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INDICADORES

EM SAÚDE
COLETIVA

Epidemiologia
• MEDIDAS DE SAÚDE COLETIVA
.O processo saúde-doença dos indivíduos é bastante complexo e se dá a
partir de diversos fatores
. Alimentação, moradia, saneamento básico, meio ambiente, trabalho, renda,
educação, transporte, lazer e acesso aos bens e serviços essenciais estão pre-
vistos na Constituição Federal de 1988 como alguns determinantes em saúde
. Além disso, esses fatores são combinados com as características de cada
indivíduo, como raça, sexo, idade e genética e com as peculiaridades dos
agentes etiológicos das doenças, como morfologia, infectividade e patogeni-
cidade
. A epidemiologia consiste no estudo da distribuição das doenças nas popu-
lações, levando em considerações todos os fatores citados anteriormente,
através da análise de 3 principais eixos: a Clínica, a Estatística e a Medicina
Social
. A Clínica aborda o conhecimento de como a saúde e a doença se comportam
nos indivíduos
. A Estatística transforma esses fatores em dados para analisá-los no coletivo.
. A Medicina Social conhece o modo pelo qual a saúde e a doença dos indiví-
duos se relacionam com o meio social em que estão inseridos
. O objetivo da epidemiologia é propor medidas específicas de prevenção,
controle ou erradicação de doenças, assim como contribuir para o planeja-
mento, administração e avaliação das ações de saúde

• INDICADORES DE SAÚDE COLETIVA


. Medir saúde não é uma tarefa fácil, por isso, são utilizados diversos indicado-
res para tentar quantificar e representar as condições em saúde

. Devido a essa dificuldade, a epidemiologia analisa a saúde de forma indireta,


ou seja, quantificando principalmente a ocorrência de doenças e de mortes

. Os indicadores em saúde são medidas que representam a situação de saúde


da população e, consequentemente, do sucesso ou não do sistema de saúde
. Essas medidas possibilitam a análise da saúde da população, colaborando
para o planejamento de atividades preventivas e promotoras da saúde com a
finalidade de melhorar, manter ou prevenir doenças

. O principal usuário desses indicadores no Brasil é o Sistema Único de Saúde


(SUS) em sua gestão nos âmbitos federal, estadual e municipal

. Além dele, outras instituições de extrema importância, como o Instituto Brasi-


leiro de Geografia e Estatística (IBGE), também utilizam esses dados

. Organizações Não Governamentais (ONGs), instituições de ensino e pesquisa,


setores da administração pública que produzem dados de interesse para a sa-
úde e associações técnico-científicas também trabalham com os indicadores
em saúde

. Com o avanço da tecnologia, os métodos de obtenção e de distribuição das


medidas dos indicadores em saúde vêm mudando

. Porém, a qualidade dos sistemas de gestão desses dados evolui de uma ma-
neira mais lenta, prejudicando as análises e um melhor planejamento

. Dessa forma, em 1995, o Ministério da Saúde em conjunto com a OPAS (Or-


ganização Pan-Americana da Saúde) criaram a Rede Interagencial de Informa-
ções para a Saúde (RIPSA), que contém os dados de informações da área da
saúde e de outros indicadores que à influenciam derivados de cerca de 40 insti-
tuições

. Em seguida, a RIPSA criou uma Matriz de Indicadores Básicos para elaboração


dos Indicadores de Dados Básicos (IDB), periodicamente divulgado, sendo base
das análises em saúde

. Os atributos de qualidade de um indicador são as propriedades dos compo-


nentes de sua utilização, a precisão do sistema de informação, validade, confia-
bilidade, mensurabilidade, relevância e custo-efetividade

Indicador de valor absoluto

. Os indicadores de saúde construídos estatisticamente com valores absolutos


são, por exemplo, número de gestantes ou número de casos de AIDS
. Esses valores possuem uma realidade restrita e pontual, logo, não permite
comparações temporais ou geográficas

. São muito úteis para administrar os recursos de saúde, como a quantidade de


leitos ou de medicamentos

Indicador de valor relativo

. São indicadores de saúde construídos estatisticamente através da relação en-


tre dois fatos

. Sua principal importância é permitir comparações e levantamento de priorida-


des

. Para realizar essa comparação de dados é necessário ter uma padronização,


que no caso de dados em saúde, pode ser do tipo coeficiente ou índice

Perfil da População

. O perfil demográfico brasileiro atual é resultado de diversos fatores como re-


dução da mortalidade infantil, queda da fecundidade e aumento da expectativa
de vida

. Um dado importância é a sobremortalidade masculina em todas as faixas etá-


rias e isso deriva, principalmente, aos altos índices de mortalidade por causas
externas desse segmento da população

. A pirâmide demográfica tem demonstrado importantes mudanças na dinâmica


demográfica demonstrada pelo menor número de crianças, maior população
em idade ativa e proporção crescente de idosos

. A maior parte da população brasileira está na faixa etária dos 20-29 anos
(aproximadamente 18%)

. A transição demográfica é a mudança da estrutura etária da população causa-


das por alterações nos níveis de fecundidade, natalidade e mortalidade de uma
produção

. No Brasil, o principal determinante é a queda da fecundidade

. Em geral, são identificados 4 estágios da transição demográfica:


- Fase pré-industrial ou primitiva: Há equilíbrio populacional, pois as ta-
xas de natalidade e mortalidade são elevadas

- Fase intermediária de “divergência de coeficientes”: É onde as taxas de


natalidade permanecem altas, mas há um declínio nas taxas de mortalidade,
havendo também um crescimento populacional

- Fase intermediária de “convergência de coeficientes”: É a diminuição da


natalidade em ritmo mais acelerado do que a mortalidade. É nessa fase que
ocorre o envelhecimento populacional

- Fase de retorno ao equilíbrio populacional: É a fase moderna ou pós-


transição, com aproximação dos coeficientes a níveis mais baixos comuns

. A transição epidemiológica significa mudanças nos padrões de mortalidade,


morbidade e invalidez, envolvendo 3 mudanças básicas: substituição das doen-
ças transmissíveis por doenças não transmissíveis e causas externas, desloca-
mento da carga de morbimortalidade dos grupos mais jovens aos mais idosos e
a transformação de uma situação de mortalidade para de morbidade

. No Brasil, a concentração urbana é maior nas regiões sudeste, centro-oeste e


sul e nas regiões nordeste e norte, esse grau de urbanização também vem
crescendo rapidamente

. O crescimento populacional médio brasileiro vem diminuindo desde 1980 de-


vido a redução da fecundidade, essa taxa era de 2,35% em 1981, caindo para
1,05% em 2008 e por fim, para 0,86% em 2014

. De acordo com IBGE, a população brasileira ao final de 2016 era de


206.081.432 pessoas distribuídas da seguinte forma: 8,6% na região norte,
27,6% na região Nordeste, 41,9% na região Sudeste, 14,2% na região Sul e
7,6% na região Centro-Oeste

. A taxa de crescimento da população brasileira entre 2001-2010 foi de 1,17%,


caindo para 0,83% em 2015 e com uma estimativa de 0,38% para 2030

. As taxas de fecundidade vem diminuindo em todas as regiões e média esti-


mada para 2030, é uma taxa de 1,51 filhos por mulher, número abaixo do nível
necessário para a reposição populacional, que é de no mínimo 2,1 filhos por
mulher

. A esperança de vida da população brasileira vem crescendo a cada ano, sendo


que ao final de 2017 alcançou 75,99 anos e a estimativa para 2020 é que 76,1
anos

. Entre 1980 e 2015, a esperança de vida ao nascer aumentou 13,29 anos

. Quando essas taxas são analisadas por sexo, os homens possuem uma ex-
pectativa de 72,46 anos e as mulheres de 79,56 anos, isso decorre da grande
mortalidade de homens jovens devido à causas externas

. Outro indicador é a proporção de crianças com menos de 5 anos na população


total, o que também vem diminuindo muito

. A proporção da população brasileira com 65 anos ou mais correspondeu a


aproximadamente 8,46%, sendo 4,6% na região Norte, 6,7% na região Centro-
Oeste, 7,2% na região Nordeste, 9,5% na região Sul e 9,2% na região Sudeste

. O índice de envelhecimento mostra que a proporção de pessoas com 60 anos


ou mais, em relação ao total de crianças e jovens com menos de 15 anos, era
44,7% em 2012

. A mortalidade da população brasileira vem se destacando pela queda dos óbi-


tos infantis, redução relativa de óbitos por doenças infecciosas e aumento das
mortes por doenças crônicas-degenerativas e neoplasias

. A mortalidade infantil atingiu, em 1999, 31,8 óbitos por 1.000 nascidos vivos,
porém, essa taxa veio decaindo e atingiu 17,7 óbitos por 1.000 nascidos vivos
em 2015, com uma estimativa para 2017 de 12,81 óbitos por 1.000 nascidos
vivos

. A mortalidade proporcional por causas mal definidas no Brasil, decaiu de 7,2%


em 2009 para 5,6% em 2015, sendo que valores altos deste indicador reflete o
mal preenchimento dos atestados de óbito e precários recursos médicos que
prejudicam a análise dos óbitos

. As doenças do aparelho circulatório ainda são a principal causa de óbitos no


país
. As neoplasias são a segunda, causas externas a terceira e decorrentes do
aparelho respiratório são a quarta

. Desde 1980 houve uma diminuição na mortalidade por doenças infecciosas e


parasitárias, sendo que agora essa taxa está em torno de 4,3%

. Na faixa de 1-59 anos as causas externas ocupam o primeiro lugar como


causa de óbito

. A morte proporcional por doença diarreica aguda, em menores de 5 anos di-


minuiu no país como um todo e chegou a 1,9% em 2013, sendo que em 2000,
essa taxa era de 4,5%, quanto maior o valor deste indicador, mais precárias são
as condições de saneamento e de atenção à saúde da criança

. Os óbitos por causas externas têm aumentado, afetando mais jovens do sexo
masculino

. No Brasil, a principal causa de morte externa são as agressões e os homicí-


dios, precedida dos acidentes e transporte e logo após, pelas quedas

. As neoplasias malignas também vêm aumentando conforme ocorre o controle


progressivo de outras doenças vem proporcionando o envelhecimento popula-
cional

. A taxa de mortalidade por neoplasias em 2000 era de 70,3 óbitos por 100 mil
habitantes aumentando para 96,4 óbitos por 100 mil habitantes em 2013,
mantendo maior incidência nas regiões Sul e Sudeste muito provavelmente de-
vido ao maior rastreio nesses locais

. Há também um crescimento progressivo nas taxas específicas de mortalidade


por neoplasia de mama, próstata e pulmão, traqueia e brônquios

. O envelhecimento da população ainda tem como efeito o aumento da mortali-


dade por diabetes mellitus que, em 2000, havia uma taxa de 20,8 óbitos por
100 mil habitantes que cresceu para 28,9 óbitos por 100 mil habitantes, sendo
as mulheres mais afetadas

. A mortalidade por AIDS (Síndrome da Imunodeficiência adquirida), diminuiu


drasticamente após a distribuição gratuita da terapia com antirretrovirais e em
2001, essa taxa foi de 8,85 óbitos por 100 mil habitantes entre os homens e
3,9 entre as mulheres

. Entre as doenças de notificação compulsória, as de maior incidência em 2012


foram a dengue, a malária e a tuberculose sendo que as capitais e regiões me-
tropolitanas detêm as maiores taxas

. Entre as doenças que podem ser prevenidas por vacinação, a ocorrência de


sarampo diminuiu significativamente desde a epidemia em 1997, porém, nos
últimos anos esses índices aumentaram, principalmente em 2013 e 2014

. A prevalência de hanseníase está diminuindo, alcançando uma taxa de 1,02


casos por 10 mil em 2015

. As neoplasias malignas têm incidência diferente por sexo, entre os homens se


têm em 1º lugar o câncer de pele não melanoma, em 2º lugar o de próstata, em
3º lugar o de pulmão, traqueia e brônquios e em 4º lugar o de cólon, junção re-
tossigmoide, reto e ânus, já entre as mulheres, se tem em 1º lugar o câncer de
pele não melanoma, em 2º lugar o de mama, em 3º lugar o de colo de útero,
junção retossigmoide, reto e ânus e em 4º lugar o de colo do útero

. As principais causas de internação no SUS em 2016 foram gravidez, parto e


puerpério em 20,8%, doenças do aparelho circulatório em 10,2% e causas ex-
ternas em 10%

. A maior parte das internações por causas externas em 2016 foram decorren-
tes de quedas, seguidas de acidentes de transportes e pelas agressões

. A prevalência de pacientes em diálise atendidos no SUS em 2012, foi de


55,47 casos por 100 mil habitantes, tendo aumentado com relação ao a 2000,
quando esse número era de 38

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