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PAPEL DO ENFERMEIRO JUNTO AOS PACIENTES RENAIS CRÔNICOS EM

HEMODIÁLISE

Ricelli Bento Machado1


Maria Cristina Paganini2

1 INTRODUÇÃO

O aumento da incidência das doenças crônicas é um fato conhecido que tem


suscitado muitas preocupação e discussões, constituindo, atualmente, um
importante problema de saúde pública. No Brasil, a prevalência de pacientes
mantidos em programa crônico de diálise mais que dobrou nos últimos 8 anos
(SILVA et al., 2022).
As doenças crônicas (DC) demandam interferências relacionadas a
modificação dos aspectos comportamentais permanentes, em razão de integrar uma
adversidade de enorme amplitude que corresponde a cerca de 72% dos óbitos
(GESUALDO et al., 2020).
De acordo com Ribeiro (2020), a doença renal crônica (DRC) trata-se de
uma enfermidade que se caracteriza pela perda permanente e irreversível das
funções dos rins, comumente associada a diabetes mellitus e hipertensão arterial,
que pode progredir para uma fase mais severa, chamada doença renal crônica
terminal (DRCT). Nesse estágio, as funções renais são nulas, de modo que se
torna necessário o tratamento por meio da hemodiálise (HD), a fim de substituir as
funções dos rins.
A doença renal consiste em lesão renal e perda progressiva e irreversível da
função dos rins (ANDRADE et al., 2021). Já a doença renal crônica (DRC) é a
presença de lesão renal ou de nível reduzido da função renal por 3 meses ou mais,
independentemente do diagnóstico. Em sua fase mais avançada é denominada
doença renal crônica terminal (DRCT), ou estágio terminal de doença renal (ETDR),
quando há perda progressiva e irreversível da função renal (SILVA et al., 2022).
Os rins são os principais órgãos responsáveis pela regulação da
homeostase do corpo, mantendo constante o volume hídrico, a composição química
e o pH sanguíneo. É ainda responsável pela manutenção da pressão arterial, tendo

1
Curso de Enfermagem da Universidade Tuiuti do Paraná.
2
Orientadora da disciplina de TCC, do Curso de Enfermagem da Universidade Tuiuti do Paraná.
como unidade funcional os néfrons que possui uma região especifica denominada
glomérulo, o qual é responsável pela filtração do plasma sanguíneo (COSTA, 2020).
A solução para a DRC é complexa e envolve, pelo menos, três ações
principais: diagnóstico precoce; encaminhamento imediato para acompanhamento
especializado; e identificação e correção das principais complicações e
comorbidades da DRC, bem como o preparo do paciente (e seus familiares) para a
terapia renal substitutiva (TRS).
A hemodiálise é o método mais empregado no Brasil para o tratamento da
doença renal crônica (DRC), que é uma alteração heterogênia que afeta tanto a
estrutura quanto a função renal, tendo a deficiência de calorias de diversos
nutrientes essenciais (SOSTISSO et al., 2020).
A partir da década passada, tornou-se evidente que a progressão da DRC
em pacientes com diferentes patologias renais (e sob cuidados de nefrologistas)
poderia ser retardada ou ainda interrompida com medidas como controle rigoroso da
pressão arterial e emprego de medicamentos bloqueadores do eixo renina-
angiotensina-aldosterona (ERAA), entre outras (SILVA e MARISCO, 2022).
As principais causas da DRC são: a Hipertensão Arterial Sistêmica, diabetes
mellitus, doenças renais (glomerulopatia, nefropatia tubulointerticial, doença renal
policística, displasia, hipoplasia renal) e uropatias (infecções urinárias de repetição,
obstruções urinárias e cálculos urinários) (PIRES et al., 2017).
De acordo com Noleto et al. (2015, p. 1581):

Conceitua-se Insuficiência Renal Crônica (IRC) como uma síndrome


complexa consequente à perda, geralmente lenta e progressiva, da
capacidade excretória renal. Esse conceito pode ser traduzido pela redução
progressiva da filtração glomerular, principal mecanismo de excreção de
solutos tóxicos gerados pelo organismo. A etiologia está relacionada
principalmente a três condições: Diabetes Mellitus (DM), Hipertensão
Arterial Sistêmica (HAS), e glomerulonefrite. Uma vez instalada a IRC, faz-
se necessário um tratamento para substituição da função renal.

O enfermeiro deve atuar na prevenção e progressão da doença renal, com


ações para atender às necessidades dos pacientes acometidos pela doença. Mas
para isso é necessário detectar os grupos de risco e os indivíduos com a doença
instalada, para os quais é imprescindível a avaliação da função renal (SILVA e
MARISCO, 2022).
Qual o papel do enfermeiro junto aos pacientes renais crônicos em
hemodiálise?

2 JUSTIFICATIVA

Na América Latina, a incidência da DCR, em 2004, era de 147 pacientes por


milhão de população, variando de 11 por milhão de população na Guatemala e 337
em Porto Rico. Nos Estados Unidos, após a elevação nas taxas de incidência dessa
patologia tem ocorrido uma estabilização com 363 por milhão de população. Outros
países com elevadas taxas de incidência para esta condição de saúde são Taiwan,
sendo 418 por milhão de população e Japão com 275 por milhão de população
(LOUVISON, 2016). Em julho de 2017 havia 133.464 pacientes em tratamento
dialítico crônico, cujas estimativas permanecem crescendo constantemente no Brasil
(SESSO et al., 2017).
As clínicas de serviços de nefrologia contam com a equipe de enfermagem
para prestação da assistência, estes devem inspecionar o local de inserção do
cateter, como também na fístula arteriovenosa, atentando-se aos sinais que
indiquem o trauma vascular, a fim de que seja mensurada a velocidade de infusão
durante a hemodiálise (SPIGOLON et al., 2018).
Dentre os cuidados de enfermagem prioritários ao paciente durante o
tratamento hemodialítico destacam-se a monitoração dos sinais vitais a cada trinta
minutos, monitorar o peso do paciente antes e depois da diálise, examinar vias de
acesso para hemodiálise e monitorar sinais flogísticos, adotar medidas para controle
de infecções, proporcionar suporte emocional, avaliar a dor, administrar analgésicos
prescritos e realizar massagens, visando o relaxamento do paciente (FREITAS e
MENDONÇA, 2016). A presença de uma equipe médica e de enfermagem
qualificada é de suma importância para evitar e identificar potenciais complicações
(NISIO et al.,2017).
Diante disso, é importante que o enfermeiro esteja presente nas sessões de
hemodiálise, coordenando a equipe e identificando as necessidades particulares de
cada paciente. Esse profissional também deve intervir na educação da família e do
paciente sobre a doença e suas complicações, fornecendo orientações sobre o
plano terapêutico, com aspectos técnicos e psicológicos (PIRES et al., 2017).
Dessa forma, o estudo se torna relevante diante da incidência nacional de
pacientes renais crônicos em uso de hemodiálise. Sendo de fundamental
importância a assistência de enfermagem junto ao paciente e à família, para
esclarecer dúvidas e informações sobre os cuidados e implicações do tratamento na
qualidade de vida do paciente.

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Analisar a importância do papel do enfermeiro junto aos pacientes renais


crônicos em hemodiálise.

3.2 Objetivos específicos

 Definir Doença Renal Crônica;


 Descrever as causas e consequências;
 Analisar os aspectos que mais influenciam na vida do paciente
hemodialítico;
 Evidenciar o papel do enfermeiro frente à assistência prestada ao
paciente em tratamento de hemodiálise;
 Elencar as complicações recorrentes aos pacientes submetidos à
hemodiálise.

4 REFERÊNCIAS

ANDRADE, Ana Fátima Souza Melo de; TELES, Weber de Santana; SILVA, Max
Cruz da; TORRES, Ruth Cristini; AZEVEDO, Marcel Vinícius Cunha; DEBBO,
Alejandra; SILVA, Maria Hozana Santos; BARROS, Ângela Maria Melo Sá; SANTOS
JUNIOR, Paulo Celso Curvelo; CALASANS, Taíssa Alice Soledade. Assistência de
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