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INTRODUÇÃO

Segundo a OMS As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são


doenças multifatoriais que se desenvolvem no decorrer da vida e são de longa
duração. Elas são responsáveis por aproximadamente 70% das mortes no
mundo.

A principal preocupação do dentista que vai tratar de um paciente


hipertenso diz respeito à manutenção de sua hemodinâmica. Nesse sentido,
deve-se minimizar o risco de elevação rápida e sintomática da PA, com risco
potencial de deterioração de órgão-alvo ou em casos raros e extremos, com
risco imediato de vida. Também busca-se minimizar a queda brusca de PA e
hipotensão ortostática, que podem cursar com síncope e acometer aqueles
indivíduos que usam drogas anti-hipertensivas, em especial aquelas com efeito
vasodilatador (ROSÁRIO et al., 2009).

A diabetes mellitus é considerada um dos maiores desafios à saúde no


mundo no século 21. Estima-se que em 2040 a doença atinja 640 milhões de
adultos no mundo com 60% de aumento na América Central e América do Sul
(INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION, 2015).

Por trás desse aumento da prevalência da diabetes tipo 2 estão fatores


como o envelhecimento da população, mudanças dietéticas, tabagismo,
obesidade, sedentarismo, entre outros (WHO, 2016).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou, em 2016, que o


número de pessoas com diabetes no mundo cresceu de 108 milhões, em 1980,
para 422 milhões em 2014. A prevalência mundial entre adultos saltou de
4,7%, em 1980, para 8,5%, em 2014 (WHO, 2016 WILD et al., 2004).

A anamnese do paciente odontológico com diabetes deve ser


detalhada e avaliar as condições gerais. Atenção principal deve ser dada aos
níveis recentes de glicemia de jejum e de hemoglobina glicada, tipo e posologia
dos medicamentos antidiabetogênicos e comorbidades presentes (KIDAMBI;
PATEL, 2008; MILEY; TEREZHALMY, 2005; SHIP, 2003).

Antes de iniciar a consulta odontológica, mesmo que os procedimentos


a serem realizados sejam não invasivos, é prudente aferir a glicemia capilar,
considerando sempre as informações do paciente sobre hora e dose do
medicamento ingerido e a hora da última ingestão alimentar (KIDAMBI; PATEL,
2008; MILEY; TEREZHALMY, 2005; SHIP, 2003).

Se durante a consulta odontológica o paciente apresentar queda nos


níveis de glicose (crise hipoglicêmica), o tratamento deve ser suspenso
imediatamente e proceder à administração de soluções contendo 15 g a 20 g
de carboidratos (por exemplo, aproximadamente 120 ml de sucos/refrigerantes
ou 240 ml de leite desnatado). Após sua administração, testar novamente os
níveis de glicose após 15 min. Em casos de perda de consciência, recomenda-
se a administração intramuscular ou subcutânea de glucagon (FERNANDES et
al., 2015).

As causas da DRC em adultos incluem a hipertensão arterial, a


diabetes mellitus, as glomerulonefrites e causas indeterminadas. Nas crianças,
condições herdadas geneticamente, doenças glomerulares e as malformações
do trato urinário são as causas mais comuns (HARAMBAT et al., 2012).

Embora os números de indivíduos acometidos, menores de 20 anos,


sejam bem inferiores quando comparados aos adultos, a DRC é devastadora
quando acomete crianças e adolescentes (HARAMBAT et al., 2012).

Diferentemente dos adultos, que apresentam maturidade física,


intelectual e psicológica completas, as crianças acometidas são
particularmente vulneráveis aos efeitos adversos da DRC. Frequentemente,
elas apresentam comprometimento do crescimento, bem como problemas em
seu desenvolvimento físico, sexual e mental (HARAMBAT et al., 2012).

A literatura relata a ocorrência de alterações nos tecidos duros e nos


tecidos moles da boca em adultos e crianças com DRC. Algumas
manifestações estão associadas à doença de base; outras, às medicações
utilizadas (RUOSPO et al., 2014; PROCTOR et al., 2005).

Entre as alterações de tecido mole, destacamos a palidez da mucosa


oral, petéquias e equimoses, e a estomatite urêmica (KHO et al., 1999).

A estomatite urêmica é uma condição dolorosa e debilitante rara,


causada provavelmente pelo acúmulo de substâncias nitrogenadas no sangue
e que pode ocorrer nos estágios avançados da DRC. A presença de
sangramento gengival, infecções e supressão imunológica podem ser fatores
coadjuvantes no desenvolvimento dessa estomatite. Pode apresentar-se como
lesão ulcerada, hemorrágica, recoberta por pseudomembrana ou até mesmo
hiperqueratótica (SUDARSHAN et a.l, 2012).

PROBLEMATICA

As diabetes são responsáveis por um grande número de mortes,


inclusive prematuras, atingindo principalmente grupos mais vulneráveis, como
populações de baixa escolaridade e renda. Além dos determinantes sociais, as
DCNT, têm em comum, fatores de risco modificáveis, como obesidade,
sedentarismo, alimentação inadequada, uso de álcool e tabagismo, bem como
alguns problemas de saúde bucal, que são a base para trabalharmos no
enfrentamento desse problema.

Desde a década de 60, diversos países do mundo estão em processo


de transição epidemiológica, demográfica e nutricional. Tais mudanças no perfil
populacional resultaram em alterações no padrão de adoecimento da
população, com declínio da carga de doenças infecciosas e aumento da
prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Os processos de
transição – demográfica, epidemiológica, nutricional – trazem consigo, dentre
outras coisas, alterações no perfil de adoecimento da população. Atualmente,
as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) constituem um dos maiores
problemas de saúde pública, ocasionando inúmeras mortes prematuras e
perda na qualidade de vida.

JUSTIFICATIVA

Tendo em vista o aumento da prevalência das doenças crônicas, bem


como a complexidade destas, é fundamental que o cirurgião-dentista busque
conhecimentos sobre a temática para que possa atender com responsabilidade
às necessidades de seus pacientes, avaliando as condições sistêmicas
encontradas, individualizando o atendimento de acordo com as necessidades
individuais e permitindo o cuidado integral. Assim, o compartilhamento do
conhecimento, visando melhorar a qualidade do atendimento odontológico aos
pacientes e consequentemente a qualidade de vida dos mesmos, se torna
fundamental.

O uso de tecnologias de informação e comunicação, como o livro


eletrônico, é uma ferramenta estratégica útil na materialização do
conhecimento formal, tendo como vantagens sua portabilidade e fácil
acessibilidade, bastando ter um aparelho celular para acessá-lo.Isso é
essencial em um país como o nosso, com grandes dimensões territoriais e
imensas dificuldades de acesso ao livro impresso.

OBJECTIVOS

OBJECTIVO GERAL

Avaliar o prognóstico após exodontia realizada em um paciente


diabético hipertenso, cardiopata e com insuficiencia renal cronica atraves de
um relato de Caso clinico

OBJECTIVO ESPECIFICO

Identificar as causas da perda dentária precoce no paciente em estudo

Conhecer as principais complicações pós exodontia que podem estar


associada ao problema sistémico

Descrever as alterações bucais encontradas no paciente em questão

Apresentar o protocolo clinico e medicamentoso utilizado para a


exodontia e após o procedimento..
CAPITULO I FUNDAMENTAÇÃO- TÉCNICO-CIENTIFICO

Revisão de literatura

No Brasil, as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), entre estas


o acidente vascular encefálico, infarto, hipertensão arterial, câncer, diabetes,
doenças respiratórias e a doença renal crônica, constituem o problema de
saúde de maior magnitude e correspondem a 73% das causas de morte, sendo
17% de mortes prematuras (WHO, 2017). As de maior prevalência no país são
as doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e doenças respiratórias
crônicas.

Hipertensão arterial

Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (2016), pressão


arterial é a pressão exercida pelo sangue nas artérias durante a circulação.
Para manutenção da circulação sanguínea e pressão arterial, o coração realiza
os movimentos de sístole e diástole. A alteração na pressão exercida durante
esses dois movimentos é o que pode levar ao quadro de hipertensão. A
hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial
caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA). É um
problema mundial de saúde pública e está frequentemente associada a
alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins
e vasos sanguíneos).

As alterações metabólicas têm sido consideradas como o principal fator


de risco para as doenças cardiovasculares. Em um relato de meta-análise
envolvendo 61 estudos com mais de um milhão de participantes hipertensos,
observou-se que a redução de ambas as pressões, sistólica e diastólica,
reduziram as complicações cardiovasculares (TURNBULL et al., 2005).
A HAS é diagnosticada pela detecção de níveis elevados e sustentados
de PA pela medida casual. A medida da PA pode ser realizada por médicos e
por profissionais da saúde, como os dentistas (JAMES et al., 2014).

Segundo as Diretrizes da Associação Americana do Coração e do


Colégio Americano de Cardiologia (2017), aceitam-se como normal para
indivíduos adultos (com mais de 18 anos de idade) cifras inferiores a inferiores
a 120 mmHg para pressão arterial sistólica (PAS) e inferior 80 mmHg para
pressão arterial diastólica (PAD).

Considerando a alta prevalência da hipertensão arterial sistêmica, é


recomendado que o dentista realize a aferição da pressão arterial na primeira
consulta do novo paciente. Assim, caso seja identificada alguma alteração da
PA, o cirurgião-dentista deverá encaminhar esse indivíduo para o médico
clínico geral ou cardiologista a fim de que estabelecido ou não o diagnóstico de
hipertensão e o tratamento adequado seja instituído. O dentista ainda deve
orientar o paciente sobre os fatores de risco das DCNT, como obesidade,
sedentarismo, alimentação, tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas
(BRASIL, 2013).

O manejo adequado da hipertensão arterial, de caráter prioritário,


requer ações articuladas nos três eixos: a vigilância da hipertensão, das
comorbidades e de seus determinantes; a integralidade do cuidado; e a
promoção da saúde. Estratégias comportamentais voltadas para mudança do
estilo de vida devem ser o foco das ações para mobilização social. Incentivos
para a construção de hábitos saudáveis e autocuidado, seja por meio de ações
educativas ou mesmo investimentos governamentais que favoreçam o acesso
a uma dieta mais saudável e a realização de atividades físicas, são
fundamentais para o controle da HAS (BRASIL, 2013; WHELTON et al, 2017).

Uma das medidas de rastreio da HAS na Atenção Básica é a aferição


da pressão arterial de todo adulto com 18 anos de idade ou mais que se dirigir
à Unidade Básica de Saúde (UBS) para consulta, atividades educativas,
procedimentos, entre outros, e não tiver registro no prontuário de pelo menos
uma verificação da PA nos últimos dois anos (BRASIL, 2013).
A principal preocupação do dentista que vai tratar de um paciente
hipertenso diz respeito à manutenção de sua hemodinâmica. Nesse sentido,
deve-se minimizar o risco de elevação rápida e sintomática da PA, com risco
potencial de deterioração de órgão-alvo ou em casos raros e extremos, com
risco imediato de vida. Também busca-se minimizar a queda brusca de PA e
hipotensão ortostática, que podem cursar com síncope e acometer aqueles
indivíduos que usam drogas anti-hipertensivas, em especial aquelas com efeito
vasodilatador (ROSÁRIO et al., 2009).

Uma frequente preocupação do cirurgião-dentista ao atender o


paciente com HAS diz respeito ao uso de anestésico local. Diversos estudos
têm demonstrado não haver alteração nas condições hemodinâmicas de
pacientes que receberam anestésico local com vasoconstritor (SILVESTRE et
al., 2011; LARAGNOIT et al., 2009; NEVES Net al., 2007).

O uso de anestésico local com vasoconstritor é indicado para pacientes


hipertensos, uma vez que o controle da dor e do estresse emocional são
importantes, pois aumentam a liberaçãos de catecolaminas endógenas. A
sedação inalatória com óxido nitroso/oxigênio pode ser uma opção útil para
diminuir o stress emocional de pacientes hipertensos (BRASIL, 2013).

Por apresentar como principal vantagem uma repercussão reduzida


sobre o sistema cardiovascular, a literatura aponta que a felipressina 0,03 UI/ml
é o vasoconstritor de melhor escolha para pessoas cardiopatas (BRASIL,
2013).

A dose do anestésico está condicionada ao tipo e concentração do


vasoconstritor e não há consenso sobre o uso de anestésicos com
vasoconstritores. A dose máxima de felipressina recomendada para pessoas
cardiopatas não deve ultrapassar 0,27 UI, o que equivale a cinco tubetes de 1,8
ml, enquanto a adrenalina 1:100.000 ou 1:200.000 também pode ser utilizada
em doses pequenas; o ideal é não ultrapassar o limite de dois tubetes por
sessão, quando se tratar de uma pessoa hipertensa controlada (BRASIL,
2013).

Outro cuidado está relacionado à prescrição medicamentosa de anti-


inflamatórios não esteroidais (Aines) que podem afetar o mecanismo de ação
de drogas anti-hipertensivas como β-bloqueadores, inibidores da ECA e
diuréticos, e por isso devem ser prescritos por períodos curtos, de no máximo
quatro dias (BRASIL, 2013; TURNBULL et al., 2005).

Estudos relatam que os Aines podem ser substituídos por analgésicos


para evitar essa interação, entretanto, na prática, o uso de Aines produz um
efeito clínico significativamente superior. Desse modo, seria ideal prescrever o
medicamento por cerca de três dias e orientar a pessoa a diminuir a ingestão
de sal durante o uso de Aines (BRASIL, 2013).

Devem-se planejar sessões curtas de atendimento, preferencialmente


na segunda parte do período da manhã. A pressão arterial (PA) deve ser
monitorada antes, durante e após toda a intervenção, na dependência do
quadro de hipertensão do paciente (RAJEEV et al., 2010).

Diabetes melitus

A diabetes mellitus é considerada um dos maiores desafios à saúde no


mundo no século 21. Estima-se que em 2040 a doença atinja 640 milhões de
adultos no mundo com 60% de aumento na América Central e América do Sul
(INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION, 2015).

Por trás desse aumento da prevalência da diabetes tipo 2 estão fatores


como o envelhecimento da população, mudanças dietéticas, tabagismo,
obesidade, sedentarismo, entre outros (WHO, 2016).

Segundo a American Diabetes Association, diabetes mellitus (DM) é


um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que apresenta em comum a
hiperglicemia, resultado de defeitos na ação da insulina, na secreção de
insulina ou em ambas (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2015).

A diabetes é classificada em diabetes mellitus tipo 1, tipo 2, diabetes


gestacional e outros tipos específicos de diabetes (MILECH et al., 2016)

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou, em 2016, que o


número de pessoas com diabetes no mundo cresceu de 108 milhões, em 1980,
para 422 milhões em 2014. A prevalência mundial entre adultos saltou de
4,7%, em 1980, para 8,5%, em 2014 (WHO, 2016 WILD et al., 2004).
Alterações provocadas pela hiperglicemia

Existem alterações fisiológicas que diminuem a capacidade


imunológica e a resposta inflamatória desses pacientes, aumentando a
susceptibilidade às infecções. O controle glicêmico está envolvido na
patogênese dessas alterações. Há disfunções nos leucócitos, com
anormalidades na aderência, quimiotaxia, fagocitose e destruição intracelular.
Há diminuição, também, da ativação espontânea e da resposta neutrofílica,
quando comparados aos pacientes controles não diabéticos (BANDEIRA et al,
2003).

Existem teorias de que a hiperglicemia ou a presença dos produtos


finais da glicosilação levam a um estado de persistente ativação dos
polimorfonucleares, o que induz a ativação espontânea de cadeia oxidativa e
liberação de mieloperoxidase, elastase e outros componentes dos grânulos
neutrofílicos, causando danos em duas vias (BANDEIRAet al., 2003;
CASTILHO; RESENDE, 1999):

1) Pode tornar os polimorfonucleares “tolerantes”, isto é, com resposta


menos efetiva quando estimulados por patógenos;

2). Pode iniciar um processo patológico, levando à injúria vascular. O


aumento da expressão das moléculas de adesão nos polimorfonucleares é
importante na patogênese da aterosclerose. A piora do controle glicêmico leva
à inflamação e ruptura das placas ateromatosas.

Distúrbios vasculares: Quanto às alterações vasculares do diabético,


podemos afirmar que (BANDEIRA et al., 2003):

(1) A diminuição da insulina e a hiperglicemia elevam os níveis de


lipídeos potencialmente aterogênicos;

(2) Ocorre glicosilação de apoproteínas responsáveis pela captação


desses lipídeos, que permanecem na circulação
(3) Aumenta a glicosilação do colágeno da parede dos vasos;

4) Defeitos na agregação plaquetária, que aumentam a agregação das


plaquetas e a vasoconstricção, levando a tromboembolismos e deficiência na
circulação periférica;

(5) Proliferação de células musculares lisas da parede arterial, que


aumentam sua contração, promovendo insuficiência vascular periférica.

ALTERAÇÕES BUCAIS DOS PACIENTES DIABÉTICOS

Segundo Sonis, Fazio e Fang (1996) a hipoplasia e a hipocalcificação


do esmalte podem estar associadas a uma grande quantidade de cáries.
Monteiro (2001) observou que há um aumento na excreção, e
conseqüentemente da concentração, do íon cálcio na saliva de portadores de
diabetes mellitus, sem que haja modificações nas concentrações dos íons
sódio e potássio.

Mudanças alimentares e a diminuição de açúcares na dieta, junto com


o maior conteúdo de glicose e cálcio na saliva, favorece o aumento na
quantidade de cálculos e de fatores irritantes nos tecidos, enquanto a atrofia
alveolar difusa está aumentada nesses pacientes (SCHNEIDER; BERND;
NURKIM, 1995).

Dentre as principais manifestações bucais e aspectos dentais dos


pacientes com diabetes estão a xerostomia, glossodínia, ardor na língua,
eritema, e distúrbios de gustação. O diabetes mellitus leva a um aumento da
acidez do meio bucal, aumento da viscosidade e diminuição do fluxo salivar, os
quais são fatores de risco para cárie (SCHNEIDER; BERND; NURKIM, 1995).

Apesar de terem restrições quanto ao uso de açúcar e da secreção


deficiente de imunoglobulinas na saliva, esses pacientes têm a mesma
suscetibilidade à cárie e doenças relacionadas à placa dentária dos indivíduos
normais (MOIMAZ et al., 2000).

Um estudo realizado por Novaes Júnior (1991) mostrou que o índice de


placa foi maior nos pacientes diabéticos que no grupo controle, e que atingia
maismulheres que homens diabéticos, não havendo essa variação quanto ao
gênero no grupo controle. Manifestações menos freqüentes são a tumefação
de glândula parótida, candidíase oral e queilite angular (resultantes de
modificações na flora bucal), aftas recidivantes e focos de infecções. Pacientes
com controle inadequado do diabetes têm significativamente mais sangramento
gengival e gengivite do que aqueles com controle moderado e bom e do que
pacientes que não apresentam a doença. Os tecidos periodontais dos
pacientes diabéticos tipo 2 quando comparados aos pacientes saudáveis
apresentam: maior grau de vascularização, maior grau de espessamento de
parede vascular, obliteração total e parcial de luz vascular, alterações
vasculares nos tecidos gengivais, e estas parecem estar relacionadas ao
caráter hiperinflamatório desses pacientes (SOUZA, 2001)

A xerostomia, além do desconforto, pode provocar doenças bucais


severas. A saliva é importante, pois dificulta o desenvolvimento de cáries e
umedece o rebordo alveolar residual, sobre o qual se apóiam as bases das
próteses parciais removíveis e totais, devendo, por isso, ser preservado ao
longo do tempo para não sofrer traumas durante os processos mastigatórios
(BATISTA; MOTTANETO, 1999).

Lauda, Silveira e Guimarães (1998) afirmam que são contra-indicados,


já que o problema do diabetes não está na fase reparacional ou cirúrgica, e sim
na formação e remodelação da interface.

A doença periodontal, processo infeccioso que resulta em uma potente


resposta inflamatória (GOMES FILHO, 2002), é a manifestação odontológica
mais comum em pacientes diabéticos mal controlados. Aproximadamente 75%
destes pacientes possuem doença periodontal, com aumento de reabsorção
alveolar e alterações inflamatórias gengivais (SONIS; FAZIO; FANG, 1996).

A profundidade de sondagem e o número de dentes perdidos em


sextantes com bolsas profundas são maiores nos diabéticos. Foram
observadas modificações da microbiota em placas bacterianas flutuantes ou
aderidas na base da bolsa periodontal, devidas aos níveis elevados de glicose
no fluido sulcular, mas alguns estudos afirmam que não existe diferença da
microbiota entre esses pacientes e o grupo controle. Ocorre inflamação
gengival, desenvolvimento de bolsas periodontais ativas, abscessos
recorrentes, perda óssea rápida e progressiva, havendo também osteoporose
trabecular e cicatrização lenta do tecido periodontal. É observada menor
queratinização epitelial, retardos na biossíntese do colágeno e da velocidade
de maturação do fibroblasto do ligamento periodontal, que dificulta a reparação
pós-tratamento, embora Pilatti, Toledo e El Guindy (1995) não tenham
observado diferença na capacidade de reparação tecidual frente ao tratamento
periodontal não cirúrgico. Numa comparação entre irmãos diabéticos e não
diabéticos, a prevalência de doença periodontal é extremamente superior entre
aqueles com o distúrbio metabólico e, da mesma forma, a maior duração do
diabetes também é associada aos indivíduos com doença periodontal severa
(CASTRO et al., 2000 PAGNONCELLI, 2002).

A progressão da doença periodontal é maior em diabéticos que


apresentam a doença há muito tempo, particularmente naqueles que
demonstram complicações sistêmicas, e diabéticos com doença periodontal
avançada sofrem mais com complicações do tipo abscessos que pacientes que
não apresentam a doença (MANSON; ELEY, 1999).

O grau de controle dos níveis glicêmicos, a duração da doença,


alterações vasculares, alteração no metabolismo do colágeno, fatores
genéticos (HLA – Complexo de Histocompatibilidade Humana) e a idade dos
pacientes são fatores aparentemente correlacionados de maneira positiva com
a severidade e prevalência da doença periodontal, independentemente do tipo
de diabetes (SCHNEIDER; BERND; NURKIM, 1995; TRAMONTINA et al.,
1997).

A presença de infecções leva à estimulação da resposta inflamatória


resultando em situação de estresse, que aumenta a resistência dos tecidos à
insulina, piorando o controle do diabetes. Observou-se que a terapia
periodontal reduziu as necessidades de administração de insulina pelo
diabético. Os procedimentos dentários cirúrgicos causam bacteremias em mais
de 80% dos pacientes, e o tratamento periodontal, quando precedido da
administração sistêmica de antibióticos, melhora o controle metabólico dos
pacientes. De forma geral, a necessidade ou não da medicação depende do
controle metabólico do paciente, mas a escolha da medicação, dose e via de
administração são, usualmente, as mesmas recomendadas para indivíduos não
diabéticos. Estes pacientes requerem vigilância particular durante o tratamento
de infecções odontogênicas. A amoxicilina é o antibiótico de escolha. No caso
de infecção dental aguda em pacientes diabéticos não controlados, a utilização
do antibiótico deverá se iniciar antes do procedimento invasivo e continuar por
vários dias após a drenagem e o controle primário. Para os pacientes com bom
controle metabólico, os riscos são semelhantes àqueles que correm os
pacientes normais e o antibiótico terá as mesmas indicações para ambos.
Contudo, um enfoque terapêutico inicial deve ser direcionado para a prevenção
do início da doença periodontal em pacientes diabéticos. Os antibióticos não
devem ser usados como rotina no tratamento periodontal de pacientes
diabéticos, mas podem ser administrados na presença de infecçöes e
associados aos procedimentos periodontais invasivos com a finalidade de
minimizar as complicações pós-operatórias. O uso de cloredixina como agente
anti-placa mostrou-se efetivo como coadjuvante no tratamento periodontal de
pacientes diabéticos (CASTRO et al., 2000; GREGHI et al., 2002; PILATTI;
TOLEDO; EL GUINDY, 1995).

A alta prevalência de uma ou mais doenças sistêmicas crônicas como


o diabetes mellitus, doenças coronarianas e osteoporose, em pacientes idosos,
requer uma conduta terapêutica periodontal mais cuidadosa e multidisciplinar
(CUNHAMELO, 2001).

O atendimento odontológico do paciente diabético

Uma emergência comum durante o atendimento odontológico nesses


pacientes é a hipoglicemia, situação em que a glicemia no sangue cai abaixo
de 45 mg%, acompanhado de sinais e sintomas que, quando reconhecidos,
devem ser imediatamente tratados, fazendo-se com que o paciente ingira
açúcar puro, água com açúcar, balas, chocolate, etc.

Os sinais e sintomas podem ser de dois tipos básicos: 1) Sintomas


adrenérgicos (semelhantes aos causados por sustos, medo ou raiva) como:
desmaio, fraqueza, palidez, nervosismo, suor frio, irritabilidade, fome,
palpitações e ansiedade; 2) Sintomas neuroglicopênicos (conseqüentes da
deficiência no aporte de glicose ao cérebro): visão turva, diplopia, sonolência,
dor de cabeça, perda de concentração, paralisia, distúrbios da memória,
confusão mental, incoordenação motora, disfunção sensorial, podendo também
chegar à manifestação de convulsões e estados de coma. No caso de perda de
consciência, a administração de 2cc de glicose a 20% IV geralmente reverte o
quadro (GREGORI; COSTA; CAMPOS, 1999). Já paciente hiperglicêmicos
com glicemias superiores a 400mg% devem ser encaminhados para o médico.
O paciente pode revelar sinais e sintomas característicos de cetoacidose
metabólica, como a presença de hálito cetônico, náuseas, vômitos e respiração
de Kussmaul (BARCELLOS et al., 2000).

O cirurgião-dentista deve estar atento para suspeitar previamente de


um diabetes mellitus não diagnosticado, devendo a história dental incluir
perguntas relativas à poliúria, polifagia, polidipsia e perda de peso. Pacientes
que apresentarem história positiva devem ser encaminhados a um laboratório
de análise clínica ou ao médico, para uma avaliação adicional, antes de ser
iniciado o tratamento dentário.

As células do epitélio bucal de pacientes diabéticos, em estudo


realizado por Alberti (2002), exibiram figuras de binucleaçäo, e ocasionais
cariorrexe, em todas as camadas. Tais resultados, aliados à observação
clínica, sugerem que o diabetes mellitus é capaz de produzir alterações em
células do epitélio bucal, detectáveis pela microscopia e citomorfometria,
podendo ser utilizadas no diagnóstico desta doença. O paciente que sabe ser
portador de diabetes deve informar o tipo, a terapia que está sendo
empregada, o nível de controle metabólico e a presença de complicações
secundárias da doença. Deve ser questionado especificamente sobre a
duração da doença, a ocorrência de hipoglicemias, a história de hospitalização
pós-cetoacidose e modificações no regime terapêutico (SONIS; FAZIO; FANG,
1996).

A maioria dos autores afirma que pacientes diabéticos bem


controlados podem ser tratados de maneira similar ao paciente não diabético
na maioria dos procedimentos dentários de rotina. Pacientes com bom controle
metabólico respondem de forma favorável à terapia periodontal não-cirúrgica,
similarmente aos pacientes não-diabéticos (GREGHI et al., 2002; SCHNEIDER;
BERND; NURKIM, 1995).
Justino (1988) sugere uma conduta odontológica a ser tomada pelos
profissionais diante de pacientes diabéticos. Visando reduzir a tensão, devem
ser realizadas consultas curtas no início da manhã (pois os níveis endógenos
de corticosteróides neste período são geralmente altos e os procedimentos
estressantes podem ser mais bem tolerados) e técnicas de sedação auxiliar
quando apropriadas. Sobre a dieta do paciente, aconselha-se que o paciente
continue a se alimentar normalmente antes do tratamento. Em caso de
consulta demorada, especialmente se esta se prolongar pelo tempo da refeição
normal, interromper o trabalho para uma refeição ligeira. Àqueles pacientes aos
quais se prevê dificuldades na ingestão de alimentos sólidos depois do
tratamento deve-se prescrever dieta de alimentos pastosos e líquidos. Para
diminuir os riscos de infecção devem ser realizados exames laboratoriais, e
indica-se aprofilaxia antibiótica. As infecções periodontais agudas devem ser
tratadas energicamente. O uso profilático de antibióticos no pós-operatório
deve ser considerado.
CAPITULO II METODOLOGIA DE PESQUISA

TIPO DE ESTUDO

Tratar-se-á de um relato de caso clinico a propósito do prognostico da


exodontia em um paciente diabético, hipertenso, cardiopata e com insuficiencia
renal cronica.

LOCAL DE ESTUDO

A pesquisa será feita na odontologia Ispaj, cita no Instituto Superior


politécnico Alvorecer da Juventude, rua 45 Urbanização Nova Vida, Luanda.

POPULAÇÃO E AMOSTRA

A partir do universo de 2500 pacientes atendidos na Odontologia ISPAJ


será selecionada a mostra de um paciente.

CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Será selecionado um paciente diabético com patologias associadas tais


como: insuficiência renal cronica, hipertensão e outras.

CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Serão excluídos os pacientes com idades superiores aos 65 anos, que


não tenham nenhuma doença sistémica particularmente a diabetes e
associadas, aqueles também que não quiseram fazer parte da pesquisa.

VARIAVEIS DO ESTUDO

Serao utilizadas como variáveis as seguintes: idade, presença de de


diabetes, hipertensão, Insuficiência renal crónica, histórico médico,
complicações odontológicas anteriores após exodontia, diagnostico.

ANÁLISE E PROCESSAMENTO DE DADOS


Os dados serão analisados e processados por intermédio da word, e
power point da Microsoft office corporation

INSTRUMENTOS PARA COLETAS DE DADOS

Os dados serão coletados por meio da ficha clínica odontológica,


medicação prescrita, relato do médico especialista que segue o paciente,
fotografias, exames radiográficos.

ASPECTOS ÉTICOS

A pesquisa será aprovada pelo Departamento de Ciências da Saúde do


Ispaj, Coordenação do curso de Odontologia, e a Clínica Odontologia Ispaj.
CRONOGRAMA

MARÇO ABRIL MAIO JUNHO


Escolha do
tema
Seleção dos
artigos
Elaboração do
pré-projecto

Coleta de
dados
Análise dos
resultados

Submissão do
trabalho á pré-
defesa

Entrega do
trabalho final
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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