Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Objetivos de Aprendizagem
Biologia humana: inclui os fatores decorrentes da constituição orgânica do indivíduo, como a herança
genética, o envelhecimento, os mecanismos de defesa do organismo, suas suscetibilidades e resistências,
entre outros.
Ambiente: agrupa os fatores externos, como clima, água, radiações e exposição a agentes poluentes diversos
(pesticidas, gases). Inclui também os aspectos sociais, que envolvem nível socioeconômico, renda,
escolaridade, inserção no mercado de trabalho e riscos ocupacionais.
Estilos de vida: incluem as opções e decisões que o indivíduo toma a respeito de sua saúde no que se refere,
por exemplo, a atividades de lazer, hábitos alimentares e comportamentos autodeterminados ou adquiridos
social ou culturalmente, estando, portanto, parcialmente sob seu controle. São limitantes dessas escolhas
individuais de “estilos de vida”, em grande medida, o ambiente social e a condição socioeconômica.
Inspirados nesse modelo e buscando sintetizar uma complexa cadeia de causalidade, que inclusive se insere
em fortes condicionantes históricos e sociais, a OMS propôs um diagrama, representado na Figura 14.6, que
procura sintetizar a história natural das DCNT, seus determinantes e desfechos. O diagrama representa a
causalidade das DCNT de etiologia múltipla, mostrando sua complexidade. São identificados diversos
elementos, como:
(a) determinantes e condicionantes socioeconômicos, culturais e ambientais que estão na base das
desigualdades do processo saúde-doença;
(c) fatores de risco comportamentais (tabagismo, alimentação, inatividade física, consumo de álcool e outras
drogas) que podem ser modificáveis (WHO, 2005; MALTA et al., 2006).
Impactos
Estimativas para o Brasil sugerem que a perda de produtividade no trabalho e a diminuição da renda familiar
resultantes de apenas três DCNT (diabetes, doença do coração e acidente vascular encefálico) levarão a uma
perda na economia brasileira de US$ 4,18 bilhões entre 2006 e 2015 (ABEGUNDE, 2007).
Os custos diretos correspondem aos gastos com assistência médica, medicamentos, internações, exames,
procedimentos, fisioterapia e reabilitação. Os custos indiretos estão ligados a perdas na produção e na renda,
à perda de produtividade e de empregos e em razão de absenteísmos. Os custos intangíveis são difíceis de
estimar e referem-se a renda familiar, cuidados informais e outros (ALWAN et al., 2010).
O impacto socioeconômico das DCNT tem afetado o progresso das Metas de Desenvolvimento do Milênio
(MDM), que abrangem temas como saúde e determinantes sociais (educação e pobreza). Essas metas têm
sido afetadas, na maioria dos países, pelo crescimento da epidemia das DCNT e seus fatores de risco (WHO,
2011).
Mortalidade
54,7% dos óbitos registrados no Brasil foram causados por doenças crônicas não transmissíveis
(DCNT).
O Brasil vem sendo marcado, nas últimas décadas, por uma transição demográfica acelerada, que resulta da
redução abrupta da taxa de fecundidade e de elevados índices de envelhecimento populacional. Por sua vez, a
transição epidemiológica observada no País é marcada, entre outros aspectos, pelo desafio das doenças
crônicas e de seus fatores de risco, além de forte crescimento das causas externas de morbimortalidade.
No Brasil, em 2019, as doenças do aparelho circulatório (que fazem parte do grupo das DCNT) ocuparam o
primeiro lugar em número de óbitos por capítulos da CID-10. Nas faixas etárias acima de 50 anos, as
principais causas de óbito, em 2019, foram as doenças do aparelho circulatório, as neoplasias malignas e as
doenças do aparelho respiratório (Quadro 1).
As DCNT são responsáveis pela maior carga de morbimortalidade no mundo, acarretando perda de qualidade
de vida, limitações, incapacidades, além de alta taxa de mortalidade prematura.
Em 2019, foram registrados 738.371 óbitos por DCNT no Brasil. Destes, 41,8% (n=308.511) ocorreram
prematuramente, ou seja, entre 30 e 69 anos de idade, perfazendo uma taxa padronizada de mortalidade de
275,5 óbitos prematuros a cada 100 mil habitantes.
É possível observar que, em todos os anos da série histórica analisada (2000 a 2019), a mortalidade
prematura por DCNT foi maior para o sexo masculino. O mesmo comportamento é observado ao redor do
mundo, com a mortalidade por DCNT superior em homens na maioria dos países.
Na população masculina, as doenças cardiovasculares foram responsáveis pelas maiores taxas de mortalidade
em todo o período, embora tenha havido decréscimo em sua magnitude.
Na população feminina, as doenças cardiovasculares foram responsáveis pelas maiores taxas de mortalidade
até o ano de 2013. A partir de 2014, a mortalidade por neoplasias malignas passou a ser a maior causa de
morte por DCNT entre as mulheres.
Na população masculina, as neoplasias malignas de brônquios e pulmões foram responsáveis pelas maiores
taxas de mortalidade em todo o período, apresentando decréscimo em sua magnitude a partir de 2004. Entre
as mulheres, as neoplasias de brônquios e pulmões estavam em terceiro lugar entre as causas de morte por
neoplasias malignas até 2005, passando para o segundo lugar a partir de então. Ao contrário dos homens, as
mulheres vêm apresentando aumento na taxa de mortalidade por neoplasia malignas dos brônquios e
pulmões.
A neoplasia de mama foi responsável pela maior taxa de mortalidade por neoplasia malignas em mulheres
em todo o período analisado, sendo verificado acréscimo em sua magnitude ao longo dos anos.
Um exemplo do impacto dos hábitos de vida nas neoplasias do aparelho digestivo são os fatores de risco
relacionados a neoplasias malignas de cólon e reto e estômago, entre os quais estão a obesidade, a
inatividade física, o tabagismo, o alto consumo de carne processada, a alimentação pobre em frutas e
hortaliças e o consumo excessivo de álcool; os fatores de risco que serão apresentados a seguir
Fatores de Risco
A maioria das mortes prematuras está ligada a fatores de risco modificáveis, tais como obesidade, hábito
alimentar inadequado, inatividade física, tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, poluição ambiental e
saúde mental.
Inatividade física
● No Brasil, em 2019, o percentual de adultos que praticaram atividades físicas no tempo livre
equivalentes a, pelo menos, 150 minutos de atividade de intensidade moderada por semana foi de
39%, sendo maior entre os homens, com tendência à diminuição com a idade e aumentando
fortemente de acordo com o nível de escolaridade.
Tabagismo
Álcool
O consumo do álcool é associado com a mortalidade e a ocorrência de uma ampla variedade de doenças
crônicas, como neoplasias malignas, doenças cardiovasculares, doenças do fígado, entre outras. De acordo
com estimativas do Global Burden of Disease (GBD), em 2017, aproximadamente 6,2% de todos os óbitos
ocorridos no Brasil estavam relacionados ao uso do álcool.
Quando observados os anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (DALYs – Disability Adjusted Life
Years), o uso de álcool foi o terceiro principal fator de risco comportamental para carga de doença no Brasil e
o quarto no mundo.
Poluição do Ar
Estima-se que ocorram, anualmente, 4,2 milhões de mortes prematuras atribuídas à poluição do ar ambiente
no mundo. Responsável pelo desenvolvimento, pela exacerbação e pela morte por doenças crônicas e agudas,
estima-se que a poluição do ar tenha sido responsável, no ano de 2016, por aproximadamente 58% de mortes
prematuras por doenças cerebrovasculares e doenças isquêmica do coração; 18% por doença pulmonar
obstrutiva crônica e infecção respiratória aguda baixa; e 6% por câncer de pulmão, traqueia e brônquios
(BRASIL, 2018).
De modo geral, o número de óbitos por DCNT devido à poluição do ar (MP2,5 e O3) aumentou no Brasil e
nas unidades federadas entre os anos 2006 e 2016. Enquanto em 2006 um total de 22.395 óbitos atribuídos a
esses poluentes foram estimados para homens no Brasil, em 2016 esse número subiu para 25.435.
Estima-se que a pressão arterial alta cause 7,5 milhões de óbitos, ou seja, 12,8% de todas as mortes (WHO,
2009). Esse é um fator de risco para doenças do aparelho circulatório (WHO, 2010d). A prevalência de
pressão alta é semelhante em todos os grupos de renda, contudo é geralmente menor na população de alta
renda (WHO, 2011).
Colesterol aumentado
Estima-se que o colesterol elevado cause 2,6 milhões de mortes a cada ano. Ele aumenta o risco de doença
cardíaca e AVE. O colesterol elevado é mais prevalente em países de alta renda (WHO, 2009).
As diferentes camadas desse modelo exigem intervenções no âmbito da promoção da saúde direcionadas
para cada uma delas.