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Citologia Oncótica
Citologia de Lesões, Líquidos, Secreções e Excreções
Revisão Textual:
Aline Gonçalves
Revisão Técnica:
Prof.ª Dr.ª Niara da Silva Medeiros
Citologia de Lesões, Líquidos,
Secreções e Excreções
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Estudar a citologia das lesões inflamatórias citoplasmáticas e nucleares, as reações degene-
rativas e destrutivas do epitélio cervicovaginal;
• Conhecer a citologia de líquidos corporais, a coleta e o transporte e preparo do espécime
clínico, exames microscópicos, características citológicas, critérios avaliados e interpretação
de resultados.
UNIDADE Citologia de Lesões, Líquidos, Secreções e Excreções
Então, no processo normal encontraremos células epiteliais normais. Quais são? São
as células escamosas, profunda, intermediária ou superficial, as células endocervicais,
as células endometriais, pode-se encontrar leucócito, polimorfo (pequena ou grande
quantidade) e bacilo de Doderlein. Se há somente essas células, está normal. Mesmo que
encontre agentes potencialmente agressores, não significa que há processo inflamatório.
Podemos encontrar, por exemplo, esporos, hifas de fungos e bactérias patogênicas.
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Conseguiremos detectar nessa fase incipiente (precoce) as alterações em nível de célula;
• Alterações celulares reativas:
» Inespecíficas;
» Específicas.
A maioria é inespecífica, quer dizer, independe do agente causal. Aparecem em
qualquer processo inflamatório. Existem as específicas (são poucas), que são aquelas
patognomônicas, que ocorrem em função de determinado agente. Por exemplo, se
administrar estrógeno em uma paciente vai proliferar muita célula superficial, essa
resposta tecidual é específica ao estrógeno (toda vez que administrar estrógeno o
Índice de Eosinofilia (IE) e Índice de Cariopicnose (IP) aumentará). São poucos agen-
tes que causam alterações específicas, entre eles o Herpes simples tipo 2, que pro-
duz um quadro patognomônico, ou seja, é exclusivo (típico). Então, uma célula com
inclusão herpética é característica, geralmente é multinucleada, tem amalgamento
nuclear, espessamento de carioteca, a cromatina nuclear tem aspecto gelatinoso;
• Reações de Superfície: O epitélio que reveste a parede da vagina e a ectocérvice é
do tipo pavimentoso estratificado não ceratinizado. Mas podem ocorrer duas situa-
ções como reações de superfície, que seria a hiperceratose, e a paraceratose. O que
é reação de superfície? Suponha que tenha um pólipo endocervical que aflorou no
colo, esse pólipo fica traumatizando a ectocérvice e cria uma reação de superfície.
Os processos inflamatórios crônicos geralmente levam a uma reação de superfície,
principalmente o papilomavírus humano (HPV):
» Hiperceratose: é a ceratinização que ocorre na superfície do epitélio de reves-
timento. Acima da célula superficial forma uma camada córnea, e isso não é
normal. As células superficiais, que são as células mais diferenciadas, continuam
se diferenciando e se transformam em escama córnea (que são células escamosas
anucleadas ceratinizadas). O epitélio transformou-se em pele; fica igual ao epitélio
da vulva. O colpocopista chama de leucoplasia a placa branca que se forma;
» Paraceratose: é uma ceratinização incompleta, onde a célula mantém o núcleo.
Há uma ceratinização incompleta da superfície de revestimento, onde a célula
retém o núcleo. A célula paraceratótica é uma miniatura da célula superficial.
• Alterações celulares degenerativas: isso é fundamental. Essas alterações podem
ser fisiológicas ou patológicas:
» Rutura de carioteca (membrana nuclear);
» Cariorrexis (núcleo se fragmenta em partículas de cromatina e a membrana nu-
clear está ausente);
» Cariopicnose precoce (cromatina compactada);
» Cariólise (desaparecimento suave e homogêneo do núcleo);
» Coagulação do citoplasma (acidofilia) ou liquefação.
Essas alterações são da fase final da degeneração celular, é a morte celular. Isso
pode ser fisiológico e pode ser patológico. Por exemplo, a lâmina de uma mulher
idosa (80 anos). Se a mulher é idosa, as células são idosas. Faço um esfregaço e vejo
células profundas dominando porque o ovário não está produzindo mais os hormô-
nios ovarianos para proliferar as células. Então houve uma atrofia desse epitélio e
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Alterações reativas inespecíficas
Em nível de citoplasma
• Halo perinuclear: halo claro, que não se cora, formado em torno do núcleo;
• Coilocitose: grande vacúolo perinuclear de contorno algo irregular;
• Metacromasia ou policromasia: célula se cora de duas ou mais cores;
• Pseudoeosinofilia: células que normalmente coram cianofilicamente, coradas eosi-
nofilicamente. Geralmente acontece com células profundas, que ficam coradas de
rosa ou vermelho;
• Vacuolização citoplasmática: se o vacúolo for único, rechaçando o núcleo para
a periferia, não significa atipia reacional, significa atividade celular aumentada, que
pode ser fagocitária, pode ser muco secretora. Quando você observa uma célula
com diversos vacúolos de tamanhos variados, dispostos pela periferia do citoplasma,
aí a interpretação é uma atipia reacional. Provavelmente, houve uma infiltração
gordurosa (esteatose hepática), e quando se cora a lâmina e passa no xilol (solvente
orgânico), ele remove essa gordura, promovendo a visualização dos vacúolos;
• Forma bizarra ou aberrante do citoplasma: você viu que as células são redondas,
ovais, cilíndricas, cúbicas. A forma aberrante seria células em forma de fibra, de
girino, raquete, ameboide. Isso também ocorre como forma de reação da célula a
uma agressão;
• Apagamento das bordas citoplasmáticas;
• Citoplasma esgarçado: tipo pano velho, rasgado.
Em nível de núcleo
• Cariomegalia: aumento exagerado do núcleo;
• Hipercromasia: aumenta a cromatina nuclear, então ele cora mais intensamente.
A cromatina é DNA e RNA, e eles têm afinidade pela hematoxilina;
• Contorno nuclear irregular: núcleo que não é redondo nem oval;
• Espessamento da carioteca (reforço da carioteca): a cromatina nuclear migra
para a membrana nuclear (carioteca), e a carioteca fica mais espessa;
• + as alterações degenerativas, que podem ser critério de inflamação.
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Agentes Infecciosos
Existe uma diversidade de microrganismos que podem estar no trato genital. A mi-
crobiota genital é importante para auxiliar na defesa e evitar a instalação de agentes
patogênicos. Dentre os microrganismos patogênicos, podemos citar:
Quadro 1
• Gardnerella vaginalis;
• Actinomyces sp;
• Fusobacterium sp;
Bactérias anaeróbias • Leptothrix vaginalis;
• Mobiluncus sp (forma de vírgula);
• Bacilos de Doderlein.
• Enterobactérias;
Bactérias aeróbias • Cocos;
• Bacilos difteroides.
• Trichomonas sp;
Protozoários • Toxoplasma gondii;
• Amebas.
• Candida sp;
Fungos • Torulopsis glabrata;
• Geotrichum candidum.
• Herpes simples;
• Papilomavirus humano (HPV);
Vírus • Citomegalovírus (CMV);
• Adenovírus.
Saiba mais sobre as infecções bacterianas, parasitárias e micóticas do trato genital inferior no
capítulo 6, página 57, do livro de Tatti, “Colposcopia e Patologia do Trato Genital Inferior”.
Disponível em: https://bit.ly/38Y3iOD
Bacilos de Doderlein
São bacilos imóveis, anaeróbios, facultativos, gram-positivos. Seu comprimento varia
e oscila entre as formas curtas até bastonetes filamentosos e largos. Os bacilos de Doderlein
formam um grupo heterólogo de bactérias, das quais 70% são capazes de hidrolisar o
glicogênio, causando a citólise bacteriana. O glicogênio do citoplasma, ao fermentar, se
decompõe em maltosa e dextrosa, e, a partir desses açúcares, por ação dos bacilos de
Doderlein, forma-se ácido láctico. Desse modo, produz-se um pH 4,0 a 4,5, encarre-
gando da autodepuração da vagina, e constitui um fator importante contra a infecção
de outros germens.
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Microbiota Bacteriana Mista – presença de cocos e bacilos nos esfregaços vaginais.
Somente de 20% a 30% das mulheres em condições normais se encontram colonizadas
por bacilos de Doderlein (Figura no link).
Microbiota Cocácea
Os esfregaços mostram com frequência uma pseudoeosinofilia. Poucas vezes se acha
um índice elevado de cariopicnose (cerca de 80%), relacionado com presença maciça de
cocos. Simula uma superatividade do hormônio folicular.
Saiba mais sobre a microbiota vaginal normal. Acesse o miniatlas de citopatologia e histo-
patologia do colo uterino. Disponível em: https://bit.ly/3dvKnNR
Bacilos Difteroides
São bacilos gram-positivos, morfologicamente semelhantes aos lactobacilos, em ambas
as extremidades há um espessamento arredondado, dando-lhes aspecto de palito de
fósforo de duas cabeças.
Podem ser considerados como flora normal, podendo às vezes estar associados com
vaginite inespecífica (Figura 1).
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Micrococcus sp
Micrococcus é uma bactéria gram-positiva, aeróbia, membro da família dos Micrococcaceae.
As pilhas do Micrococcus podem ser observadas sob o microscópio como as pilhas esfé-
ricas que dão forma a pares ou a conjuntos.
Embora essas bactérias sejam um contaminante humano comum da pele, são rela-
tivamente inofensivas aos seres humanos porque possuem caráter saprofítico. Podem
também ser encontradas em ambientes aquáticos ou no solo. Três espécies comuns são
M. luteus, M. roseus e M. varians.
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Figura 2 – Bactérias cocoides
Fonte: LIMA, 2012, p. 39
Leptothrix vaginalis
São bacilos que variam em número e tamanho, de 10 a 20 vezes maiores que os ba-
cilos de Doderlein (Figura 3). São finos, segmentados e assemelham-se ao chão de uma
barbearia, tendo formato de S ou U.
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Mobiluncus sp
São bactérias anaeróbias, gram-negativas e gram-variáveis. Bacilos curvos em forma
de vírgula, com extremidades delgadas, móveis. Encontramos as células-alvo chamadas
de “comma cells” (Figura 4).
Figura 4 – Mobiluncus sp
Fonte: microbiomology.org
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Na coloração de Papanicolau, mostra células indicadoras “comma cells”, e no es-
fregaço a fresco da secreção cervicovaginal, encontramos as células-alvo cobertas por
numerosos bacilos curvos em forma de vírgula (comma cells), e o exame das pacientes
mostra secreção vaginal homogênea, odor fétido.
Existem trabalhos relacionados a corrimentos recidivantes, perdas sanguíneas irregu-
lares, dor insidiosa no baixo ventre, doença inflamatória pélvica e endometrite pós-parto.
Actinomyces sp
Sua taxonomia sofreu consideráveis variações e por muito tempo foi classificado
como fungos, mas atualmente é definido como bactérias (Figura 5).
Figura 5 – Actinomyces sp
Fonte: LIMA, 2012, p. 40
Gardnerella vaginalis
Antigamente denominada Haemophilus vaginalis, a Gardnerella vaginalis é um bacilo
em bastonete, gram-negativo ou gram-variável, corado em azul pelo método de Papanicolau
(Figuras 6 e 7).
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É encontrado em cerca de 10% das mulheres. Esse bacilo foi reclassificado por Gardner
e Duks (1959), que o consideram como um dos germes responsáveis pela vaginite, hoje
chamada vaginose bacteriana, caracterizada por corrimento vaginal cinzento, homogêneo
e mal cheiroso.
O termo vaginose foi preferido ao de vaginite, para insistir sobre a ausência de infla-
mação; o qualificativo bacteriano lembra que outras bactérias anaeróbias podem intervir
junto com a Gardnerella vaginalis.
Acredita-se que pacientes com infecção pura por Gardnerella vaginalis sejam assin-
tomáticos quando o pH é < 4,5 . As clue cells são células escamosas poligonais, que têm
um citoplasma delicado e transparente coberto pelas formas cocobacilares delicadas de
Gardnerella vaginalis; as alterações são mais bem observadas nas margens das células
infectadas; são indistintas e têm diferentes planos de focos.
No fundo de lâmina pode haver infiltrado inflamatório cuja intensidade é muito variável.
A Gardnerella vaginalis não apenas recobre a superfície das células epiteliais, mas espraia-se
além dos seus limites.
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Outros testes laboratoriais podem ser realizados para auxiliar o diagnóstico, entre eles
o exame a fresco (secreção vaginal em solução salina), testes para detecção de aminas,
como a técnica de cromatografia gasosa, teste da aminopeptidase (enzima produzida
por várias bactérias encontradas nas secreções de mulheres com vaginose bacteriana).
Outro método que começa a ser empregado é a citologia em base-líquida. Entre várias
vantagens diagnósticas, pode-se ressaltar:
• Representação absoluta do universo de células coletadas;
• Lâminas de alta qualidade para leitura;
• Diminuição do número de lâminas insatisfatórias;
• Preparo de novas lâminas com a mesma amostra;
• Rápida e eficiente fixação com máxima preservação da morfologia celular, permi-
tindo melhor adequação dos corantes.
Candida sp
O agente causador da candidíase ou monilíase é o fungo Candida albicans, que faz
parte da flora vaginal das mulheres (Figuras 8, 9 e 10). A queda de imunidade, fatores
ligados à higiene pessoal ou distúrbios no organismo levam à proliferação desse fungo
e ao consequente aparecimento da doença, três a quatro dias após o contágio ou no
período pré-menstrual.
Os sintomas da doença são corrimento branco, como nata de leite, irritação e forte
coceira nos órgãos externos da vagina. Nesse caso, é importante saber se a paciente é
diabética, usa estrógenos ou antibióticos. Pode ser transmitida por contato sexual, água
contaminada e objetos contaminados.
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Figura 8 – Candida sp
Fonte: LIMA, 2012, p. 41
Figura 9 – Candida sp
Fonte: LIMA, 2012, p. 41
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Figura 10 – Candida sp
Fonte: LIMA, 2012, p. 41
Trichomonas vaginalis
Os protozoários são microrganismos unicelulares, com estruturas e organelas mais
complexas, cujo sistema de reprodução envolve duas fases. Podem ser classificados
quanto à presença ou não de flagelos, quanto à mobilidade e quanto ao ciclo evolutivo.
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Figura 11 – Trichomonas vaginalis
Fonte: LIMA, 2012, p. 43
Cada vez mais dispomos de metodologia adequada para a identificação dos micror-
ganismos. Porém é inestimável o auxílio que a microscopia pode trazer na triagem diag-
nóstica que é realizada pelo citologista.
Esse texto é um resumo bastante simplificado do verdadeiro universo que está além
de nosso alcance visual.
Herpes Genital
Com relação ao herpes genital, os anticorpos ajudam a tornar os sintomas de reati-
vação mais leves do que os do primeiro episódio.
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A infecção pelo herpes genital ocorre mediante exposição da região genital ao vírus
de um parceiro com herpes em atividade (por contato genital ou oral).
Subdividem-se em: Herpes vírus II (HSV II), causa primária e inicial da herpes genital
reincidente e infecções neonatal, e Herpes vírus I (HSV I), responsável pela maioria do
herpes orofacial e encefalite.
O citodiagnóstico de Tzanck pode ser útil como método auxiliar. Sua positividade
é refletida pela multinucleação e balonização celulares. A utilização da coloração pelo
Papanicolau permite a observação de inclusões virais.
O exame citológico é praticado nas bordas das zonas ulceradas e no líquido vesicular,
exibindo lesões típicas (Figura 12).
A B
(A) Células mono e multinucleadas, essas últimas com amoldamento nuclear. Há ra-
refação da cromatina de diferentes gradações. Observar a borda nuclear espessa em
muitos núcleos devido à marginação da cromatina. (B) Há multinucleação, amolda-
mento nuclear e rarefação da cromatina. Presença de inclusões (setas).
As alterações citológicas são visíveis:
• As lesões iniciais são consequência da replicação viral no núcleo, que aumenta de
volume, torna-se homogêneo e opaco de cor azul pálido (núcleo em vidro despolido);
• A membrana nuclear torna-se espessada por adesão, em sua face interna, de frag-
mentos de cromatina deslocados pelos vírus;
• A multinucleação é frequente e os núcleos se amoldam uns aos outros ou se acavalam.
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Na fase final:
• O núcleo apresenta inclusões únicas, eosinófilas, volumosas, às vezes com halo claro;
• O citoplasma é abundante e cianófilo com formas variadas;
• A degeneração da célula se manifesta por picnose nuclear, que pode dar imagens
citológicas inquietantes.
A presença de células multinucleadas não é suficiente para diagnosticar a infecção
herpética. É necessário que os núcleos adquiram aspecto vítreo típico, que se amoldem
uns aos outros ou contenham inclusões eosinófilas.
Embora o procedimento não seja indicado rotineiramente, permite fazer, com alguma
segurança, o diagnóstico por meio da identificação dos corpúsculos de inclusão.
O isolamento do vírus em cultura de tecido é a técnica mais específica para detecção
da infecção herpética. A sensibilidade da cultura varia de acordo com o estágio da lesão.
É progressivamente menor em lesões vesiculosas, pustulosas, ulceradas e crostosas.
A sua obtenção, na prática diária, é difícil.
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As técnicas mais utilizadas para a detecção do HPV foram mencionadas, com docu-
mentação fotográfica pertinente, mostrando a expressão precoce e tardia da infecção
pelo HPV. A atuação das oncoproteínas E6 e E7 através da interação com os oncogenes
p53 e pRb, respectivamente.
A verruga genital é conhecida desde a antiguidade por gregos e romanos, sendo con-
siderada como uma doença venérea. Foi denominada de condiloma acuminado (do grego
kondilus = côndilo e do latim acuminare = tornar pontudo), termo utilizado até hoje.
Os vírus de papilomas humanos (HPV) constituem o grupo mais complexo dos vírus
patogênicos, podem ser transmitidos sexualmente, infectam células epiteliais e induzem
lesões proliferativas.
Todos os HPV são trópicos para as células epiteliais escamosas. A infecção produtiva
das células pelo vírus do papiloma pode ser dividida em fases precoce e tardia, ligadas ao
estado de diferenciação da célula epitelial. O vírus infecta as células basais, as únicas ca-
pazes de divisão, no epitélio; dessa forma, há indução de lesão persistente (Figura no link).
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Evolução da infecção por HPV. Disponível em: https://bit.ly/3b1oaFC
Líquido Sinovial
O líquido sinovial, encontrado nas cavidades articulares, é viscoso, sendo formado
por um ultrafiltrado do plasma através da membrana sinovial (Figura 14).
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Como essa filtração plasmática não é seletiva, exceto no que diz respeito às proteínas
de alto peso molecular, o líquido sinovial normal tem, essencialmente, a mesma com-
posição bioquímica do plasma. Fornecem nutrientes para as cartilagens e atua como
lubrificante das faces articulares móveis.
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Como as grandes moléculas de proteínas não são filtradas pelas membranas sino-
viais, sua quantidade no líquido sinovial é inferior a 3,0 g/dL.
Pelo fato de a elevação dos níveis séricos de ácido úrico em casos de gota ser bem
conhecida, a demonstração de níveis elevados desse ácido no líquido sinovial pode ser
usada para confirmar o diagnóstico quando não for demonstrada a presença de cristais.
Em processos infecciosos, realiza-se também a cultura microbiológica.
Líquido Pleural
Ocorre acúmulo anormal de líquido pleural nas situações em que a permeabilidade
e a drenagem linfática são afetadas (Figura 15). Exemplos dessas situações são a insu-
ficiência cardíaca, a pneumonia e os carcinomas.
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Líquido Pericárdico
Normalmente, a quantidade de líquido encontrada entre as membranas pericárdicas
é pequena, em torno de 10 a 50 ml, sendo esse líquido amarelo claro e transparente
(Figura 16). Os derrames pericárdios decorrem sobretudo de alterações na permeabili-
dade das membranas, por infecção (pericardite), neoplasia ou comprometimento meta-
bólico. Suspeita-se de derrame pericárdio ao se notar compressão cardíaca durante o
exame físico. Nos distúrbios metabólicos, o líquido aspirado é transparente. O mais co-
mum, porém, é encontrar turvação produzida por infecção e neoplasia. A presença de
líquido com filamentos sanguíneos é frequente quando a lesão da membrana é causada
por tuberculose e tumores.
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Líquido Peritoneal (Ascítico)
O acúmulo de líquido na cavidade peritoneal é chamado ascite (Figura 17). A análise
do líquido fornece resultados na detecção de hemorragia intra-abdominal por traumatis-
mos: o número de hemácias e leucócitos ajudam a decidir se há necessidade de cirurgia.
Assim como os líquidos pleural e pericárdico, o líquido peritoneal normal é transparente
e amarelo claro.
O líquido fica turvo nas infecções bacterianas ou fúngicas e podem tornar-se verdes
quando há derrame biliar. A presença de bile pode ser confirmada com uso de provas
bioquímicas convencionais para a detecção de bilirrubina.
A contagem normal de hemácias em geral fica abaixo de 100.000/µl. A ocorrência
de contagem elevada pode indicar traumatismo hemorrágico. A contagem normal de
leucócitos é inferior a 300/µl, e esse número aumenta na peritonite bacteriana e na
cirrose. A análise bioquímica do líquido ascítico consiste basicamente na dosagem de
glicose, amilase e fosfatase alcalina. Os níveis de glicose são baixos nas infecções, tu-
berculose e neoplasias. A amilase é dosada no líquido ascítico para verificar casos de
pancreatite. Um nível elevado de fosfatase alcalina também é altamente indicativo de
perfuração intestinal. Se necessário, realizam-se exames microbiológicos.
Lavagem Broncoalveolar
Por meio da análise de amostras obtidas por lavagem broncoalveolar é possível obter
dados citológicos e microbiológicos sobre a parte inferior do sistema respiratório. Para
isso, com um broncoscópio injeta-se solução salina, que, depois de se misturar ao con-
teúdo brônquico, é retirada por aspiração, podendo-se realizar análise microbiológica
e citológica. A análise mais importante desse líquido é observar a presença de fungos,
BAAR e Pneumocystis carinii.
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Sendo o material de difícil obtenção, colhido por especialista, o laboratório não se pode
restringir a determinado tipo de exame apenas, mas proceder simultaneamente ao estudo
de vários parâmetros para tentar chegar ao diagnóstico de uma doença particular. Nor-
malmente é límpido e incolor e a alteração na aparência pode fornecer informações diag-
nósticas importantes. É importante anotar o volume de líquido colhido (Figura no link).
As terminologias mais usadas para descrever o aspecto do líquor são límpido, opaco
e turvo.
As terminologias mais usadas para descrever a cor do líquor são incolor, xantocrômico,
leitoso e hemorrágico.
A ocorrência de amostra opaca ou turva pode ser indício de infecção, sendo a opaci-
dade causada pela presença de leucócitos.
Todas as amostras devem ser tratadas com extremo cuidado porque podem ser alta-
mente contagiosas, sendo imprescindível o uso de EPI.
É realizado pela contagem global de células por mm3 na Câmara de Fuchs Rosenthal
(conta-se toda a câmara e divide-se por 3,3, que é o volume total da câmara) e pela con-
tagem específica dessas células, quando necessário. Um LCR normal apresenta menos
de cinco leucócitos por mm³.
Caso tenha mais do que cinco leucócitos por mm³, é necessária a realização de um es-
fregaço pelo método de Gram (para pesquisa bacteriana) e outro pelo método de Giemsa
(para contagem diferencial dos leucócitos).
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Realiza-se também, a pedido médico, a pesquisa de fungos através de exame a fresco
e pelo método da tinta nanquim e pesquisa de BAAR pela coloração de Ziehl-Neelsen.
Procede-se também a cultura do líquor em meios específicos.
Líquido Seminal
A análise do líquido seminal é ainda a principal maneira de avaliar o potencial repro-
dutivo masculino e o controle da vasectomia. Nesse exame, as características físicas e
químicas do sêmen são avaliadas, bem como concentração, motilidade (movimentação)
e morfologia (forma) dos espermatozoides. O fluído seminal poderá também ser testado
para presença de bactérias, glóbulos brancos e vermelhos.
Veja o capítulo 5.1, sobre citologia em líquidos biológicos, página 193 do livro de Gamboni
e Miziara, “Manual de citopatologia diagnóstica”. Disponível em: https://bit.ly/38Y3iOD
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
Atlas de citopatologia ginecológica
https://bit.ly/3szlMvK
Vaginose bacteriana diagnosticada em exames citológicos de rotina:
prevalência e características dos esfregaços de Papanicolau
https://bit.ly/32tZZv5
Estudo comparativo dos resultados obtidos pela citologia oncótica
cervicovaginal convencional e pela citologia em meio líquido
https://bit.ly/3xjFOyb
Prevalência de alterações em exames preventivos em um laboratório de SINOP – MT
https://bit.ly/2QK5WkD
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Referências
CONSOLARO, M. E. L.; ENGLER, S. S. M. (org.). Citologia clínica cérvico-vaginal:
texto e atlas. São Paulo: Roca, 2012.
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