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Patologia

Patologia é o estudo das alterações estruturais, bioquímicas e funcionais


nas células, tecidos e órgãos, que visa explicar os mecanismos pelos quais
surgem os sinais e os sintomas das doenças.

A palavra "patologia" significa literalmente "estudo da doença" e tem origem no


grego, onde Pathos = doença e Logos = estudo.

No entanto, "patologia" também é usada como sinônimo de doença.

Na medicina, a patologia está dividida em:

 Patologia Geral: Estudo das reações aos estímulos anormais que


ocorrem em todas as células e tecidos;

 Patologia Sistêmica ou Especial: Estudo das reações específicas de


cada tecido ou órgão a determinada agressão.

Processo saúde - doença


Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e
não apenas a ausência de doença. É um estado de adaptação bem-
sucedida ao ambiente.

Doença é a ausência de saúde, um estado de falta de adaptação ao


ambiente, manifestado por sintomas ou alterações orgânicas. Ambos são
influenciados por fatores biológicos, psicológicos e sociais.

Agressão, defesa, adaptação e lesão.


A agressão, no contexto da saúde e da doença, é qualquer estímulo que
pode potencialmente causar danos ao organismo. Esses estímulos podem ser
de várias naturezas e podem afetar o organismo de diferentes maneiras,
dependendo de fatores como sua intensidade, duração e a capacidade do
organismo de lidar com eles.

Os estímulos, ou agressões, podem ser causados por:

1. Agentes físicos: como trauma, calor, frio, radiação.


2. Agentes químicos: como toxinas, drogas, poluentes.
3. Agentes biológicos: como vírus, bactérias, parasitas.
4. Alterações na expressão gênica: mutações ou alterações na atividade
dos genes podem levar a doenças.
5. Modificações nutricionais: como desnutrição ou excesso de nutrientes.
6. Modificações metabólicas: como diabetes, hipertensão.
7. Alterações nos mecanismos de defesa do organismo: como doenças
autoimunes, onde o sistema imunológico ataca as próprias células do
corpo.

Esses estímulos podem levar a uma variedade de respostas no organismo,


desde uma resposta adaptativa saudável até o desenvolvimento de doenças. A
capacidade do organismo de lidar com esses estímulos depende de muitos
fatores, incluindo a saúde geral do indivíduo, a presença de outras condições de
saúde, a idade, o estilo de vida e muitos outros fatores.

O corpo humano possui vários mecanismos de defesa para proteger contra


agentes externos. Esses mecanismos incluem:

1. Barreiras mecânicas e químicas: A pele e as mucosas atuam como a


primeira linha de defesa, formando uma barreira física que impede a
entrada de agentes patogênicos. Além disso, substâncias químicas
produzidas pelo corpo, como o suor e o muco, também ajudam a inibir o
crescimento de microrganismos.

2. Respostas imunológicas: O sistema imunológico do corpo é


responsável por identificar e neutralizar substâncias estranhas e agentes
patogênicos. Isso inclui a fagocitose (onde células especializadas
“engolem” partículas estranhas), o sistema complementar (uma série de
proteínas que ajudam a eliminar patógenos) e a inflamação (uma resposta
a danos nos tecidos que ajuda a prevenir a propagação de agentes
infecciosos).

3. Respostas inatas e adaptativas: As respostas inatas são as primeiras a


ocorrer após uma agressão e são gerais e não específicas. As respostas
adaptativas são mais lentas, mas são específicas para o agente agressor
e fornecem imunidade de longo prazo.

4. Sistema de reparo do DNA: Este sistema ajuda a corrigir danos ao DNA


causados por agentes genotóxicos. Isso é crucial para prevenir mutações
que podem levar ao câncer.

5. Sistemas enzimáticos de destoxificação e antioxidantes: Estes


sistemas ajudam a neutralizar compostos químicos tóxicos, incluindo
radicais livres, que podem causar danos às células.

No entanto, é importante notar que, em algumas situações, os próprios


mecanismos de defesa podem se tornar agressores. Por exemplo, uma resposta
imunológica desregulada pode levar ao desenvolvimento de doenças
autoimunes, onde o sistema imunológico ataca as próprias células do corpo.

A adaptação é um processo pelo qual as células, tecidos ou o organismo


como um todo ajustam suas funções para lidar com estímulos ou condições
alteradas. Isso ocorre dentro de certos limites, conhecidos como a faixa de
normalidade.

A adaptação pode ocorrer em vários níveis:


1. Nível celular: As células podem se adaptar a condições como hipóxia
(baixo nível de oxigênio) através do pré-condicionamento, onde elas
alteram suas funções para sobreviver em condições de baixo oxigênio.

2. Nível de tecido: Um exemplo é a hipertrofia do retículo endoplasmático


liso, que ocorre quando as células são expostas a substâncias que
precisam ser metabolizadas. O retículo endoplasmático liso é uma parte
da célula que desempenha um papel na metabolização de substâncias, e
sua hipertrofia (aumento de tamanho) permite que a célula metabolize
mais eficientemente essas substâncias.

3. Nível do organismo: Um exemplo é a hipertrofia muscular que ocorre em


resposta à sobrecarga de trabalho. Quando os músculos são submetidos
a um estresse maior do que o normal, como durante o levantamento de
pesos, eles se adaptam ficando maiores e mais fortes para lidar com a
carga de trabalho aumentada.

A resposta adaptativa geral a diferentes agressões é conhecida


como estresse. O estresse pode ser causado por uma variedade de fatores,
incluindo fatores físicos, químicos e biológicos, e pode levar a uma variedade de
respostas adaptativas.

Uma lesão é um termo amplo que se refere a qualquer tipo de dano ou


alteração que ocorre nas células e tecidos do corpo como resultado de uma
agressão. Essas agressões podem ser de várias formas, incluindo trauma físico,
exposição a substâncias químicas tóxicas, infecção por patógenos, entre outros.

As lesões podem ser caracterizadas de várias maneiras:

1. Alterações morfológicas: São as mudanças na estrutura das células e


tecidos que podem ser observadas a olho nu (alterações macroscópicas)
ou ao microscópio (alterações microscópicas e submicroscópicas).

2. Alterações moleculares: São as mudanças no nível molecular dentro


das células que muitas vezes levam a alterações morfológicas. Essas
alterações podem ser detectadas por métodos bioquímicos e de biologia
molecular.

3. Modificações funcionais: São as mudanças na maneira como as


células, tecidos, órgãos ou sistemas funcionam. Essas alterações
representam a fisiopatologia, que é o estudo de como a função normal é
alterada pela doença.

As lesões são dinâmicas, o que significa que elas mudam com o tempo. Elas
começam com uma agressão inicial, evoluem à medida que o corpo tenta se
reparar e, finalmente, tendem para a cura (onde o tecido retorna ao seu estado
normal) ou para a cronicidade (onde a lesão persiste a longo prazo).

Depois que uma lesão ocorre, o corpo inicia um processo de cura. Este
processo pode ser dividido em três fases: inflamação, proliferação e
remodelação.
1. Fase de Inflamação: Esta é a primeira resposta do corpo à lesão. Durante
esta fase, o corpo aumenta o fluxo sanguíneo para a área lesionada, o
que pode causar vermelhidão, calor e inchaço. As células imunológicas,
como os leucócitos, são recrutadas para a área para combater qualquer
infecção e começar o processo de limpeza dos detritos celulares.

2. Fase de Proliferação: Nesta fase, o corpo começa a reconstruir o tecido


danificado. As células chamadas fibroblastos produzem colágeno, uma
proteína que forma a matriz extracelular do tecido conjuntivo. Novos
vasos sanguíneos também começam a se formar para fornecer nutrientes
ao tecido em reparação.

3. Fase de Remodelação: Durante esta fase, o tecido cicatricial formado


durante a fase de proliferação é remodelado e fortalecido. O colágeno é
reorganizado e as células que não são mais necessárias são removidas
por apoptose, ou morte celular programada.

No entanto, nem todas as lesões curam perfeitamente. Às vezes, o processo


de cura pode resultar em cicatrizes ou fibrose, onde o tecido normal é
substituído por tecido cicatricial. Em outros casos, a lesão pode se
tornar crônica, o que significa que ela persiste por um longo período.

1. Lesões letais e não letais: As lesões podem ser classificadas como letais
ou não letais, dependendo da capacidade das células de se recuperarem
após a agressão. As lesões não letais são aquelas em que as células
conseguem se recuperar e retornar ao seu estado normal após a
cessação da agressão. Por outro lado, as lesões letais resultam na morte
celular. Isso pode ocorrer através de processos como a necrose (morte
celular seguida de autólise) ou apoptose (morte celular programada que
não é seguida de autólise).

2. Alterações do interstício: O interstício se refere ao espaço entre as


células em um tecido. As alterações do interstício podem incluir
modificações na matriz extracelular (a rede de moléculas que fornece
suporte estrutural e bioquímico às células) e depósitos de substâncias.
Essas alterações podem afetar a função do tecido e contribuir para o
desenvolvimento de doenças.

3. Distúrbios da circulação: Os distúrbios da circulação, como hiperemia


(aumento do fluxo sanguíneo para um tecido), oligoemia (diminuição do
fluxo sanguíneo) e isquemia (falta de fluxo sanguíneo) também são
importantes no contexto das lesões e doenças. Esses distúrbios podem
afetar a entrega de oxigênio e nutrientes às células, o que pode levar a
danos celulares e teciduais.

Processos degenerativos
Os processos degenerativos são um tipo de lesão celular que é geralmente
reversível se a causa subjacente for removida. Eles são caracterizados pelo
acúmulo de substâncias no interior das células. Essas substâncias podem
ser várias coisas, dependendo do tipo de degeneração. Aqui estão alguns
exemplos:

1. Degeneração hidrópica: Também conhecida como degeneração


vacuolar, é caracterizada pelo acúmulo de água e eletrólitos nas células.
Isso leva ao inchaço das células e é geralmente um sinal de disfunção
celular grave.

2. Degenerações por acúmulo de proteínas, lipídeos e carboidratos:


Esses tipos de degeneração ocorrem quando essas substâncias se
acumulam nas células além do que pode ser usado ou armazenado. Isso
pode ocorrer devido a problemas metabólicos, genéticos ou ambientais.

Aqui estão alguns exemplos específicos desses tipos de degeneração:

 Degeneração hialina: É caracterizada pelo acúmulo de uma substância


translúcida, chamada substância hialina, nas células ou tecidos. Pode
ocorrer em várias condições patológicas, incluindo envelhecimento,
hipertensão e diabetes.

 Degeneração mucóide: É caracterizada pelo acúmulo de muco nas


células ou tecidos. Isso pode ocorrer em várias condições, incluindo
inflamação crônica e tumores.

 Esteatose: Também conhecida como degeneração gordurosa, é


caracterizada pelo acúmulo de gotículas de gordura dentro das células.
Isso é comumente visto no fígado em condições como alcoolismo e
obesidade.

 Aterosclerose: Embora não seja uma forma de degeneração no sentido


estrito, a aterosclerose é caracterizada pelo acúmulo de placas de
gordura, colesterol e outras substâncias nas paredes das artérias. Isso
pode levar a doenças cardíacas e derrames.

Questionário

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