Você está na página 1de 17

EFEITOS DOS EXERCÍCIOS INTRADIALÍTICOS RESISTIDOS EM

PACIENTES RENAIS CRÔNICOS SUBMETIDOS A HEMODIÁLISE: Uma Revisão de


Literatura

Valdeir Massoleni1
Bruno Bonfim Foresti**

RESUMO

Este trabalho descreve os efeitos dos exercícios intradialíticos resistidos em pacientes


renais crônicos submetidos a hemodiálise. Tal abordagem se justifica devido ao fato de a doença
renal crônica (DRC) apresentar características limitantes à capacidade funcional, gerando
complicações a longo prazo ao sistema cardiovascular, alterações endócrino-metabólicas,
osteomioarticulares e muitas outras que comprometem a qualidade de vida. Nessas condições de
vida o paciente só consegue se manter através de terapias por substituição como o transplante
renal ou por tratamento de hemodiálise, o que faz com que essa patologia seja considerada um
grande problema de saúde pública, por envolver grandes gastos e um alto índice de mortalidade.
O objetivo pesquisa é realizar novas investigações a respeito da prática regular de exercícios
físicos resistidos intradialíticos como método terapêutico, analisando as possíveis alterações
metabólicas, funcionais e psicológicas que possam influenciar o organismo de um portador de
DRC. Este intento foi conseguido mediante revisão bibliográfica, através de uma pesquisa
qualitativa em estudo transversal, onde se utilizaram bases de dados confiáveis como Scielo,
LILACS, MEDLINE e PUBMED que correspondiam a Doença Renal Crônica, exercícios
resistidos e tratamento dialítico. Esta pesquisa fornece evidências de que o exercício resistivo
resultou na melhora da qualidade de vida e da capacidade funcional dos indivíduos portadores da
DRC. Em contrapartida, o comportamento fisioterapêutico deve ser reavaliado constantemente,
1
Valdeir Massoleni, aluno de graduação acadêmica em bacharelado em fisioterapia pelo Centro Universitário do Sul
de Minas – UNIS MG. Bolsista FAPEMIG pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e monitor
voluntário em Genética Humana e Molecular em 2018; Bolsa Monitoria em Bioquímica e em Fisioterapia em
Cardiologia e Angiologia em 2019. E-mail: valdeirmassolenifs@gmail.com
**
Bruno Bonfim Foresti, professor orientador pós-graduado em docência de ensino superior, especialista na área
traumato ortopédica e desportiva. Atuante em campos de órteses e próteses, anatomo-fisiologia, cinesiologia e
biomecânica, hidroterapia, recursos eletroterapêuticos e saúde pública no Centro Universitário do Sul de Minas –
UNIS MG. E-mail: bruno.foresti@unis.edu.br
visto que em todo caso a intervenção pode resultar a certas intercorrências durante o tratamento.
Apesar disto, neste estudo não houveram relatos de intercorrências graves e o método contribuiu
para o desempenho coletivo e individual.

Palavras-chave: Exercícios. Hemodiálise. Doença Renal Crônica.

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho descreve o efeito dos exercícios intradialíticos em pacientes renais crônicos
submetidos à hemodiálise. A Doença Renal Crônica é definida pelos seus vastos conceitos que
englobam a perda lenta, gradual e irreversível da função renal, representando uma taxa de
filtração glomerular (TFG) menor do que 60 ml/min/1,73 m² em um período superior à 3 meses,
apresentando-se em estado terminal quando as taxas de TFG caem para 15 ml/min/ 1,73 m².
(POSSAMAI, 2017)
Tal abordagem se justifica devido ao fato de a doença renal crônica (DRC) apresentar
características limitantes à capacidade funcional, gerando complicações a longo prazo ao sistema
cardiovascular, alterações endócrino-metabólicas, osteomioarticulares e muitas outras que
comprometem a qualidade de vida. (RIBEIRO et al., 2013)
Atualmente está desordem é caracterizada como um problema de saúde pública,
representando uma estimativa pelo censo de diálise da Sociedade Brasileira de Nefrologia em
2014 de 112.004 pacientes com tratamento dialítico no Brasil. Destes, 91,4% dos pacientes
realizavam o tratamento de hemodiálise, observando um incremento desde à década de 90 de um
quarto da população do onde o número naquela época representava apenas um quarto da
população do atual (24.000). (ROSA, 2017)
Segundo o sistema Único de Saúde (SUS), o custo com esta doença é relativamente alto,
reembolsando nos anos de 2008 e 2011 cerca de 723.841.688,56 e 970.354.599,98 reais com
procedimentos de hemodiálise no país. O custo anual médio variou por paciente em torno de
7.932,52 em 2008 e de 9.112,75 em 2011, além de custos com tratamento medicamentoso.
(ROSA, 2017)
Nestas condições de vida, o indivíduo se consegue manter somente por intermédio da
terapia de substituição como transplante renal ou por hemodiálise (HD). A hemodiálise realiza a
substituição parcial da função renal, onde seu propósito visa preparar as alterações metabólicas
da DRC, realizando a filtração sanguínea e a retirada de solutos urêmicos por um gradiente de
concentração através de difusão ou ultrafiltração, recompondo o equilíbrio eletrolítico e ácido
básico do organismo. (POSSAMAI, 2017)
Mesmo apesar disto, diferentemente de outras áreas os avanços em tratamentos e recursos
terapêuticos não garantem a sobrevida de um indivíduo, visto que os pacientes que demandam do
tratamento de hemodiálise são qualificados como severas delimitações tanto metabólicas quanto
físicas, que evoluem para o aumento das taxas de hospitalização e a mortalidade. Sendo estimado
em 2014 uma taxa de mortalidade que evidenciou 21.281 indivíduos, correspondendo à 19% da
população. (ROSA, 2017)
Ao fazer uma análise da sociedade, vários estudos têm indicado que a maioria dos
pacientes realizadores de hemodiálise apresentam um baixo índice de atividade física. Não raro, é
inegável através de pesquisas que apenas 27,6% desta população praticava exercícios físicos em
uma frequência de ao menos uma vez por semana, o que contribuía para a perda fisiológica de
massa magra por desuso. (ROSA, 2017) Mas quando estes pacientes são submetidos ao exercício
físico, observa-se melhora de várias funções, como a pressão arterial, função cardíaca em
especial a função ventricular dos pacientes sob hemodialítico), melhoria da função muscular,
capacidade respiratória e redução da atrofia muscular. (RIBEIRO et al., 2013)
É importante ressaltar também a importância desta pesquisa para a comunidade e para o
grupo alvo, visto que esta patologia pode ser ocasionada por uma prevalência crescente de outros
distúrbios como o diabetes, obesidade e hipertensão, que são comuns nos eventos diários de
inúmeros indivíduos e aceleram a perda renal. Além destas, para contribuir a título informativo
sobre doenças policísticas renais e autoimunes que também contribuem para o desenvolvimento
de doenças renais. (RIBEIRO et al., 2013)
O objetivo deste estudo fica a cargo de realizar novas investigações a respeito da prática
regular de exercícios físicos resistidos intradialíticos como método terapêutico, analisando as
possíveis alterações metabólicas, funcionais e psicológicas que possam influenciar o organismo
de um portador de DRC submetido ao tratamento de hemodiálise.
Este intento será conseguido mediante revisão bibliográfica realizada a partir da coleta de
dados de periódicos recentes que envolviam métodos semelhantes a esta intervenção, excluindo
todo e qualquer ato que não seja do conceito fisioterapêutico.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Doença Renal Crônica

Um primeiro aspecto importante a começar deve-se a Doença Renal Crônica (DRC),


síndrome caracterizada pela perda progressiva e irreversível das funções renais (glomerular,
tubular e endócrina). Quando isso ocorre, os rins perdem a capacidade de filtrar o sangue e da
remoção de produtos tóxicos do corpo. Tal situação provoca o aumento da pressão arterial,
levando a hipertensão arterial sistêmica (HAS), retenção hídrica de outros resíduos, sendo
necessária a substituição renal. (FERRARINI, 2016)
O sistema renal é primordial para a manutenção do equilíbrio do nosso organismo, sendo
responsável por funções regulatórias, excretórias e endócrinas, removendo produtos finais e
coordenando reações de íons no líquido extracelular. A doença renal crônica é um estado
metabólico a longo prazo, caracterizada pela perda gradual das funções renais, dividida em cinco
etapas de acordo com os níveis de filtração glomerular dos rins. Estes estágios variam desde a
fase zero onde os indivíduos não dispõem de lesão renal e mantém sua função renal normal, mas
se encaixam nos grupos de riscos até chegarem a fase cinco, que identifica o paciente com
insuficiência Renal terminal ou dialítica. É uma condição em que os rins não possuem mais
funcionalidade devido à destruição dos néfrons, gerando a impossibilidade do organismo de
manter o equilíbrio metabólico e hidroeletrolítico renal. A redução dos néfrons leva a retenção
hídrica e de eletrólitos, levando ao óbito quando o indivíduo se mantém com um número abaixo
de 5 a 10% do normal de néfrons. (WILKOMM et al., 2016)
Rosa (2017), destaca a perda progressiva por tempo superior a três meses por
consequência de patologias que possam comprometer os rins, tais como hipertensão arterial,
diabetes e glomerulonefrites. A doença corresponde à 5 estágios que varia de acordo com a taxa
de filtração glomerular (TFG). O 5 estágio o TFG apresenta-se como <15 ml/min/1,73m²,
recebendo o nome de insuficiência renal quando os pacientes recebem a terapia renal alternativa e
substitutiva.
De forma semelhante, Ferrarini (2016) nos afirma sobre o impacto negativo na qualidade
de vida desses pacientes ocorre por intermédio da doença e pelo tratamento de hemodiálise, pois
levam à limitações físicas e cardiorrespiratórias, o que prejudica constantemente e
progressivamente o seu desempenho nas AVDs, no trabalho e convívio social.
Abordaremos em seguida o tratamento de hemodiálise que é indicado aos pacientes que
apresentam a incapacidade de realizar as funções renais.

2.2 Tratamento Hemodialítico

Outro aspecto de igual importância a ser abordado é o tratamento realizado a partir da


insuficiência renal crônica. Em estágios avançados da DRC, os pacientes carecem de
hemodiálise. Trata-se de um tratamento realizado por intermédio de uma máquina responsável
por realizar a filtração extracorpórea do sangue. As orientações básicas deste tratamento
destacam a realização em média de três sessões semanais por um período de três a cinco horas
por sessão, variando do estado do indivíduo. (WILKOMM et al., 2016)
A hemodiálise substitui a função dos rins, com intuito de corrigir as alterações
metabólicas a partir da filtração sanguínea, removendo os solutos finais urêmicos e
reestabelecendo o equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico do organismo. (WILKOMM et al.,
2016)
O tratamento dialítico apresenta-se como uma rotina constante, cansativa e com muitas
restrições, o nível de atividade física do paciente fica reduzido o que contribui para o
sedentarismo e o surgimento de doenças cardiovasculares, elevando os riscos de
morbimortalidade. (FERRARINI, 2016)
Atualmente, observa-se durante o primeiro ano de tratamento hemodialítico uma taxa de
letalidade de 20% e 70% após o quinto ano, onde mais de 50% dos óbitos causados ocorrem por
alterações e doenças cardiovasculares. (POSSAMAI, 2017)
Devido ao desequilíbrio eletrolítico, os pacientes queixam-se de dor e fadiga seguida de
problemas de mobilidade e incapacidade de realização das AVDs, devido à perda gradual de
massa muscular e fraqueza muscular como principal componente limitante da atividade física.
Pacientes submetidos a HD são suscetíveis à câimbras musculares que surgem a partir do
aparecimento de contrações musculares involuntárias prolongadas, acompanhada de dor severa.
Sua causa ainda é desconhecida, porém relatam-se seu corrimento durante e após a diálise nas
extremidades inferiores. Uma hipótese do motivo das câimbras é identificado pela hipotensão,
devido ao paciente situar-se abaixo peso seco, ao uso de soluções dialíticas pobre em sódio ou
devido a hipovolemia e hipertensão. (WILKOMM et al., 2016)
Outro aspecto importante que deve ser citado está relacionado ao comportamento
emocional. Devido as inúmeras alterações pelos quais os pacientes são submetidos, além de sua
função renal, a função sexual, o tempo e a mobilidade desenvolvem desordens psiquiátricas como
a depressão, estimado em 10 a 60% destes pacientes. (FERRARINI, 2016)
Abordaremos no próximo tópico os efeitos dos exercícios físicos como modalidade
terapêutica para indivíduo durante o tratamento da HD.

2.3 Exercícios Resistidos Intradialíticos

Pacientes requisitados a hemodiálise apresentam menor tolerância ao exercício físico,


fraqueza muscular e capacidade funcional diminuída. Dito isto, a massa muscular é um fator
determinante reconhecida como problema associada a diminuição da qualidade de vida, aumento
das taxas de internações e consequentemente, morte desta população. (ROSA, 2017)
O tratamento de doentes com insuficiência renal crônica é definido por programas de
promoção e prevenção da saúde, que buscam aumentar a qualidade de vida destes indivíduos.
Assim, a fisioterapia têm como objetivo melhorar através de suas condutas a capacidade
funcional, qualidade de vida, comportamento biopsicossocial, redução da fadiga e de
medicamentos anti-hipertensivos, além de contribuir no retardo da evolução da doença e na
melhora das complicações apresentadas pelo paciente renal. (WILKOMM et al., 2016)
A execução de exercícios ativos e resistidos, além de exercícios respiratórios, metabólicos
e alongamentos durante a diálise pode representar efeitos positivos durante o tratamento,
auxiliando na prevenção de massa muscular e melhorar a função cardíaca, força e resistência
muscular. (WILKOMM et al., 2016)
Nos pacientes com HD, a perda de massa muscular e a atrofia ocorre no organismo de
forma generalizada, que comparada a indivíduos normais se equivale de 30 a 40% menor,
levando ao descondicionamento físico. (FERRARINI, 2016)
Através disto, considera-se o exercício físico como uma intervenção fundamental no tratamento
não farmacológico, envolvendo melhorias de aptidão física e psicológicas na qualidade de vida
de pacientes com DRC que se exercitam enquanto realizam a hemodiálise. É evidenciado que ao
realizado por seis meses durante a diálise, aumentam-se em 20% a perda de uréia. (RIBEIRO et
al., 2013)
O método de indicação varia de indivíduo, mas em geral, são utilizados para que todos os
adultos realizem dois exercícios por semana, buscando reduzir os níveis de doenças
degenerativas, cardiovasculares, além da própria degeneração por desuso. (RIBEIRO et al., 2013)
Comparando à pessoas saudáveis, a realização de movimentos corporais como
alongamentos, movimentos isotônicos, proporcionam o aumento da oxigenação, temperatura e
contração muscular, gerando a dilatação dos capilares que estavam constritos e aumentando a
circulação. O exercício resistido é uma ótima opção alternativa para com as contraposições
geradas pela HM, visto através da capacidade de fortalecer os músculos e ativação da circulação
que se encontra estagnada. (FERRARINI, 2016)
Ao contrário do que muitos acreditam, mesmo que os exercícios resistidos sejam
recomendados para o aumento de massa magra, ainda existem certas preocupações quanto sua
prescrição para idosos fragilizados na modalidade da população renal. (ROSA, 2017)
Por outro lado, autores avaliaram a realização do exercício resistido de duas a três vezes
por semana ou de quatro a cinco vezes por semana, no qual contribuíram para a redução do risco
de morte entre 29 a 33% em pacientes que realizavam HD em comparação com pacientes
sedentários por doenças cardiovasculares. (POSSAMAI, 2017)
Logo, estudos comparativos evidenciam que o treinamento físico realizado entre as
sessões de diálise geram resultados mais determinantes por envolverem menos restrição de
movimento, incluindo exercícios de maior intensidade e volume. Entretanto, este tipo de rotina é
limitado por uma baixa adesão, havendo altos números de desistências devido à dificuldades de
transporte e falta de tempo. (ROSA, 2017)
O treinamento resistido intradialítico é uma prática habitual utilizada para atenuar as
complicações causadas pela DRC e HD, tais como a perda da autonomia, aumento do risco de
quedas, distúrbios endócrinometabólicos e aumento da taxa de hospitalização, geralmente
causados por eventos cardiovasculares. Apesar de ser facilmente entendida a sua importância na
necessidade destes grupos de riscos, nota-se a baixa inserção dos TRI nos centros de tratamento
em nefrologia. (CASTRO et al., 2019)

2.4 Fatores que Influenciam no Processo de Perda de Função do Paciente com Doença
Renal Crônica (DRC)

Diferente de outras patologias, a perda deste quesito não deve ser considerada somente
por aspecto de imobilidade, mas por questões multifatoriais que podem ser atribuídas ao perfil
nutricional, aos efeitos da terapia de diálise, comprometimento da produção hormonal e diversas
outras situações. No entanto, sua fraqueza é associada principalmente ao desuso em virtude das
consequências colocadas pela sua doença e seu tratamento. (ROSA, 2017)
Muitas razões e mecanismos são reconhecidos por sensibilizar negativamente o estado
nutricional do paciente com DRC. Entre estes, podemos refletir sobre a ingestão inadequada de
nutrientes, no qual evolui para a desnutrição proteico-energética. Vários são os fatores que
contribuem para este aspecto, sendo a anorexia (perda de apetite) causa de restrições dietéticas,
interação negativa de sinais metabólicos, desregulação de mecanismo homeostáticos do sistema
digestivo e entre outros fatores que são explicados não apenas pela redução da ingestão alimentar,
mas por processos de produção e reparo muscular, como: 1) Prejuízos no fundamento
reparo/crescimento de novas fibras musculares; 2) supressão da síntese proteica; 3) aumento do
estímulo de degradação proteica. (ROSA, 2017)
A fim de restaurar o processo fisiológico normal, as células satélites também descritas
como precursoras das fibras musculares, tem papel crucial no mecanismo de reparo e crescimento
de novas fibras musculares. Sua ativação ocorre por fatores de crescimento semelhantes a
insulina do tipo 1 (IGF-1) ou danos musculares de micro-lesões. Apesar disto, estudos
comprovam que a DRC limitam e reduzem as funções das células satélites por prejudicação dos
níveis de IGF-1, além de sua supressão à síntese proteica. (ROSA, 2017)
Em consequência disso, nota-se a importância dos sistemas de reparo e síntese proteica
para o quadro de ganho muscular. Entretanto, qualquer mecanismo que prejudique a regulação
dos sistemas de proteólise (quebra de proteínas, de ligações peptídicas, ligações de proteínas),
autofágico (degradação de proteínas no citoplasma) e ubiquitina-proteassoma e caspases
(catabolismo de proteínas) favorecerão o processo de degradação muscular. (ROSA, 2017)
Ainda convém lembrar que outros mecanismo responsáveis por esta fisiopatologia como
os hormônios estão associados, incluindo diminuição ou aumento dos níveis em questão (como
testosterona, hormônio do crescimento e IGF-1), bem como o efeito dos hormônios catabólicos
(como o cortisol e tireoide), identificando baixas nos níveis de atividade física, sendo importante
ressaltar que um sessão de diálise pode provocar ações de degradação e redução da síntese
proteica dos pacientes que podem persistir pro até duas horas após o término da sessão. (ROSA,
2017)

3 MATERIAL E MÉTODO

Conforme destacamos na introdução, a essência desta pesquisa foi analisar a efetividade


dos exercícios intradialíticos como abordagem de intervenção para pacientes com Doença Renal
Crônica (DRC) submetidos ao tratamento de hemodiálise. A análise foi realiza através de dados
obtidos na pesquisa “EFEITOS DOS EXERCÍCIOS INTRADIALÍTICOS RESISTIDOS EM
PACIENTES RENAIS CRÔNICOS SUBMETIDOS A HEMODIÁLISE: Uma Revisão de
Literatura”. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter de Revisão bibliográfica, realizada a
partir de um estudo transversal, onde se utilizaram bases de dados como Scielo, LILACS,
MEDLINE, PUBMED e PEDro, além de periódicos envolvidos no processo de trabalho de
conclusão de curso de alguns autores. Para o desenvolvimento deste estudo, os critérios de
inclusão selecionados foram os periódicos de língua portuguesa e estrangeira, relacionados ao
título de Doença Renal Crônica e exercícios resistidos submetidos ao tratamento de hemodiálise.
Para os critérios de exclusão, foram selecionados somente os artigos que envolviam intervenções
terapêuticas adequadas as outras áreas da saúde, não realizadas pelo profissional fisioterapeuta.

4 DISCUSSÃO

O treinamento resistido têm se mostrado cada vez mais popular e recomendado pelas
organizações internacionais como a American College of Sports Medicine e a American Heart
Association para a maioria da população por promover benefícios à saúde, sendo reconhecido
como uma intervenção estabelecida para ganhos de massa muscular tanto em indivíduos
saudáveis quanto em portadores de doenças metabólicas. (ROSA, 2017)
Geralmente, poucas alterações visíveis são notadas nos primeiros meses de tratamento
com exercícios resistidos, porém alterações bioquímicas evidenciam de discretas a moderadas
reduções na ureia e potássio. Entretanto, estudos mais avançados que englobam um tempo maior
de intervenção de treinamento intradialítico utilizados antes ou durante os períodos de diálises
resulta em melhora da aptidão física, pressão arterial, da força muscular e da vitalidade nos
domínios de qualidade de vida, consumo máximo de oxigênio, estado nutricional, hematológico e
citocinas inflamatórias. (RIBEIRO et al., 2013)
Ao contrário do que foi dito, a falta do exercício mesmo na população saudável, mas
sedentária, gera alterações na qualidade de vida e significativa elevação do índice de mortalidade
precoce, no qual foi apontada como um dos principais fatores que afetam periodicamente
negativamente a saúde, contribuindo para o surgimento de doenças crônicas e degenerativas,
como o diabetes, cardiopatias e hipertensão arterial. (RIBEIRO et al., 2013)
Dados que nos merecem nossa atenção são aqueles que indicam que a perda da
mobilidade e da função de membros inferiores estão associadas à maiores chances de
institucionalização, hospitalização e consequentemente, morbidade e mortalidade. Ainda que
esteja induzida por fatores descritos anteriormente, a perda de força muscular, capacidade
funcional e a massa muscular podem estar relacionadas ao desuso. (ROSA, 2017)
Outro indicador merecedor de destaque são as perdas da funcionalidade, onde os
indivíduos apresentam um conjunto de complicações, que representam risco elevado de
amplificar outras comorbidades, aumentando seu risco de morte. Dada a complexidade do
problema, a perda de massa magra na doença renal crônica avançada exige que novas opções de
prevenção e tratamento sejam estabelecidas. Não existindo uma única abordagem de tratamento
que consiga amenizar diversas e múltiplas consequências do quadro clínico, mas uma abordagem
que consiga representar um conjunto de técnicas e manobras preventivas para assegurar a
funcionalidade já existente e prevenir quadros mais graves. (ROSA, 2017)
Não menos importante, devemos considerar que após o ER é normal encontrarmos
alterações não homogêneas da pressão arterial. As respostas para este efeitos ainda não são
claras, porém, suspeita-se da diferença entre massas dos indivíduos, sendo que a mesma
intensidade e o mesmo número de repetições com maior massa pode produzir aumento da PA, ou
seja, indivíduos diferentes com massas diferentes podem apresentar alterações da PA de formas
diferentes, levando em consideração que após o exercício físico o estado de aumento da PA é
relativo ao esforço. (POSSAMAI, 2017)
Rosa (2017) defende que programas de reabilitação em casa são indicados como uma boa
opção, porém por não serem supervisionados existe maior dificuldade de adequação do paciente,
assim como os ganhos inferiores. Dessa forma, exercícios físicos intradialíticos têm sido mais
eficientes por adicionar maior aderência ao tratamento, conveniência de horário, redução da
monotonia da sessão e facilidade de acompanhamento médico e supervisão durante a realização
dos exercícios físicos. Entre as modalidades de exercícios, podemos citar o exercícios aeróbios,
geralmente em bicicleta adaptada; exercício resistido, aplicados antes durante e após a sessão
com enfoque principalmente em membros inferiores (MMII); e programas de exercícios que
combinem estes dois fatores.
Sabendo disso, Ribeiro (et al., 2013) que o controle destes pacientes deve ser eficiente
junto ao treinamento resistido, sendo assessorado por vários profissionais da saúde no mesmo
âmbito, incluindo médios, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos. O programa de ER também se
mostra eficaz na aceitação e bem-estar do paciente, devido ao impacto causado pela hemodiálise,
no qual limita-se o convívio social, familiar e desenvolve com bastante frequência um estado
depressivo. Logo, fica claro que sua prática induz avanço na qualidade psicológica, gerando
“vontade de viver” e expectativas ao retorno da produtividade. Tais observações foram
comprovadas por intermédio da aplicação do SF36 na avaliação da qualidade de vida.
O mesmo podemos observar nos questionários de qualidade de vida como o KDQOL,
onde foram observadas melhorias dos sintomas, efeitos da doença renal, suporte social, incentivo
da equipe de diálise, função física, dor, bem estar emocional e funcional. O exercício resistido
intradialítico demonstrou ter efeitos positivos na melhora da capacidade funcional, através do
acréscimo da resistência vascular que foi incorporada pelo aumento do número de repetições
durante os exercícios, prevenindo a atrofia de fibras musculares do tipo 1 e tipo 2 como fator
reversor da perda muscular. Além disso, houveram efeitos positivos também no estado
psicológico, contribuindo para maior adesão aos exercícios e consequentemente, esquecimento de
sinais depressivos. Logo, a melhora pode ser atribuída a partir do aumento do fluxo sanguíneo
durante o exercício, provocando o aumento da perfusão muscular e remoção de fluídos. Esse
argumento é atribuído por diversos autores que comprovam através do mesmo a possibilidade de
melhora por eliminação da ureia, componente fundamental no aspecto negativo da função renal.
O método de ER é fundamental e de grande facilidade para ser aceito pelo seu baixo custo e por
fácil manuseio durante as sessões de hemodiálise. Apesar disto, existem certas dificuldades neste
estudo que correspondem à resistência dos pacientes, mudança de rotina com a implementação
dos exercícios visto que a maioria dos indivíduos estariam dormindo neste horário. Outro fator
importante é visto pelo primeiro dia da semana no qual os pacientes realizam a HD, o que
compreende um aumento da volemia por não realizarem a HD no final de semana, gerando uma
menor disposição a atividade física. (RIBEIRO et al., 2013)
Os benefícios encontrados que fogem do estado individual do paciente englobam o maior
convívio social tanto entre os participantes quanto aos profissionais, onde a interação do
ambiente deverá ser vivenciada para que possam trocar experiências de vida uns com os outros.
Nesta proposta é esperado que diante da rotina, a equipe de profissionais possa reunir e trabalhar
em conjunto, os inspirando e acrescentando mudanças significativas as suas práticas. (RIBEIRO
et al., 2013)
Pacientes relatam maior disposição para realizar as AVDs, diminuição dos episódios de
câimbras e de edema de membros inferiores, o que identifica melhora da circulação sanguínea.
(FERRARINI, 2016)
Em concordância, Castro (et al., 2019) que apesar dos benefícios e da segurança proposta
por este tipo de intervenção, o treinamento físico ainda encontra dificuldades devido as
modalidades utilizadas para o grupo alvo. Isso ocorre devido ao meio de conduta adotada pelo
fisioterapeuta, no qual pode optar por um métodos de altos ou baixos custos. Muito têm se
discutido sobre o treinamento aeróbico associado ao treinamento resistido intradialítico, que não
corresponde as necessidades dos centros de nefrologia devido alto custo, manutenção com
equipamentos e adequação do espaço físico. Além disso, a maior efetividade do treinamento
aeróbico reclama ao maior volume e intensidade do treinamento, o que na maioria das vezes não
é compatível as condições clínicas do paciente.
Tais dados foram confirmados a partir de seus estudos que comprovaram aumento de 60%
da força através do treinamento de alta intensidade de resistência muscular em equipamentos
mais sofisticados. Por outro lado, o treinamento resistido intradialítico de baixa a alta intensidade
se manifesta com amplo potencial para aumento de força independentemente do equipamento.
Esse fato é explicado pelo autor que realizou pesquisas também na modalidade de baixa
intensidade em um determinado período de tempo, observando aumento de 13% da força dos
músculos extensores de joelho. Assim comprova Castro (et al., 2019), que em apenas dados
preliminares obtidos em 3 meses de atendimento com equipamentos de baixo custo como
caneleiras e halteres resultaram no aumento da FM, da velocidade de caminhada e da qualidade
de vida.
Assim, certas inseguranças sobre o método associada à falta de conhecimento é
depositada sobre as pesquisas por parte dos profissionais da saúde, dificultando a implantação
deste programa em centros de tratamento de nefrologia. O modelo de treinamento de baixo custo
adotado contribuiu para os benefícios, sendo bem aceito e tolerado, com a ausência de
intercorrências durante todos os atendimentos, caracterizando como uma ferramenta
extremamente útil e de fácil manuseio. Embora que a maioria dos estudos abordem a utilização
do exercício aeróbico de baixa intensidade isolado ou combinado, pesquisas vem mostrando que
o treinamento de resistência de moderada a alta podem ser superiores ao ganho de força
muscular. (CASTRO et al., 2019)
Ainda que os avanços tecnológicos possam estar relacionados a melhora do tratamento
dialítico e ao controle das comorbidades, os pacientes com DRC ainda apresentam déficits e
limitações quando comparados a população íntegra. (CASTRO et al., 2019)
Em contrapartida, Wilkomm (et al., 2016) relata a importância da hipotensão como a
complicação mais comum na hemodiálise, contribuinte para câimbras musculares (20%), náuseas
e vômitos (5-15%), permitindo aos pacientes em HD apresentarem alterações
musculoesqueléticas e metabólicas, podendo comprometer a capacidade do exercício em torno de
40 a 50% e da força muscular.
Embora não exista respostas a respeito das modalidades de exercício durante a diálise,
estudos têm comprovado que a atuação fisioterapêutica pode ser benéfica, atuando na
recuperação dos sinais e sintomas desenvolvidos a partir da HD.De acordo com as pesquisas, o
exercício aeróbico é uma maneira de tratamento fácil e eficaz, no qual pode melhorar a qualidade
de vida e os quadros de câimbras. Por outro lado os exercícios de fortalecimento muscular
auxiliam durante a manutenção da tensão muscular e do retorno venoso, diminuindo a perda
rápida de líquidos que a hemodiálise causa. Além destes, o exercício físico contribui para o
aumento do fluxo sanguíneo, realizando a limpeza da ureia. (WILKOMM et al., 2016)
Ao contrário do que muitos acreditam, Ribeiro (et al., 2013) relata que a execução desta
prática também pode acarretar em efeitos negativos no tratamento de indivíduos com doença
renal crônica. O ER de alta intensidade demanda um alto consumo de proteínas contráteis e
cálcio e não é recomendado pois pode comprometer sua recuperação. Este efeito pode resultar ao
paciente quadros de anemia, sangramento, aumento da pressão arterial, câimbras, excitações do
sistema nervoso e osteodistrofia.
Finalmente, buscam-se fatores associados a própria doença como anemia, fadiga e
intolerância ao exercício, a falta de treinamento dos profissionais e o baixo grau de motivação
dos pacientes que formam barreiras para a efetivação do programa de exercícios físicos dentro
dos centros de tratamento de DRC. A probabilidade de intercorrências clínicas durante a
atividade física existe e forma um dos principais motivos que enfatizam a preocupação dos
profissionais da saúde. Entretanto, vários estudos consideram essa intercorrência pouco relevante.

5 CONCLUSÃO

É oportuno relatar que a alta perda e desnutrição destes pacientes nos quais a diminuição
da força e das capacidades físicas ocorrem constantemente, dão força de que o treinamento
resistido seja a estratégia mais adequada quando se busca resultados anabólicos e de força para
este grupo.
Retomando ao conceito inicial, destacamos que o exercício resistido realizados em média
de 2 a 3 vezes por semana com 40% da força máxima do indivíduo associado ao tratamento
médico-dietético gera um impacto positivo sobre a Doença Renal Crônica (DRC).
Concluímos que os pacientes oportunos em realizar esta modalidade de tratamento
apresentarão em melhor disposição, sabendo que o objetivo do tratamento não fica à cargo
somente de intervir no estado de força muscular e capacidade funcional, mas também da
participação fundamental de outros profissionais da área da saúde como equipe multidisciplinar,
evidenciando os meios necessários para o tratamento completo médico-dietético.
Este estudo demanda um maior aprofundamento devido às contraposições identificadas
pelos autores, a fim de verificar até que ponto o paciente submetido a hemodiálise é capaz de
realizar os exercícios, bem como as contraindicações que deixaram a desejar nos estudos.
Esta pesquisa fornece evidências de que o exercício físico contribui para a massa magra,
força e capacidade funcional principalmente de membros inferiores, contudo, não há evidências
treinamento resistido intradialítico aumente significativamente a massa magra total.

EFFECTS OF RESISTANT INTRADIALITIC EXERCISES IN CHRONIC


RENAL PATIENTS SUBMITTED TO HEMODIALYSIS: A LITERATURE
REVIEW

ABSTRACT

This paper describes the effects of resistance intradialitic exercises in chronic renal
patients undergoing hemodialysis. Such an approach is justified due to the fact that chronic
kidney disease (CKD) presents characteristics that limit functional capacity, generating
long-term complications to the cardiovascular system, endocrine-metabolic,
osteomioarticular changes and many others that compromise the quality of life. Under
these living conditions, the patient can only be sustained through replacement therapies
such as kidney transplantation or hemodialysis treatment, which makes this pathology
considered a major public health problem, because it involves high expenses and a high rate
of mortality. The objective of this research is to carry out further investigations into the
regular practice of intradialitic resistance exercise as a therapeutic method, analyzing
possible metabolic, functional and psychological changes that may influence the body of a
patient with CKD. This was achieved through literature review, through a qualitative
research in cross-sectional study, using reliable databases such as Scielo, LILACS,
MEDLINE and PUBMED that corresponded to Chronic Kidney Disease, resistance
exercise and dialysis treatment. This research provides evidence that resistive exercise
resulted in improved quality of life and functional capacity of individuals with CKD. In
contrast, physiotherapeutic behavior should be constantly reevaluated, as intervention may
in any case result in certain complications during treatment. Nevertheless, in this study
there were no reports of serious complications and the method contributed to the collective
and individual performance.
 
Keywords: Exercises. Hemodialysis. Chronic Kidney Disease.

REFERÊNCIAS

CASTRO, A. P. et al. Treinamento Resistido Intradialítico: Uma Estratégia Eficaz e de Fácil


Execução. Jornal Brasileiro de Nefrologia. [S.l.], v. 41, n. 2, p. 215-223, 2019.

FERRARINI, E. G. Efeitos de um Protocolo de Exercício Resistido Para Membros Inferiores


no Período Intradialítico: Um Estudo Piloto. [s.n. : S.l.], 2016.

FILHO, J. M. Efeito do Exercício Resistido na Variabilidade da Frequência Cardíaca de


Pacientes com Hemodiálise. [s.n. : S.l.], 2018.

POSSAMAI, J. H. Efeito do Exercício Resistido Intradialítico Sobre a Pressão Arterial de


Hipertensos: Estudo de casos. [s.n : S.l.], 2017.

RIBEIRO, R. et al. Efeito do Exercício Resistido Intradialítico em Pacientes Renais Crônicos em


Hemodiálise. Jornal Brasileiro Nefrologia. [S.l.], v. 35, n. 1, p. 13 – 19, 2013.

ROSA, C. S. Efeito do Exercício Resistido Progressivo Intradialítico em Pacientes com


Hemodiálise. [s.n. : S.l.], 2017

WILKOMM, P. et al. Abordagem Fisioterapêutica em Pacientes Renais Crônicos Intradialíticos:


Uma Revisão de Literatura. Rev. Saúde Int. [S.l.], v. 9, n. 18, 2016.

Você também pode gostar