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Colégio Sul Fluminense de Aplicação – Cap

Curso Técnico em Análises Clínicas


Disciplina: Fundamentos de Patologia Clínica
Aula: 3 – Inflamação Aguda, Crônica e Reparo

Professora: Karina O. Rocha


E-mail: karina.orocha@gmail.com
INFLAMAÇÃO
A inflamação é uma resposta benéfica do hospedeiro a invasores
estranhos e ao tecido necrótico, mas também pode causar dano
tecidual.
Os principais componentes da inflamação são uma reação vascular e
uma resposta celular; ambas são ativadas pelos mediadores que
são derivados das proteínas do plasma e de várias células.

• As etapas da resposta inflamatória podem ser lembradas como os


cinco Rs:
(1) reconhecimento do agente lesivo,
(2) recrutamento de leucócitos,
(3) remoção do agente,
(4) regulação (controle) da resposta e
(5) resolução (reparo).
A reação inflamatória típica se desenvolve por
meio de uma série de etapas em sequência:

1. O agente agressor, que se situa nos tecidos


extravasculares, é reconhecido pelas células e
moléculas hospedeiras.
2. Os leucócitos e as proteínas do plasma são
recrutados da circulação para o local onde o
agente agressor está localizado.
3. Os leucócitos e as proteínas são ativados e
trabalham juntos para destruir e eliminar a
substância agressora.
4. A reação é controlada e concluída.
5. O tecido lesado é reparado.
• Sem a inflamação, as infecções poderiam
passar despercebidas, feridas poderiam nunca
cicatrizar e os tecidos lesados permaneceriam
com feridas permanentemente infectadas.
FATORES RELACIONADOS AO AGENTE AGRESSOR

Tipo de agente agressor: a natureza dos agentes


agressores pode ser física, química e biológica; cada
desses tipos provoca uma reação inflamatória; para cada
um deles existem subtipos que também interferem
diretamente na reação inflamatória;

Características do agente: além do tipo de agente, suas


características também determinam reações
inflamatórias típicas. Exemplo, inflamações purulentas
ou supurativas são originadas das chamadas bactérias
piogênicas (estafilococos);
Intensidade do agente: quanto maior for a intensidade do
agente, mais exacerbada será a resposta inflamatória

Tempo de exposição: quanto maior o tempo de exposição


ao agente, mais exacerbada é a resposta inflamatória.

Capacidade de invasão: propriedades que o agente possui


de ultrapassar as barreiras de defesa do organismo.

Resistência a fagocitose e à digestão: os agentes


agressores resistem à fagocitose e à digestão de formas
diferentes.
FATORES LIGADOS AO HOSPEDEIRO
FATORES LIGADOS AO LOCAL
AGREDIDO
1. Tipo de tecido: as características anatômicas e
fisiológicas dos tecidos que compõem os
parênquimas dos órgãos são diversas e determinam
diferentes padrões de inflamação.

2. Suprimento sanguíneo: em geral, os tecidos


vascularizados são mais resistentes a agressão, uma
vez que o processo inflamatório se instala mais
rapidamente. Os tecidos não-vascularizados, como a
cartilagem, primeiro devem desenvolver
neovascularização para depois iniciar seu mecanismo
de defesa.
INFLAMAÇÃO AGUDA
A inflamação aguda é caracterizada por uma série de eventos
relacionados, entre os quais:

1. aumento no fluxo sanguíneo,


2. permeabilidade vascular e
3. exsudação de líquido derivado do sangue na região afetada,
4. além do acúmulo de leucócitos e proteínas plasmáticas.

Essas alterações durante o processo inflamatório geram sinais e


sintomas como dor e edema. O processo inflamatório é um mecanismo
de defesa do organismo e, como tal, atua destruindo, diluindo e
isolando o agente agressor, além de abrir caminho para os processos de
cicatrização e regeneração do tecido afetado.
COMPONENTES DA INFLAMAÇÃO
AGUDA
• A resposta inflamatória inclui a participação
de diferentes tipos celulares, tais como
neutrófilos, macrófagos, mastócitos, linfocitos,
plaquetas, células dendríticas,células
endoteliais e fibroblastos, entre outras.

1) Neutrófilos;
2) Macrófagos de tecido.
SINAIS E SINTOMAS DA INFLAMAÇÃO
AGUDA
• Rubor: Hiperemia /Reflexo axônico pela diminuição de
impulsos vasoconstrictores
• Calor: Perceptível nas superfícies corporais. Pela
hiperemia e aumento do metabolismo local.
• “Tumor”: Decorre do aumento da permeabilidade
vascular (edema). Pode determinar aumento do
volume hídrico local em até 5 ou 7 vezes.
• Dor: Causada pela irritação química nas terminações
nervosas e pela compressão mecânica (edema)
• Perda de Função: Com o progresso a inflamação há
concomitante perda da função do local acometido.
Embora a reação inflamatória se manifeste
localmente, ela envolve o organismo como um
todo, com a participação dos sistemas nervoso
e endócrino na regulação do processo e o
aparecimento de manifestações gerais, dentre
outras a febre, leucocitose, taquicardia,
fibrinólise e alterações na bioquímica do
sangue.
ALTERAÇÕES VASCULARES
Formação de exsudatos e transudatos. A, Pressão hidrostática normal (seta azul) é de aproximadamente 32 mm
de Hg na porção terminal arterial de um leito capilar, e de 12 mm de Hg na porção terminal venosa; a pressão
osmótica coloidal média dos tecidos é de aproximadamente 25 mm de Hg (seta verde), que é igual à pressão
capilar média. Portanto, o fluxo total de líquido que passa através do leito vascular é praticamente nulo. B, Um
exsudato é formado na inflamação, pois a permeabilidade vascular aumenta como resultado do aumento dos
espaços interendoteliais. C, Um transudato é formado quando o líquido extravasa devido ao aumento de pressão
hidrostática ou redução de pressão osmótica.
CLASSIFICAÇÃO DA INFLAMAÇÃO
SEGUNDO O EXSUDATO
1. Serosa: predomina a exsudação de líquido amarelocitrino, com composição
semelhante à do soro do sangue (rica em líquido e pobre em células.) A bolha é
um exemplo claro de inflamação serosa. Exemplos: pleurite, rinite serosa, bolha
devido a queimadura etc.
2. Fibrinosa: predomínio de exsudato fibrinoso que origina, aliado à presença de
tecido necrótico. rico em proteína (fibrinogênio). Caso o processo não ceda e não
haja fibrinólise - aderências fibrinosas.
3. Hemorrágica: assim classificada quando se observa o predomínio do componente
hemorrágico no tecido inflamado.
4. Necrotizante ou ulcerativa: A ulceração se dá quando a necrose é superficial,
levando à perda do revestimento epitelial.
5. Purulenta ou supurativa: composto pelo pus, líquido de densidade, cor e cheiro
variáveis, constituído por soro, exsudato e células mortas - principalmente
neutrófilos e macrófagos.
• FENÔMENOS CELULARES NA INFLAMAÇÃO

Quimiotaxia é o nome dado ao processo de atração de


células em direção a um gradiente químico. Permite a
migração de leucócitos aos locais de infecção ou inflamação
no organismo. Após a migração ocorre a fagocitose. O local
inflamado produz mediadores inflamatórios que induzem
também a ativação do endotélio e a produção de mediadores
quimiotáticos.

• AGENTES QUIMIOTÁXICOS

- produtos bacterianos
- componentes do sistema complemento especialmente C5a;
- produtos da via lipoxigenase, especialmente leucotrieno B4
- citocinas (ex: IL8)
DIAPEDESE LEUCOCITÁRIA
• A diapedese é a passagem dos leucócitos do sangue para o tecido
faz-se atravessando os vasos capilares quando uma parte do
organismo fica lesionada.

• Fases: Marginação - Rolagem - Adesão – Diapedese


O processo de várias etapas da migração de leucócitos através dos vasos sanguíneos, aqui
mostrado para os neutrófilos. Os neutrófilos primeiro rolam, depois tornamse ativados e
aderem ao endotélio, para, somente então, transmigrar através do endotélio, perfurar a
membrana basal e migrar em direção a quimioatraentes provenientes da fonte da lesão.
PRINCIPAIS PROVAS DE FASE AGUDA:
Para avaliação das doenças infecciosas e
inflamatórias as provas de atividade inflamatórias
de maiores relevância clínica são:

• a velocidade de hemossedimentação (VHS);


• a proteína C reativa (PCR);
• a µ1 glicoproteína ácida (mucoproteínas);
• a substância amilóide A e
• a procalcitonina (PCT)
RESULTADOS DA INFLAMAÇÃO

- Resolução completa
- Cura por substituição do tecido conjuntivo
(fibrose)
- Formação de abscesso
- Progressão da resposta tecidual para
inflamação crônica
INFLAMAÇÃO CRÔNICA
• A inflamação crônica é o termo que refere-se a
tempo (cronologia), significando que a
inflamação é de longa duração. A inflamação
crônica pode ser precedida por uma fase aguda
em que não há cura, ou mais freqüentemente, ter
desenvolvimento insidioso.

• Algumas alterações são marcas da inflamação


crônica devido a presença de lesões persistentes,
como angiogênese e fibrose. Dependendo das
características pode ser granulomatosa ou não.
ETIOLOGIA DA INFLAMAÇÃO CRÔNICA
• A inflamação crônica ocorre em infecções
persistentes por microrganismos difíceis de
erradicar como ocorre com as
micobactérias, Treponema pallidum, na
esquistossomose e alguns vírus e fungos.

• Algumas doenças inflamatórias imunomediadas


evoluem para inflamação crônica muitas vezes,
como artrite reumatoide, doença inflamatória
intestinal, úlcera péptica crônica, entre outras.
COMPONENTES DA INFLAMAÇÃO
CRÔNICA
• Ao contrário da inflamação aguda, que é caracterizada
pelas alterações vasculares, edema e infiltrado
predominantemente neutrofílico, a inflamação crônica
caracteriza-se por um conjunto de alterações.

1. Infiltração de células mononucleares, incluindo


macrófagos, linfócitos e plasmócitos.
2. Destruição tecidual, francamente induzida pelos
produtos das células inflamatórias.
3. Reparo, envolvendo proliferação de novos vasos
(angiogênese) e fibrose.
CÉLULAS E MEDIADORES DA
INFLAMAÇÃO CRÔNICA

Diferentes estímulos induzem os monócitos/macrófagos a se desenvolverem em populações


funcionalmente distintas. Os macrófagos classicamente ativados são induzidos por produtos
microbianos e citocinas, particularmente a IFN-γ. Eles fagocitam e destroem os microrganismos e
tecidos mortos, potencializando as reações inflamatórias. Os macrófagos ativados alternativamente são
induzidos por outras citocinas e são importantes no reparo tecidual e na resolução da inflamação
Os linfócitos T e B migram para os locais inflamatórios usando alguns dos
mesmos pares de moléculas de adesão e quimiocinas que recrutam outros
leucócitos. Nos tecidos, os linfócitos B podem se desenvolver em plasmócitos,
que secretam anticorpos, e os linfócitos T CD4+ são ativados para secretar
citocinas.
INFLAMAÇÃO CRÔNICA
GRANULOMATOSA
• A inflamação granulomatosa é um padrão distintivo de
inflamação crônica clássica, caracterizada por agregados de
macrófagos ativados com linfócitos esparsos.
DETECÇÃO PARA FASE CRÔNICA:

• Consegue-se detectar a inflamação crônica


através de alguns exames de sangue. Em
nosso meio, o mais acessível é a Proteína C-
Reativa Ultrasensível.
• Quando ela está presente, alguns outros
exames costumam vir elevados: ferritina,
fibrinogênio, VSG, triglicérides, insulina e
homocisteína.
REPARO TECIDUAL

Se a lesão do tecido é grave ou crônica e resulta


em dano às células do parênquima e do tecido
conjuntivo ou se células que não se dividem
forem lesadas, o reparo não pode ser feito
apenas por regeneração, mas sim por
substituição com tecido conjuntivo e formação
de cicatriz.
• O reparo por deposição de tecido conjuntivo

Consiste em um processo sequencial que


segue a resposta inflamatória com:

1. formação de novos vasos (angiogênese),


2. migração e proliferação de fibroblastos,
3. formação do tecido de granulação e
4. maturação e reorganização do tecido fibroso
(remodelamento) para produzir uma cicatriz
fibrosa estável.
REPARO ATRAVÉS DE REGENERAÇÃO
• Os tecidos são classificados como lábeis, estáveis
e permanentes, de acordo com a capacidade
proliferativa de suas células. Tecidos que se
dividem continuamente (tecidos lábeis) contêm
células-tronco que se diferenciam de modo a
repor as células perdidas e manter a homeostase.

• A proliferação celular é controlada pelo ciclo


celular e é estimulada por fatores de crescimento
e interações entre as células e a matriz
extracelular.
ETAPAS NA
FORMAÇÃO
DE CICATRIZ
REPARO ATRAVÉS DA FORMAÇÃO DE
CICATRIZ
• Os tecidos são reparados por meio da
substituição com tecido conjuntivo e formação de
cicatriz, se o tecido lesado não for capaz de se
proliferar, ou se a estrutura de suporte estiver
danificada e não puder auxiliar na regeneração.
• Os principais componentes do reparo do tecido
conjuntivo são angiogênese, migração e
proliferação de fibroblastos, síntese de colágeno
e remodelamento do tecido conjuntivo.
O reparo através de tecido conjuntivo
começa com a formação de tecido
de granulação e termina com a
deposição de tecido fibroso.
Mecanismos da fibrose. Lesão
persistente de tecido leva à
inflamação crônica e à perda de
arquitetura tecidual. As citocinas
produzidas por macrófagos e outros
leucócitos estimulam a migração e a
proliferação de fibroblastos e
miofibroblastos, além da deposição
de colágeno e outras proteínas da
matriz extracelular. O resultado final
é a substituição do tecido
normal por fibrose.
CURA DE FERIDAS CUTÂNEAS E
ASPECTOS PATOLÓGICOS DO REPARO
1. As principais fases da cura de feridas cutâneas são inflamação,
formação de tecido de granulação e remodelamento da MEC.

2. As feridas cutâneas podem curar-se através da união primária (primeira


intenção) ou da união secundária (intenção secundária); a cura
secundária envolve cicatrização e contração das feridas mais extensas.

3. A cura de feridas pode ser alterada por muitas condições,


particularmente infecção e diabetes; tipo, volume e localização da lesão
são fatores importantes que influenciam o processo de reparo.

4. A produção excessiva de MEC pode causar queloides na pele.

5. A estimulação persistente da síntese de colágeno nas doenças


inflamatórias crônicas leva à fibrose do tecido, geralmente com grande
perda tecidual e prejuízo funcional.
• Podem
acordar....
Muito obrigada!!!!!

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