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PROPÓSITO
Compreender que a Citologia cervicovaginal apresenta como objetivos análise
de lesões pré-cancerosas e reconhecimento e análise dos processos
inflamatórios. Analisar os padrões citológicos durante a inflamação possibilita,
na maioria das vezes, estabelecer a natureza do agente causador.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Analisar os padrões citológicos durante a inflamação
MÓDULO 2
Distinguir as infecções
MÓDULO 3
Descrever as reparações, lesões pré-cancerosas e carcinoma
INTRODUÇÃO
Vamos estudar agora a Citologia inflamatória, analisando os padrões celulares
encontrados durante os processos inflamatórios. Você sabe a importância da
Citologia inflamatória?
A partir da Citologia inflamatória, é possível avaliar a intensidade de reação
inflamatória, acompanhar a evolução do processo e, na maioria das vezes,
determinar a natureza do agente causador da inflamação.
MÓDULO 1
INFLAMAÇÕES
A inflamação é uma resposta de tecidos vascularizados a uma infecção e a
uma lesão tecidual. Essa resposta é caracterizada pelo recrutamento de
células e moléculas da circulação para o local da lesão para eliminar os
agentes. Divide-se em aguda (resolução mais rápida) e crônica (resolução mais
lenta).
EXSUDATO LEUCOCITÁRIO E
PRESENÇA DE HEMÁCIA
Durante os processos inflamatórios, é comum encontrar nos esfregaços
vaginais leucócitos polimorfonucleares neutrófilos, piócitos histiócitos e
bactérias, configurando o exsudato leucocitário. Nas inflamações agudas, há o
predomínio de exsudatos com numerosos piócitos e neutrófilos; e na crônica
são frequentes os linfócitos, plasmócitos e histiócitos. Em inflamações crônicas,
em resposta à tuberculose e aos corpos estranhos (como fios de sutura), pode
aparecer histiócitos epitelioides e células gigantes multinucleadas. Um
exsudato linfocitário é característico da condição patológica conhecida como
cervicite crônica folicular.
EXSUDATO LEUCOCITÁRIO
Às vezes, o exsudato é tão extenso que se sobrepõe às células epiteliais,
impossibilitando ou dificultando a análise das lâminas. Essas amostras são
classificadas como insatisfatórias ou satisfatórias, mas com limitações na
análise.
ATENÇÃO
Às vezes, o exsudato é tão extenso que se sobrepõe às células epiteliais,
impossibilitando ou dificultando a análise das lâminas. Essas amostras são
classificadas como insatisfatórias ou satisfatórias, mas com limitações na
análise.
Piócito
ATENÇÃO
Durante a leitura das lâminas, é essencial estar com pedido médico, o qual tem
de completar dados essenciais (como data da menstruação, indicação clínica e
suspeita diagnóstica) para auxiliar na interpretação dos achados e gerar
resultados fidedignos e confiáveis.
RESPOSTA
Mulheres na menopausa apresentam atrofia do epitélio de revestimento da
ectocérvice, devido à queda nos níveis de estrogénio. No início da menopausa,
há o predomínio de células intermediárias, podendo aparecer células
parabasais. Quando as taxas de estrogênio estão baixíssimas, há predomínio
de células parabasais. Diminui também a capacidade de secreção desse
epitélio, causando maior risco de sangramento.
Agora vamos analisar uma segunda situação: durante a leitura de uma lâmina,
foram encontradas numerosas células escamosas superficiais em uma mulher
que está na pós-menopausa sem reposição hormonal. A presença de células
escamosas superficiais é normal?
RESPOSTA
Nas mulheres pós-menopausa, onde não existe reposição hormonal, os níveis
de estrogênio estão muito baixos, há atrofia do epitélio com predomínio das
células parabasais. A presença de células superficiais pode ocorrer devido a
um aumento da vascularização, geralmente, nas infecções por Trichomonas
vaginallis. Nesse caso, há uma falsa impressão de uma reposição hormonal.
RESPOSTA CELULAR ÀS
AGRESSÕES: ALTERAÇÕES
DEGENERATIVAS E ALTERAÇÕES
REATIVAS
A retroplasia consiste em uma diminuição na atividade metabólica celular. Esse
processo pode estar relacionado ao próprio envelhecimento fisiológico da
célula ou então surge em resposta a uma agressão desencadeada por agentes
físicos (calor, irradiação e trauma), microrganismos patógenos, diminuição ou
interrupção do fluxo sanguíneo, agentes químicos. A agressão tecidual por
esses fatores gera uma inflamação que pode levar a alterações degenerativas
e necrose nas células do epitélio de revestimento.
ACÚMULO DE ÁGUA
O acúmulo de água ocorre devido ao comprometimento nas trocas de água
pela membrana plasmática. No núcleo, a perda de água pode levar a uma
diminuição do volume e a um enrugamento da membrana nuclear, que é visto
como um pregueamento dessa membrana.
HIPO OU HIPERCROMASIA
Existe degeneração do DNA e desnaturação das proteínas ligadas ao DNA
(histonas). A desnaturação dessas proteínas pode gerar uma maior ou menor
afinidade ao corante (hematoxilina), conferindo núcleos mais (hipercromasia)
ou menos corados (hipocromasia), respectivamente.
Nas células que sofreram necrose, pode ser observado como sinal de morte
celular a picnose (cromatina condensada), cariorrexe (fragmentação do núcleo)
e cariólise (dissolução nuclear).
MÓDULO 2
Distinguir as infecções
COMENTÁRIO
As glândulas de Bartholin e Skene, a cavidade uterina, as tubas uterinas, os
ovários e as estruturas anexas são estéreis em condições de normalidade.
ATENÇÃO
Alguns estudos de Biologia molecular mostram a presença de outros
microrganismos constituintes da microbiota como Atopobium
vaginae, Megasphaera spp. E Bifidobacterium spp., dentre outros.
BACTÉRIAS
As bactérias são divididas em dois grandes grupos, as bactérias Gram-
positivas e Gram-negativas. Essa classificação está relacionada às diferenças
encontradas na principal coloração utilizada em microbiologia (a coloração de
Gram). As bactérias Gram-positivas retêm o cristal violeta devido à presença
de uma espessa camada de peptidoglicano (polímero constituído por açúcares
e aminoácidos que originam uma espécie de malha na região exterior à
membrana celular das bactérias) em suas paredes celulares, apresentando-se
na cor roxa. As bactérias Gram-negativas apresentam uma fina camada de
peptidioglicano e assim não retêm o cristal violeta e ficam coradas de púrpura
(fucsina, o corante de fundo). As bactérias, além de Gram-positivas e Gram-
negativas, são classificadas de acordo com a forma, podendo ser cocos,
bastonetes, bacilos, diplococos, cocobacilos, espiroquetas.
INFECÇÕES BACTERIANAS
LACTOBACILLUS VAGINALIS (BACILOS
DE DÖDERLEIN)
Os Lactobacillus spp. são bacilos gram-positivos, aeróbios ou anaeróbios,
considerados os principais componentes da microbiota vaginal. São
identificados na mucosa vaginal diferentes espécies de Lactobacillus
conhecidos como Bacilos de Döderlein, são elas: L. jensenii, L. gasseri, L.
acidophilus, L. fermentum, L. plantarum, L. casei, L. cellobiotus, L. oris, L.
reuteri, L. ruminis, L. crispatus, L. iners, L. vaginalis e L. crispatus, sendo L.
acidophilus a espécie mais conhecida.
Essas espécies apresentam enzimas capazes de causar a destruição
proteolítica (Citólise) das células escamosas intermediárias rica em glicogênio
(naviculares). Esses microrganismos convertem o glicogênio em glicose e
depois em ácido láctico. O ácido láctico é o responsável por manter o pH
vaginal ácido (entre 3,8 a 4,5). O baixo pH evita proliferação de outros
microrganismos. A presença de algumas espécies de lactobacillus são
benéficas, pois produzem peróxido de hidrogênio e bacteriocinas que são
tóxicos a algumas espécies como Gardnerella vaginalis. É importante ressaltar
que as células parabasais e superficiais são resistentes à citólise por esses
microrganismos.
COMENTÁRIO
Não é certo que os lactobacilos, por si só, possam causar vaginite, embora
sejam responsáveis por corrimento vaginal quando a citólise é pronunciada.
Esse achado chama-se Vaginose Citolítica.
BACILOS E COCOS
Em mulheres que apresentem no epitélio predomínio de células parabasais, na
pré-menarca, pós-menopausa ou pós-parto, há a colonização por diferentes
espécies bacterianas, configurando a microbiota mista. Nessas mulheres, é
comum o aparecimento de cocos Gram-positivos, tais
quais Staphylococcusspp., Streptococcus spp.; Bacilos Gram-negativos, como
alguns representantes da família Enterobacteriaceae,
especialmente Escherichia coli. Além de diversas espécies de cocos ou bacilos
anaeróbios, Bacilos Gram-positivos, como: Corynebacterium spp; Cocos Gram-
negativos, Neisseria spp., Acinetobacter, spp., Moraxella spp. e espécies
anaeróbias, como Veilonella spp. e Megasphaera spp.
ATENÇÃO
Normalmente, esses achados não são considerados manifestações
inflamatórias, mas elas podem ser encontradas durante um processo
inflamatório ou infeccioso relacionado a outras etiologias, com exceção
da Neisseria gonorrhoeae, agente etiológico de cervicite gonocócica.
CHLAMYDIA TRACHOMATIS
A infecção urogenital por Chlamydia trachomatis é incluída como uma das
principais doenças sexualmente transmissíveis (DST), na qual a transmissão
acontece pelo parceiro com uretrite, prostatite ou epididimite por C.
trachomatis. A Chlamydia trachomatis é uma bactéria Gram-Negativa e
intracelular obrigatória (Essa bactéria necessita dos nutrientes da célula
hospedeira para sobreviver). Na maioria dos casos, a infecção por essa
bactéria é assintomática, mas pode desencadear um processo inflamatório no
colo do útero, endométrio, vagina, na vulva e nas trompas. No entanto, o sítio
primário da infecção é o epitélio colunar da endocérvice, contaminando as
células da JEC e metaplásicas, além de outras células epiteliais constituintes
do trato genital.
PARCEIRO
Nos homens, o sítio primário de infecção é o epitélio urogenital. A infecção por
essa bactéria causa uretrite não gonocócica e epididimite.
COMENTÁRIO
Os sintomas da Chlamydia trachomatis são: dor ou ardor ao urinar; corrimento
vaginal, semelhante a pus; dor ou sangramento durante o contato íntimo; dor
pélvica; sangramento fora do período menstrual. Pode haver infertilidade
tubária, gravidez. Além disso, em mulheres grávidas, há o aumento do risco de
aborto espontâneo e essa bactéria pode passar para o neonato no momento do
parto, provocando conjuntivite de inclusão e pneumonia.
GARDNERELLA VAGINALIS
A Gardnerella vaginalis são cocobacilos Gram-negativos ou Gram-variáveis
que, normalmente, estão associados a outras bactérias anaeróbicas e
aeróbias, como Mobiluncus bacteroides e Mycoplasma hominis. A infecção por
essa bactéria também é considerada uma DST. Cerca de 40-50% das
mulheres são assintomáticas, mas quando sintomáticas são caracterizadas por
um corrimento vaginal branco-acinzentado ou amarelo, fluido e homogêneo,
com o odor de peixe estragado e, às vezes, com aspecto bolhoso.
BACTÉRIAS ANAERÓBICAS E
AERÓBIAS
Neste caso, recebe o nome de Vaginose bacteriana. A Gardnerella vaginalis é
isolada em mais de 90% dos casos de vaginoses bacterianas, confirmando a
sua relação com a etiologia da doença. O pH vaginal nessa condição é
alcalino, maior que 4,8.
COMENTÁRIO
Na proliferação maciça de G. vaginalis associada a bactérias anaeróbias, há
um aumento na produção de aminas derivadas do metabolismo das bactérias.
Quando o pH vaginal aumenta, as aminas volatilizam e produzem o odor
anormal, semelhante ao do peixe ou da amônia, principalmente depois das
relações sexuais e menstruação. As aminas têm características citotóxicas,
ocasionando o corrimento genital.
INFECÇÕES MICÓTICAS
(CANDIDA SP.)
Algumas leveduras, como a Candida sp., são microrganismos que fazem parte
da microbiota vaginal. No entanto, as infecções micóticas pela Candida sp. são
muito comuns, principalmente pela Candida albicans. Outras espécies também
podem causar vaginite, como: C. tropicalis, C. glabrata, C. krusei, C.
parapsilosis e C. pseudotropicalis. Essa infecção acomete mulheres com baixa
imunidade (como aquelas em tratamento com corticoides, HIV quimioterapia ou
diabetes) e na gravidez.
C. GLABRATA
Única espécie que não forma pseudo-hifas e se apresenta sob a forma de
macroconídias (microesporos).
SAIBA MAIS
As leveduras presentes na microbiota vaginal são, na maioria das vezes,
provenientes do trato gastrointestinal. Elas passam da região anal para a
vaginal por autoinoculação. Na região vaginal, elas se adaptam e desenvolvem.
Além disso, as leveduras produzem enzimas hidrolases que possibilitam a
penetração no epitélio escamoso, onde participam da microbiota ou podem
causar inferiores, imediatos ou posteriores. A transmissão sexual também é
aceita.
Você imagina por que na gravidez pode acontecer uma infecção por
leveduras?
RESPOSTA
Na gestação, o aumento da produção de progesterona ocasiona uma intensa
descamação do epitélio, principalmente das células intermediárias, com
inúmeros grânulos de glicogênio (células naviculares) que favorecem o
crescimento de lactobacilos. A citólise pelos lactobacilos libera o glicogênio que
é metabolizado ao ácido láctico e, assim, diminui o pH vaginal. As leveduras,
como a Candida sp., apresentam a capacidade de crescer em pH ácido
(inferior a 3,8).
A infecção por Candida sp. pode ser assintomática ou sintomática com a
presença de uma secreção vaginal espessa, branca (semelhante à nata de
leite) associada a prurido e à dor. Com frequência, a vulva e vagina estão
edemaciadas e hiperemiadas, algumas vezes associadas à dor e à queimação
ao urinar. As lesões acometem a vulva, a vagina e algumas vezes o colo do
útero. Na parede vaginal e no colo do útero, podem aparecer pequenos pontos
branco-amarelados.
RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E
PRÁTICAS
Durante a leitura das lâminas, para identificar as infecções mitóticas, faz-se
necessário que ocorra uma busca minuciosa na lâmina, uma vez que as hifas,
os esporos e as pseudo-hifas são dispostos embaixo das células escamosas,
sendo difícil visualizá-los. Assim, é importante analisar as extremidades dos
esfregaços, pois essa área tem agrupamentos mais frouxos de células e a leve
dessecação comum nessas áreas facilita o reconhecimento, especialmente dos
esporos que se mostram maiores que aqueles presentes nos setores bem
fixados da amostra.
RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E
PRÁTICAS
No momento da coleta, é importante realizar a análise de todo o trato genital
para observar possíveis alterações macroscópicas. Essas alterações devem
estar contempladas no pedido médico.
Vamos agora conhecer a estrutura dos parasitas e como são observados nos
esfregaços cervicovaginais (Figura 11).
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
Descrever as reparações, lesões pré-cancerosas e carcinoma
PROCESSOS DE PROTEÇÃO
CÉLULAS DE RESERVA
Células do epitélio colunar endocervical. São células basais, pequenas,
triangulares e intercaladas.
Citoplasma alongados e
Células de
cianofílico. Essas células podem Núcleos com bordas regular
reparação
apresentar-se reativas granular e nucléolos. O núcl
mesenquimais
(apresentam uma maior da célula.
(origina fibroblastos)
coloração)
Anisocariose (variação no ta
células que constituem o ag
Células de
significativa, hipercromasia e
reparação epitelial Citoplasma abundante
granulação mais grosseira, à
atípica
distribuída. Nucléolo pode se
com alteração da forma).
CÉLULAS MALIGNAS
CÉLULAS BENIGNAS
Alterações citoplasmáticas
VOCÊ SABIA
A vitamina B12 e o ácido fólico são coenzimas importantes para a síntese de
DNA e a divisão dessa molécula. A deficiência dessa vitamina e do ácido fólico
causa anemia, com as hemácias em um tamanho maior do que o normal. Essa
anemia é conhecida como Anemia Megaloblástica.
Além disso, o uso do DIU por longos períodos causa irritação mecânica crônica
e alterações reativas nas células glandulares endometriais, endocervicais e
metaplásicas escamosas. As alterações envolvendo os núcleos podem ser
significativas e confundidas com o adenocarcinoma. Devemos estar atentos
aos dados clínicos dos pacientes no pedido médico.
Vamos agora conhecer as alterações celulares nessas duas condições. O
quadro 03 mostra as principais alterações associadas ao uso do DIU e à
deficiência de vitamina B12. Na Figura 16, podemos analisar as alterações nas
células durante a deficiência de B12 e provocadas pelo uso do DIU.
Alterações citoplasmáticas
Aumento
Alterações associadas à Citoplasma pálido, às vezes com anfolia;
núcleo/cit
deficiência de vitamina vacuolização; formas bizarras, às vezes com
multinuce
B12/ácido fólico projeções citoplasmáticas. Cariomegalia.
citoplasm
O contágio pelo HPV ocorre após o contato sexual em 99% dos casos,
podendo ocorrer também de forma vertical (0,5%), ou seja, no momento do
parto, e a partir de fomentos (0,5%) como: toalhas, brinquedos, motel e
sabonetes. A infecção ocorre após a entrada do vírus por pequenas lesões na
mucosa.
VÍRUS
Os vírus são organismos intracelulares obrigatórios.
HPV DO TIPO 6 E 11
As mulheres infectadas por esse sorotipo raramente desenvolvem lesões
progressivas.
SAIBA MAIS
O HPV tipo 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, são responsáveis por 80% dos canceres
genitais. Atualmente, está disponível pelo SUS a vacinação contra o HPV dos
tipos 16 e 18 para pessoas entre 9-26 anos. O esquema vacinal é realizado em
3 doses nos intervalos de 0,3 e 6 meses.
Tipo de
Alterações citoplasmáticas Alteração
alteração
Células escamosas intermediárias e Aumento do tamanho
superiores com cavitação perinuclear bem nuclear, às vezes bi e
Coilocitose
demarcada com condensação periférica do além de cromatina de
citoplasma. granular.
Como mencionado, a infecção pelo HPV é a primeira causa das lesões pré-
cancerosas que podem evoluir para o câncer. A infeção pelo HPV é incluída no
sistema Bethesda como lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (NIC-1). As
lesões intraepiteliais são divididas em 3 tipos (NIC 1, NIC 2 e NIC 3) e,
histologicamente, são classificadas de acordo com o grau de diferenciação,
maturação e estratificação das células e anormalidades nucleares. A proporção
da espessura do epitélio representada por células indiferenciadas é utilizada
para a graduação das lesões (Figura 18).
SAIBA MAIS
Como no sistema Bethesda, as lesões conhecidas como displasia
moderada/NIC 2 e carcinoma in situ (NIC 3) são incluídas na mesma
classificação de lesão intraepitelial escamosa de alto grau, pela dificuldade de
diferenciação no diagnóstico citológico dos dois tipos, elas são apresentadas
nesse quadro juntas. No entanto, podemos observar algumas alterações
citopatológicas, como:
NIC 2:células similares àquelas da displasia leve, acompanhadas por células
anormais mais imaturas. Essas células têm relação nucleocitoplasmática
aumentada e citoplasma menos abundante, que, geralmente, é denso e lembra
em textura e configuração aquele das células metaplásicas. Os núcleos são
hipercromáticos, podendo exibir maior número de cromocentros e maiores
irregularidades da membrana nuclear do que nas células da displasia leve.
NIC 3 (carcinoma in situ): os esfregaços contêm habitualmente grande
número de células primitivas, imaturas, que podem variar de tamanho de caso
a caso, porém sempre exibindo elevada relação nucleocitoplasmática. As
células podem se mostrar isoladas ou em agrupamentos sinciciais com bordas
celulares indistintas e núcleos desordenados, com sobreposição. As bordas
nucleares são irregulares e podem ter uma aparência interrompida. Podem
ocorrer raras figuras de mitose anormais. Quando as células alteradas são
muito pequenas e se mostram isoladas, são mais difíceis de identificar na
rotina, principalmente nos esfregaços contendo abundante exsudato purulento
ou sangue.
Característica
Forma
Núcleo
Citoplasma
Cromatina
Nucléolo
Diátese tumoral (Sangue, fibrina. Células inflamatórias, restos celulares presentes no fundo
da lâmina) Ausente. Presente.
PROCESSO DE REPARAÇÃO
ATROFIA
Multinucleação;
EFEITO DE RADIOTERAPIA/QUIMIOTERAPIA
Macrocitose;
Policromasia;
Vacuolização citoplasmática;
ADENOCARCINOMA METASTÁTICO
LESÕES GLANDULARES
INTRAEPITELIAIS (GIL)
A segundo maior neoplasia do colo uterino é o adenocarcinoma endocervical. A
infecção pelo HPV também é capaz de desenvolver o adenocarcinoma. As
lesões glandulares são de difícil diagnóstico, pois não existem sinais clínicos e
a maioria das lesões encontra-se dentro do canal endocervical, o que dificulta a
coleta das amostras.
Classificação Observação
Citoplasma
Células epiteliais
O risco de doença pré-maligna
glandulares
nesse grupo corresponde a 96%, Aumento da relação
endocervicais atípicas
para o desenvolvimento e nucleocitoplasmática. Me
de significado
diagnóstico histopatológico do quantidade de citoplasma
indeterminado
adenocarcinoma in situ e bordas celulares mal defin
possivelmente
invasico.
neoplásicas
Adenocarcinoma
Histologicamente é caracterizado Citoplasma delicado e ma
cervical in situ
pela preservação da arquitetura definido. Apoptose. A
glandular normal; envolvimento apoptose, ou corpos
de parte ou de todo o epitélio apoptóticos, representam
revestindo as glândulas ou a núcleos homogêneos,
superfície; aumento nuclear, condensados, com ou sem
cromatina grosseira, nucléolo fragmentação nuclear e
pequeno único ou múltiplo;
aumento da atividade mitótica;
variável estratificação dos
núcleos. O fundo dos esfregaços citoplasma densamente
é límpido, com aumento da eosionofílico.
celularidade. Algumas das
células anormais mostrando
aparência colunas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo dessa jornada, exploramos toda a Citologia inflamatória estudando as
principais alterações encontradas durante os processos inflamatórios causados
por agentes físicos (como radiação e o trauma causado pelo HPV), deficiências
nutricionais (como deficiência de vitamina B12) e durante as infecções. Além
disso, verificamos como o organismo realiza a reparação tecidual após as
lesões inflamatórias e retorna ao funcionamento normal. Aprendemos que o
padrão de células encontrado nos esfregaços pode alterar em condições
anormais. Antes de estudar as infecções, vimos que a região vaginal apresenta
vários mecanismos para evitar as infecções e inflamações, como a presença
de pelos pubianos, o pH ácido da vagina, a produção de secreções, a presença
de células do sistema imune inato na região e a presença de uma microbiota.
PODCAST
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos abordados neste tema:
CONTEUDISTA
Helena Horta Nasser
CURRÍCULO LATTES