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INTRODUÇÃO À MICROBIOLOGIA

A descoberta dos microrganismos começou com a invenção do microscópio, no


século XVII, por Antony van Leeuwenhoek, que ao observar a água da chuva percebeu a
presença de “animálculos”. Entre 1857 e 1914, Louis Pasteur associou o processo de
fermentação do vinho com microrganismos, descobrindo mais a frente que se aquecesse
o vinho a uma temperatura de 56ºC, os organismos que alteravam o gosto do vinho
seriam eliminados (processo hoje conhecido como pasteurização).
Robert Koch, foi o primeiro médico a provar que bactérias eram a causa de
determinadas doenças, em 1876. Por esse motivo, atualmente temos uma ideia errônea
de associar bactérias, ou qualquer outro microrganismo, ao aparecimento de doenças.
Entretanto, em nosso corpo existem milhares de microrganismos, em nossa
microbiota natural, que ajudam a manter o equilíbrio. Eles estão em toda a pele e
cabelos, em maior quantidade em regiões quentes e úmidas. Habitam todo o tubo
digestivo. No intestino grosso, ajudam a sintetizar as vitaminas B12 e K, essenciais ao
homem e que são absorvidas a partir das paredes intestinais.
Microbiota é o conjunto dos microrganismos que habitam um determinado local ou
ecossistema. Essa microbiota, em situações normais, inibe espécies oportunistas
causadoras de infecções gastrointestinais.
A interação ecológica entre os seres vivos pode ser dividida em harmônicas e
desarmônicas. Essa interação pode ocorrer tanto entre uma mesma espécie
(intraespecífica) como entre espécies diferentes (interespecífica).
As principais relações harmônicas são: sociedade (indivíduos de mesma espécie
cooperam entre si); colônia (mesma espécie, associados anatomicamente);
comensalismo (apenas uma espécie se beneficia; não causa danos); mutualismo (ambas
espécies envolvidas se beneficiam).
As principais relações desarmônicas são: canibalismo; competição (disputa por
recursos); amensalismo (uma espécie inibe a outra); parasitismo; e predatismo.

MORFOLOGIA E ESTRUTURA DA CÉLULA BACTERIANA


As bactérias pertencem ao reino Monera, sendo, portanto, seres unicelulares –
procariontes, não possuem núcleo definido por membrana, e seu material genético está
em uma região denominada nucleoide. Sua reprodução é assexuada, por divisão binária.
A maioria das bactérias são monomórficas, ou seja, mantém uma forma única que
é determinada pela hereditariedade. Porém, condições ambientais podem alterar a forma
das bactérias (como uso excessivo de antibióticos que podem fazer com que ela se torne
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resistente a eles). Algumas bactérias ainda podem ser pleomórficas, ou seja, apresentar
várias formas.
As bactérias normalmente possuem os diferentes tipos de morfologia:
Cocos – bactérias que possuem formato esférico;
Bacilos – bactérias que possuem formato de bastão;
Outros – Vibrião (em formato de vírgula, corpo espiral rígido), Espiroqueta (corpo em
espiral, flexível), Espirilo (em forma de saca-rolhas).

Sua estrutura celular é composta, em


geral, por uma parede celular que pode
conter fímbrias (função de fixar as
bactérias) e flagelos (função de
movimentação), além da membrana
plasmática (função de proteção celular)
envolvendo o citoplasma contendo
plasmídeo (carregam informações
genéticas), ribossomos (produção e
síntese de proteínas) e nucleoide com
DNA.

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As bactérias podem ser divididas em dois grupos, baseado na composição das
suas paredes:
Gram-positivas (+) – mais espessa e rígida; relativamente simples; ausência de
membrana externa; presença de proteínas, lipídeos e ácido teicóico; quando passam pelo
processo de descoloração não perdem a cor azul-arroxeada.
Gram-negativas (-) – menos espessa; mais complexa; presença de membrana
externa (cápsula protetora); barreira seletiva; efeito tóxico; presença de
lipopolissacarídeos; quando passam pelo processo de descoloração assumem a cor
róseo-avermelhada; mais perigosas, contagiosas e difíceis de serem tratadas.

PRINCIPAIS DOENÇAS TRANSMITIDAS POR BACTÉRIAS


Dentre as bactérias Gram (+) são: Streptococcus pneumoniae (pneumococo,
causa pneumonia); Clostridium perfringens (infecção intestinal); Clostridium difficile
(colite).
Já alguns exemplos de bactérias Gram (-) mais comuns, há: Pseudomonas
aeruginosas (infecções hospitalares); Haemophilus influenzae (pneumonia, meningite,
infecções do trato respiratório); Neisseria gonorrhoeae (gonorreia); Escherichia coli (colite
e infecções intetinais); Salmonella entérica (intoxicação alimentar); Neisseria meningitidis
(meningococo, causa meningite).
As infecções cutâneas mais comuns no homem são causadas por bactérias do
grupo dos estafilococos - furúnculos ou abscessos, carbúnculo, foliculite e acne. Podemos
ainda citar as doenças causadas por estreptococos, tais como erisipelas, celulite e
impetigo.
A hanseníase é causada por um bacilo chamado Mycobacterium leprae, que
afeta a pele e o sistema nervoso, causando deformações e falta de sensibilidade. O
contágio ocorre pelo contato íntimo e prolongado com o indivíduo infectado.
A pneumonia pode ser causada pelo Streptococcus pneumoniae ou por fungos.
Tal agente é habitante comum da garganta e nasofaringe de indivíduos saudáveis. A
doença surge com a disseminação desse agente para outros locais: pulmões, seios
paranasais (sinusite), ouvido (otite), faringe (faringite) e meninges (meningite). A infecção
é causada pela aspiração do agente infeccioso ou por sua presença em fômites
contaminados por secreções, principalmente devido à baixa resistência do indivíduo.
A meningite é doença grave, caracterizada pela inflamação das meninges -
membranas que envolvem a medula espinhal, o cérebro e os demais órgãos do sistema
nervoso, protegendo-os. Pode ser causada por bactérias (e também por vírus) chamadas
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de meningococos, liberadas no ar pelas pessoas infectadas e, posteriormente, inspiradas
por outras.
A tuberculose é causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch.
Afeta o pulmão, mas pode atingir os rins, ossos e intestino. A transmissão ocorre pela
aspiração e ou deglutição da bactéria.
A difteria também é causada por bactéria transmitida pelo ar ou saliva.
Conhecida por crupe, caracteriza-se pela inflamação na faringe (garganta), laringe e
brônquios, podendo causar asfixia e morte. A principal proteção é a vacina.
O tétano é uma doença muito grave, que pode até matar. É causada pelo bacilo
Clostridium tetani, encontrado principalmente em solos contaminados com fezes de
animais e do próprio homem infectado. Esse bacilo tem a capacidade de sobreviver, sob a
forma resistente de esporo, por muitos anos no solo, penetrando no corpo quando há uma
lesão (machucado) ou queimadura(s) na pele. Após penetrar, multiplica-se e libera toxinas
que afetam o sistema nervoso, provocando fortes contrações musculares.
O botulismo é outra doença importante, causado pelas toxinas do Clostridium
botulinum, que também formam esporos. É uma intoxicação resultante da ingesta de
alimentos condimentados, defumados, embalados a vácuo ou enlatados contaminados.
Nesse tipo de alimento, em condições de anaerobiose, isto é, sem oxigênio, os esporos
germinam, crescem e produzem a toxina. A pessoa intoxicada, após cerca de 18 horas de
ingestão do alimento contaminado, sente distúrbios visuais, dificuldade em falar e
incapacidade de deglutir. A morte ocorre por paralisia respiratória ou parada cardíaca. O
ideal é cozinhar os alimentos, mesmo enlatados, durante, 20 minutos antes de comê-los.
As diarreias bacterianas são causadas por diversas bactérias (enterobactérias),
tais como Salmonella, Shigella, Enterobacter, Klebsiella, Proteus e a Escherichia coli,
transmitidas através de alimentos, água, leite, mãos sujas, saliva, fezes, etc. Algumas só
provocam infecção quando a flora bacteriana não está normal, podendo inclusive causar
infecção urinária. São responsáveis por infecções hospitalares e consideradas
oportunistas em indivíduos debilitados.
A cólera é causada pelo Vibrio cholerae, que coloniza o intestino. Pela ação das
toxinas há grande perda de água e de sais minerais dos tecidos para a luz intestinal,
levando o indivíduo a ter fortes diarreias (“fezes em água de arroz”), vômitos e,
consequentemente, desidratação. Se não houver tratamento a pessoa morre
rapidamente, devido à paralisação dos rins. O socorro deve ser rápido e o tratamento é
simples, bastando repor os líquidos e sais através de soro por via oral, nos casos mais

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simples, ou por via venosa, nos mais graves. A transmissão se dá por alimentos e água
contaminados com fezes de indivíduos doentes.
A sífilis e a gonorreia são doenças sexualmente transmissíveis ou por via
congênita, causadas por Treponema pallidum e Neisseria gonorrhoeae, respectivamente.

MORFOLOGIA, ESTRUTURA E TIPOS DE VÍRUS


Os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios, pois não possuem metabolismo
próprio. Todos os vírus contêm um genoma de RNA ou DNA e uma capa proteica
protetora (capsídeo), denominada nucleocapsídeo, podendo ou não ter um envelope. Sua
estrutura pode ter uma simetria icosaédrica, helicoidal ou complexa.

Icosaédrica – um sólido platônico com 20 lados, com todas as faces


idênticas.

Helicoidal – estrutura em fita enrolada ou hélice.

Complexa – podem possuir uma “cabeça” onde é guardado o material


genético e uma cauda helicoidal, porém não possuem simetria definida.

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A reprodução do vírus ocorre dentro da célula,
primeiro ele é absorvido pela parede da célula,
depois seu DNA penetra na célula, destruindo
seu núcleo, logo após inicia a replicação para
posterior criação de novos vírus, que rompem a
parede da célula e são liberados na corrente
sanguínea para reiniciar o ciclo.

MORFOLOGIA, ESTRUTURA, PRINCIPAIS GRUPOS DOS FUNGOS

Os fungos podem ser unicelulares, coloniais ou


pluricelulares. São caracterizados por uma estrutura
somática geralmente constituída de filamentos alongados
(hifas) ou leveduras. Esses seres são constituídos por
um emaranhado de tubos ramificados e envoltos por uma
parede de quitina. O emaranhado é denominado micélio e
os tubos que o compõem são chamados de hifas.
Podem ser encontrados nos meios terrestre e aquático. Muitos, juntamente com as
bactérias, são decompositores; alguns, são parasitos e outros são utilizados como
alimento ou na produção de alimentos, bebidas medicações e produtos químicos.
Se propagam pelo ar na forma de esporos, podendo ser inalados, deglutidos ou
depositados na pele ou mucosas. A transmissão também pode ocorrer diretamente de
animais para o homem, bem como podem ser encontradas nas condições de comensais
no corpo humano e causar doenças em momentos de baixa resistência imunológica.
Geralmente, os fungos são classificados em quatro grupos:
• Chytridiomycota (quitrídeos);
• Zygomycota (bolores de pão e mofo);
• Ascomycota (leveduras);
• Basidiomycota (cogumelos comestíveis, como o champignon, e
decompositores como os orelhas-de-pau).

PRINCIPAIS DOENÇAS TRANSMITIDAS POR FUNGOS


Os fungos que vivem como parasitas são capazes de provocar doenças chamadas
de micoses, que podem ser de dois tipos:

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Superficiais – geralmente brandas, ocorrem com a disseminação e o crescimento
dos fungos na pele, unha e cabelos. Assim, temos a dermatofise (infecção na pele e
unhas), onicomicose (infecção nas unhas); esporotricose (micose subcutânea),
candidíase (genital ou oral - sapinho na boca), ptiríase (pano branco), pé-de-atleta.
Profundas – são menos frequentes e envolvem órgãos internos, podendo
representar risco de vida, como a rinossinusite (afeta seios nasais e pulmão),
pneumocistose (afeta o pulmão); histoplasmose (encontrado nas fezes de morcegos e
pássaros - afeta pulmão e baço); meningite fúngica (afeta as meninges). As micoses
profundas ocorrem principalmente em indivíduos com baixa resistência.

NUTRIÇÃO E CULTURA DE MICRORGANISMOS


Os microrganismos se proliferam tanto por meios naturais (toda a biosfera) como por
meios artificiais (meios de cultura), e para isso necessitam de fontes de energia, fontes
de carbono, fontes de nitrogênio, sais minerais, água, fatores de crescimento
(vitaminas e outras substâncias). Existem vários tipos de meios de cultura, criados de
acordo com a exigência nutricional de cada microrganismo. Quanto a sua consistência
podem ser sólidos, semi-sólidos, ou líquidos.
Os meios de cultura podem ser: seletivos (as substâncias inibem o crescimento de
determinados grupos); de triagem (avaliam e caracterizam o microrganismo); de
identificação (permite identificar o microrganismo através de provas); de dosagem
(determinam quantidade de vitaminas, antibióticos e aminoácidos); de contagem
(determinar quantidade de microrganismos); e para estocagem (armazenamento).
Podendo ser feitos in vitro (em placas externas ao corpo) e in vivo (dentro de um
hospedeiro).

Metabolismo Microbiano
O termo metabolismo refere-se a soma de todas as reações químicas dentro de um
organismo vivo. Ele se divide em catabolismo (quebra de compostos orgânicos
complexos em compostos mais simples – libera energia) e anabolismo (construção de
moléculas orgânicas complexas a partir de moléculas mais simples – gasta energia).

Genética Microbiana
Os mecanismos responsáveis pela transferência de genes entre bactérias referentes
à mesma geração são a transdução, transformação e conjugação.
Em transformação, uma bactéria absorve um pedaço de DNA disperso no seu
ambiente. Em transdução, o DNA é acidentalmente transportado de uma bactéria para

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outra por um vírus. Em conjugação, o DNA é transferido entre as bactérias através de
um tubo entre as células.

CONTROLE DE CRESCIMENTO MICROBIANO


Os seguintes termos são usados para descrever os processos físicos e os agentes
químicos destinados ao controle dos microrganismos:
Descontaminação – remoção física dos contaminantes ou alteração de sua
natureza química para substâncias inócuas (não nocivas), geralmente vem antes da
desinfecção.
Desinfecção – para tratar objetos inanimados; mata as formas vegetativas, mas não
necessariamente as formas esporuladas.
Antissepsia – substâncias aplicadas aos seres vivos; previne o crescimento ou
ação de micro-organismos.
Saneamento – reduzir a população microbiana até níveis consideráveis.
Germicida – mata os microrganismos; podem ser chamados de microbicida,
bactericida, viricida e fungicida, dependendo do agente que será destruído.
Microbiostático – apenas inibe o crescimento.
Esterilização – são mortos, inativados irreversivelmente ou retirados de um material
ou suspensão, inclusive as formas esporuladas.

MECANISMOS DE PATOGENICIDADE MICROBIANA


Patogenicidade – capacidade de um microrganismo em causar doença a um
determinado hospedeiro;
Mecanismo de Patogenicidade – estratégia utilizada pelo patógeno para causar
doença no hospedeiro;
Virulência – capacidade de se multiplicar dentro de um organismo, e sua gravidade;
Infecção – contato inicial do hospedeiro com os microrganismos patogênicos;
Colonização – processo de interação do microrganismo, patogênico ou não, com o
hospedeiro (superfície de mucosas) sem a ocorrência de sintomas;

Antimicrobianos
Os antimicrobianos são substâncias têm a capacidade de inibir o crescimento e/ou
destruir microrganismos. Podem ser produzidos por bactérias ou por fungos ou podem ser
total ou parcialmente sintéticos.

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A diferença entre antibiótico e antimicrobiano é o meio de produção, o primeiro é
uma substância produzida por fungos e bactérias que tem o poder de combater micro-
organismos causadores de infecção no organismo. O segundo tem a mesma função,
porém foi produzido artificialmente em laboratório.

Dentre os antimicrobianos, têm-se:


Antibacterianos – inibe a multiplicação de bactérias, podendo incluir ação
bactericida, bacteriostática e bacteriolítica. cloranfenicol, tetraciclina, gentamicina,
ampicilina, penicilinas, eritromicina e vancomicina.
Antifúngicos – inibe a multiplicação de fungos. Como exemplos: fluconazol,
cetoconazol, clotrimazol e nistatina.
Antivirais – inibe a multiplicação de vírus. Como exemplos: aciclovir, tenofovir,
efavirenz, lamivudina, zidovudina.
Antiparasitários – inibe a multiplicação de parasitas e vermes. Como exemplos:
albendazol, mebendazol, tiabendazol, ivermectina, praziquantel, metronidazol.

COLETA, CONSERVAÇÃO E TRANSPORTE DE MATERIAIS DE EXAMES.


A fase imediatamente anterior à coleta de sangue para exames laboratoriais é de
grande importância, é aonde começa a identificação positiva do paciente e dos tubos nos
quais será colocado o sangue. Deve-se estabelecer um vínculo seguro e indissolúvel
entre o paciente e o material colhido para que, no final, seja garantida a rastreabilidade de
todo o processo. A identificação deve ser feita com as iniciais do paciente e com horário
da realização da coleta.
No momento da coleta é necessário estar equipado com todos os EPI’s disponíveis,
incluindo jaleco, máscara, óculos e luvas descartáveis, e retirar os adornos, obedecendo
todas as normas de biossegurança. É necessário ainda deixar o material da coleta pré-
selecionado e reservado, sem esquecer dos tubos de ensaio e seu suporte, etiqueta de
identificação e caneta.
Após coleta, transportar as amostras imediatamente ao laboratório, para que não
haja alteração do material. Caso não seja possível, acondicionar o sangue refrigerado (2 a
8ºC) por até três dias; para soro, líquor e urina, manter refrigerado (2 à 8ºC) por até três
dias ou manter em freezer (-20ºC) até o envio; materiais de necrópsia acondicionar e
identificar, separadamente, em tubos criogênicos sem conservantes e manter em freezer
(-20ºC) até o envio; tecido para biópsia é necessário acondicionar em frascos estéreis

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contendo meio BHI (infusão cérebro-coração) e identificar, mantendo em refrigerador (2 a
8ºC) por, no máximo, 24h até envio.
O acondicionamento e transporte devem ser realizados após comunicar ao
destinatário. Acondicionar os tubos com as amostras, devidamente identificados e
ordenados, em uma estante, dentro de um saco plástico, transparente, bem vedado.
Colocar o saco com amostras em caixa térmicas para transporte, as quais devem ser de
material rígido, lavável, impermeável, com tampa, cantos e bordas arredondados e
devidamente identificados, contento gelo reciclável e controle de temperatura.

INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA
A Imunologia é a ciência que estuda as defesas do organismo contra patógenos e
substâncias nocivas. O sistema imunológico compreende as vias principais através das
quais o ser humano responde se adaptando aos desafios exógenos e endógenos.
O sistema imune deve realizar algumas tarefas importantes para proteger o
indivíduo de maneira eficaz contra uma doença: a primeira é o reconhecimento imune, a
segunda é conter a infecção e eliminá-la por completo, a terceira é a regulação imune ou
autorregulação, e por último a produção de memória imune.
A imunidade pode ser ativa ou passiva. Na passiva há o ganho de anticorpos, tanto
de maneira natural (leite e placenta) quanto de maneira artificial (soros). Na ativa, é
estimulada a produção de anticorpos de maneira permanente, tanto de maneira natural
(antígeno natural, doenças) como de maneira artificial (imunoprofilaxia - vacinas).

IMUNIDADE INATA
A imunidade inata é a primeira linha de defesa do organismo, apresenta uma
resposta rápida e inespecífica ao agente agressor, independentemente de estímulo

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prévio, e nos acompanha desde o nascimento. Suas principais células são: macrófagos,
neutrófilos, células dendríticas e células Natural Killer (NK). Possui proteínas
antimicrobianas, fagócitos e barreiras naturais (pele, mucosas, lágrima, muco, suco
gástrico, urina e secreções vaginais).
A resposta imune inata é ativada em minutos a horas após a exposição a uma
infeção, o que reduz a invasão de microrganismos nos estágios iniciais. O patógeno libera
moléculas que são reconhecidas por receptores de reconhecimento das células de defesa
(FIGURA A). As células danificadas liberam moléculas que se ligam tanto a receptores de
reconhecimento quanto a receptores de danos nas células imunes (FIGURA B).

IMUNIDADE ADQUIRIDA
A imunidade adquirida, ou adaptativa, possui uma resposta imunológica específica,
e é gerada ao longo da vida, após contato com diversos antígenos imunogênicos,
tornando o organismo cada vez mais capaz de se defender de invasões de
microrganismos patogênicos, e suas principais células são os linfócitos T e B.
Existem dois tipos de imunidade adquirida, a humoral e a celular.
A imunidade humoral gera uma resposta mediada por anticorpos produzidos pelos
linfócitos B, sendo o principal mecanismo de defesa contra microrganismos extracelulares
e suas toxinas. Os anticorpos reconhecem os antígenos (qualquer partícula estranha ao
corpo), neutralizam a infecção e eliminam estes antígenos por variados mecanismos
efetores. Por sua vez, a imunidade celular gera resposta mediada pelos linfócitos T.

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Quando microrganismos intracelulares, como os vírus e algumas bactérias, sobrevivem e
proliferam dentro das células hospedeiras, estando inacessíveis para os anticorpos
circulantes, as células T promovem a destruição do microrganismo ou a morte das células
infectadas, para eliminar a infecção.
CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES DAS CÉLULAS, MOLÉCULAS E TECIDOS
Os órgãos do sistema imune são classificados em duas categorias: órgãos linfoides
primários ou centrais e órgãos linfoides periféricos ou secundários. Os órgãos centrais
são timo e medula óssea, que são responsáveis pela geração da população de linfócitos
que povoam os vários outros órgãos. Os órgãos periféricos são: baço, linfonodos e
tecidos linfoides associados às mucosas do aparelho respiratório (tonsilas palatinas e
adenoides).
Na medula óssea são formadas, a partir de uma célula-tronco hematopoiética, as
hemácias, granulócitos, monócitos, células dendríticas, plaquetas, células NK, e linfócitos
T e B.
Os linfócitos T ao entrarem no timo recebem o nome de timócitos. A maioria das
células entram imaturas no timo, amadurecem e migram em direção à medula óssea, que
contém células T maduras.
O baço filtra o sangue, coletando antígenos e células vermelhas defeituosas.
Os linfonodos, possuem forma de caroço de feijão, e também atuam como filtros
(como uma armadilha), contém células do sistema imune que ajuda, com mais agilidade,
a combater infecções locais, por meio da rede linfática (ductos que transportam a linfa).
As células do sistema imune são: macrófagos/monócitos, neutrófilos, células
dendríticas, eosinófilos, basófilos/mastócitos, células NK, linfócitos T e B, e possuem uma
habilidade em circular pelo corpo trocando com facilidade entre sangue, linfa e tecidos.
Os macrófagos/monócitos são as células fagocitárias mais relevantes. São
amplamente distribuídas nos órgãos e tecidos. A fagocitose é um dos principais
mecanismos usados pelos macrófagos, servindo de suporte da imunidade inata, onde
células mortas e partículas estranhas são captadas e ingeridas por células fagocíticas.
Os neutrófilos constituem a primeira linha de reconhecimento e defesa contra
agentes infecciosos no tecido, iniciam uma inflamação aguda e são responsáveis por uma
resposta imune pró-inflamatória eficaz.
As células dendríticas residem em quase todos os tecidos, especialmente pele e
mucosas, realizam tanto a fagocitose (partículas sólidas), quanto a micropinocitose
(partículas líquidas).

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Os eosinófilos possuem ação antiparasitária, além de serem importantes nas
reações alérgicas e asma.
Os basófilos/mastócitos são recrutados para sítios inflamatórios juntamente com
os eosinófilos. Recebem o nome de basófilo se estiverem na corrente sanguínea, e de
mastócito se estiverem nos tecidos.
As células NK controlam infecções microbianas e tumores, sendo assim uma
importante linha de defesa inespecífica, reconhecendo e lisando (matando) células
infectadas (ou deficientes). Durante esse processo elas recrutam neutrófilos e
macrófagos, ativam células dendríticas e os linfócitos T e B.
Os linfócitos T participam da imunidade celular e possuem uma vida longa, cada
linfócito possui um receptor em sua membrana que é específico para um antígeno.
Podem ser divididos em T-CD4 (que estimula os linfócitos B e CD8); e T-CD8 (que
destroem células infectadas e tumorais).
Os linfócitos B são responsáveis pela imunidade humoral, são produzidos na
medula e migram para os órgãos linfoides periféricos. Quando é ativado pelo antígeno,
eles se proliferam e se diferenciam em diferentes classes de anticorpos com funções
distintas.

REGULAÇÃO DA RESPOSTA IMUNE


Uma resposta imunológica bem-sucedida aos invasores exige:
• Reconhecimento – o sistema imune deve ser capaz de distinguir o que não é
próprio do corpo (corpo estranho) e o que é do próprio do corpo.
• Ativação e mobilização – os glóbulos brancos são ativados quando reconhecem
os invasores. Uma vez ativados, os glóbulos brancos tragam ou matam o invasor,
enquanto liberam substâncias que atraem outras células imunológicas ao foco do
problema.

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• Regulação – a resposta imunológica deve ser regulada de forma a evitar um dano
maior ao organismo, para isso as células T reguladoras ajudam a controlar e inibir
as respostas imunológicas.
• Resolução – restringe o invasor e elimina-o do organismo. Após o invasor ser
eliminado, a maioria dos glóbulos brancos se autodestroem e são ingeridos. Os
que são poupados são denominados como células de memória. São essas células
que nos proporcionam imunidade à essas doenças caso elas venham a nos atingir
novamente (se isso ocorrer a resposta ao invasor será mais rápida e vigorosa,
impedindo que ele desencadeie danos ao nosso organismo).

IMUNOPATOLOGIAS E IMUNODIAGNÓSTICOS
O mau funcionamento do sistema imunológico causa o que chamamos de doenças
autoimunes (que também podem ser alergias), ou imunopatologias. Nesse tipo de
patologia, o sistema imune não reconhece as células do corpo como próprias e acaba
atacando-as. Existem mais de 100 doenças autoimunes conhecidas e elas podem atingir
articulações, pele, pulmões, rins, sistema nervoso, entre outros órgãos.
Ainda não se sabe o que desencadeia as doenças autoimunes. Os sintomas variam
de acordo com a doença e a parte do corpo afetada. São realizadas diversas análises
sanguíneas para detectar uma doença autoimune. O tratamento depende do tipo de
doença autoimune e frequentemente inclui fármacos que suprimem a atividade do sistema
imunológico.
As reações autoimunes podem ser desencadeadas de várias formas: uma
substância normal do organismo pode sofrer uma alteração provocada por um vírus, um
fármaco, a luz solar ou a radiação; uma substância estranha semelhante a uma
substância natural do organismo pode penetrar no corpo; as células que controlam a
produção de anticorpos, podem funcionar de forma incorreta e produzir anticorpos
anômalos; uma substância do organismo que normalmente se encontra limitada a uma
área específica é liberada na corrente sanguínea; ou causas hereditárias.
Alergias em Geral, Anemia Aplástica; Anemia Hemolítica Autoimune; Anemia
Perniciosa; Cirrose Biliar Primária (CBP); Diabetes Tipo 1; Doença Celíaca; Doença de
Crohn; Doença de Graves; Esclerose Múltipla; Hepatite Autoimune; Lúpus Eritematoso
Sistêmico (LES); Psoríase; Síndrome de Guillain-Barré; Tireoidite de Hashimoto; Urticária
Autoimune; Vitiligo; dentre outras.

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BIBLIOGRAFIA

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