
10mg 1x ao dia.
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SAÚDE DO IDOSO

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AGONISTAS DOS BETA-ADRENORRECEPTORES


MIRABEGRON
Mecanismo de ação: ativa os beta-3-adrenorreceptores
Contra-indicação: doença renal terminal; doença hepática grave
Efeitos colaterais: incomuns
Apresentação: VO myrbetric comprimido 25-50mg; Dose terapêutica: 25-50mg/dia
Posologia: iniciar com 25mg 1x ao dia e se for necessário após 4 semanas aumentar para
50mg 1x ao dia.

ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS
Imipramina é a mais utilizada (ação antimuscarínica discreta sobre o músculo detrusor)

ESTRÓGENOS
A eficácia não está bem estabelecida

FLUXOGRAMA DE TRATAMENTO

INCONTINÊNCIA URINÁRIA
TRANSITÓRIA

INCONTINÊNCIA URINÁRIA ESTABELECIDA

47
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE URGÊNCIA

INCONTINÊNCIA URINÁRIA MISTA

INCONTINÊNCIA URINÁRIA POR HIPERFLUXO


Corrigir ou tratar a condição causal;
Medicamentos: suspender o fármaco;
Neuropatia: estabilizar a condição;
Hiperplasia prostática benigna: uso de medicamentos ou procedimento cirúrgico.

48
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Em resumo:

A incontinência urinária é erroneamente vista como um processo natural do envelheci-


mento. As melhorias dos indicadores de saúde, como o aumento da expectativa de vida,
assim como o avanço da medicina fazem com que observemos o fenômeno do envelheci-
mento da população.

Entre idosos é um achado comum, implicando problemas psicológicos e sociais para os


pacientes e familiares, com perda da autoestima e isolamento social.

Já nos idosos residentes em instituições (asilos e casas de repouso), a incontinência uri-


nária afeta no mínimo metade de todos os residentes, impondo significativos problemas
físicos e psicossociais. Infelizmente, menos da metade destas pessoas procuram assistên-
cia médica e a grande maioria permanece sem tratamento

Embora ocorram alterações do sistema genito-urinário com a idade como, por exemplo,
diminuição da capacidade vesical, diminuição do fluxo urinário máximo, aumento da fre-
quência e do resíduo pós-miccional e instabilidade do detrusor, a perda de urina não deve
ser considerada como um processo inerente ao envelhecimento. Ao contrário, deve ser
investigada e tratada corretamente, haja vista o alto grau de insatisfação com esta condi-
ção (em torno de 65%) e as complicações que ela pode acarretar

É muito importante na anamnese do paciente saber sobre as características da perda uri-


nária, a quantidade, a gravidade e os sintomas associados, como frequência, noctúria,
esforço, urgência e hesitação. Informações adicionais devem ser investigadas, como dor,
hematúria, infecções recorrentes, prolapsos pélvicos, cirurgias prévias, radiações pélvicas
e suspeita de fístulas. Uma atenção especial deve ser dada às comorbidades clínicas e
aos medicamentos utilizados pelo idoso, visto que podem desencadear ou contribuir para
o quadro clínico.

Ao exame físico é importante realizar 1) avaliação cognitiva, da mobilidade e funcionali-


dade do paciente; 2) exame neurológico detalhado que inclua avaliação de reflexos, sen-
sibilidade e integridade das vias sacrais; 3) toque retal para avaliar o tônus esfincteriano,
presença de massas, fecalomas e avaliação da próstata, no caso de pacientes homens; 4)
exame pélvico, inspeção de prolapsos e atrofia genitais em mulheres; 5) teste de estres-
se com paciente na posição supina, com bexiga cheia e tossir vigorosamente para avaliar
a IU por estresse.

49
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Para o diagnóstico, sabe-se que é basicamente clínico, a partir dos achados na anamnese
e exame físico, mas há a importância de realizar alguns outros exames. Dentre esses,
encontram-se exames laboratoriais, como sumário de urina para investigação de infec-
ção, hematúria e glicosúria, medida do volume residual pós-miccional (VRPM) por método
não invasivo, estudo urodinâmico e citoscopia. As últimas diretrizes recomendam avalia-
ção urodinâmica antes de qualquer procedimento invasivo ou cirúrgico.

Por ser frequente em idosos e causar grande impacto negativo na qualidade de vida dos
indivíduos afetados, torna-se primordial que o geriatra do paciente idoso acometido ou
médico de saúde da família da UBS que o paciente frequenta, por exemplo, trabalhem
com aquele adulto ou idoso a respeito da identificação e do manejo da incontinência uri-
nária, alertando-o antes do início dos primeiros sintomas. Embora não tenha impacto di-
reto na mortalidade, a incontinência urinária é associada a aumento no risco de quedas e
fraturas, infecções do trato urinário recorrentes, celulites, úlceras de pressão, disfunções
sexuais, distúrbios do sono, além de contribuir para isolamento social, depressão, estres-
se do cuidador e institucionalização precoce, alterando significativamente a vida e rotina
do paciente.

Independentemente de sua origem, a incontinência urinária sempre tem tratamento. Seu


correto diagnóstico e abordagem terapêutica resultam em melhora significativa da quali-
dade de vida, além de prevenir complicações como infecções e quedas entre seus porta-
dores.

50
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

SÍNDROME DE IMOBILIDADE
Denominação: imobilidade, repouso prolongado no leito, síndrome do desuso

Conceito: complexo de alterações que repercutem negativamente sobre o organismo,


tendo origem na imobilidade

Epidemiologia: 20-50% dos idosos após tratamento hospitalar prolongado;


Taxa de mortalidade de 50%

Causas:

CONDIÇÕES
NEUROLÓGICAS AVE, Parkinson, Esclerose Lateral Amiotrófica e Demência
PSICOLÓGICAS Depressão
CARDIOVASCULARES Insuficiência Cardíaca Congestiva, Cardiopatia Isquêmica, Oclu-
são Arterial Periférica e Sequelas de Trombose Venosa Profunda
METABÓLICAS Desnutrição proteico-calórica
RESPIRATÓRIAS Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
OSTEOMUSCULARES Osteoartrose, Sequelas de Fraturas, Osteoporose e Metástases
REUMÁTICAS Artrite Reumatoide
TEGUMENTARES Calosidades nos pés, Úlcera Plantar e Deformidade Plantar
SENSORIAL Cegueira e Surdez
IATROGENIA Medicamentos (Ansiolíticos, Hipnóticos e Antidepressivos)

Diagnóstico: define-se um paciente com SI quando ele apresenta todos os critérios mai-
ores e pelo menos dois critérios menores
• Déficit cognitivo moderado a grave
• Múltiplas contraturas musculares
• Lesões cutâneas até uma úlcera de decúbito
• Disfagia

51
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

• Incontinência urinária e anal


• Afasia

Manifestações:
SISTEMA TEGUMENTAR

Micoses
CUIDADOS: higiene, bom estado nutricional, exposição ao sol, uso de
roupa de material poroso, temperatura agradável, controle glicêmico
normal, evitar o uso de colchão com superfície plástica, uso de antifúngi-
cos.

Xerose
CUIDADOS: ingestão de bastante líquidos, uso de hidratantes, evitar o
uso de sabões, evitar o banho quente e prolongado.

Laceração
CUIDADOS: evitar a mobilização do idoso pelo braço, antebraço, punho,
tornozelo e pela perna. Evitar a contenção do idoso com faixas de crepe
diretamente nos punhos.

Dermatite amoniacal
CUIDADOS: uso de coletor de urina nos homens, trocas regulares das fral-
das, banhos a cada troca de fraldas.

Úlcera de decúbito
• critério menor
CUIDADOS: higiene, bom estado nutricional, ingestão de bastante liquido,
proteção para as proeminências ósseas, mobilização no leito de 2 em 2 ho-
ras, assentar o idoso o maior tempo possível, uso de colchão pneumático
com insuflação intermitente.

52
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

• Incontinência urinária e anal


• Afasia

Manifestações:

SISTEMA OSTEOMUSCULAR

Artrose
-> contraturas musculares (CRITÉRIO MAIOR)
CUIDADOS: mobilização frequente das articulações, posicionamento no
leito com coxins, almofadas, pranchas ou órteses para alongamento.

Osteoporose
-> Perda de massa óssea intensa e rápida (até 1% do total por semana)
CUIDADOS: exposição ao sol, aumento da ingestão de cálcio, colocar o
paciente em ortostatismo 3 horas por dia (usar a mesa de ortostatis-
mo se for necessário)

Atrofia muscular
-> atrofia muscular importante já nos primeiros 10 dias de confinamento no leito
-> com 6 semanas de inatividade, a força muscular dos membros inferiores declina 20%
e dos membros superiores 10%

CUIDADOS: mobilização frequente no leito, posicionamento no leito com


coxins, almofadas, pranchas ou órteses para alongamento.

SISTEMA CARDIOVASCULAR

Oclusão arterial dos membros inferiores


CUIDADOS: evitar que o paciente fique o leito com o quadril
e joelho fletido em ângulo menor do que 20°

Trombose venosa profunda


-> incidência de 15% em idosos acamados
-> 60-80% dos casos de TVP passam despercebidos, evoluindo silenciosamente

53
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

-> A principal complicação é a EMBOLIA PULMONAR, responsável por 20% de todas as


causas de morte em paciente acamado

CUIDADOS: mobilização frequente dos membros inferiores, uso de


heparina de baixo peso molecular (enoxaparina)
Enoxaparina: 20-60mg 1x/dia. Usual: 40mg 1 ampola subcutânea
1x/dia.

SISTEMA URINÁRIO

Incontinência urinária
-> praticamente todos os pacientes são incontinentes (Critério menor)
CUIDADOS: uso de coletor de urina nos homens e fraldas geriátricas nas
mulheres, uso de sonda vesical nas mulheres com ulcera de decúbito.
Tratamento medicamento é pouco eficaz.

Infecção urinária
-> prevalência de até 40% nos idosos
-> infecção mais comum no paciente institucionalizado
-> septicemia
CUIDADOS: antibioticoterapia

SISTEMA DIGESTIVO

Disfagia
-> característica presente em quase todos os pacientes (critério menor)
Complicações: desnutrição proteico-calórica, pneumonia aspirativa.

CUIDADOS: uso de alimentação enteral (sondas ou gastrostomia); fonoterapia é pouco


eficaz.

Constipação
-> frequentemente encontrada em pacientes imóveis
Complicações: obstrução intestinal, volvo de sigmoide, retenção urinária, bexigona
CUIDADOS: dietas com resíduos ou fibras, ingestão de bastante líquidos, posicionamento
do idoso na cadeira higiênica ou vaso sanitário, evitar o uso de medicamentos anticolinér-
gicos, enema glicerinado a 20% (250ml ou 500ml) e toque retal em caso de fecaloma.
54
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

SISTEMA RESPIRATÓRIO

Insuficiência respiratória
-> funções pulmonares estão comprometidas em 50% dos idosos imóveis
CUIDADOS: fisioterapia respiratória, melhora do funcionamento intestinal,
oxigenioterapia

Pneumonia
-> principal causa de morte em idosos acamados
Taxa de mortalidade de até 25% para maiores de 70 anos.
CUIDADOS: fisioterapia respiratória, oxigenioterapia, antibioticoterapia.

SISTEMA METABÓLICO

Desnutrição
-> presente em 90% dos idosos imóveis com mais de 80 anos
Resulta em alto índice de mortalidade
CUIDADOS: uso de sonda nasogástrica/nasoentérica, gastrostomia

55
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Em resumo:

A capacidade funcional representa a independência de o indivíduo viver e realizar suas


atividades físicas e mentais necessárias para manutenção de suas atividades básicas e
instrumentais, ou seja: tomar banho, vestir-se, realizar higiene pessoal, transferirse, ali-
mentar-se, manter a continência, preparar refeições, controlar as finanças, tomar medi-
camentos, arrumar a casa, fazer compras, usar transporte coletivo, usar telefone e cami-
nhar certa distância (RAMOS, 2003; SOUZA e IGLESIAS, 2002).

A diminuição da capacidade funcional do idoso e o grau de fragilidade são resultantes da


idade avançada associada às Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT). A dependên-
cia não é um estado permanente, mas um processo dinâmico cuja evolução pode ser mo-
dificada, prevenida e/ou reduzida (CALDAS, 2003). Esse declínio funcional ocorre na po-
pulação idosa, com sintomas inespecíficos, apresentação atípica, curso insidioso, e englo-
ba manifestações físicas, psicológicas, sociais e funcionais.

O declínio funcional é identificado progressivamente pela perda da capacidade de execu-


tar as Atividades Básicas de Vida Diária (ABVDs) e as atividades instrumentais de vida
diária (AIVDs). Fisicamente, o idoso pode referir fadiga, fraqueza, perda de apetite,
adipsia, perda de peso, quedas e incontinências. Já os sintomas psicológicos relatados
são perda de atenção, interesse, iniciativa e motivação.

Algumas vezes, pode se notar declínio cognitivo. Além disso, socialmente, o idoso se
afasta de atividades usuais e fica mais isolado. A negligência com os cuidados da casa e
com os cuidados pessoais podem ser observados (TRELLHA, et al, 2005 apud HEBERTI
1997).

As AIVDs podem ser utilizadas como marcadores para detectar o declínio da capacidade
funcional. Entretanto, na medida em que apresenta incapacidade para AIVDs as demais
ABVDs também poderão ser comprometidas (AIRES; PAZ, 2008). A condição de depen-
dência severa para as AIVDS foi identificada em 50,0% dos idosos em condições de alta
hospitalar (PAZINATTO, 2003).

O desenvolvimento dessas doenças crônicas é decorrente da perda contínua da função de


órgãos e sistemas biológicos. Essa perda de função pode levar a limitações funcionais, e,
por sua vez, pode gerar incapacidade, conduzindo à dependência de pessoas ou de equi-
pamentos específicos para a realização de tarefas essenciais à sobrevivência no dia a dia
(PARANÁ, 2003)
56
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Os principais fatores predisponentes e de risco para a síndrome de imobilidade envolvem


a poli patogenia, aspectos econômicos, ambientais, psicológicos e sociais. Entre esses fa-
tores, destacam-se o repouso prolongado no leito, doenças neurológicas que se acompa-
nham de contraturas, limitação da marcha e do equilíbrio; depressão e demência; cardio-
patias e pneumopatias crônicas, que restringem as atividades. Doenças reumáticas po-
dem provocar um quadro doloroso e deformidades, levando o idoso a permanecer no leito
e desencadeando a síndrome. Ha ainda os idosos com estado nutricional precário, uso ex-
cessivo de medicamentos ou problemas decorrentes de iatrogênica evidenciados por fra-
queza muscular, tonteira e insegurança na locomoção. Idosos com história de quedas
tem medo de cair e tendem a permanecer no leito.
Para um corpo envelhecido, o movimento limitado pode criar uma espiral negativa. Sem
mover os membros e acelerar o ritmo cardíaco, torna-se cada vez mais difícil para al-
guém manter uma mente e um corpo saudáveis.
Quanto menos se move, mais difícil se torna mover, e assim o ciclo é perpetuado.

Embora as deficiências não possam ser apagadas ou revertidas, é importante garantir


que o idoso mantém algum tipo de regime de exercício diário, mesmo que seja apenas
um passeio no jardim mais próximo. Este pequeno fator pode ajudar significativamente a
assegurar que nenhum dano adicional é feito física ou psicologicamente.

Sem um movimento adequado, diferentes áreas do corpo são afetadas de muitas formas
diferentes. A musculatura, problemas articulares e esqueléticos como artrite, osteoporo-
se, doenças crónicas, e fraturas da anca e do fémur tornam-se muito mais prevalentes.

É importante garantir que o cuidador fornece algum tipo de ajuda ambulatória e de ferra-
mentas de apoio que ajudam a fornecer mobilidade ao idoso como andarilhos, cadeiras
de rodas, bengalas ou apoios de tornozelo e que estes estão disponíveis de imediato.

É também aconselhável instalar corrimões de mão ou elevadores de escadas, quando


possível, para ajudar o idoso a deslocar-se por toda a casa. Por último, desenvolver uma
rotina diária, mesmo que seja apenas um passeio breve que inclui um mínimo de exercí-
cio ou movimento ajudará a evitar que o corpo se deteriore ainda mais.

57
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Definição: Síndrome caracterizada pelo comprometimento de múltiplas funções cognitivas

Epidemiologia:
Países desenvolvidos: 54% não detecção
Países não desenvolvidos: 90% não detecção
Brasil: 900 mil pessoas com demência sem diagnóstico

Prevalência está aumentando


pelo aumento da expectativa
de vida, diagnóstico tardio
(subdiagnóstico)

Vascular: múltiplos infartos

Fatores de risco:
IDADE HISTÓRIA MUTAÇÕES OUTROS *
FAMILIAR GENÉTICAS
Doença de Sim Sim ApoE4, PSEN Sim
Alzheimer 1, PSEN 2 e
APP
Demência Sim Sim ApoE4 ?, Sim
Vascular NOTCH3
Demência com Sim Sim ? Não
corpos de
Lewy
Demência Sim Sim MAPT, GRN e Não
frontotemporal C90RF72

-> hipertensão arterial sistêmica, tabagismo, obesidade, hipercolesterolemia e diabetes

58
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Classificação

DEMÊNCIAS POTENCIALMENTE REVERSÍVEIS


Aproximadamente 10% das demências
Causas:
• Demências com comprometimento estrutural do SNC:
Hidrocefalia de pressão normal, lesões expansivas (neoplasias e hematoma subdural)
• Transtornos mentais: depressão
• Outras: medicamentos, carências nutricionais, distúrbios hidroeletrolítico, transtornos
endócrinos e doenças infecciosas e intoxicação por metais pesados

DEMÊNCIAS RAPIDAMENTE PROGRESSIVAS


Intervalo menor do que 2 anos entre a instalação dos sintomas e o diagnostico de
demência ou morte

Frequente acometimento de indivíduos com idade inferior a 65 anos


Possibilidades diagnósticas mais amplas do que nas demências de início tardio.

CONDIÇÕES

NEUROVEGETATIVAS Doenças de Alzheimer, Demência frontotemporal,


Demência com corpos de Lewy...

59
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

ENDÓCRINAS Disfunção Adrenal, Hipo/Hipertireoidismo, Hi-


po/Hiperparatireoidismo.

INFECCIOSAS Sífilis, HIV, Meningites, Encefalites...

TÓXICO- Álcool, Metais Pesados, Deficiência de Vitaminas (B1, B12 e B3),


METABÓLICAS Encefalopatia Hepática/Renal
NEOPLÁSICAS Linfoma de 1º grau do SNC, Metástases Cerebrais e Síndromes
Paraneoplásicas.

Diagnóstico
• História clínica: Padrão do acometimento neuropsicológico, Velocidade de instalação
Fatores de risco, Uso de medicamentos
• Exame neurológico

Disfunção Distúrbios Parkinsonis- Distúrbios Mioclonias


autonômica piramidais mo da marcha
Doença de Não Não Sim Não Sim (fase
Alzheimer (fase inter- intermediá-
mediária) ria)
Demência Não Não Não Sim Não
Vascular
Demência Sim Não Não Sim Não
com
corpos de
Lewis
Demência Não Sim Sim Não Não
frontotem-
poral

• Avaliação geriátrica ampla: Funções cognitivas, Capacidade funcional


• Exames complementares
Laboratorial: hemograma, sódio, potássio, cálcio, glicose, ureia, creatinina, TGO, TGP,
GGT, vitaminas (B1), TSH, T4 livre, VDRL e sorologia HIV
Neuroimagem: estrutural (TC, RM) funcional (PET—tomografia com emissão de pósitrons)

60
SAÚDE DO
IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Diagnóstico etiológico
ETIOLOGIA
DEGENERATIVAS Doença de Alzheimer, Demência na Doença de Parkinson...
VASCULARES Isquemias cerebrais...
INFECCIOSAS HIV, Tuberculose, Neurossífilis...
NEOPLÁSICAS Tumores primários, Metástases e síndromes paraneoplásicas
AUTOIMUNES Vasculites, esclerose múltipla, Sarcoidose...
ENDOCRINOPATIAS Hipo/Hipertireoidismo, Insuficiência adrenal...
METABÓLICAS Nefropatias, Hepatopatias, Deficiência de vitamina B12...
TRAUMÁTICAS Demência Pugilística...
TÓXICAS Alcoolismo, drogas, medicamentos e metais pesados

DOENÇA DE ALZHEIMER
História: Alois Alzheimer (1906) comunicou o primeiro caso da doença, que foi posterior
denominado por Kraepelin (1910) como Doença de Alzheimer

Definição: Doença neurovegetativa, progressiva, heterogênea nos seus aspectos etiológi-


cos, clínicos e neuropatológicos com deterioração das funções cognitivas e da capacidade
funcional.

Epidemiologia: estima-se que 46,8 milhões estejam acometidos pela enfermidade em to-
do o mundo em 2015; com aumento previsto para 74,7 milhões em 2030; e para 131,5
milhões, em 2050 (Ferri, 2005)

Fatores de risco:
 História familiar positiva (risco de desenvolver é 3,5x maior em indivíduos que tem
pelo menos um parente de primeiro grau com demência
 Gene de suscetibilidade (gene da apolipoproteina E (ApoE4)
 Idade avançada
 Síndrome de Down
 Sexo feminino

61
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Neuropatologia

Diminuição da massa encefálica,


Diminuição dos ventrículos
(destrói o tecido nervoso)

Formação das placas senis


(amiloides) -> inflamação ->
destruição do tecido nervoso

Avaliação:
ANAMNESE DETALHADA + CONFIRMAÇÃO FAMILIAR + AVALIAÇÃO GERIÁTRIA AMPLA =
90% precisão diagnóstica

Diagnóstico (Diagnóstico sindrômico x Diagnóstico etiológico)


Vários critérios de diagnóstico;
• Mais utilizados:
Instituto Nacional de Neurologia e da Associação da Doença de Alzheimer dos EUA (1984)
Organização Mundial de Saúde (1993)

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS (NINCDS—ADRDA)

DIAGNÓSTICO CRITÉRIOS

 Demência comprovada por meio de exame clínico e documen-


tada pelo MEEM;
 Déficits cognitivos evidentes em 2 ou mais áreas da cognição;
 Piora progressiva dos déficits de memória e demais funções
cognitivas;
PROVÁVEL  Ausência de rebaixamento da consciência;
 Início dos sintomas entre as idades de 40 e 90 anos, mais
frequentemente após os 65 anos de idade;
 Ausência de doenças sistêmicas ou cerebrais que possam
explicar os déficits observados.

62
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

• Deterioração progressiva de funções cognitivas específicas


(afasia, apraxia e agnosia);
O diagnóstico de • Comprometimento das atividades cotidianas, alteração do
provável é padrão comportamental;
REFORÇADO por • História familiar de doenças semelhantes na família;
• Exame de LCR normal;
• EEG com alterações inespecíficas;
• Tomografia com evidência de atrofia cortical progressiva.
Consistentes com o • Sintomas depressivos, insônia, incontinência, delírios, aluci-
diagnóstico de nações, reações catastróficas, transtornos sexuais, perda de
provável peso e outras anormalidades neurológicas (aumento do
tônus muscular, mioclonias ou transtorno de marcha).
DIAGNÓSTICO • Instalação dos sintomas cognitivos é rápida ou súbita;
PROVÁVEL • Sinais neurológicos focais estão presentes;
INCERTO • Convulsões ocorrem na instalação ou prematuramente du-
rante o curso da doença.

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS (OMS)

DIAGNÓSTICO CRITÉRIOS
Sintomas típicos de demência e a idade de início deve estar
DEMÊNCIA NA abaixo de 65 anos;
DOENÇA DE Em adição, pelo menos um dos seguintes requisitos:
ALZHEIMER DE Evidência de início e progressão relativamente rápidos;
INÍCIO PRECOCE Em adição ao comprometimento de memória, deve haver afa-
sia, agrafia, alexia, acalculia ou apraxia.
Sintomas típicos de demência e a idade de início deve ser su-
DEMÊNCIA NA perior a 65 anos;
DOENÇA DE Em adição, pelo menos um dos seguintes requisitos:
ALZHEIMER DE Evidência de início e progressão muito lentos;
INÍCIO TARDIO Predominância do comprometimento de memória.

Sintomas atípicos de demência , ou que preenchem critérios


DEMÊNCIA NA para ambos os tipos de Doença de Alzheimer de início preco-
DOENÇA DE ce como tardio;
ALZHEIMER, TIPO Demência mista do tipo Alzheimer e Vascular.
MISTO OU ATÍPICA

63
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Manifestações
clínicas

FASE INICIAL
(2 a 3 anos)

FASE INTERMEDIÁRIA
(2 a 10 anos)

FASE AVANÇADA
(8 a 12 anos)

FASE INICIAL
Duração da fase de 2 a 3 anos

Memória: comprometimento da memória recente/episódica


Linguagem: dificuldade para encontrar palavras
Orientação: desorientação temporal e espacial
Atenção: perda de concentração e desatenção
Comportamento: perda de iniciativa, distanciamento social, abandono de passatempos,
explosões de raiva, irritabilidade e hiperatividade.

FASE INTERMEDIÁRIA
Duração da fase de 2 a 10 anos

Memória: comprometimento da memória tardia


Linguagem: empobrecimento do vocabulário, perda de conteúdo e dificuldade de compre-
ensão
Aprendizagem: comprometimento do aprendizado
Capacidade funcional: comprometimento das atividades instrumentais de vida diária/ das
funções executivas.

64
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Sintomas extrapiramidais: instabilidade postural, mioclonias, parkinsonismo.


Sintomas neuropsicológicos: agitação, perambulação, distúrbio do sono, comportamento
inoportuno e a Síndrome do Entardecer, sintomas depressivos.
Sintomas neurológicos focais: afasia, apraxia, agnosia e alterações visuoespaciais.

FASE AVANÇADA
Duração da fase de 8 a 12 anos

Capacidade funcional: comprometimento das atividades básicas de vida diária


Linguagem: dificuldade para falar frases completas e compreender comandos simples,
comunicação ocorre por meio de ecolalias, vocalizações inarticuladas, sons incompreensí-
veis, até alcançar o mutismo.
Incontinência esfincteriana

Tratamento
Objetivos:
Melhorar a qualidade de vida
Promover a autonomia
Estabilizar os principais sintomas
Proporcionar um impacto positivo sobre o cuidador
Reduzir a dependência funcional
Diminuir a necessidade de institucionalização

Tratamento não farmacológico


Abordagem ao paciente:
Terapia ocupacional: todas as fases
Nutrição: todas as fases
Fonoterapia: todas as fases
Fisioterapia: a partir da fase intermediária

Abordagem ao familiar:
Psicologia: aconselhamento, informação, discussão, reflexão, orientação

Tratamento farmacológico
Inibidores da colinesterase: donepezila, galantamina, rivastigmina

65
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Antagonistas dos receptores NMDA: memantina


Antipsicóticos: típicos, atípicos

Tratamento sintomático
INIBIDORES DA COLINESTERASE
donepezila, galantamina, rivastigmina

Diminuição dos sintomas cognitivos


Melhora da capacidade funcional
Diminuição dos sintomas comportamentais
Redução dos sintomas neuropsiquiátricos

Inicio de ação tardia (8-12 semanas)


Efeitos colaterais mais comuns: dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia, anorexia, re-
dução de peso, cefaleia, tontura, fadiga e sonolência.

66
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Mudança terapêutica: ausência de eficácia, resposta inicial adequada no inicio não sus-
tentada ao longo do tempo, intolerância medicamentosa

Uso com cautela: doença do nó sinusal e arritmias supraventriculares, uso concomitante


de digoxina, betabloqueadores e antiarrítmicos, historia de asma grave, DPOC e obstru-
ção urinária.

DONEPEZILA
Metabolização hepática
Única tomada diária

Apresentação: comprimido 5mg e 10mg


Dose terapêutica: 5 a 10mg/dia

Posologia: iniciar com 5mg 1x ao dia e aumentar para 10mg 1x ao dia com intervalo mí-
nimo de 4-6 semanas, se for necessário

Preço:
Genérico: 5mg (30 comprimidos) - 35,00 a 130,00
Eranz: 5mg (28 comprimidos) - 580,00

RIVASTIGMINA
Não tem metabolização hepática
Eliminação renal
Duas tomadas por dia na apresentação oral
Tomara única por dia na apresentação transdérmica

Apresentação: comprimido de 1,5mg, 3mg e 6mg


Adesivo transdérmico de 4,6mg, 9,5 mg e 13,3 mg
Dose terapêutica: VO: 3 a 12 mg/dia; Transdérmica: 4,6 mg a 13,3 mg/dia

Posologia:
VO: iniciar com 1,5 mg 2x ao dia e aumentar com o intervalo mínimo de 2 semanas, po-
dendo chegar a 6mg 2x ao dia, se for necessário
Transdérmica: iniciar com 4,6mg 1x ao dia e aumentar com o intervalo de 2 semanas,
podendo chegar a 13,3mg 1x ao dia.
67
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

GALANTAMINA
Metabolização hepática
Eliminação renal
Unia tomada diária

Apresentação: comprimido de 8mg, 16mg e 24mg

Dose terapêutica: 8-24mg/dia

Posologia: iniciar com 8mg 1x ao dia e aumentar com o intervalo mínimo de 4 semanas,
podendo chegar a 24mg 1x ao dia.

Preço: Genérico: 5mg (30 comprimidos) - 128,00


Reminyl ER: 8mg (7 capsulas) 124,00

ANTAGONISTA DO RECEPTOR NMDA (N-metil-D-aspartato)


Memantina

Diminuição dos sintomas cognitivos


Melhora da capacidade funcional
Diminuição dos sintomas neuropsiquiátricos

MEMANTINA
Eliminação renal
Uso pode ser combinado com a Donepezila
Efeitos colaterais mais comuns: cefaleia, sonolência, tonturas e constipação

Apresentação: comprimido de 10mg e 20mg

Dose terapêutica: 10-20mg/dia

Posologia: iniciar com 10mg 1x ao dia e aumentar para 20mg 1x ao dia com o intervalo
mínimo de 4 semanas, se for necessário.

Preço: Genérico: 10mg (30 comprimidos) - 20,00 a 40,00


Moriale ODT 20mg (15 comprimidos) - 365,00
68
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

MEDICAMENTOS
Portaria governamental nº 703 de 12 de abril de 2002: Instituiu no SUS O Progra-
ma de Assistência aos Portadores de Doença de Alzheimer.

Portaria governamental nº 255 de 16 de abril de 2002: Dispensação gratuita dos


Inibidores da Colinesterase (Donepezila, Rivastigmina e Galantamina) pelo Ministério da
Saúde a partir da lista de medicamentos excepcionais.

Indicação terapêutica
DONEPEZILA RIVASTIGMINA GALANTAMINA MEMANTINA
SIM
SIM (Nível de SIM
FORMA LEVE (Nível de Evidência A) (Nível de
A MODERADA Evidência A) 3ª escolha Evidência A) NÃO
1ª escolha (Adesivo trans- 2ª escolha
dérmico pode
ser a 1ª esco-
lha)
SIM
FORMA Isolada ou
MODERADA combinada com
A NÃO NÃO NÃO 1 Inibidor da
GRAVE Colinesterase
(Nível de
Evidência A)
Tratamento dos sintomas neuropsiquiátricos (antipsicóticos)
Diminuição da agitação e dos sintomas psicóticos
A resposta terapêutica e os benefícios alcançados devem ser constantemente avaliados
com relação aos riscos potenciais

Tipos:
ANTIPSICÓTICOS de 1° geração (TÍPICOS)
Bloqueio pós-sináptico dos receptores D2 da dopamina (controle dos sintomas positivos)
Bloqueio pós-sináptico dos receptores muscarínicos M1, histamínicos H1 e alfa-1 periféri-
co
Maior risco de efeitos colaterais e menor tolerância
Bloqueio dos receptores dopaminérgicos D1: sintomas extrapiramidais
69
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Bloqueio dos receptores muscarínicos M1: visão turva, boca seca, constipação
Bloqueio dos receptores histamínicos H1: ganho de peso, sonolência
Bloqueio dos receptores alfa-1-adrenérgicos; hipotensão ortostática

ANTIPSICÓTICOS de 2° geração (ATÍPICOS)


Bloqueio pós-sináptico dos receptores D2 da dopamina (controle dos sintomas positivos)
Bloqueio pós-sináptico do receptor da serotonina (5HT2A) controle dos sintomas negati-
vos
Menor risco de efeitos colaterais e maior tolerância
Eficácia mais ampla (controlam sintomas positivos e negativos)/ Efeitos colaterais: ganho
de peso/ Exemplos: risperidona, quetiapina, olanzapina, clozapina e aripiprazol.

RISPERIDONA
Apresentação: comprimido 0,24mg, 1mg, 2mg, 3mg; Sus oral 1mg/ml
Dose terapêutica: 1-2 mg/dia Posologia: iniciar com 0,25mg 2x ao dia e aumentar a dose
com intervalo mínimo de 2 dias até 1mg 2x ao dia

QUETIAPINA
Apresentação: comprimido 25mg, 100mg e 200mg
Dose terapêutica: 25-300mg/dia Posologia: iniciar com 25mg 1x ao dia e aumentar 25mg
a dose com intervalo mínimo de 2 dias até a dose eficaz.

ANTIPSICÓTI- INIBIDORES MEMANTINA BENZODIAZE-


COS DA COLINES- PINICOS
TERASE
SIM NÃO NÃO NÃO
SINTOMAS (Nível de
PSICÓTICOS Evidência B)
1ª escolha
SIM NÃO NÃO SIM
AGITAÇÃO E (Nível de (Nível de
AGRESSIVIDADE Evidência A) Evidência C)
1ª escolha
NÃO SIM SIM SIM
DEPRESSÃO, (Nível de (Nível de Ansiedade
ANSIEDADE E Evidência A) Evidência B) (Nível de
APATIA Evidência C)
70
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Em resumo:

A demência tem assumido maior importância como problema de saúde pública devido ao
aumento da população envelhecida em todo o mundo, particularmente na faixa etária
acima dos 80 anos. Por ser um processo geralmente irreversível e para o qual não há
perspectiva de intervenção medicamentosa nem indicação de institucionalização, é funda-
mental que a família e a comunidade aprendam a conviver e lidar com uma realidade ca-
da vez mais comum: a existência de pessoas em processo demencial.

Hoje, a demência é reconhecida como uma síndrome caracterizada por deterioração inte-
lectual que ocorre em adultos e é tão severa que interfere no desempenho social da pes-
soa. Ocorrem alterações cognitivas que incluem distúrbios de memória, linguagem, per-
cepção, práxis, habilidade de desempenhar o autocuidado, capacidade de solucionar pro-
blemas da vida cotidiana, pensamento abstrato e capacidade de fazer julgamentos

As demências reversíveis podem ser causadas pelos seguintes fatores: depressão, qua-
dros endócrinos (hipotireoidismo ou hipertireoidismo, dentre outros), má nutrição, defici-
ências vitamínicas (B12, ácido fólico, tiamina), anemia, desidratação, uso indevido de
medicações, hidrocefalia normotensiva, infecções e tumores cerebrais. Ao se tratar a
questão originária, os sintomas demenciais habitualmente desaparecem.

As demências irreversíveis são caracterizadas por processos degenerativos do cérebro.


Fazem parte deste grupo a doença de Alzheimer, doença vascular, doença de Creutzfeldt-
Jakob, doença de Huntington, doença de Pick, doença de Parkinson, demência associada
à AIDS e demência decorrente de traumatismo craniano.

A dinâmica da atenção ao idoso que vive um processo de demência tem toda uma estru-
tura específica que difere da assistência ao idoso sem comprometimento cognitivo. Viven-
ciar um processo que apresenta um curso de deterioração progressiva pode ter efeitos
devastadores nas pessoas afetadas e em seus familiares.

O idoso e sua família necessitam de uma rede de apoio ampla, que inclui desde o acom-
panhamento ambulatorial da pessoa doente até o suporte estratégico, emocional e insti-
tucional para quem cuida.

71
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Epidemiologia:
Prevalência de depressão na população idosa geral: 4,8 a 14,6%
Prevalência de depressão na população idosa institucionalizada: 22%
Prevalência de sintomas depressivos na população idosa geral:
Maioria de 75 anos: 17,1%
Maiores de 85% anos: 20% a 25%
Neurotransmissor envolvidos
Maiores de 90 anos: 30 a 50% na depressão:

Etiologia: SEROTONINA
Fatores genéticos DOPAMINA
NORADRENALINA
Fatores biológicos
Fatores ambientais *entender a clinica de cada um,
para tratar de forma coerente.
Fisiopatologia:

Depressão: Diminuição de neurotrans-


missores

Medicação: aumentar a quantidade de


neurotransmissores

Fatores de risco:
 Acidente vascular encefálico
 Suporte social
 Nível escolar
 Sexo Sexo feminino tem maior
 Estado civil tendencia a depressão
 Fármacos
 Nível social e econômico
 Viuvez
 Alcoolismo
72
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Diagnóstico: ANAMENSE + AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA

Anamnese
História psiquiátrica previa
**Historia psiquiátrica familiar
Uso de medicamentos
Capacidade funcional
Atividades sociais
Suporte social

Avaliação geriátrica ampla


Estado mental
Capacidade funcional
Cognição

DEPRESSÃO SUBSINDRÔMICA
Presença de dois ou mais sintomas depressivos na maior parte do tempo, durante, pelo
menos, 2 semanas, em indivíduos que não preenchem critérios para depressão maior,
distimia ou outros transtornos de humor.

Critérios diagnósticos DSM-5


Manual de diagnostico e estatístico de transtornos mentais (DSM).
Atualmente na 5° edição.

Sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento


social, ocupacional ou em outras áreas importantes do indivíduo.

Sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância ou outra
condição médica.

Sintomas não são mais bem explicados por algum transtorno psicótico.

Não houve nenhum episódio de mania ou hipomania anterior.

73
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Cinco ou mais dos sintomas seguintes presentes por pelo menos 2 semanas;
Pelo menos um dos sintomas é humor deprimido ou anedonia;
1) Humor deprimido na maioria dos dias, quase todos os dias: tristeza, vazio ou falta de
esperança; melancolia (CRITÉRIO MAIOR)
2) Anedonia: acentuada diminuição do prazer ou desinteresse em todas ou quase todas
as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias; (CRITÉRIO MAIOR)
3) Perda ou ganho de peso acentuado sem estar em dieta; ou aumento ou diminuição
do apetite quase todos os dias;
4) Insônia ou hipersonia quase todos os dias;
5) Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias;
6) Fadiga e perda de energia quase todos os dias;
7) Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada quase todos os dias;
8) Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se; indecisão, quase todos os dias;
9) Pensamentos de morte recorrentes; ideação suicida recorrente sem um plano especí-
fico; ou plano específico de cometer suicídio; ou tentativa de suicídio. (DEPRESSÃO
GRAVE)

Diagnóstico diferencial:

ANTECEDENTES DEPRESSÃO DEMÊNCIA


História pessoal de depressão Mais comum Ausente
História familiar de depressão Mais comum Ausente
Início Mais preciso Pouco preciso
Progressão Rápida Lenta
Queixas Negativistas, enfatiza as Nega déficits
queixas cognitivas e
motoras
Discurso Coerente Mais falhas
Orientação Poucas queixas Dificuldade de localização
Desempenho funcional Eventualmente compro- Comprometimento das
metimento das AIVD AIVD
74
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

AVALIAÇÃO CLÍNICA DEPRESSÃO DEMÊNCIA


Postura durante o exame Pouco colaborativa Colaborativa
Comprometimento de me- Desempenho similar para Memória recente mais com-
mória memória recente e remota prometida
Desempenho em testes Pouco comprometido Comprometido
cognitivos
Presença de afasia, apraxia Ausente Presente
e agnosia
TRATAMENTO
Resposta ao uso de Boa Não há melhora dos sinto-
antidepressivo mas

TRATAMENTO
Objetivos:
Diminuição dos sintomas
Prevenção de recaídas
Prevenção da piora de outras patologias presentes
Prevenção da mortalidade por suicídio ou por outras causas associadas
Melhora da cognição
Melhora da capacidade funcional

Tratamento não-farmacológico
 Psicoterapia
 Eletroconvulsoterapia (ECT)
Indicação:
Contraindicação ao uso de antidepressivos
Sem resposta ao antidepressivos
Risco de suicídio ou homicídio
Contraindicação: história recente de AVE (6 meses) e IAM (3 meses)

Tratamento farmacológico
• Escolha do antidepressivo:
Sintomas clínicos associados à redução da disponibilidade do neurotransmissor
75
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

• Presença de efeitos colaterais


• Perfil de inibição de neurotransmissores por antidepressivos
Inicio com doses baixas, aumentando aos poucos, até alcançar a dose terapêutica
Inicio da ação terapêutica pode demorar de 8 a 12 semanas para todos os antidepressi-
vos, mas os efeitos colaterais podem surgir precocemente.

Sintomas clínicos associados a redução da disponibilidade do neurotransmissor:

SEROTONINA NOREPINEFRINA DOPAMINA


HUMOR HUMOR HUMOR
ANSIEDADE ANSIEDADE DÉFICIT DE ATENÇÃO
PÂNICO FADIGA DESMOTIVAÇÃO
FOBIA APATIA PERDA DE PRAZER
OBSESSÕES RETARDO PSICOMOTOR
COMPULSÕES DÉFICIT DE ATENÇÃO
BULIMIA REDUÇÃO DA CONCENTRAÇÃO
LENTIDÃO COGNITIVA

PERFIL DE INIBIÇÃO

EFEITOS COLATERAIS

76
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

FÁRMACOS
Antagonistas e IRS, IRND, ADT, IRSN, ISRS, antagonistas alfa-2-sn

INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA

Mecanismo de ação:
Bloqueio potente da recaptação de serotonina
Bloqueio discreto ou nenhum da recaptação de noradrenalina e
dopamina

Efeitos colaterais:

LOCAL RESULTADO
CÓRTEX LÍMBICO Agitação, ansiedade e indução de ataque do pânico
NÚCLEOS DA BASE Acatisia, alentecimento psicomotor, parkinsonismo leve
e movimentos distônicos
CENTROS DO SONO DO Mioclono à noite, alteração do sono de ondas lentas e
TRONCO CEREBRAL despertar noturno
MEDULA Inibição do reflexo do orgasmo e da ejaculação
CENTROS MESOCORTICAIS Apatia e redução da libido
DO PRAZER
HIPOTÁLAMO Náuseas
TRONCO CEREBRAL Vômitos, cólica abdominal e diarreia

Exemplos: CITALOPRAM, ESCITALOPRAM, SERTEALINA, FLUOXETINA, PAROXETINA.

CITALOPRAM/ ESCITALOPRAM/ SERTRALINA


Primeira escolha no tratamento de depressão em idosos
Primeira escolha de uso em pacientes com depressão associada a doenças cerebrais, co-
mo, por exemplo, na doença de Alzheimer
Mais seletivos para a recaptação de serotonina
Poucos efeitos colaterais
Meia vida curta
Praticamente não inibe enzimas hepáticas
77
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

CITALOPRAM
Apresentação: Citalopram: comprimido de 20 mg.
Procimax: comprimido de 20 mg e 40 mg.
Dose terapêutica: 10 - 20 mg/dia.
Posologia: Dose única diária.
Iniciar com 10 mg (meio comprimido) 1x/dia e, após 4 semanas, aumentar para 20 mg
1x/dia, se houver necessidade.

ESCITALOPRAM
Apresentação: Comprimido de 10 mg, 15 mg e 20 mg; Gotas 20 mg/ml.
Dose terapêutica: 5 - 10 mg/dia.
Posologia: Dose única diária.
Iniciar com 5 mg (meio comprimido ou 5 gotas) 1x/dia e, após 4 semanas, aumentar pa-
ra 10 mg ( 1 comprimido ou 10 gotas) 1x/dia, se houver necessidade.

SERTRALINA
Apresentação:
Sertralina: comprimido de 25 mg, 50 mg e 100 mg.
Tolrest: comprimido de 75 mg.
Dose terapêutica: 25 a 150 mg/dia.
Posologia: Dose única diária.
Iniciar com 25 mg 1x/dia e, após 4 semanas, aumentar para 50 mg 1x/dia, e fazendo in-
crementos de 25 mg até alcançar a dose terapêutica, se necessário.

FLUOXETINA
Deve ser evitada em idosos
Meia-vida longa (15 dias)
Inibe as enzimas hepáticas
Maior interação medicamentosa (antipsicóticos, anticonvulsivantes, antiarrítmicos, digoxi-
na..)

PAROXETINA
Deve ser evitada em idosos
Inibe as enzimas hepáticas
Maior interação medicamentosa
Maior potencial de efeitos colaterais (sintomas anticolinérgicos, sedação e ganho de peso)
78
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

INIBIDORES SELETIVOS DE RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA E NORADRENALINA

Mecanismo de ação:
Bloqueio da recaptação de serotonina e noradrenalina
Bloqueio discreto ou nenhum da recaptação de dopamina

Exemplos: DULOXETINA, VENLAFAXINA, DESVENLAFAXINA

DULOXETINA
Primeira escolha no tratamento de depressão em idosos com sintomas relacionados com
a falta de disponibilidade de noradrenalina (fadiga, apatia, retardo psicomotor, déficit de
atenção e concentração e lentidão cognitiva)
Primeira escolha no tratamento de depressão em idosos com dor cronica
Bem tolerada
Poucos efeitos colaterais (insônia e agitação)

Apresentação: Comprimido de 30 mg e 60 mg.


Dose terapêutica: 30 a 60 mg/dia.
Posologia: Dose única diária.
Iniciar com 30 mg 1x/dia e, após 4 semanas, aumentar para 60 mg 1x/dia, se necessá-
rio.

DESVENLAFAXINA
Primeira escolha no tratamento de depressão em idosos com sintomas relacionados com
a falta de disponibilidade de noradrenalina (fadiga, apatia, retardo psicomotor, déficit de
atenção e concentração e lentidão cognitiva)
Bem tolerada
Poucos efeitos colaterais (insônia, agitação e hipotensão ortostática)

Apresentação: Comprimido de 50 mg e 100 mg.


Dose terapêutica: 50 a 200 mg/dia.
Posologia: Dose única diária.
Iniciar com 50 mg 1x/dia e, após 4 semanas, aumentar para 100 mg 1x/dia, e fazendo
incrementos de 50 mg até alcançar a dose terapêutica, se necessário.

79
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

VENLAFAXINA
Inibição da recaptação da serotonina é a mais potente, presente mesmo nas doses bai-
xas, enquanto a da noradrenalina só acontece em doses mais altas
Inibição a recaptação da dopamina em doses mais altas
Doses mais altas aumentam a possibilidade de efeitos colaterais como a hipertensão arte-
rial e efeitos anticolinérgicos

INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE NORADRENALINA E DOPAMINA

Mecanismo de ação:
Bloqueio da recaptação de noradrenalina e dopamina
Bloqueio nenhum da recaptação de serotonina

Exemplos: BUPROPRIONA

Bupropiona
Primeira escolha no tratamento de depressão em idosos que não toleram os efeitos sero-
toninérgicos ou que não respondem ao aumento da dose dos ISRS/IRND ou nos portado-
res de doença de Parkinson;
Poucos efeitos colaterais (insônia e agitação)

Apresentação: Comprimido de 150 mg.


Bupium XL: comprimido de 150 mg e 300 mg.
Dose terapêutica: 150 a 300 mg/dia.
Posologia: Dose única diária ou em duas tomadas por dia;
Iniciar com 150 mg 1x/dia e, após 4 semanas, aumentar para 150 mg 2x/dia ou 300 mg
1x/dia, se necessário.

ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS

Mecanismo de ação:
Bloqueio da bomba de recaptação de serotonina, noradrenalina e dopamina (em menor
grau)

80
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Efeitos colaterais
• Bloqueio dos receptores colinérgicos muscarínicos
Diminuição da memoria, visão turva
Boca seca, constipação e retenção urinaria
• Bloqueio dos receptores de histamina H1
Sonolência e ganho ponderal
• Bloqueio dos receptores adrenérgicos alfa-1
Tontura e hipotensão ortostática
• Bloqueio dos canais de cálcio no coração e cérebro
Arritmias, parada cardíaca e convulsões na superdosagem

Exemplos: AMITRIPTILINA, NORTRIPTILINA, CLOMIPRAMINA, IMIPRAMINA

Nortriptilina
Antidepressivo tricíclico mais indicado em idoso
Melhor perfil de efeitos colaterais

Apresentação: Comprimido de 25 mg, 50 mg e 75 mg;


Pamelor: comprimido de 10 mg.
Dose terapêutica: 10 a 150 mg/dia.
Posologia: Dose única diária ou 2 a 3x ao dia;
Iniciar com 10 mg 1x/dia e, após 4 semanas, aumentar para 25 mg 1x/dia, e fazendo in-
crementos de 25 mg até alcançar a dose terapêutica, se necessário.

ANTAGONISTAS ALFA-2 SEROTONINÉRGICA E NORADRENÉRGICA

Mecanismo de ação:
Ação antagônica sobre os receptores alfa-2 pré-sinápticos dos neurônios serotoninérgicos
e noradrenérgicos
Estimulação dos receptores alfa-1 pós-sinápticos dos neurônios noradrenérgicos
Ação antagônica sobre os receptores histamínicos

Indicação: depressão em idosos com insônia e perda de peso


Muitos efeitos colaterais (sedação e ganho de peso)
Exemplos: MIRTAZAPINA
81
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

ANTAGONISTAS SOBRE RECEPTORES DE SEROTONINA E INIBIÇÃO DA


RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA

Mecanismo de ação:
Bloqueio dos receptores pré-sinápticos serotoninérgicos
Bloqueio da recaptação de serotonina
Bloqueio dos receptores histamínicos

Efeito limitado como antidepressivo

Indicação: insônia
Muitos efeitos colaterais (sedação, ganho de peso e priapismo)

Exemplo: TRAZADONA

INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS

INDICAÇÃO FÁRMACO
Primeira escolha no tratamento de Depressão CITALOPRAM
ESCITALOPRAM
SERTRALINA
Primeira escolha de uso em pacientes com Depressão associada CITALOPRAM
a doenças cerebrais, como, por exemplo, na Doença de Alzhei- ESCITALOPRAM
mer SERTRALINA

Primeira escolha no tratamento de Depressão em idosos com DULOXETINA


sintomas relacionados com a falta de disponibilidade de nora- DESVENLAFAXINA
drenalina
Primeira escolha no tratamento de Depressão em idosos com DULOXETINA
dor crônica

Primeira escolha no tratamento de Depressão em idosos que


não toleram os efeitos serotoninérgicos ou que não respondem BUPROPIONA
ao aumento da dose dos ISRS/IRND ou nos portadores de do-
ença de Parkinson

82
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Em resumo:

A depressão na população idosa é comum, recorrente e frequentemente subdiagnosticada


e sub-tratada, principalmente ao nível dos cuidados de saúde primários. Prevê que as
consequências na saúde pública do sub-tratamento da depressão no idoso irão aumentar,
dado o envelhecimento crescente da população.

Os fatores associados a maior risco de desenvolvimento de depressão incluem: género


feminino; isolamento social; viuvez/divórcio; baixas condições socioeconómicas; comorbi-
lidades; dor não controlada; insónia; insuficiência funcional; disfunção cognitiva; alguns
fármacos; tentativas de suicídio anteriores e história familiar de depressão major. No en-
tanto, os pacientes que tenham tido o primeiro episódio de depressão com mais de 65
anos têm menor probabilidade de ter história familiar de depressão que aqueles cujos
episódios surgiram em faixas etárias mais baixas.

Dado os altos custos pessoais e públicos da depressão nas populações idosas, em maior
escala nos países industrializados, a prevenção e o tratamento da depressão no idoso re-
vestem-se por isso, de extrema importância no âmbito da saúde pública.

Para o diagnóstico de depressão maior ser feito, segundo DSM-V e o CID-10, é necessá-
ria a presença de humor depressivo e perda de interesse/prazer em quase todas as ativi-
dades. A depressão maior no idoso encontra-se geralmente associada a alterações cogni-
tivas e corporais. Estas últimas incluem, hipercortisolemia, aumento da gordura abdomi-
nal, diminuição da densidade mineral óssea e aumento do risco de diabetes mellitus tipo
2 e hipertensão arterial. Idosos sem demência e com depressão major, frequentemente
evidenciam dificuldade de concentração, de processamento mental e da execução de fun-
ções. Estes défices apresentam alguma melhoria após a remissão da depressão mas ge-
ralmente, não melhoram por completo.

O tratamento psicofarmacológico da depressão no idoso depende essencialmente do perfil


de tolerabilidade do paciente em relação aos antidepressivos (Forlenza, 2000). Os ISRS
(inibidores seletivos da recaptação de serotonina) constituem a primeira escolha, sobre-
tudo, citalopram e sertralina. Dentre os medicamentos desta categoria, estes dois têm
sido os mais estudados na população idosa. Paroxetina e fluoxetina, além de outros me-
nos comuns em idosos, como venlafaxina, também têm sido prescritos. Em geral, os an-
tidepressivos tricíclicos não constituem a primeira escolha para pacientes idosos devido
aos efeitos adversos, principalmente anticolinérgicos.

83
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Quando necessário prescrever medicamento dessa classe, recomenda-se a nortriptilina,


iniciando-se com baixas doses e com elevação cautelosa das mesmas. Deve-se ter aten-
ção para os efeitos adversos dos medicamentos prescritos e para o risco de interação
medicamentosa. Devido à presença de várias enfermidades que comumente acometem
os idosos, eles tendem a fazer uso de vários medicamentos, com risco elevado de intera-
ção medicamentosa com potencialização de efeitos adversos. Especialmente, deve-se evi-
tar drogas que produzam ou potencializem efeitos anticolinérgicos, hipotensão postural,
distúrbios do sistema de condução cardíaca e delirium. A associação do tratamento psico-
farmacológico com psicoterapia tem demonstrado bons resultados.

A depressão é uma condição clínica de grande relevância em idosos pois aumenta a mor-
bimortalidade, impacta negativamente a capacidade funcional e a qualidade de vida des-
tes indivíduos.

Deve ser investigada de maneira rotineira, pois é uma condição muito prevalente e tratá-
vel; a melhora dos sintomas e a remissão completa do quadro são possíveis e deve ser
perseguida.

Os profissionais da saúde que lidam com este grupo etário devem ficar atentos aos sinto-
mas depressivos mascarados, como dores inespecíficas, adinamia, insônia, perda de peso
sem causa óbvia e queixas subjetivas de perda da memória, evitando imputar estas quei-
xas ao envelhecimento fisiológico sem doenças associadas.

84
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Definição: Síndrome progressiva, dinâmica, geralmente crônica e caracterizada pelo au-


mento da vulnerabilidade do idoso quando exposto a um estressor, podendo levar ao
comprometimento funcional e/ou a mortalidade

Epidemiologia:
Alta prevalência entre os idosos com idade igual ou superior a 85 anos;
43% dos idosos com risco de fragilização tornam-se frágeis num período de 18 meses.

Fatores de risco:
• Desnutrição crônica
DISFUNÇÃO DOS 3 SISTEMAS
Anorexia do envelhecimento (processo fisiológico) Leva a condição do idoso fragilizado:
Problema dentário
Depressão (alteração do apetite)
Demência (Alzheimer) *Síndrome da Imobilidade
Hospitalização

• Redução da atividade física


Envelhecimento muscular e ósseo
Demência
Depressão Histamina -> benzo, antidepressivo tricíclicos
Medicação (sedativos)/ Polifarmácia *IATROGENIA
Quedas
Incapacidade física

Fisiopatologia:

- Sistema musculo esquelético

SARCOPENIA
Presença de diminuição da massa muscular associada
a baixa função muscular (desempenho e/ou força
muscular reduzidos)

Consequências:
Diminuição da tolerância ao exercício;
Diminuição da capacidade de desempenhar muitas
atividades de vida diária;
Aumento da resistência a insulina;

Perda de massa muscular já começa com 35 anos.

85
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Catabolismo muscular: destruição da fibra muscu-


lar para obter energia. *perda de massa muscular
Estimulam os osteoclastos
- Sistema imunológico

- Sistema neuroendócrino

Classificação etiológica
PRIMÁRIA SECUNDÁRIA
Mudanças relacionadas com o Mudanças relacionadas com o
envelhecimento fisiológico envelhecimento patológico

Manifestações clínicas
CRITÉRIOS: Perda de peso, Exaustão, Baixo nível de atividade física, Fraqueza muscular,
Lentidão motora
86
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

SINTOMAS:
Anamnese: Perda de peso, Exaustão, Baixo nível de
atividade física;
Critérios diagnósticos: Exame físico: Fraqueza muscular, Lentidão motora;

CLASSIFICAÇÃO SINTOMAS
IDOSO ROBUSTO Nenhum dos sintomas
IDOSO PRÉ-FRÁGIL Presença de um ou dois sintomas
IDOSO FRÁGIL Presença de três ou mais sintomas

• Cerca de 43% dos idosos pré-frágeis evoluem para a Síndrome de Fragilidade num
período de 18 meses.

ANAMNESE + AVALIAÇÃO GERIÁTRIA AMPLA + EXAMES COMPLEMENTARES

Anamnese: SEMPRE PEDIR SOBRE OS MEDICAMENTOS!!!

FRAGILIDADE PRIMÁRIA FRAGILIDADE SECUNDÁRIA


• Condições que podem exacerbar o • Causas secundárias:
envelhecimento: Câncer
Iatrogenia Diabetes
Hospitalização ICC
Cirurgia Demência
• Sintomas Depressão
• Atividades de vida diária: (convívio soci- • Sintomas
al? *autonomia/independência) • Atividades de vida diária

Avaliação geriátrica ampla:

• PERDA DE PESO
Autorrelato da perda de peso não intencional
(4,5 kg ou mais no ultimo ano ou pelo menos 5% do peso corporal)
- Métodos antropométricos

• FRAQUEZA MUSCULAR
- Teste de força de preensão palmar
Interpretação:
Normal: Mulheres >/= 20kg; Homens >= 30kg

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

• EXAUSTÃO
Autorrelato de fadiga

Questionário: Center for Epidemiological Studies Depression


• Você sentiu que teve que fazer esforço para dar conta das suas tarefas habituais?
• Você não conseguiu levantar adiante as suas coisas?
Se o idoso respondeu na maioria das vezes e/ou sempre para uma das duas questões foi
considerado como critério de fragilidade

• LENTIDÃO MOTORA
Avaliação do desempenho muscular

Timed Get Up and Go


Resultados:
1) Até 10 segundos: normal
2) Entre 11 e 20 segundos: baixo risco de quedas
3) Entre 21 e 29 segundos: moderado risco de quedas
4) Maior ou igual a 30 segundos: alto risco de quedas

Teste de Velocidade de marcha


Resultados:
1) Baixo risco de queda: VM > 1,0 m/s
2) Moderado risco de queda: VM entre 0,7 e 1,0m/s
3) Alto risco de queda: VM < 0,7 m/s

• BAIXO NIVEL DE ATIVIDADE FÍSICA


Indivíduos que realizam menos de 150 minutos por semana em atividades físicas mode-
radas

• SARCOPENIA
Avaliação da massa muscular
- Circunferência da panturrilha - Teste de velocidade de marcha
- Bioimpedância - Teste de força de preensão palmar
- Densitometria corporal total - Timed Get Up and Go

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

- ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA

Atividades básicas de vida diária Atividades instrumentais de vida diária


- Índice de Barthel - Questionário de Pfeffer
- Escala de Katz - Escala de Lawton

Exames complementares
As evidencias ainda não são claras quanto a sua utilização de exames complementares
para o diagnostico da síndrome de fragilidade.
- Dosagem de hormônios, estradiol, estriol, estrona

Complicações
Incapacidade funcional/cognitiva/comunicativa
Síndrome de imobilidade
Incontinência esfincteriana
Instabilidade postural
Hospitalização
Institucionalização
Morte

Classificação
clínico-funcional

Tratamento
SARCOPENIA
• Suplementação alimentar (nutricionista)
• Pratica de exercícios físicos regulares (educador físico e fisioterapeuta)

DIMINUIÇÃO DE HORMÔNIOS
• Terapia de reposição hormonal nas mulheres
• Terapia de reposição hormonal nos homens não tem eficácia comprovada

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Em resumo:

O cuidado aos idosos merece cada vez mais atenção no âmbito da atenção primária pois
é crescente o tamanho da população geriátrica no país devido ao aumento da expectativa
de vida do brasileiro. Para além da abordagem integral e humanizada esperada do médi-
co, é necessário lembrar que essa população tem algumas situações especiais que preci-
sam ser rastreadas e investigadas, dentre elas a sua fragilidade multidimensional, visto
sua importância na predição do desfecho do paciente.

Não há consenso na literatura quanto à definição do que seria a fragilidade do idoso po-
rém, de maneira geral, o idoso frágil é aquele que apresenta maior vulnerabilidade sendo
mais suscetível a eventos deletérios como quedas, hospitalizações, descompensação de
doenças de base e óbito. Sendo assim, estes pacientes devem ser identificados e priori-
zados nas ações das suas equipes de saúde da família.

A ferramenta mais difundida e utilizada nessa avaliação pela atenção secundária é a Ava-
liação Geriátrica Ampla (AGA), porém sua aplicação demora de 60 a 90 minutos, o que a
torna inviável e pouco custo-efetiva no cenário da atenção primária. Pensando nisso, o
Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional-20 (IVCF-20) foi criado.

Recomenda-se que, após essa avaliação inicial, os idosos com moderado ou alto risco de
vulnerabilidade sejam submetidos à AGA e que as ações de saúde da equipe de atenção
primária, juntamente com o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) sejam voltados
para as especificidades dessa população mais vulnerável. Em casos de maior risco tam-
bém é importante o acompanhamento conjunto com a atenção secundária.

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Sinônimos: ‘’Estado Confusional Agudo’’, ‘’Confusão Mental Aguda’’ AGUDO!!!

Definição: Síndrome cerebral orgânica sem etiologia específica caracterizada pela pre-
sença de perturbações da consciência, da atenção, da percepção, do pensamento, da me-
mória, do comportamento psicomotor, das emoções e do ritmo sono-vigília.

Epidemiologia:
Prevalência: população idosa geral: 1 a 2%
População idosa em serviços de urgência até 40%
População idosa em unidade de terapia intensiva 70-87%
Condição subdiagnosticada: 36-67%

Etiologia:
CONDIÇÃO CAUSAS
Álcool, Hipnóticos/sedativos
SUBSTÂNCIAS Antidepressivos
(12 a 39% dos casos) Antiparkinsonianos
Corticoides, Digitálicos
Bloqueadores H2
INFECÇÕES Meningite, Pneumonia, Pielonefrite e
Septicemia
DOENÇAS CARDÍACAS Arritmias, ICC e IAM
DISTÚRBIOS METABÓLICOS Hipercalcemia, Hipoglicemia, Hipergli-
cemia, Insuficiência Hepática e Renal
TRANSTORNOS DO SNC Epilepsia e Doenças Vasculares
NEOPLASIAS Tumores Primários e Metástases
TRAUMATISMOS Anestesia, Queimaduras, Fraturas e
Cirurgia
MUDANÇA DE AMBIENTE Hospitalização

Fatores de risco: déficit cognitivo prévio, depressão, alcoolismo, AVC, estresse psicológi-
co, polifarmácia, idade acima de 75 anos, restrição física, má alimentação...
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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Fisiopatologia:
TEORIA NEUROQUÍMICA: TEORIA NEUROINFLAMATÓRIA:
Diminuição da acetilcolina Aumento de mediadores inflamatórios como as
Diminuição da histamina citocinas.
Diminuição ou aumento da serotonina
Aumento da dopamina
Aumento do GABA
Aumento do cortisol

Diagnóstico:
Anamnese + Exame físico + Avaliação geriátrica ampla + exames complementares

ANAMNESE:
Lista de medicamentos
Uso de álcool
Condições clinicas ou cirúrgicas prévias
Manifestações clínicas

EXAME FÍSICO:
De acordo com a suspeita etiológica

AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA:


Confusion Assessment Method (CAM)

EXAMES COMPLEMENTARES:
Hemograma e exames bioquímicos
Rotina de urina
Culturas
Exame de tireoide e exame de liquor
Raio-x de tórax
EEG
Tomografia computadorizada de crânio

Manifestações clínicas:
GERAL: inicio rápido ou insidioso, curso flutuante.

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Sintomas prodrômicos:
Irritabilidade
Insônia
Pesadelos
Alucinações transitórias

ALTERAÇÃO MANIFESTAÇÃO
MEMÓRIA E CONSCIÊNCIA
PENSAMENTO Vago e fragmentado, lento ou acelerado,
coerente ou sem lógica
PERCEPÇÃO Alucinações visuais (40 a 75%) ou auditi-
vas
ORIENTAÇÃO Desorientação temporoespacial
LINGUAGEM Disnomias e disgrafias
ATENÇÃO Dificuldade de manter a atenção na mu-
dança de estímulo
RITMO SONO-VIGÍLIA Sono noturno reduzido e fragmentado

COMPORTAMENTO Hiperatividade: raiva, ansiedade, euforia e


PSICOMOTOR sintomas autônomos (taquicardia, sudore-
se e rubor facial)
Hipoatividade: apatia, lentidão e insônia

Critérios diagnósticos (DSM V)


 Distúrbios da atenção e da consciência
 Mudança na cognição: déficit e memoria, desorientação, distúrbio de linguagem e da
percepção que não é melhor explicada por uma demência
 Distúrbio desenvolve-se após curto período de tempo (em geral horas a dias) e tende
a flutuar durante o dia
 Evidencia por meio da história, exame físico ou achados laboratoriais de que o distúr-
bio seja causado por consequências fisiológicas diretas de uma condição medica geral,
uma substancia intoxicante, uso de medicamentos ou amis de uma causa.

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Diagnóstico diferencial:

CARACTERÍSTICAS Delirium Demência Depressão


INÍCIO Súbito Insidioso Frequentemente
recente
CURSO NAS 24H Flutuante Estável Sintomas diurnos e
piora pela manhã
CONSCIÊNCIA Reduzida Clara Clara
ATENÇÃO Desordenada Normal, exceto na Prejuízo mínimo
fase intermediária e
avançada
COGNIÇÃO Globalmente Globalmente preju- Memória prejudica-
prejudicada dicada da e pensamentos
negativos
ORIENTAÇÃO Frequentemente Frequentemente Seletivamente pre-
prejudicada prejudicada judicada
ALUCINAÇÕES Frequentemente Frequentemente au- Ausentes, somente
visuais ou visuais e sentes em casos graves
auditivas
DELÍRIOS Fugazes Frequentemente au- Ausentes, somente
sentes em casos graves
LINGUAGEM Incoerente, lenta Dificuldade em en- Normal
ou rápida contrar palavras

Tratamento:
Objetivos: correção da causa básica, redução dos sintomas.
Tipos: tratamento de suporte e sintomático.

SUPORTE:
Correção de condições frequentes como a imobilidade
Imobilidade: desidratação, desequilíbrio hidroeletrolítico, desnutrição, ulceras de pressão.

SINTOMÁTICO:
Não farmacológico
Farmacológico
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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Tratamento não farmacológico


SUPORTE AMBIENTAL SUPORTE PSICOSSOCIAL
Ambiente hospitalar tranquilo, com janela no quarto e Apoio informar e formal
presença de algum estimulo sensorial Psicoterapia
Restrição ao leito deve ser evitada

Tratamento farmacológico
Indicações: delirium hiperativo, alteração da sensopercepção como as alucinações
Tipo: antipsicótico (primeira geração—típicos) (segunda geração-atípicos)

TÍPICOS (1° geração)


Bloqueio pós-sináptico dos receptores D2 da dopamina (controle dos sintomas positivos)
Bloqueio pós-sináptico dos receptores muscarínicos M1, histamínicos H1 e alfa-1-
periférico

Maior risco de efeitos colaterais e menos tolerância

Bloqueio dos receptores dopaminérgicos D1: sintomas extrapiramidais


Bloqueio dos receptores muscarínicos M1: visão turva, boca seca, constipação
Bloqueio dos receptores histamínicos H1: ganho de peso, sonolência
Bloqueio dos receptores alfa-1-adrenérgicos: hipotensão ortostática

Exemplo: Haloperidol
Apresentação: comprimido 1 e 5mg, gotas 2mg/ml, IM 5mg/ml
Dose terapêutica: inciial (1-6 mg/dia) manutenção: 1-2 mg/dia
Posologia: inciar com 0,5mg 2x ao dia e aumentar a dose com intervalo mínimo de 2 dias
para 0,5 mg 3x ao dia, até a dose máxima de 2mg 3x ao dia.
IM, observar 30 a 60 minutos e repetir se necessário.

ATÍPICOS (2° geração)


Bloqueio pós-sináptico dos receptores D2 da dopamina (controle dos sintomas positivo)
Bloqueio pós-sináptico do receptor da serotonina (5H52A) (controle dos sintomas negati-
vos)

Menor risco de efeitos colaterais e maior tolerância

Eficácia mais ampla (controlam sintomas positivos e negativos)


Efeitos colaterais: ganho de peso

Exemplos: risperidona, queatiapina, olanzapina, clozapina e aripiprazol.


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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Exemplos:
Quetiapina
Apresentação: comprimido 25mg, 100mg e 200mg
Dose terapêutica: 25-300mg/dia
Posologia: iniciar com 25mg 1x ao dia e aumentar 25mg a dose com intervalo mínimo de
2 dias até a dose eficaz

Risperidona
Apresentação: comprimido 0,25mg, 1mg, 2mg e 3mg
Suspenção oral 1mg/ml
Dose terapêutica: 1-2mg/dia
Posologia: inicar com 0,25mg 2x ao dia e aumentar a dose com intervalo mínimo de 2
dias até 1mg 2x ao dia

Indicações: delirium secundário a abstinência alcoólica


Tipo: benzodiazepínicos

Benzodiazepínicos
Estimula os receptores gabaérgicos, aumentando a ação do acido gama-aminobutírico
(GABA)
Este neurotransmissor é o principal inibidor do sistema nervoso central
Exemplo: Lorazepam
Meia vida curta; apresentação: comprimido 1 e 2mg
Dose terapêutica: 0,5-4mg/dia
Posologia: inciar com 0,5 1x ao dia e aumentar 0,5mg a dose com intervalo mínimo de 2
dias, após incrementar 1mg até a dose eficaz.

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Em resumo:

Segundo a definição atual, o delirium é uma síndrome neurocomportamental, causada


pelo comprometimento transitório da atividade cerebral, invariavelmente secundário a
distúrbios sistêmicos. Pode ser comparado a uma síndrome de insuficiência cerebral agu-
da, decorrente da quebra da homeostase cerebral e da desorganização da atividade neu-
ral (Engel e Romano, 1959; Lipowski, 1990b).

Observam-se alterações da consciência e da atenção, déficits cognitivos específicos


(desorientação temporoespacial, comprometimento da memória, do pensamento e do juí-
zo), alterações da sensopercepção (alucinações ou ilusões visuais, auditivas etc.), pertur-
bações da psicomotricidade, do comportamento (apatia e agitação) e do humor. O início
é geralmente agudo, variando de algumas horas até poucos dias. O curso é flutuante ao
longo das 24 horas, freqüentemente acompanhado de alterações do ciclo sonovigília. Ca-
racteristicamente, o paciente em delirium apresenta sonolência diurna e agitação noturna
(American Psychiatric Association, 1994).

A fisiopatologia do delirium envolve múltiplos fatores que interagem nas redes neurais
para provocar uma disfunção aguda das funções cerebrais. Entre os fatores biológicos
propostos, destacam-se as alterações neuroinflamatórias e o desequilíbrio

Embora seja uma condição potencialmente reversível, o delirium tem duração muito vari-
ável e pode determinar sintomas persistentes. Em alguns casos o paciente nunca recupe-
ra o nível prévio de funcionamento cognitivo. Os familiares do paciente com delirium de-
vem ser informados de forma realista sobre a grande probabilidade de persistência de al-
guns sintomas no momento da alta e sobre o fato de que em alguns casos os sintomas
podem persistir por vários meses.

A principal medida para o delirium é a prevenção e a utilização de recursos não farmaco-


lógicos, como a presença de calendários e relógios nos quartos dos pacientes, utilização
de óculos e próteses auditivas, manter luminosidade durante o dia e ambiente escuro e
calmo durante a noite, organização de rotinas pela manhã, nutrição e hidratação adequa-
dos, mobilização precoce em pós operatórios, entre outros. No entanto, se for necessário
uso de medicação para redução da agitação (não há evidência de benefício de medicação
em delirium hipoativo), as drogas de escolha são os antipsicóticos, com destaque para
haloperidol, risperidona, Quetiapina e Olanzapina.
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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Cuidados paliativos
Definição: modalidade de assistência cujo foco principal é a pessoa e não a doença ou o
órgão comprometido

Novo conceito de cuidado paliativo:


Uma abordagem voltada para a qualidade de vida tanto dos pacientes quanto de seus fa-
miliares frente a problemas associados a doenças que põem em risco a vida. A atuação
busca a prevenção e o alivio do sofrimento, através do reconhecimento precoce, de uma
avaliação precisa e criteriosa e do tratamento da dor e de outros sintomas, e das deman-
das quer física, quer psicossocial ou espiritual.” (WHO, 2002)

Objetivo:
Aliviar o sofrimento
Melhorar a qualidade de vida

Indicação:
Qualquer pessoa que tenha ou esteja em risco de desenvolver uma doença que ameace a
vida,

Diretrizes:
 Promovem o alívio da dor e de outros sintomas que geram sofrimento;
 Reafirmam a vida e veem a morte como um processo natural;
 Não pretendem antecipar ou postergar a morte;
 Integram aspectos psicossociais e espirituais ao cuidado;
 Oferecem um sistema de suporte que auxilia o paciente a viver tão ativamente quanto
possível até a morte;
 Oferecem um sistema de suporte que auxilia a família e entes queridos a sentirem-se
amparados durante todo o processo de doença e no luto;
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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

 Utilizam os recursos de uma equipe multiprofissional para focar as necessidades dos


pacientes e seus familiares;
 Melhoram a qualidade de vida e influenciam positivamente o curso da doença;
 Devem ser iniciados o mais precocemente possível, junto a outras medidas de prolon-
gamento de vida como a quimioterapia e a radioterapia.

Tratamento
Vias de administração: menos invasiva
*Evitar a via intramuscular (dolorosa, absorção irregular dos fármacos)

Terminalidade

Evolução

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS + TRATAMENTO

DOR
Sintoma mais comum;
Dor constate exige tratamento regular
Opioide é a droga de escolha (Morfina é de administração segura).

Tratamento: analgésicos comuns, opioides

Opioides (coideína, tramadol, morfina)

CODEÍNA
Indicação: dor de intensidade moderada a grave
Apresentação: comprimido 30-60mg, ampola 30mg/ml (hipodermóclise)
Posologia: 15 a 60mg cada 4 ou 6 horas; dose máxima não deve passar de 360mg/dia
Efeitos colaterais: sedação, náuseas, vômitos, tontura e constipação

TRAMADOL
Indicação: dor de intensidade moderada a grave
Apresentação: comprimido 50 e 100mg, ampola 50mg/ml e 100mg/2ml (hipodermóclise)
Posologia: 50 a 100mg a cada 4 ou 6 horas; dose máxima não deve passar de 400mg/dia
Efeitos colaterais: sedação, náuseas, vômitos, tontura e constipação

MORFINA
Indicação: dor de intensidade moderada a grave
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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Apresentação: comprimido 10 e 30mg, ampola 10mg/ml (hipodermóclise)


Posologia: 5 a 30mg a cada 4 ou 6 horas; dose máxima não deve passar de 200mg/dia

DISPNEIA
Sintoma comum no fim da vida
Causa angustia ao paciente, família e equipe
Opioide é a droga de escolha

Tratamento não farmacológico: oxigenioterapia


Tratamento farmacológico: opioides

ANOREXIA
É muito frequente no fim da vida
Causa angustia familiar
A indicação de alimentação enteral deve ser bem avaliada no final da vida, pois sondas e
cateteres nasoentéricos ou gástricos causam desconforto.

Tratamento: refeições fracionadas, alimentação enteral, hidratação


Fracionar a refeição em pequenas quantidades a cada 3 horas e com aroma convidativo
Hidratação básica (nos idosos 20ml/kg/dia)

Alimentação enteral: uso de sonda nasogástrica; Uso de sonda


nasoentérica: indicada após 2 semanas de uso de sonda naso-
gástrica, pois é menos traumática.; Gastrostomia: indicada após
3 meses de uso de sonda nasoentérica pelo risco de complica-
ções.

NÁUSEAS
Muitos pacientes apresentam náuseas até o momento final, sem ter vômitos;
A causa mais frequente de náuseas no fim da vida é a constipação intestinal
Outras causas são alentecimento do esvaziamento gástrico (fisiológico na velhice), obs-
trução intestinal, efeito colateral do opioide, aumento da pressão intracraniana, gastrite,
ulcera péptica, hipercalcemia, uremia e efeitos colaterais dos fármacos em uso.

Tratamento: antieméticos; Ex: Ondansetrona


Apresentação: comprimido 4 e 8mg; ampola 4mg/2ml (hipodermóclise)
Posologia: 4 a 8mg a cada 8 ou 12 horas; dose máxima não deve passar de 16mg/dia
Efeitos colaterais: cefaleia..

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

CONSTIPAÇÃO
Costuma ser ignorada na fase final e a impactação fecal deve ser prevenida e tratada
A imobilização, a inatividade, o pouco alimento, a desidratação, o uso de medicamentos
como opioides e anticolinérgicos são causas frequentes
Fazer toque retal quando o paciente ficar constipado mais de 3 dias, pelo risco de fecalo-
ma.

Tratamento não farmacológico;

Tratamento farmacológico: laxantes


• Fibras naturais (tamarine fibras);
Apresentação: pó solúvel/ Posologia: 1 colher medida 1 a 2x/dia
• Plantago ovata
Planta medicinal; Mecanismo de ação: formação de bolo fecal; Apresentação: envelopes
Posologia: 1 envelope a cada 8 horas. Efeitos colaterais: flatulência..
• Óleo mineral;
Mecanismo de ação: emoliente; Apresentação: suspensão oral;
Posologia: 15ml (1 colher de sopa) ou 30ml 1x ao dia.
• Lactulona
Mecanismo de ação: osmótica. Apresentação: suspensão oral;
Posologia: 15 a 30ml a cada 24 horas; Efeitos colaterais: diarreia..
• Bisacodil
Mecanismo de ação: estimulante; Apresentação: comprimido de 5mg
Posologia: 5 a 10mg a cada 24horas; Efeitos colaterais: dor abdominal e diarreia.
• Enema
Mecanismo de ação: estimulante; Apresentação: fleet enema
Posologia: 1 aplicação a cada 24 horas; Efeitos colaterais: queimação, prurido e sangra-
mento anal..
• Minilax
Mecanismo de ação: estimulante; Apresentação: supositório retal
Posologia: 1 ou 2 supositórios a cada 24 horas; Efeitos colaterais: incomuns: ardência
retal

DEPRESSÃO
É particularmente difícil distinguir depressão da tristeza decorrente da doença e da proxi-
midade da morte
Os antidepressivos devem ser usados com cautela

Tratamento não farmacológico


Tratamento farmacológico: antidepressivos

Primeira escolha: citalopram, escitalopram


Primeira escolha de uso em pacientes com depressão associada a doenças físicas e/ou
cerebrais, como, por exemplo, na doença de Alzheimer: citalopram, escitalopram
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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Segunda escolha: sertralina


Primeira escolha no tratamento de depressão em idoso com sintomas relacionados com a
falta de disponibilidade de noradrenalina (fadiga, apatia, retardo psicomotor, déficit de
atenção e concentração e lentidão cognitiva): duloxetina
Primeira escolha no tratamento de depressão em idosos com dor crônica: duloxetina
Primeira escolha no tratamento de depressão em idosos que não toleram os efeitos sero-
toninérgicos ou que não respondem ao aumento da dose dos ISRS ou nos portadores de
doença de Parkinson: bupropiona

ISRS—Citalopram
Apresentação: comprimido 20mg
Dose terapêutica: 10-20mg/dia
Posologia: dose única diária. Iniciar com 10mg (meio comprimido) 1x/dia e após 4 sema-
nas, aumentar para 20mg 1x/dia, se houver necessidade.

ISRS-Escitalopram
Apresentação: comprimido 10mg, 15mg e 20mg; Gotas 20mg/ml
Dose terapêutica: 5-10mg/dia
Posologia: dose única diária. Iniciar com 5mg (meio comprimido ou 5 gotas) 1x/dia e
após 4 semanas, aumentar para 10mg (1 comprimido ou 10 gotas) 1x/dia, se houver ne-
cessidade.

ISRS-Sertralina
Apresentação: comprimido 25mg, 50mg e 100mg
Tolrest: comprimido 75mg
Dose terapêutica: 25 a 150mg/dia
Posologia: dose única diária; Iniciar com 25mg 1x/dia e após 4 semanas, aumentar para
50mg 1x/dia e fazendo incrementos de 25mg até alcançar a dose terapêutica, se neces-
sário.

IRSN-Duloxetina
Apresentação: comprimido 30mg e 60mg
Dose terapêutica: 30 a 60mg/dia
Posologia: dose única diária. Iniciar com 30mg 1x/dia e após 4 semanas, aumentar para
60mg 1x/dia se necessário

IRND-Bupropiona
Apresentação: comprimido 150mf. Bupium XL: comprimido 150mg e 300mg
Dose terapêutica: 150 a 300mg/dia
Posologia: dose única diária ou em duas tomadas por dia
Iniciar com 150mg 1x/dia e após 4 semanas, aumentar para 150mg 2x/dia ou 300mg
1x/dia, se necessário

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SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

ANSIEDADE E AGITAÇÃO
Podem ser resultantes de dor não tratada, de demência e de algum desconforto que elas
não consigam verbalizar
Podem ser usados antipsicóticos e benzodiazepínicos

AGITAÇÃO
Tratamento farmacológico: antipsicóticos (típicos: haloperidol; atípicos: risperidona e
quetiapina)

Haloperidol
Apresentação: comprimido 1 e 5mg, gotas 2mg/ml, ampola 5mg/ml (hipodermóclise)
Dose terapêutica: inicial (1-6mg/dia) manutenção (1-2mg/dia)
Posologia: inciar com 0,5mg 2x ao dia e aumentar a dose com intervalo mínimo de 2 dias
para 0,5mg 3x ao dia, até a dose máxima de 2mg 3x ao dia; subcutâneo ou EV: meia
ampola 1x/dia observar 30 a 60minutos e repetir se necessário

Risperidona
Apresentação: comprimido 0,25mg, 1mg, 2mg e 3mg; gotas: 1mg/ml
Dose terapêutica: 1-2mg/dia; posologia: Iniciar com 0,25mg 2x ao dia e aumentar a do-
se com intervalo mínimo de 2 dias até 1mg 2x ao dia.

Quetiapina
Apresentação: comprimido 25mg, 100mg e 200mg
Dose terapêutica: 25-300mg/dia; posologia: iniciar com 25mg 1x ao dia e aumentar
25mg a dose com intervalo mínimo de 2 dias até a dose eficaz.

ANSIEDADE
Tratamento farmacológico: benzodiazepínicos (clonazepam, midazolam)

Clonazepam
Apresentação: comprimido 0,25mg (sublingual), 0,5mg e 2mg; gotas: 2,5mg/ml
Posologia: 0,5 a 2mg a cada 12 ou 24 horas; dose máxima não deve ultrapassar 4mg/dia
Efeitos colaterais: sonolência, cefaleia, cansaço e tontura.

Midazolam
Apresentação: ampola 15mg/3ml e 5mg/5ml (hipodermóclise)
Posologia: 5 a 7,5mg a cada 24 horas
Efeitos colaterais: sonolência, cefalia, cansaço e tontura.

INSÔNIA
Costuma estar associado a depressão e a ansiedade
Também, pode ser causado por ambiente ruidoso, dor, inatividade e efeito colateral de
fármacos
Podem ser usados hipnóticos e antidepressivos
105
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Tratamento farmacológico: Hipnótico não benzodiazepínico (zolpidem); benzodiazepíni-


cos, antidepressivos, antipsicóticos.

Zolpidem
Apresentação: comprimido 5 e 10mg; posologia: 5 a 10mg antes de deitar
Efeitos colaterais: agitação, pesadelos, sonolência, cefaleia e tontura.

Benzodiazepínicos: clonazepam
Antipsicóticos: típicos (risperidona, quetiapina);

Mirtazapina (antidepressivos)
Apresentação: comprimido 15, 30 e 45mg; posologia: 15 a 45mg antes de deitar;
Efeitos colaterais: sonolência, sedação, boca seca, aumento de peso, aumento de apetite
e tontura..

Trazodona
Apresentação: comprimido 50 a 100mg; posologia: 50 a 100mg antes de deitar;
Efeitos colaterais: tontura, sonolência, náuseas, gosto desagradável e boca seca..

PILARES DO TRATAMENTO
Plano terapêutico singular
Uso de uma via de administração menos invasiva
Evitar a via intramuscular
Se acaso não aceitação dos fármacos pela via oral, a via de eleição é a subcutânea

Hipodermóclise é uma técnica simples e segura, desde que obedecidas as normas de ad-
ministração.
*Consiste na introdução de um cateter em uma área entre a pele o músculo. Por essa via
pode ser infundido soro e medicamentos

Locais de infusão

FÁRMACOS
ANALGÉSICOS: analgésico comum (dipirona); opioide (codeína, tramadol e morfina)
ANTIEMÉTICOS: ondansetrona, metoclopramida e dimenidrinato
SEDATIVOS: antipsicóticos (haloperidol, levopromazina, clorpromazina); benzodiazepíni-
cos (midazolam)
ANTI-INFLAMATÓRIOS: dexametasona e hidrocortisona
DIURÉTICOS: furosemida
ANTIDISPÉPTICOS: omeprazol
ANTIBIÓTICOS: ceftriaxona
SOLUÇÕES: soro fisiológico, soro glicofisiológico e soro glicosado
106
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

Em resumo:

Os cuidados paliativos se centram na qualidade e não na duração da vida. Oferecem as-


sistência humana e compassiva para os pacientes que se encontram nas últimas fases de
uma doença que não pode mais ser curada para que possam viver o mais confortavel-
mente possível e com a máxima qualidade.

A filosofia dos cuidados paliativos aceita a morte como o estágio final da vida: ela afirma
a vida e não acelera nem adia a morte. Os cuidados paliativos focam na pessoa e não na
doença, tratando e controlando os sintomas, para que os últimos dias de vida sejam dig-
nos e com qualidade, cercado de seus entes queridos. Está também focada na família pa-
ra a tomada de decisões.

O cuidado paliativo é realizado por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identifi-


cação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, soci-
ais, psicológicos e espirituais.

O objetivo da paliação é manejar quaisquer fatores estressores para o paciente, que in-
fluencie na sua qualidade de vida e no comprometimento das suas atividades básicas de
vida diárias. É relevante enfatizar isto, pois essa modalidade de cuidado consiste no alívio
e prevenção da dor e do sofrimento, sejam elas de origem biológica/fisiológica, psíquica
ou ainda social, sempre que possível. O ideal é anteceder o aparecimento do sintoma,
evitando que o paciente sinta o desconforto.

107
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

A demanda por CP é um problema atual de saúde pública, haja vista o progressivo enve-
lhecimento da população mundial, cuja consequência revela-se pelo substancial cresci-
mento do número de idosos, que resulta, por sua vez, no aumento da incidência de doen-
ças crônico-degenerativas não transmissíveis (DCNT).

Sendo assim, torna-se cada vez mais urgente a priorização dos cuidados paliativos pela
Atenção Primaria à Saúde, possibilitando a organização, coordenação e assistência huma-
nizada ao paciente em seu leito domiciliar.

“Você é importante por ser quem você é. Você é importante até o último momento da
sua vida, e faremos tudo o que pudermos, não só para ajudá-lo a morrer em paz, mas
também para viver até morrer.”

Cicely Saunders

108
SAÚDE DO IDOSO

V A N E S S A L U D W I G

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