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Odontogeriatria

PROF. ADRIANO BARBOSA


TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA E EPIDEMIOLÓGICA E SEUS
REFLEXOS NOS PROCESSOS DO
ENVELHECIMENTO
Transição demográfica
diminuição da taxa de fertilidade
diminuição da mortalidade
aumento da expectativa de vida
mudanças no grau e no estilo de desenvolvimento
passagem de sociedades rurais para urbana
elevação dos níveis de assalariamento e monetarização da sociedade
aumento na cobertura dos serviços
sociais básicos de saúde
educação
aumento na distribuição da renda nacional
Transição demográfica
Transição epidemiológica

Mudanças ocorridas no tempo nos padrões de morte,


morbidade e invalidez que caracterizam uma população
específica e que, em geral, ocorrem em conjunto com
outras transformações demográficas, sociais e econômicas
O processo engloba três mudanças básicas:
substituição das doenças transmissíveis por doenças não-
transmissíveis e causas externas;
deslocamento da carga de morbi-mortalidade dos grupos
mais jovens aos grupos mais idosos;
e transformação de uma situação em que predomina a
mortalidade para outra na qual a morbidade é dominante.
MORTALIDADE - BRASIL
Óbitos p/Residênc segundo Capítulo CID-10
Período: 2019
Capítulo CID-10 Óbitos p/Residênc
Fonte: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM

TOTAL 1.349.801
Doenças do aparelho circulatório 364.132
Neoplasias (tumores) 235.301
Doenças do aparelho respiratório 162.005
Causas externas de morbidade e mortalidade 142.800
Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas 83.485
Doenças do aparelho digestiv 68.770
Algumas doenças infecciosas e parasitárias 56.666
Doenças do aparelho geniturinário 47.566
Gravidez parto e puerpério 1.726
Abaixo, apresenta-se a lista das 10 principais doenças que causaram mortes no
mundo, que equivalem a 55% do total:

Doenças arteriais coronarianas (DCNT)


Derrame cerebral (DCNT)
Doença pulmonar obstrutiva crônica (DCNT)
Infecções do baixo trato respiratório
Condições neonatais
Cânceres de traqueia, brônquios e pulmões (DCNT)
Mal de Alzeimer e outras demências (DCNT)
Diarréias
Diabetes Mellitus (DCNT)
Quadros renais crônicos (DCNT)

Fonte: Estimativa Global de Saúde – OMS/2019


Confira a lista de principais causas de mortes de países de renda média-alta
em que o Brasil se encontra:

Doenças arteriais coronarianas


Derrame cerebral
Doença pulmonar obstrutiva crônica
Cânceres de traqueia, brônquios e pulmões
Infecções de baixo de trato respiratório
Diabetes Mellitus
Cardiopatia hipertensiva
Mal de Alzheimer e outras demências
Câncer de estômago
Acidentes rodoviários

Fonte: Estimativa Global de Saúde – OMS/2019


Doenças Crônicas Não Transmissíveis
DCNT

Essas doenças caracterizam-se por ter uma etiologia múltipla, muitos fatores de
risco (sendo os principais o uso de tabaco, consumo nocivo de álcool, alimentação
não saudável e atividade física insuficiente), lon­gos períodos de latência, curso
prolongado, origem não infecciosa e também por associa­rem-se a deficiências e
incapacidades funcionais.
A vigilância de DCNT reúne o conjunto de ações que possibilitam conhecer a
distribuição, magnitude e tendência dessas doenças e de seus fatores de risco na
população, identificando seus condicionantes sociais, econômicos e ambientais,
com o objetivo de subsidiar o planejamento, a execução e a avaliação da prevenção
e do controle.
Envelhecer
Cezzane – Old Woman with a Rosary - 1896
Van Gogh – At Eternity’s Gate - 1882
Anita Malfaltti – A mulher de cabelos verdes - 1916
Exposição “Profissão Solidão” – Graça Craidy - 2018
Quais são as evidências do envelhecimento?

Idade? Aparência?
Quais são as evidências do envelhecimento?

Idade? Aparência?
Quais são as evidências do envelhecimento?

Idade? Aparência?
Quais são as evidências do envelhecimento?

Idade? Aparência?
Atitude?
Atitude?
Disposição?
Disposição?
Manter-se produtivo?
Manter-se produtivo?
A demarcação entre a maturidade e o
Envelhecimento envelhecimento é, em geral, arbitrariamente
mais fixada por fatores socioeconômicos e
 Juridicamente legais do que por fatores meramente
idoso é todo biológicos. Segundo a OMS, é considerado
idoso aquele individuo com 60 anos ou mais
cidadão acima de (PAPALEO, 2006).
60 anos
Estatuto do idoso CONFORT (1979) define o envelhecimento
para pessoas acima como uma redução da capacidade de
adaptação homeostática perante situações de
dos 60 anos sobrecarga funcional.
O processo de envelhecimento fisiológico e
Processos chamado de: Senescência
de
envelhecimento Os processos patológicos que estão
relacionados com o envelhecimento são
Senescência denominados: Senilidade

Senilidade
Estratégias para a promoção do
envelhecimento saudável

Principais ações eficazes para


a promoção à saúde do idoso:

 Avaliação global do idoso


 Prática de atividade física
 Nutrição adequada
 Mudança de hábitos deletérios
 Diagnóstico precoce e controle de doenças crônicas
 Prevenção de acidentes
1- Avaliação global do idoso (AGI)

Conjunto de informações sobre os estados clínico,


psíquico, funcional e social do idoso.

Os objetivos da AGI incluem otimizar a saúde e a


funcionalidade, diminuir custos em saúde, prevenir
institucionalização através do planejamento do
cuidado clínico a longo prazo.
Avaliação global do idoso (AGI)

 Os métodos para sua realização incluem: observação


direta, questionários e
testes sistematizados por meio de escalas.
Avalia-se: visão, audição, equilíbrio, cognição, humor,
sono, autonomia e independência, estado nutricional,
continência urinaria e fecal, rede de suporte social e
auto avaliação da saúde

 Busca-se: intervenção precoce e adequada


2- Prática de atividade física

Os principais objetivos da
prescrição de exercícios físicos são:

 Profilaxia, tratamento e reabilitação de doenças;


 Promoção de aptidão para atividades de vida diária,
trabalho, lazer e esporte;
 Estimulo da estética corporal e do bem-estar
psicológico.
Benefícios
É importante que os
exercícios sejam realizados de
forma regular, após liberação
do cardiologista e/ou
geriatra e sob orientação de
um profissional de educação
física ou fisioterapeuta, pois
dessa forma é possível que o
idoso realize os melhores
exercícios e tenha o máximo
de benefícios.
Exercícios físicos aeróbicos
De moderada intensidade, por no mínimo 30 minutos, cinco dias da
semana ou atividade aeróbica intensa por 20 minutos, 3 vezes na semana.
Exercícios de resistência

O treino de resistência muscular localizada coloca à prova a capacidade


do músculo para suportar cargas pesadas por muito tempo.

devem realizar atividade de


fortalecimento e resistência
muscular por duas vezes na
semana, com 8 a 10 exercícios,
10 a 15 repetições
Exercícios de flexibilidade

Permitem a pratica regular de exercícios físicos e atividades de vida diária,

Para manutenção de flexibilidade


recomenda-se exercícios regulares
pelo menos duas vezes na semana,
com duração mínima de 10
minutos.
Exercícios de equilíbrio

Duas vezes na semana, com duração mínima de 10 minutos.

Para manutenção ou recuperação


do equilíbrio em idosos visando a
diminuição do risco de quedas
(quedas frequentes, dificuldade de
mobilidade).
3 – Nutrição adequada

Aproximadamente 15% dos pacientes idosos são


desnutridos, o que leva a um
aumento da morbimortalidade.

Um dos instrumentos mais utilizados para a avaliação do


estado nutricional do idoso e a mini avaliação do estado
nutricional (MAN).
Mini avaliação do
estado nutricional
MAN
 diminuição da
ingesta alimentar;
 perda recente de
peso;
 número de
refeições ao dia;
 medidas como
índice de massa
corporal, perímetro
braquial e da perna.
4-Mudança de hábitos deletérios
Tabagismo

As taxas de tabagismo


entre idosos são mais baixas
do que entre
indivíduos jovens;

-a maior mortalidade por


doença cardiovascular,
doença pulmonar obstrutiva
crônica e câncer de pulmão.
Estomatite nicotínica (Papilite nicotínica)

 Lesões associadas à nicotina, provavelmente devido ao calor do fumo,


principalmente devido ao uso de cachimbos ou charutos. É benigna e acomete mais
homens de meia idade, fumantes crônicos.
 Alteração ceratótica branca, associada mais especificamente com o calor dos
produtos do fumo, que se sobrepõem às propriedades carcinogênicas.
Estomatite nicotínica (Papilite nicotínica)
 Ocorre na mucosa palatina, que passa a apresentar coloração cinza ou branca com
pápulas levemente elevadas e centro vermelho pontilhado, com possíveis áreas
leucoplásicas. A cor marrom ou negra pode estar presente nos dentes.
Estomatite nicotínica (Papilite nicotínica)
 O aspecto inicial é de um palato duro acinzentado e opaco difusamente,
gradualmente revelando pápulas com centro eritematoso e umbilicadas,
principalmente em região posterior. Tais lesões se referem à inflamação de glândulas
salivares menores.
Estomatite nicotínica (Papilite nicotínica)

É interessante que esta alteração não ocorre na área abrangida pela dentadura
em pacientes edêntulos.
Embora o risco para o desenvolvimento de um carcinoma no palato duro seja
mínimo, a estomatite nicotínica é um marcador ou indicador do
uso intenso do tabaco e, por isso, pode indicar um risco aumentado para o
desenvolvimento de displasia epitelial ou de neoplasia maligna em qualquer local
da cavidade oral, da orofaringe e do trato respiratório.
Por conseguinte, a estomatite nicotínica deve ser vista como um potencial
indicador de alterações epiteliais significativas em locais na cavidade oral
diferentes do palato duro.
Leucoplasia oral (LO)
 Leucoplasia oral, tal como tradicionalmente definida pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), é uma lesão da mucosa oral predominantemente branca que não pode ser
caracterizada como nenhuma outra lesão definida. A leucoplasia é geralmente associada ao
tabagismo, embora formas idiopáticas não sejam raras. Um grupo de trabalho internacional
alterou a definição prévia da OMS: "O termo leucoplasia deve ser utilizado para identificar
placas brancas de risco questionável depois de excluir outras doenças ou distúrbios que não
carregam risco de câncer". Pode atingir qualquer estrutura da mucosa oral.
Leucoplasia oral (LO)
Leucoplasia oral (LO)

 As leucoplasias são comumente homogêneas e a maioria é benigna. A leucoplasia não


homogênea, tem maior probabilidade de ser malignaou têm um risco significativo de
transformação maligna e requerem acompanhamento frequente e cuidadoso, geralmente
com confirmação por biópsia ou definição da natureza biológica da leucoplasia ao longo do
tempo.
Leucoplasia oral homogênea

Prognóstico favorável
Leucoplasia oral não homogêneas

Pior prognóstico
Fibrose submucosa oral
 A fibrose submucosa oral é uma condição crônica e progressiva, que deixa cicatriz, pré-
cancerígena de alto risco da mucosa oral
 A condição é caracterizada por uma rigidez na mucosa de intensidade variada, causada por
uma modificação fibroelástica do tecido conjuntivo superficial. Apresenta perda da
mobilidade.
Fibrose submucosa oral
Aproximadamente 15% dos idosos apresentam
complicações relacionadas ao abuso de álcool.
Alcoolismo
São considerados fatores de risco para abuso
de álcool entre idosos:
Depressão;
Ansiedade;
Dor;
Incapacidade física;
História prévia de uso de álcool.
Uso de álcool no Brasil

Segundo o Relatório Global sobre Álcool e Saúde 2020 (OMS), o consumo de álcool
foi 100% responsável por cerca de 85 mil mortes anuais durante o período de 2013 a
2015 nas Américas, onde o consumo per capita é 25% superior à média global. A
maioria das mortes (64,9%) ocorreu entre pessoas com menos de 60 anos. As causas
de morte foram principalmente por doença hepática (63,9%) e distúrbios
neuropsiquiátricos (27,4%), como dependência de álcool; Cerca de 80% das mortes
em que o álcool foi um “fator importante” ocorreram em três dos países mais
populosos: Estados Unidos (36,9%), Brasil (24,8%) e México (18,4%);
Diferente do perfil mundial, que aponta os destilados como o tipo de bebida alcoólica
mais consumido (44,8%), seguido da cerveja (34,3%) e do vinho (11,7%), no Brasil, a
cerveja responde por 61,8% do consumo, seguida pelos destilados (34,3%) e vinho
(3,4%). Este perfil é semelhante ao da Região das Américas: cerveja (53,8%),
destilados (31,7%) e vinho (13,5%). (2018)
Diagnóstico precoce e controle das principais
doenças crônicas e condições que acometem
majoritariamente a população idosa:
5 - Diagnóstico
Hipertensão arterial;
precoce
Diabetes;
Dislipidemia (lipídeos e colesterol);
Obesidade;
Sedentarismo.
A incidência de quedas aumenta com a idade, segundo a
Organização Mundial da Saúde, de 28% a 35% das
pessoas com mais de 65 anos de idade sofrem algum
episódio de queda a cada ano, e esta proporção se eleva
para valores que oscilam de 32% a 42% para os idosos
6 – Prevenção com mais de 70 anos.
de
acidentes Em 2013 ocorreram 93.312 internações por quedas em
pessoas acima de 60 anos, registradas pelo Sistema
Único de Saúde (SUS). Em relação à mortalidade, dados
revelam que no mesmo ano 8.775 morreram por esta
causa no país.

Como as quedas são quase sempre de origem multifatorial,


sua prevenção exige uma abordagem ampla.
Condições concomitantes que ocasionam
queda de idosos:
Quedas da
própria altura  Uso de calçados inapropriados;
 Baixa acuidade visual e deficiência auditiva;
 Medicamentos;
 Descontrole pressão arterial;
 Alterações da frequência cardíaca
 Perda da força muscular;
 Alterações neurológicas.
6 – Vacinação

Com destaque
atual para a
vacinação
contra
coronavírus
Material de apoio

Artigos

Uma década de Odontogeriatria brasileira

Transição demográfica, transição epidemiológica e envelhecimento


populacional no Brasil

Centro universitário UNIFASIPE


Prof. Adriano Barbosa

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