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Citologia Clínica

Biomedicina

MSc. Hagamenon Alencar


Docente Universitário
Tema da aula
Citologia inflamatória
• O canal cervicovaginal não é estéril, uma vez que está em contato
direto com o exterior pela vulva.

• Habitualmente, representa um ecossistema dinâmico, com equilíbrio


entre a presença de germes saprófitas e os mecanismos defensivos da
zona. A simples presença destes germes não constitui índice de
inflamação.

• Os organismos que podem estar presentes no trato genital inferior


incluem bactérias, fungos, vírus, protozoários e alguns parasitas
contaminantes.
Introdução
Inflamação
• A inflamação ou processo inflamatório é uma reação do organismo a
uma infecção (reação causada sempre por microrganismos) ou lesão
dos tecidos.

Inflamação
• A inflamação isola o agente nocivo e desencadeia uma série de eventos

que tentam curar e reconstituir (reparar) o tecido danificado.

• A inflamação é um mecanismo de defesa (e não uma doença!) que tem

como objetivo eliminar a causa da lesão celular e suas consequências.

• Existem dois tipos de inflamação: inflamação aguda e inflamação

crônica.
Inflamação
• A inflamação aguda é a principal resposta da imunidade inata, é

geralmente rápida, atuando durante horas a dias e envolve várias

alterações vasculares e celulares.

• A inflamação crônica ocorre quando o processo estende-se por mais de

três meses, envolve eventos como a angiogênese e a fibrose.

Inflamação aguda e crônica


• A resposta inflamatória ocorre no tecido conjuntivo vascularizado,

incluindo plasma, células circulantes, vasos sanguíneos e constituintes


extracelulares do tecido conjuntivo.

• Células circulantes: os neutrófilos, monócitos, eosinófilos, linfócitos,


basófilos e plaquetas.

• Células do tecido conjuntivo: os mastócitos, os fibroblastos, os


macrófagos residentes e os eventuais linfócitos.
Inflamação
Células na inflamação
• Em todos os esfregaços vaginais podem
ser observadas células inflamatórias,
principalmente neutrófilos.

• Não é sempre que a presença destas


células podem indicar infecção.

• Deve-se ter atenção na análise dos


esfregaços.

• Observe se o número de neutrófilos


está abundante e se existem outras
alterações.
Inflamação
Inflamação

Citologia normal Citologia inflamatória


• Infecção da vagina e da cérvice
acompanhadas de corrimentos.

• Esfregaços evidenciam colônias


bacterianas em agrupamentos
disseminados.

• Alterações das células epiteliais


podem ser acompanhadas da
presença de leucócitos.
Cervicovaginites
Microbiota vaginal
• A vagina da menina recém-nascida é estéril, mas poucas horas após o
nascimento, começa a colonização local por bactérias saprófitas
(enterococos, flora mista). Assim, durante a puberdade e na mulher
adulta, é possível encontrar entre 10⁸ e 10⁹ bactérias por mL,
predominando as formas aeróbias sobre as anaeróbias (estreptococos,
estafilococos, lactobacilos, enterobactérias).

• A microbiota bacteriana encontrada na mulher pós-menopáusica é


similar à encontrada na etapa pré-puberal.
Microbiota vaginal
Podem ser a causa de cervicovaginite
acompanhadas de corrimentos.
Microbiota vaginal
• Fatores que influenciam a microbiota vaginal:

• Gravidez

• Diabetes

• Obesidade

• Dieta rica em carboidratos

• Processos alérgicos vulvares

• DIU – Dispositivo Intra-Uterino


Microbiota vaginal
Principais achados de alteração celular
• Halo perinuclear

• Presença de halo em volta do


núcleo.

• Alteração celular inflamatória


geralmente associada a
tricomoníase.

Principais achados de alteração celular


• Apagamento das bordas
plasmáticas

• Bordas da membrana celular


tornam-se finas a ponto de
não serem vistas.

Principais achados de alteração celular


• Vacuolização citoplasmática

• Presença de vacúolos dentro


do citoplasma podendo
indicar inflamação.

Comprometimento nas trocas de água entre os


meios intra e extracelular, há acúmulo de água no
interior da célula, resultando em distensão e
vacuolização citoplasmática.

Principais achados de alteração celular


• Anisocariose

• Acentuada diferença de
tamanho entre os núcleos.

Principais achados de alteração celular


• Cariopicnose

• Condensação nuclear,
observado em células
superficiais.

Principais achados de alteração celular


• Cariorrexe

• Fragmentação do
núcleo em múltiplos
pedaços.

Principais achados de alteração celular


• Cariólise

• Destruição do
núcleo celular pela
perda da cromatina.

Principais achados de alteração celular


• Hipercromatismo nuclear

• Aumento da condensação
cromatínica do núcleo.

Principais achados de alteração celular


• Discariose

• Núcleo dividido em duas


ou mais partes
(binucleação ou
multinucleação).

Principais achados de alteração celular


• Coilocitose

• Célula abaulada, vacuolizada


com núcleo localizado na
periferia da célula.

Atualmente, considera-se como característica


histológica típica do HPV a coilocitose e a discariose.

Principais achados de alteração celular


• Metaplasia

• Representa uma substituição adaptativa das células que são sensíveis


ao “stress” por tipos celulares mais bem preparados para suportar o
ambiente adverso.
• O tecido metaplásico é mais resistente às agressões.

• Considerada uma alteração benigna que pode ocorrer devido:

• A própria modificação do epitélio induzida por hormônios


• Em casos de inflamação ou infecção
Principais achados de alteração celular
• Metaplasia

Principais achados de alteração celular


Agentes inflamatórios
• Lactobacilos

• São bactérias gram-positivas de coloração azulada com a técnica de


Papanicolaou.

• Não são patogênicas e são encarregadas de metabolizar o glicogênio


das células escamosas, levando à citólise, que se constitui na
fragmentação celular, deixando os núcleos soltos das células
intermediárias. Quando a citólise é intensa, a interpretação da
citologia pode ser prejudicada.
Agentes inflamatórios
• Os bacilos de Döderlein são os principais lactobacilos acidófilos, que
fazem a manutenção do pH com a produção de ácido láctico a partir do
glicogênio, inibindo, assim, o desenvolvimento de organismos
patógenos.

• pH vaginal normal: 3,8 a 4,5

• São bactérias Gram-positivas, imóveis, aeróbios facultativos,


produtores de peróxido de hidrogênio que podem alcançar diferentes
tamanhos e são encontrados em grande quantidade na vagina da
mulher adulta (10 a 100 milhões por grama de fluido vaginal).
Agentes inflamatórios
Lactobacilos
• Gardnerella vaginalis

• Representa uma alteração do ecossistema cervicovaginal em que as


bactérias habitualmente não patógenas chegam a produzir uma

inflamação.

• Ocorre uma perda de bacilos de Döderlein com a conseguinte


alcalinização do meio (pH superior a 4,5) e proliferação de bactérias
predominantemente anaeróbias.
Agentes inflamatórios
• Clinicamente, no início, pode
ser silenciosa, mas em seguida,
aparece uma secreção vaginal
abundante, de cor acinzentada
e que, ao entrar em contato
com hidróxido de potássio a
10%, produz um característico
cheiro de peixe.
Agentes inflamatórios
Vaginose
bacteriana
• Actinomyces

• São bactérias anaeróbias, Gram-positivas, que geralmente estão


associados à presença de corpos estranhos no trato genital,

sobretudo dispositivos intrauterinos para anticoncepção (DIU).

• Os esfregaços citológicos apresentam-se sujos, com abundantes


colônias bacterianas, exsudado inflamatório misto e alterações
celulares reativas.
Agentes inflamatórios
Actinomyces
• Trichomonas vaginalis

• É um protozoário flagelado, piriforme, que mede entre 10 e 40


micras de diâmetro, cianófilo e com um núcleo pequeno, ovoide e

excêntrico.

• É de transmissão sexual e o quadro clínico apresenta fluxo vaginal


amarelo-esverdeado, espumoso, que produz prurido, ardência e
dispareunia.
Agentes inflamatórios
Trichomonas
vaginalis
• Candida albicans

• O fungo mais comumente encontrado infectando o canal


cervicovaginal e a vulva. Pode apresentar-se de duas forma: hifas e
esporos.

• Hifas: alongadas, retas ou curvas, sem ramificações, de


comprimento variável.

• Esporos: forma ovoide, 3 ou 4µm, rodeados por um halo claro.

• Clinicamente pode ser assintomática ou apresentar fluxo


esbranquiçado espesso, prurido e ardência.
Agentes inflamatórios
Candida
albicans
Candida
albicans
• Herpes simples

• Infecção viral.

• No período ativo da doença: multiplicação viral, lesões que formam


úlceras, nos núcleos celulares observa-se deslocamento da

cromatina para a periferia, visualização de inclusões virais com


forma de estrutura arredondada, rodeada por um halo claro e,

frequentemente, multinucleação.
Agentes inflamatórios
Herpes simples
• Chlamydia trachomatis

• Infecção viral. É uma das mais frequentes enfermidades de

transmissão sexual.

• Existem métodos diagnósticos mais confiáveis e específicos, como o

cultivo celular, ensaio imunossorvente ligado a enzimas (ELISA),

Chlamydiazime ou anticorpo fluorescente direto e PCR.


Agentes inflamatórios
• Parasitas

• Em esfregaços cervicovaginais, é possível que se observem alguns

parasitas pouco frequentes que, em geral, são contaminantes do

tubo digestivo. Já foi descrita a presença de ovos de Oxiúros

(Enterobius vermicularis), que são ovoides, eosinófilos, com uma de


suas faces levemente achatada e outra convexa e uma dupla

membrana refringente.
Agentes inflamatórios
Enterobius
vermicularis
Obrigado.

Professor Hagamenon Alencar


h.alencar@uni9.pro.br

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