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LONGEVIDADE E QUALIDADE DE VIDA:

UTOPIA OU REALIDADE ?

IX SEMANA DE NUTRIÇÃO FTC


PALESTRANTE: INDIRA DA SILVA FELÍCIO
MÉDICA RESIDENTE EM CLÍNICA MÉDICA NO
HGVC; TRABALHA NA EMPRESA VITALMED,
ONDE ATUA COMO MÉDICA RESPONSÁVEL
PELOS PACIENTES DE HOME CARE
ENVELHECIMENTO

 No Brasil, estima-se que existam, atualmente, cerca de 17,6 milhões de idosos.


 O envelhecimento populacional é uma resposta à mudança de alguns indicadores de saúde, especialmente a
QUEDA da fecundidade e da mortalidade e o AUMENTO da esperança de vida.
ENVELHECIMENTO

PROCESSO NATURAL  SENESCÊNCIA

EM CONDIÇÕES DE SOBRECARGA  SENILIDADE (condição patológica)

SENESCÊNCIA SENILIDADE

“A alteração da memória, quando se esquece dos “ A alteração da memória, com uma perda
fatos mais recentes e lembra-se bem dos antigos, é progressiva das funções mentais e que afeta
frequente com o avançar da idade para todos os significativamente às suas atividades, como ocorre
idosos” na Doença de Alzheimer”
ENVELHECIMENTO

 2 GRANDES ERROS A SEREM EVITADOS:

1. Considerar que todas as alterações que ocorrem com a pessoa idosa sejam
decorrentes de seu envelhecimento natural, o que pode impedir a detecção
precoce e o tratamento de certas doenças
2. Tratar o envelhecimento natural como doença a partir da realização de exames e
tratamentos desnecessários, originários de sinais e sintomas que podem ser
facilmente explicados pela senescência.
ENVELHECIMENTO

 Muitas pessoas idosas são acometidas por doenças e agravos crônicos não transmissíveis (DANT)  que
requerem acompanhamento constante e, freqüentemente, estão associadas (comorbidades)
 Podem gerar um processo incapacitante  dificultando ou impedindo o desempenho de suas atividades cotidianas
de forma independente

COMPROMETENDO DE FORMA SIGNIFICATIVA A QUALIDADE DE VIDA DO IDOSO!


QUALIDADE DE VIDA

AUTONOMIA
DEPENDÊNCIA

Para os idosos uma boa qualidade de vida é


definida pela capacidade de cumprirem suas
funções diárias básicas adequadamente e viver
de maneira independente
“Depois que fica velho, acaba
ALGUNS RELATOS
tudo. É bom, quando se é
jovem.” (C.M.A. - mulher, 87 “Minha vida é 100%, porque faço
anos, portadora de osteoartrose, tudo o que quero, sem depender dos
e depressão; totalmente outros. Graças a Deus!” (J.P.T. -
independente; viúva há 14 anos; mulher, 84 anos, viúva, portadora de
mora sozinha) pressão alta, infartos cerebrais
lacunares, insuficiência coronariana,
osteoartrose de joelhos e coluna,
arteriopatia periférica generalizada
com ausência de pulsos em membro
superior direito; totalmente
“Não gosto de viver muito. Ficar independente)
dependendo dos outros...não é bom. Mas,
Deus é quem sabe. Já fiz a minha
parte.” (M.S. - homem, 72 anos, portador
de bronquite, hiperuricemia, osteoartrose
de coluna e obesidade; totalmente
independente; casado)
LONGEVIDADE – UM DESEJO CONTRADITÓRIO

 A longevidade é intensamente desejada pela maioria dos indivíduos, desde que sob certas condições: a primeira é
a de não ficar dependente, o que é bastante compreensível, e a segunda, a de não ficar velho. Como se isso fosse
possível! NÃO É POSSÍVEL ENVELHECER, SEM FICAR VELHO!
 E aqui está a contradição, reforçada pela associação freqüente entre velhice e experiências negativas.
 A maioria dos indivíduos deseja viver cada vez mais, porém a experiência do envelhecimento (a própria e a dos
outros) acaba trazendo angústias e decepções
 Essa visão negativa do final da existência pode levar ao “medo de envelhecer” e ao “desejo da eterna juventude”.
CUIDADOS PALIATIVOS

Precisamos manter a vida a A tecnologia é desejada e desejável e tem sido importante para
qualquer custo? melhorar a vida de tantos doentes. Mas, naquelas pessoas que
OS PACIENTES QUEREM estão vivendo o que pode ser considerado os seus últimos dias, o
VIVER, NÃO MERAMENTE uso de tecnologia sofisticada, mantenedora da vida, muitas vezes
SOBREVIVER! coloca em risco a manutenção de uma boa qualidade de vida.
TEMOS DE GARANTIR A BOA QUALIDADE DE NOSSA MORTE!
LONGEVIDADE E QUALIDADE DE VIDA

 A longevidade trouxe alterações nos padrões de saúde de todos os países, com aumento da prevalência
das condições crônicas, mudando, assim, o perfil de morbi-mortalidade.
 Nessa situação, o principal objetivo das condutas e políticas de saúde não é mais a cura e, sim, a
manutenção de boa qualidade de vida.
 Nos dias de hoje, os resultados das condutas e tratamentos devem ser avaliados através de variáveis
subjetivas, que incorporem as percepções dos indivíduos em relação a seu bem-estar
QUALIDADE DE VIDA NO IDOSO

 Foram definidas oito dimensões extremamente relevantes para a qualidade de vida de idosos:

1. Saúde Física
2. Capacidade Funcional/Autonomia
3. Psicológica
4. Social/Família
5. Econômica
6. Espiritualidade/Transcendência
7. Hábitos/Estilos de Vida
8. Meio Ambiente
DESAFIO NO ENVELHECIMENTO

O maior desafio na atenção à pessoa idosa é conseguir contribuir para que, apesar das progressivas limitações que
possam ocorrer, elas possam redescobrir possibilidades de viver sua própria vida com a máxima qualidade possível.
Essa possibilidade aumenta na medida em que a sociedade considera o contexto familiar e social e consegue
reconhecer as suas potencialidades e o seu valor das pessoas idosas.
Portanto, parte das dificuldades das pessoas idosas está mais relacionada a uma cultura que as desvaloriza e
limita.

Se considerarmos saúde de forma ampliada torna-se necessária alguma


mudança no contexto atual em direção à produção de um ambiente
social e cultural mais favorável para população idosa!
ESTRATÉGIAS

 Estratégias de prevenção de doenças e promoção da saúde, que os profissionais de saúde podem elaborar:

1. Orientação quanto à alimentação saudável


2. Prática de atividade física  exercícios de flexibilidade, equilíbrio e força muscular * Exercícios leves = caminhar,
dançar, executar atividades domésticas como varrer, cuidar do jardim etc.
3. Cessação do tabagismo e etilismo
4. Prevenção de doenças crônicas e consequentemente, sequelas decorrentes dessas comorbidades.

 Investigação de todos os aspectos (familiares, sociais, culturais,


econômicos, afetivos, biológicos) que envolvem a vida do idoso.
 Os problemas identificados, caso não sejam adequadamente
tratados, podem conduzir à situações de incapacidade severa.
UTOPIA OU REALIDADE?

 Para garantir a longevidade e qualidade de vida, Wilson Jacob Filho, aponta 4 atitudes a serem tomadas ao longo
de toda a vida:
1. Nutrição adequada a cada fase da vida
2. Atividade física constante
3. Relacionamento social presente
4. Controle de doenças crônicas – ainda que não seja possível evitá-las

INDIVÍDUO AMBIENTE PROFISSIONAIS DE


SAÚDE
 longevidade não deve ser o único componente para avaliar o envelhecimento bem-sucedido.
Envelhecer bem envolve múltiplos fatores, incluindo individuais, psicológicos, biológicos e
sociais.
 o bem-estar subjetivo é o componente mais importante para avaliar o sucesso. 

 Envelhecer bem é uma questão pragmática de valores particulares que permeiam o curso da vida, incluindo as
condições próximas da morte. A implementação de programas que elevam o nível de qualidade de vida dos idosos
pode prescindir, temporariamente, da definição uniforme desse fenômeno. O objetivo de muitos idosos e
profissionais tem sido a promo-ção de saúde e bem-estar nessa fase da vida, seja referindo-se ao envelhe-cimento
saudável, produtivo, ativo ou bem-sucedido.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria GM nº 2.528 de 19 de outubro de 2006 - Política Nacional de Saúde da Pessoa
Idosa – PNSI.
 DIOGO, M. J. D.; NERI, A. L.; CACHIONI, M. Saúde e qualidade de vida na velhice. 2.ed. Campinas: Editora
Alínea, 2006.
 MARTINS, J. J.; et al. Avaliação da qualidade de vida de idosos que recebem cuidados domiciliares. Acta
Paul Enferm., v. 22, n. 3, p.265-71, 2009.
 PASCHOAL SMP. Qualidade de Vida do Idoso: construção de um instrumento de avaliação através do
método do impacto clínico[tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2004.
 TEIXEIRA, I., & Neri, A. (2008). Envelhecimento bem-sucedido: uma meta no curso da
vida. Psicologia USP, 19(1), 81-94. 

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