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Estética
Heloísa Caires
BLOCO 1. INTRODUÇÃO À FISIOLOGIA RELACIONADA À ESTÉTICA
A fisiologia do corpo humano, entender como ocorrem processos metabólicos, como
as células reagem, quais as consequências e de que maneira ocorrem são de suma
importância para avaliar um cliente para a realização de tratamentos estéticos tão
como propor os melhores tratamentos possíveis dentro de cada quadro de cada
cliente.
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algumas situações, como uma demanda por maior trabalho das fibras musculares,
pode ocorrer adaptação celular a esse meio hostil.
Estas adaptações podem ocorrer em situações normais como a gravidez (hiperplasia
dos ácinos mamários), menopausa (atrofia do endométrio) ou situações anormais,
como ocorre na hipertensão arterial, por causa do aumento da resistência vascular
periférica e que produz hipertrofia cardíaca.
O interstício pode ter modificações da substância fundamental amorfa e de fibras
elásticas, colágenas e reticulares, a partir daí é que podem ocorrer uma série e
modificações estéticas.
Quando há distúrbio da circulação ocorre um aumento, diminuição, cessação do fluxo
sanguíneo para os tecidos (hiperemia, oligoemia e isquemia), coagulação sanguínea no
leito vascular (trombose), aparecimento na circulação de substâncias que não se
misturam ao sangue e causam oclusão vascular (embolia), saída de sangue do leito
vascular (hemorragia) e alterações das trocas de líquidos entre o plasma e o interstício
(edema).
Caso o estímulo celular nocivo seja mais intenso ou mais prolongado, a capacidade
adaptativa da célula é excedida e ocorre lesão celular, que pode ser reversível ou
irreversível (caminhando para morte celular). Estas lesões celulares podem ser
classificadas em dois grupos:
Lesão celular letal ou reversível: compatíveis com a regulação do estado de
normalidade após cessada a agressão;
Lesão celular não letal: são representadas pela necrose e pela apoptose.
Conforme vimos o conceito de doença, as causas podem ser exógenas ou endógenas.
Ocorre o mesmo com a lesão celular e algumas das principais causas seriam:
1) Privação de oxigênio (hipóxia ou anóxia) ‒ asfixia, altitudes extremas.
2) Isquemia ‒ obstrução arterial.
3) Agentes físicos ‒ trauma mecânico, queimaduras, radiação solar.
4) Agentes químicos ‒ álcool, medicamentos, poluentes ambientais, venenos.
5) Agentes infecciosos ‒ vírus, bactérias, fungos.
6) Reações imunológicas ‒ doenças autoimunes, reação anafilática.
7) Defeitos genéticos ‒ anemia falciforme.
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8) Alterações nutricionais ‒ obesidade, má nutrição
As respostas da lesão celular são alterações metabólicas; alterações do apetite e do
sono, febre, dor, alterações na atividade fagocitária e modulação da resposta
imunitária.
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A inflamação serosa, fibrinosa, purulenta e as úlceras são padrões morfológicos e tem
as seguintes características:
Inflamação serosa: presente nas primeiras fases das lesões, ocorre em tecidos serosos
como pleura, pericárdio, peritônio e em algumas mucosas como laringe, faringe e
intestino.
Derivada de fluidos do plasma ou secreção de células mesenteliais oriundas do
peritônio, pleura e cavidades pericárdicas.
Exemplos: pleurite, rinite serosa, bolha devido à queimadura etc.
Inflamação fibrinosa
Resultado do aumento da permeabilidade vascular, onde moléculas grandes, como
fibrinogênio, passam a barreira vascular e a fibrina formada é depositada no espaço
extracelular. O exsudato fibrinoso aparece quando o vazamento vascular é grande ou
há um estímulo pró-coagulante no interstício (células cancerosas). Um exsudato
fibrinoso é característico de inflamação na superfície das cavidades do corpo, como
meninges, pericárdio e pleura. Exsudatos fibrinosos podem ser removidos por
fibrinólise e/ou ingerido por macrófagos.
Inflamação purulenta
Na inflamação purulenta há grande produção de pus ou exsudato purulento,
constituído de neutrófilos, células necróticas, fluido, edema e bactérias piogênicas.
Exemplo: apendicite aguda. O abscesso é formado em tecidos que sofreram
inflamação purulenta.
Úlceras
As úlceras são caracterizadas por um local defeituoso ‒ ou extravasamento da
superfície de um órgão ou tecido ‒ produzidas por exposição de um tecido necrótico
inflamatório. Elas são comumente encontradas em necrose inflamatória da mucosa da
boca, estômago, intestino ou trato gastrointestinal, e inflamação cutânea.
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Já a inflamação crônica, ou seja, quando ocorre a cronificação da inflamação
aguda,tem uma instalação maior (dias) e uma duração maior (semana a anos); envolve
linfócitos e macrófagos e induz a proliferação de vasos sanguíneos e fibrose. Há quatro
sinais clínicos clássicos da inflamação, mais proeminentes na inflamação aguda que são
calor, rubor, edema e dor.
Pode se seguir à inflamação aguda ou a resposta pode ser crônica praticamente desde
o início. A transição de aguda para crônica ocorre quando não há uma resolução da
resposta inflamatória aguda devido à persistência do agente nocivo ou a alguma
interferência com o processo normal de cicatrização.
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A grande maioria das lesões é reparada pela regeneração das células, na pele, quando
não há lesão da camada basal, por reepitelização.
A geração de um novo tecido presente neste processo de regenerar contempla a a
síntese de colágeno que tem seu início com a lesão intersticial e se estende até o final
da fase de cicatrização, quando ocorre a remodelação dos tecidos.
Os processos de cicatrização e reparo tecidual ocorrem após trauma ou doença. A
cicatriz clinicamente é uma marca visível de uma lesão; histologicamente é uma reação
fibroblástica; é a substituição do tecido lesado por tecido conjuntivo neoformado, por
meio de um processo complexo e gradativo.
O reparo das feridas e sua reestruturação constituem mecanismo complexo,
em que vários fatores contribuem para a criação de diversos tipos de
cicatrização, como hipertrofia, atrofia ou normotrofia, da área lesionada.
Esses processos compreendem três fases: inflamação, granulação e
formação de matriz extracelular.
Normalmente no processo de cicatrização de feridas, após o início do
estágio de granulação, ocorre tênue predominância de macrófagos e
aumento do número de fibroblastos com síntese de nova matriz
extracelular, ocorrendo remodelação desses tecidos com a contração do
tecido de granulação. Na fase de formação da matriz, os fibroblastos
produzem quantidades abundantes de matriz extracelular. A síntese de
o
colágeno ocorre no 21 dia posterior à lesão, e o retorno da pele ao aspecto
o
normal, no 26 dia. Com a resolução da ferida e estando ela envolvida por
tecido de granulação, ocorre significativa diminuição de macrófagos e
fibroblastos, e a maturação da cicatriz torna-se relativamente acelular.
(ROCHA JR. et al., 2006)
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1.6. Avaliação corporal
A avaliação corporal, presente neste bloco, consiste trazer a possibilidade de você
profissional saber identificar as diferentes formas de inflamação e saber quando
poderá ou não fazer algum procedimento neste cliente. Muitas vezes é necessário
encaminhá-lo ao médico, sabendo que nós esteticistas temos como função a
manutenção da saúde, ou seja, se tivermos um cliente com uma inflamação aguda ou
crônica, temos que entender que não trataremos a grande maioria destes problemas,
pois não faz parte de nossa função. Iremos sim identificar para encaminhar este cliente
ao médico adequado, ou à melhor terapêutica. Por exemplo, se tivermos um cliente
com febre, sabemos que ele poderá estar com alguma inflamação provavelmente
aguda, mas podemos não saber onde é nem o porquê, devemos imediatamente
indicá-lo ao médico para ser tratado da forma correta. Após a melhora do quadro
poderemos tratá-lo, mas se ocorrer uma cronicidade desta inflamação, teremos que
entender e solicitar a autorização de um médico para a realização de qualquer
procedimento neste cliente.
Conclusão do Bloco 1
Identificar os sintomas de reações alérgicas, inflamações aguda e crônica, processo de
cicatrização e fibrose é de suma importância para a vida dos esteticistas, pois
trataremos de pele, devemos entender o que ocorre, quando a cliente está com
edema é porque com certeza está com questões metabólicas no interstício que fazem
aquele processo inflamatório regional ocorrer, ou mesmo quando há uma cicatriz,
existem momentos que devemos e os momentos que não devemos manipulá-la.
Vamos aprender com a prática as melhores formar de tratar um cliente nestes casos e
também, compreender, quando precisaremos da ajuda de um médico para um
resultado multidisciplinar melhor.
Referências do Bloco 1
TAZIMA, M. de F.; ANDRADE VICENTE, Y.; MORIYA, T. BIOLOGIA DA FERIDA E
CICATRIZAÇÃO. Medicina (Ribeirão Preto. Online), v. 41, n. 3, p. 259-264, 2008.
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Disponível em: <https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.v41i3p259-264>. Acesso em:
nov. 2018.
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INFLAMAÇÃO AGUDA CRÔNICA. Disponível em:
<https://www.academia.edu/7354412/INFLAMA%C3%87%C3%83O_AGUDA_E_CR%C3
%94NICA?auto=download>.
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