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BASES BIOPATOLÓGICAS
PARA CURSOS DE
CIÊNCIAS DA SAÚDE
F. Oliveira Torres
Nuno Sampaio
Luis Monteiro
2012
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
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BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CAPÍTULO VIII
Nos capítulos 1 e 2 ficou entendido ser o organismo humano uma estrutura sistémica
complexa, fruto de uma evolução determinada por influências ambientais conducentes a
algo estruturalmente compatível com a sua sobrevivência, ou seja, em equilíbrio com o
meio. É a consumação perante o ambiente de uma aventura ecológica, sobre a qual o
ambiente continua a exercer as suas influências. Vimos como saúde, doença e lesão
poderão ser interpretadas à luz destas constantes influências e necessidades adaptativas.
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Portanto, em sua etimologia, inflamação poderá algo ter a ver com a chamada
inflamação aguda, mas nada exprime da hoje conhecida defesa imunológica.
Biopatologia da inflamação
Toda a alteração sistémica necessária para a fagocitose ser efectiva na defesa do nosso
organismo, vai constituir a chamada inflamação aguda. São as alterações vasculares na
área de lesão - vasodilatação, arteriolar, capilar e principalmente venular - para mais
células circularem, e alterações das paredes vasculares acontecerem.
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Na filogenia da defesa da vida, e portanto na evolução, uma outra célula se apura para
essa defesa. É também fagocítica, mas não fagocita por quimiotactismo como o
polinuclear, mas por reconhecer algo estranho. Por um quimismo sacarídico, estabelece
a ligação entre muitos fatores de lesão e a sua membrana, acontecendo a fagocitose.
Fagocitando, esta célula, de nome macrófago, por ser maior que o polinuclear -
micrófago, não morre na sua atividade fagocítica. Pelo contrário, estimulada quando
fagocita, divide-se e segrega. Poderá dizer-se, ao contrário do polinuclear, que morre, o
macrófago inicia o seu viver, estabelece uma família dividindo-se, não precisa de vasos
abertos para estar presente. Segrega uma vasta gama de citocinas e mediadores
determinantes da efetivação da defesa e despertam a resposta da chamada terceira linha
celular de defesa, aparecida talvez há cerca de quinhentos milhões de anos com a célula,
o linfócito. Estamos no hoje chamado sistema imune, na dinâmica imunológica da
defesa. Também aqui o linfócito não precisa de vasos, prolifera e fá-lo de uma forma
específica para cada fator lesivo do organismo, e dele distinto. O linfócito,
inviabilizador do bacilo da tuberculose, é distinto do que interfere com o virus da
hepatite. Há especificidade na resposta, há resposta proliferativa e não exsudativa, há
formação de um enorme cortejo de citocinas, há atividade "Killer", atividade supressora,
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Assim, temos a tal inflamação crónica desde o inicio, afinal apenas dinâmica da defesa
imune, adquirida na evolução.
Mediadores da Inflamação
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Prostaglandinas
Vasodilatação Monóxido do Azoto (NO)
Cininas
Aminas vasoativas
Complemento C3 e C5
Aumento da permeabilidade vascular Cininas
Leucotrienos C, D e E
PAF
Complemento C5
Quimiotatismo Leucotrieno B4
Ativação leucocitária Interleucina 8 (IL-8)
Produtos bacterianos
Interleucinas (IL-1, IL-6, TNF)
Febre Prostaglandinas
Prostaglandinas
Dor Bradicinica
Enzimas lisossómicas
Lesão tecidular NO
Radicais livres
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FACTOR DE HAGEMAN
C3 C5 CONTACTO TRIPSINA
CALICREÍNA
FACTOR XI
PLASMINA
ATIVADO
ATIVADA
O SISTEMA
A CASCATA DA ATIVADO FIBRINOLÍTICO
COAGULAÇÃO O SISTEMA
CINÍNICO
PLASMINA
FIBRINA
(FIBRINOPÉPTIDOS) CININA
C3 C3
PRODUTOS DE
DEGRADAÇÃO DA
FRAGMENTOS DO
FIBRINA COMPLEMENTO
C3 C1
ESTERASE
C3 C3
ATIVAÇÃO DO
SISTEMA DO
COMPLEMENTO
Por ação das moléculas de adesão há um primeiro rolar do polinuclear sobre a superfície
endotelial (rolling) por interação dos grupos açucarados dos polinucleares (fator Lewis),
que se ligam à selectina P das células endoteliais, dando uma frágil ligação. Por ação
dos mediadores, outras selectinas se formam, a selectina L nas células brancas do
sangue (leucócitos) e a selectina E na célula endotelial. Estas selectinas vão promover
uma ligação mais firme entre o polinuclear e a superfície endotelial. Também por ação
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As células endoteliais, pelas suas selectinas P e E ligam-se aos grupos Lewis dos
leucócitos (rolling) e ás selectinas L dos leucócitos (aderência mais firme). Pelas suas
integrinas, as células endoteliais ligam-se à laminina da matriz (parede) e pelas suas
moléculas ICAM e VCAM às integrinas dos leucócitos.
As moléculas de adesão dos leucócitos, como a selectina L, vão depois espalhar-se pela
superfície de todo o polinuclear, reduzindo a adesividade e a possibilidade deste seguir a
atração quimiotática.
Na inflamação crónica os linfócitos posicionam-se na matriz por intermédio da
molécula de adesão CD44.
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Citocinas
A defesa individual teve na fagocitose a sua primeira arma, mas foi-se apurando. Hoje,
todas as células do organismo, quando lesadas, antes de auxiliadas na sua defesa pela
resposta sistémica de defesa inflamatória e imunológica, já por modificação genotípica
estão a produzir substâncias - citocinas, protetoras. Fala-se hoje então numa defesa
individual e numa defesa coletiva.
IL-1, TNF-α, Interferon, IL-6, as-IL-1, IL-6 e TNF. Iniciam a resposta inflamatória não
específica.
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Têm duas sub-famílias as C-C e a Cx-C, dependendo da posição cisteina. As X-C são
produzidas por macrófagos ativados e células endotélias. As C-C são produzidas pelas
células T.
A IL-8 é uma importante quemoquina CX-C. As proteínas quimiotáticas para os
monócitos e as proteínas inflamatórias dos monócitos, são exemplos de quemoquina C-
C.
Proteínas catiónicas
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Proteases ácidas
Proteases neutras
- Defensinas (pequenas proteínas de não mais de cem aminoácidos) ligam-se, por serem
moléculas catiónicas, aos fosfolipídeos da membrana celular dos agentes e rompem-nos.
Têm também actividade quimiotática, ligando-se ao recetor quemoquínico, o CCR6 de
células fagocíticas denditrícas e de linfócitos T. Por este último mecanismo, promovem
o aparecimento de células imunes na resposta a qualquer tipo de agente microbriano.
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Interferon - Rapidamente produzido pelas células infetadas por vírus. Impede a divisão
víríca, a saída do vírus da célula e a entrada do vírus noutras células. Ativa macrófagos
e células NK (Killer naturais).
Temos assim uma chamada imunidade inata, natural, englobando a defesa inespecífíca
fagocítica e o reconhecimento do próprio entregue aos linfócitos. Os linfócitos B e T
possuem uma tal diversidade de recetores na superfície das suas membranas que, estão
aptos para reconhecerem todos os novos antigéneos solúveis aparecidos
(reconhecimento entregue aos linfócitos B) e todos aqueles antigéneos que, ligando-se
ás células, modificam a estrutura própria (reconhecimento entregue às
células linfóides T). Serão raros, tal a variedade de recetores da célula T, os
antigéneos não reconhecidos, e portanto não combatidos. Por vezes porém eles
aparecem. É o que se está a passar com o HIV, o vírus da imunodeficiência. Só daqui a
algumas gerações virá a encontrar linfócitos T para o controlarem. Toda a defesa contra
a diversidade antigénica engloba a resposta específica da imunidade adquirida. Estamos,
na evolução, constantemente a adquirir novas capacidades imunes.
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Engloba:
1- Febre
2- Alterações endócrinas: aumento da síntese de glucagon, insulina, ACTH, cortisol,
catecolaminas adrenérgicas, tirosina, hormona de crescimento, aldosterona e
vasopressina.
3- Alterações metabólicas: Aumento do catabolismo proteico, da gluconeogenese,
aumento total da síntese proteica. Aumento dos níveis plasmáticos de fenilalanina e
triptofano para sua rápida libertação. Variações no metabolismo dos lipídeos, dos níveis
plasmáticos dos triglicerideos, ácidos gordos livres, corpos cetónicos e lipoproteínas de
muita baixa densidade, com descida drástica das HDL e subida de colesterol e
triglicerideos com hipofosfolipidemia.
4- Redução das funções do Sistema Reticulo Endotelial e Imunosupressão
5- Aumento dos níveis do Cobre por ligação à ceruloplasmina, diminuição do zinco e
ferro com aumento da síntese da ferritina tecidular.
6- Alterações hepáticas: 1 - Ultraestruturais e químicas, 2 - alterações enzimáticas, 3 -
síntese de proteínas. Aumento de atividade nas três alíneas
7- Proteínas da fase sérica aguda (pasmáticas)
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Assim, segundo o local onde acontece, uma inflamação aguda pode ser:
Exsudado inflamatório é a expressão da inflamação aguda formada pelo que sai dos
vasos, ou pelo que sai dos vasos mais detritos celulares resultantes da ação dos agentes
de lesão e defesa, ou os saídos dos vasos mais produtos de secreção glandular, teremos:
Exsudado seroso: Formado por água e proteínas de não muito elevado peso molecular.
Ex. derrame pleural na tuberculose.
Exsudado mucoso : formado pela água e proteínas saídos dos vasos, mais produto de
glândulas mucosas. Ex. a vulgar constipação gripal.
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purulentos, sero-hemorrágicos, etc, etc.Os fatores que podem modificar a resposta estão
dependentes do agente, sua patogenicidade e suas características estruturais, e
dependentes do organismo, ou seja, da idade, da nutrição, da temperatura e da
capacidade de qualquer dos tipos de resposta.
Na mucosa oral e cavidade oral todos os grandes tipos de inflamação acontecem e os
seus aspectos morfo-clínicos serão tratados em patologia oral.
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CAPÍTULO IX
A reparação será a substituição das estruturas celulares lesadas, por células vivas e
saudáveis.
- Células móveis ou lábeis: São células com grande capacidade de divisão. São
exemplos deste tipo celular as células epiteliais das superfícies de fronteira cutânea ou
mucosa e as células da medula óssea.
- Células fixas ou estáveis: São células com capacidade de divisão, mas menos
acentuada do que nas células móveis. São exemplo, as células epiteliais
parenquimatosas como as células hepáticas (hepatócitos).
- Células permanentes: São as células com nula ou quase nula capacidade de divisão,
como por exemplo as células musculares e as células nervosas.
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A cicatrização pode fazer-se por primeira intenção, como no caso da incisão cirúrgica,
dado haver pequenos espaços, resultantes da sutura cirúrgica, não haver infeção e logo,
só escasso exsudado inflamatório para ser reabsorvido, e consequentemente pequena
cicatriz.
A cicatrização por segunda intenção acontece nas grandes destruições celulares, nas
feridas infetadas, com grandes exsudados inflamatórios. Leva à formação de grandes
quantidades de tecido de granulação, demora na cicatrização e forma grandes cicatrizes.
Trombos - Coágulos aderidos, em vida, à parede vascular, são penetrados por tecido de
granulação e organizam-se.
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Extração dentária - A reparação faz-se por cicatrização por segunda intenção. A sutura
do alvéolo reduzindo o espaço, facilita a reparação e evita a hemorragia. Pode, todavia,
facilitar a infeção por anareóbios que colonizam áreas não oxigenadas. O coágulo é
imprescindível para a reparação, pois vai ser o suporte do tecido de granulação.
Lavagens repetidas após a extração dentária, ou sucção, podem retardar a reparação e
conduzirem a um processo de destruição gengival e do osso alveolar que constitui a
chamada alveolite seca dolorosa.
Toda a fratura deve ser contida, imobilizada, por talas ou gesso, para o tecido de
granulação a formar entre os bordos da fratura, conduza, em tempo certo, a partir da
célula mesenquimatosa (fibroblasto) à formação de osteócitos.
Isto pode não acontecer se a fratura não estiver bem imobilizada. Em vez de osteócitos,
formam-se condrócitos, responsáveis pela formação de cartilagem entre os bordos da
fratura. Logo, em lugar de tecido ósseo calcificável (calo primário e calo definitivo),
teremos cartilagem. Esta formação de cartilagem constitui a chamada pseudartrose, uma
das grandes complicações das fraturas mal contidas, ou persistentemente infetadas.
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CAPÍTULO X
Já falamos nos primeiros capítulos, ser a química quem permite ou não permite a
ligação a outra química. A infeção do organismo humano, e logo a doença infeciosa, é
um jogo químico e biológico. Químico, pela presença ou ausência de recetores
celulares, ponto de ligação do agente biológico à célula. Biológico, pela apetência do
agente para determinados locais orgânicos, pela capacidade dos agentes entrarem ou não
entrarem nas células, pela sua própria composição antigénica, e pela capacidade de
resposta do organismo à presença do viver do agente.
Assim uns se infetam e outros não se infetam, uns são imunes ou portadores sãos e
outros apresentam quadros clínicos diversos, perante o mesmo agente.
Vamos apenas tratar de algumas situações de doenças infeciosas, não pela doença em
perspetiva clínica, mas como aspeto reacional do organismo à variabilidade dos agentes
e à sua forma de agir.
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Em ambos os sexos podem ser causa de esterilidade, e no sexo masculino, antes dos
antibióticos, foram causa de artrites supuradas, com anulação funcional da articulação.
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Esta necrose no local de inoculação vai constituir a chamada fase primária da sífilis, ou
cancro duro, por ser uma lesão ulcerada (por necrose) e dura pelo aglomerado de
plasmócitos e proliferação de fibroblastos. Esta lesão, pode aparecer na cavidade oral,
nos lábios, língua e pilares amigdalinos, tem de ser diagnosticada por simular neoplasias
malignas, principalmente nas localizações referidas. A úlcera sifllítica, está presente há
pouco tempo, dias ou semanas. A úlcera neoplásica está presente há muito mais tempo e
não cicatriza, ao contrário da úlcera sifílítica que em duas a três semanas desaparece,
dando a ilusão de cura da doença. Esta falsa cura é perigosa para o portador por, ao ver
desaparecer a lesão se julgar curado. Tendo esta possibilidade, o Treponema pallidum é
chamado de "grande mentiroso". O que se passa é o seguinte: a reação plasmocitária e a
formação de imunoglobulinas, não mata o agente, apenas o "adormece", ou seja, impede
a sua divisão (multiplicação). Assim, o agente perde a sua patogenicidade e a lesão cura,
ou melhor desaparece. Porém o treponema persiste e após duas ou três semanas volta a
multiplicar-se e a disseminar-se por todo o organismo (bacteriemia). É o que constitui a
chamada fase secundária da sífilis, caracterizada por uma vasculite disseminada, com
eritema e enantema, pequenas papúlas e largas máculas no tronco, palma das mãos e
planta dos pés. Estas manifestações cutâneas e mucosas acompanham-se de febre, mal-
estar, simulando intoxicação alimentar. O paciente, em regra, não estabelece a relação
com a úlcera semanas antes existente e o médico tem de pensar nessa possibilidade,
interrogar e mandar realizar exames serológicos. Estes constam na colocação do soro do
doente, numa cultura de treponemas em testículo de cobaio. A reação é positiva e o
doente sifílítico, quando o treponema em cultura se imobiliza. Se o treponema se não
imobiliza, o doente pode ou não ser sifílítico. É o teste da imobilização dos treponemas,
ou teste de Nelson.
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É a fase terciária da sífilis, caracterizada por lesões no sistema nervoso central por
paralesia geral e tabes, nos grandes vasos arteriais por destruição das fibras elásticas da
túnica média da aorta pela oclusão dos vasos-vasorum e consequente perda de
elasticidade e formação de ectasias e aneurismas.
Ainda na fase terciária, micronecroses em vários órgãos como o fígado e nos ossos, por
somatório, formam macronecroses, as chamadas gomas sifilíticas, necroses de
coagulação, que podem simular tumores.
Temos assim o Treponema pallidum, agente que entrou na Europa com os marinheiros
de Colombo, e então matava de forma epidémica. Constituiu a '"peste negra", "mal
gálico", tendo até um Papa atingido. É hoje um agente que persiste no organismo por
dezenas de anos, quase em equilíbrio com ele, mas muitas vezes vencedor, vai lesando
sucessivamente e apresentando quadros dependentes da sua fuga à defesa e depois
quadros somatórios de lesões.
O bacilo entra no organismo pela via respiratória e, antes da pasteurização do leite, por
via digestiva, veiculado na gordura do leite de animais tuberculosos. Quer no pulmão,
quer no intestino, segundo a via de infecção, o bacilo é fagocitado pelo macrófago.
Como intracelular que é, fagocitado está no seu meio ideal. O macrófago divide-se,
segrega factores agressivos, mas o bacilo já criou as condições para anular esta
agressividade. Porém, quando a chamada vacinação da espécie existe, o linfócito T,
célula efetora dessa vacinação, reconhece a antegenicidade presente no macrófago.
Imediatamente, por intermédio de citocinas, coopera com o macrófago, fazendo com
que ele mais rapidamente se divida, se transforme em células epitelióides e em células
gigantes de Langhans e mais produtos citotóxicos, para o agente, se produzem. Desta
forma, macrófago e linfócito, anulam a patogenecidade do bacilo e impedem a sua
divisão. Constitui-se uma lesão formada por células epitelióides, células gigantes de
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Cistos helmínticos – em relação aos helmintas – os agentes que mais atingem o homem
– não deve haver ninguém nunca parasitado por um helminta – Ascaris lumbricoides ou
Taenias, vamos apenas falar:
A Taenia solium parasita o porco. Comida a sua carne mal cozinhada, vai sob a forma
larvar, dar uma disseminação por todo o organismo, com a forma de “pérolas
encastoadas”. A localização cerebral é a mais frequente e muito comum no norte de
Portugal, com sintomatologia neurológica a mais variada, e frequentemente epilepsia.
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CAPÍTULO XI
Só depois desta linha vencida, se desencadeia a resposta inflamatória de defesa. Pela sua
composição, na componente epitelial, formada por células com grande capacidade de
divisão celular, estão as grandes fontes de assimilação de informação, da morfogénese e
da morfostase. São as superfícies de fronteira as modeladoras do mesênquima e as
principais responsáveis pelo nosso fenótipo.
Quer na pele, quer nas mucosas, temos o epitélio e temos em íntimo contacto com os
epitélios, o mesênquima.
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O muco pode estar alterado na sua qualidade, por aumento da viscosidade, com
obstrução dos canais excretores e transformação cística das glândulas produtoras. É o
que acontece na mucoviscidose ou doença fíbrocistica, doença genética com alteração
da condutância de membrana e deficiente entrada de água na célula, elaboradora do
muco.
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- Pápulas - Idênticas ás máculas mas não planas, elevadas. Uma picada de mosquito
que causa prurido vai constituir uma pápula.
- Vesícula - Pequena área intraepitelial, por destruição de células de causa vírica, como
na varicela, se enche de água.
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