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CURITIBA
2023
THIAGO AFONSO DE ASSIS
CURITIBA
2023
AGRADECIMENTO
Desejo expressar minha imensa gratidão a todos que foram essenciais para
o sucesso deste estudo. Primeiramente, manifesto minha profunda apreciação ao
Professor coorientador Henrique Marin Van Der Broocke Campos, por sua inabalável
dedicação e apoio ao longo de toda a empreitada.
Quero estender meu sincero agradecimento à minha família, especialmente a
minha irmã e os meus pais, minha âncora, que incessantemente me motivaram a
superar desafios e jamais desistiram de mim. A educação e o afeto partilhados são
tesouros inestimáveis que carrego no coração.
Por último, expresso minha gratidão aos meus amigos Priscila Angelica Assis
Ulrich, Rafael Penteado da Silva, que sempre se mantiveram leais e incansáveis em
todos os momentos, agradeço pelo encorajamento, motivação e apoio inabalável.
“The mind that opens itself to a new
idea will never go back to its original
size".
Albert Einstein.
RESUMO
This study integrates the fields of biomechanics and robotics to develop a robotic finger
prosthesis prototype with Arduino, controlled by electromyography data capturing the
movements of muscles responsible for the human index finger's motion. Bioelectricity
recorded by surface electromyography is used to replicate these movements in a micro
stepper motor. The research explores the feasibility of processing electromyography
signals through an accessible board, such as Arduino, to control the motor and operate
the prosthesis. The ultimate goal is to achieve effective control of the prosthetic
prototype using electromyography signals collected from the human index finger's
flexor muscle. The presentation of results aims to facilitate the dissemination of this
interdisciplinary study, promoting social inclusion for individuals in need of accessible
and efficient prostheses.
bit Dígito binário VCVS Estrutura de fonte de tensão controlada por tensão
CA Corrente alternada
CC Corrente contínua
CI Circuito integrado
D/A Digital-analógico
ECG Eletrocardiograma
EMG Eletromiografia
EQ Erro de quantização
PA Passa-Altas
PB Passa-Baixas
PF Passa-Faixas
PT Potência Total
RF Rejeita-Faixas
SR Slew-rate
TA Taxa de atenuação
LISTA DE SIMBOLOS
Símbolo Descrição
A Ampère
A área
Ag-AgCl Prata-cloreto de prata
C capacitância
C coulomb
Ca Cálcio
Cl Cloro
cm centímetro
dB Decibéis
E Campo elétrico
F Farad
F Força
f Frequência
fc Frequência de corte
G Ganho
GND Nível zero de tensão
Hz Hertz
i corrente elétrica
I corrente elétrica
J Densidade de corrente
J Joule
k Constante adimensional dielétrica
k Constante de proporcionalidade
K Potássio
kg quilograma
l Comprimento
m metro
ms milisegundo
mV milivolt
N Newton
Na Sódio
P Potência
Pr Amplitude do ripple
q Carga elétrica
Q Carga elétrica
r Distância radial
R Resistência
s segundo
T Tempo
U Potencial Elétrico
V volt
VAC Tensão de alimentação em corrente alternada
VCC Tensão de alimentação em corrente contínua
Vp Tensão de pico
Vpp Tensão de pico a pico
Vref Tensão de referencia
W Trabalho
W watt
Xc Reatância capacitiva
Z Impedância
ε Força eletromotriz
ε Permissividade elétrica
λ Comprimento de onda
µm micrometro
µV microvolt
ρ Resistividade elétrica
σ Condutividade elétrica
σ Desvio padrão
τ Constante de tempo em circuito RC
ϕ Ângulo de fase
Ω Ohm
ω Velocidade angular
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 17
1.1. OBJETIVO GERAL .................................................................................... 18
1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................... 18
1.3. JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 19
1.4. METODOLOGIA ......................................................................................... 21
1.5. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO.............................................................. 21
2. EMBASAMENTO TEÓRICO............................................................................... 23
2.1. ANATOMIA E FISIOLOGIA ........................................................................ 23
2.1.1 Anatomia .............................................................................................. 23
2.1.2 Fisiologia .............................................................................................. 25
2.1.3 Proteínas das Membranas .................................................................. 27
2.1.4 Potencial de Repouso ......................................................................... 30
2.1.5 Potencial de Ação ................................................................................ 32
2.1.6 Velocidade de Condução .................................................................... 35
2.1.7 Unidade Motora.................................................................................... 37
2.2. BIOELETRICIDADE ................................................................................... 40
2.2.1 Potenciais Conduzidos por Meio de Um Volume .............................. 41
2.2.2 Representação Trifásica do Potencial de Ação da Fibra Muscular . 45
2.3. INSTRUMENTAÇÃO .................................................................................. 48
2.3.1 Eletrodo ................................................................................................ 49
2.3.2 Amplificador Operacional ................................................................... 55
2.3.3 Segurança ............................................................................................ 63
3. DESENVOLVIMENTO ........................................................................................ 70
3.1. CIRCUITO DE SINAL EMG ........................................................................ 70
3.1.1 Fonte De Tensão para Circuito EMG .................................................. 70
3.1.2 Montagem do Circuito EMG ................................................................ 70
3.1.3 Componentes e aplicação .................................................................. 71
3.1.3.1. Amplificador ......................................................................................... 72
3.1.3.2. Amplificação e Filtragem .................................................................... 73
3.1.3.3. Suavizar Sinal Amplificação e Filtragem ........................................... 74
3.2. TRANSDUÇÃO DO SINAL ........................................................................ 75
3.2.1 Eletrodo ................................................................................................ 75
3.2.2 Arranjo dos Eletrodos ......................................................................... 76
3.2.3 Cabos .................................................................................................... 76
3.3. ARDUINO UNO .......................................................................................... 77
3.3.1 Verificação do Sinal EMG ................................................................... 78
3.4. MICRO SERVO MOTOR SG90 .................................................................. 80
3.4.1 Alimentação do micro servo motor .................................................... 81
3.5. PROTÓTIPO EM IMPRESSÃO 3D............................................................. 81
3.5.1 Montagem do protótipo do dedo indicador ....................................... 82
4. APLICAÇÃO DISCUSSÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS ............................. 84
4.1. DIFICULDADES ENCONTRADAS............................................................. 87
4.2. MELHORIAS PARA FUTUROS PROJETOS ............................................. 88
5. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 89
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 90
APENDICE A – Código de controle do Servo motor ............................................ 96
APENDICE B – Código do circuito EMG................................................................ 97
APENDICE C – Investimentos ao longo do desenvolvimento do trabalho ........ 98
17
1. INTRODUÇÃO
1.3. JUSTIFICATIVA
procedimentos realizados, o que significa que – a cada dia – pelo menos 85 brasileiros
tiveram seus pés ou pernas amputadas na rede pública de saúde” (SBACV, 2023).
Pessoas com deficiência tem uma dificuldade maior para serem inseridas nas
escolas e mercado de trabalho em relação ao restante da população “Enquanto 93,9%
das crianças sem deficiências de 6 a 14 anos frequentam o ensino fundamental, essa
taxa é de 89,3% entre as crianças com deficiência na mesma faixa etária. O número
fica menor entre pessoas mais velha: 71,3% das pessoas com deficiência entre 11 e
14 anos frequentam o ensino fundamental, contra 86,1% das pessoas sem deficiência.
Já no ensino médio, a taxa de frequência é de 54,4% entre as pessoas com deficiência
de 15 a 17 anos, contra 70,3% das pessoas sem deficiência. No ensino superior, na
faixa entre 18 e 24 anos de idade, a frequência é de, respectivamente, 14,3% e 25,5%.
No mercado de trabalho, o acesso é ainda menor, segundo o IBGE. O nível de
ocupação é de 26,6% entre as pessoas com deficiência, contra 60,7% entre a
população brasileira total”. (Miato, 2023).
A adoção de próteses robóticas oferece a possibilidade de melhorar
significativamente a qualidade de vida. Um estudo recente, publicado na revista
Nature, demonstrou que oito indivíduos com paraplegia devido a lesões medulares
crônicas, alcançaram uma notável recuperação parcial das sensações e do controle
muscular em seus membros inferiores após passarem por um extenso treinamento de
12 meses. Esse treinamento envolveu o uso de dispositivos robóticos controlados pelo
cérebro. Os resultados destacam a promissora capacidade da tecnologia robótica em
proporcionar melhorias significativas na vida das pessoas com lesões medulares
(Donati, Ana et al., 2016, p.1).
Conforme afirmado por Nicolelis (2016, Estadão), sobre pesquisa utilizando
dispositivos robóticos em paraplégicos “Depois de um ano, as sensações e o controle
muscular de quatro dos pacientes foram modificadas de maneira tão considerável que
os médicos mudaram seus diagnósticos de paralisia completa para paralisia parcial,
segundo o artigo. A maior parte dos pacientes apresentou melhora no controle da
bexiga e nas funções dos intestinos, reduzindo sua dependência de laxantes e
catéteres, [...] essas mudanças reduzem o risco de infecções que são altos entre
pacientes com paralisia crônica”.
21
1.4. METODOLOGIA
2. EMBASAMENTO TEÓRICO
Ambas são duas áreas das ciências biológicas, a primeira, anatomia estuda
as estruturas e como elas estão conectadas entre si, a segunda, fisiologia estuda
como as partes funcionam. (Tortora & Derrickson, 2016, p. 28).
Uma analogia para ficar mais claro, seria imaginar que o corpo humano é
similar a um carro, a anatomia seria como desmontar o carro e observar todas as
peças individuais, como o motor, as rodas, os bancos e os fios. É como aprender
sobre as partes e como elas estão conectadas, a fisiologia seria como entender como
o carro funciona quando todas essas peças estão juntas. É como aprender como o
motor transforma a gasolina em energia para fazer o carro se mover, como as rodas
giram quando você pisa no acelerador e como os bancos fornecem conforto para os
passageiros, de tal forma que um complementa o outro.
Para Oliveira, Oliveira et al (2012, p. 1), “A eletromiografia (EMG) é o estudo
da função muscular por meio da averiguação do sinal elétrico que emana do músculo,
sendo também, o estudo da atividade da unidade motora”.
Mesmo que os cientistas vejam o sinal EMG como um tipo de eletricidade que
pode ser estudada com computadores, ele realmente começa dentro dos nossos
músculos. Isso significa que a forma como nossos músculos são feitos e como
funcionam, é muito importante quando estamos tentando entender e usar o sinal EMG
(Kamen & Gabriel, 2015, p. 2).
2.1.1 Anatomia
2.1.2 Fisiologia
Fonte: COSTA, S.O.P. (coord.) - Genética Molecular e de Microorganismos. São Paulo, Manole, 1987
30
Fonte: Adaptado de Robert Bear e David Rintoul, Ion channel activity at rest, during depolarization
and and hyperpolarization, https://www.lecturio.com/pt/concepts/potencial-de-membrana/
Fonte: Adaptado de Robert Bear e David Rintoul, Ion channel activity at rest, during depolarization
and and hyperpolarization, https://www.lecturio.com/pt/concepts/potencial-de-membrana/
Fonte: Adaptado de Robert Bear e David Rintoul, Ion channel activity at rest, during depolarization
and and hyperpolarization, https://www.lecturio.com/pt/concepts/potencial-de-membrana/
33
2.2. BIOELETRICIDADE
Este capítulo tem como objetivo fornecer uma breve explicação sobre a
natureza da carga elétrica. Essa abordagem visa esclarecer conceitos fundamentais
relacionados a esse fenômeno.
A medida fundamental do EMG é o volt, conforme destacado por Kamen e
Gabriel (2015, p. 18). O sinal EMG origina-se da variação de potencial elétrico nas
membranas das células musculares.
A compreensão do EMG demanda técnicas de avaliação funcional,
envolvendo instrumentação e processamento do sinal resultante. A clareza nessa
análise requer um entendimento prévio dos fundamentos da eletricidade.
41
gradual de Δr. Nesse caso, a carga positiva próxima ao eletrodo domina o potencial
líquido, revertendo a polaridade do PAFM. A máxima positividade ocorre próximo à
posição P5 do eletrodo. A distância entre os picos de carga positiva e negativa é maior
do que a distância b entre as duas cargas do dipolo, pois as máximas acontecem fora
do dipolo. O PAFM resultante tem baixa amplitude, aumentando gradualmente as
máximas que ocorrem além da distância do dipolo, dando-lhe uma aparência larga
(Figura 18) (Kamen & Gabriel, 2015, pp. 24 - 25).
Segundo Kamen e Gabriel (2015, pp. 25 - 26), mesmo quando a linha de
observação está próxima do dipolo, a distância radial na posição P1, permanece
grande o suficiente para tornar Δr insignificante, resultando em um potencial líquido
zero em P1. Ao mover-se de P1 para P2, as distâncias r1 e r2 diminuem, mas não há
mudança significativa em Δr, já que a linha de observação está muito próxima do
dipolo, mantendo o potencial líquido próximo a zero. O ângulo entre r1 e r2 parece
permanecer constante entre P1 e P2, com mudanças significativas ocorrendo à
medida que o eletrodo se aproxima do dipolo. Conforme o eletrodo se move acima de
P2, o Δr começa a mudar, resultando em um aumento rápido do potencial líquido
negativo próximo à linha de base. Quando o eletrodo se aproxima de P3, Δr muda
abruptamente, levando a um aumento significativo da negatividade. Esse aumento é
muito maior na linha de observação próxima, tornando o potencial líquido negativo
substancialmente maior e, como resultado, o PAFM tem uma amplitude maior devido
à geometria do sistema. O pico do PAFM é atingido precisamente sobre a carga
negativa do dipolo. A partir desse ponto, o potencial líquido negativo diminui em
direção a zero em P4. A situação é espelhada em P4 do eletrodo, mas ao contrário.
Isso resulta em um aumento da positividade líquida do potencial, atingindo o máximo
diretamente sobre a carga positiva. A positividade líquida diminui entre a carga
positiva e a posição P5 do eletrodo, quase chegando a zero adiante. Como as
máximas negativas e positivas atingem seus picos exatamente sobre suas respectivas
cargas no dipolo, a distância entre os picos do PAFM é igual à distância do dipolo.
Portanto, o formato do PAFM, quando visto da linha de observação próxima, é alto e
estreito em comparação com a linha de observação afastada (figura 16).
44
Pease, Lew e Johnson (2008, pp. 78 - 79) explicam que o corpo é conhecido
por ser um condutor variado e limitado, o que torna a análise das linhas de corrente
complexa e imprevisível devido às diferentes resistências dos tecidos. A capacitância,
que representa a capacidade de armazenar carga, é uma característica crucial do
volume condutor para determinar o potencial elétrico. Se a capacitância for alta, será
necessária uma distância maior para criar uma diferença de potencial, mas se for
baixa, a mesma corrente resultará em um aumento abrupto no potencial. Se a
capacitância for constante, uma corrente gerada rapidamente resulta em um potencial
conduzido em volumes mais distantes em comparação com uma geração lenta.
Assim, a capacitância opera de maneira semelhante à resistência em corrente
alternada. O termo 'impedância' é usado para representar a resistência total efetiva
contra a corrente alternada, combinando os efeitos de resistência e capacitância.
Alguns potenciais sinápticos nos núcleos do sistema nervoso central formam um
sistema esférico dipolar do tipo transmissor-receptor. A corrente central é recebida
adjacente à fonte que a circunda, e as linhas de corrente têm vida curta confinada no
núcleo, tornando difícil registrar potenciais em volumes condutores distantes. À
medida que nos afastamos da fonte geradora, ocorre uma redução proporcional ao
quadrado da distância no fluxo de corrente. Isso faz com que o dipolo crie uma
diferença de tensão entre o eletrodo registrado na fibra muscular e o eletrodo de
referência em um ponto distante neutro. O eletrodo registrará um valor positivo ou
45
De acordo com Pease, Lew e Johnson (2008, pp. 80 - 81), a forma da onda
do sinal elétrico varia com a posição dos eletrodos em relação à origem dos sinais.
Portanto, ao mover os eletrodos, é possível registrar diferentes formas do sinal elétrico
gerado pela mesma unidade motora. Ao afastar o eletrodo da unidade motora, a fase
de elevação rápida positiva-negativa-positiva, conhecida como tempo de subida, é
reduzida. O tempo de subida é crucial para determinar a proximidade do eletrodo à
fonte geradora. No entanto, a amplitude medida não é indicativa dessa proximidade,
pois pode ser reduzida devido ao menor tamanho dos diâmetros das fibras musculares
(figura 19).
48
2.3. INSTRUMENTAÇÃO
2.3.1 Eletrodo
De acordo com Karvinen & Karvinen (2018, p. 16), sensores são componentes
elétricos que atuam como dispositivos de entrada. Embora nem todas as entradas
sejam explicitamente sensores, a maioria delas faz uso desse tipo de componente.
Eletrodos funcionam como sensores, captando os potenciais elétricos
gerados pelos nervos e músculos (figura 20). É crucial que um eletrodo tenha uma
impedância baixa para garantir um contato preciso entre os geradores do sinal e o
eletrodo (Pease, Lew, & Johnson, 2008, p. 93). Existem dois tipos básicos de
eletrodos: invasivos e de superfície. Neste estudo, serão utilizados eletrodos de
superfície.
Os eletrodos de superfície são colocados sobre a pele, diretamente acima do
músculo avaliado. Esses eletrodos são feitos de metais condutores. Sua função é
converter o potencial elétrico gerado pelo músculo em um sinal elétrico, que é então
transmitido por meio de cabos até as entradas do amplificador. Esse processo é
conhecido como transdução de sinal. O Potencial de Ação da Fibra Muscular (PAFM)
gera correntes extracelulares que se propagam da membrana até o eletrodo de
superfície. Os gradientes de potencial são produzidos à medida que o dipolo se
propaga ao longo da fibra muscular, resultando no fluxo de corrente pelos fluidos
extracelulares. Essas variações no gradiente de potencial causam um fluxo de
corrente nos cabos dos eletrodos, devido à condutância capacitiva na interface metal-
eletrólito nos contatos do eletrodo. Assim, correntes pequenas nos cabos são
identificadas pelo amplificador e amplificadas a um nível suficiente para registro.
Portanto, o eletrodo atua como um conversor dos potenciais iônicos gerados pelos
50
Pease, Lew, & Johnson, (Pease, Lew, & Johnson, 2008, pp. 93 - 94) destacam
a importância de limpar a superfície da pele onde os eletrodos serão posicionados.
Loções e perfumes, por não serem bons condutores de eletricidade, podem afetar a
qualidade do sinal. Além disso, células mortas na pele apresentam alta resistência
elétrica. O condutor, que funciona como uma antena, tem a capacidade de captar
ruídos e interferências. É importante ressaltar que quanto maior o comprimento do
condutor, maior será a susceptibilidade ao ruído.
Os eletrodos de superfície são fabricados com materiais condutores
revestidos de metais preciosos ou aço inoxidável. Aplica-se um gel eletrolítico na área
da pele onde o eletrodo será colocado, reduzindo a resistência do registro (RS) através
da pele. Quando o metal entra em contato com o gel, ele atrai íons do gel, sendo o
tipo de íon (positivo ou negativo) determinado pela interação específica entre o metal
e o gel. Isso resulta em um aumento na concentração de um tipo de íon na superfície
do eletrodo.
Os íons com cargas opostas alinham-se próximo à superfície do eletrodo,
porém um pouco mais distantes, deixando um pequeno espaço no gel com carga
neutra. O metal libera íons no gel, resultando em um excesso de elétrons livres no
metal. O tipo de íon liberado no eletrólito é a origem da atração do eletrólito para a
superfície do metal. Essas interações eletroquímicas formam uma camada dipolar de
carga na interface eletrodo-eletrólito, comportando-se como um capacitor. Essa
interface entre gel, pele e eletrodo pode impactar o sinal EMG (figura 22), sendo a
fonte da impedância de entrada para o sinal EMG do músculo para o eletrodo (Kamen
& Gabriel, 2015, p. 57).
51
com uma alta concentração de placas motoras terminais, identificável por meio de
uma leve estimulação elétrica. Por outro lado, as zonas de inervação são áreas mais
extensas do músculo, abrangendo as ramificações das placas motoras terminais, indo
além do ponto motor. Para uma melhor captação dos Potenciais de Ação Muscular
Compostos (PAMCs), recomenda-se a configuração monopolar diretamente sobre o
ponto motor. Já a configuração bipolar é mais adequada em estudos de movimento,
posicionando os eletrodos cerca de 20 mm distantes do ponto motor (Kamen &
Gabriel, 2015, pp. 70 - 72).
30mV estão relacionadas a potenciais evocados, pois nesse caso não ocorre o
cancelamento das ondas provenientes da contração voluntária. Devido à pequena
magnitude dessas tensões, é necessário o uso de instrumentação especial para o
registro do sinal EMG. Os principais critérios a serem considerados na aplicação de
um amplificador são: ganho, impedância de entrada, taxa de rejeição de modo comum
e resposta de frequência do amplificador em relação aos sinais adquiridos (Kamen &
Gabriel, 2015, p. 72).
Devido ao desequilíbrio nos transistores internos de um amplificador
operacional real, mesmo com aterramento, ocorre uma tensão na saída chamada de
tensão de offset. O ajuste de offset é crucial ao lidar com aplicações que envolvem
sinais de baixa amplitude, na ordem de milivolts (Pertence Jr, 2015, pp. 8 - 9).
Os fabricantes geralmente incluem dois terminais para conectar um
potenciômetro e ajustar ou anular a tensão chamada de offset. Esse equilíbrio corrige
uma pequena diferença de tensão entre a base e o emissor (VBE) dos transistores,
conhecida como tensão de offset de entrada Vi(offset), que é amplificada para produzir
a tensão offset de saída Vo(offset). Essa informação está disponível no datasheet.
Quando o amplificador operacional não possui essa opção de ajuste, é necessário
aplicar circuitos resistivos externos, método recomendado pelos fabricantes por ser
simples e prático (Pertence Jr, 2015, pp. 40 - 43).
A principal função do ganho é amplificar a amplitude do sinal de entrada,
possibilitando a conexão com conversores A/D na saída do amplificador (Kamen &
Gabriel, 2015, p. 74). As entradas G1 e G2 são combinadas na unidade somadora
(figura 26).
𝑹𝟐 (3)
𝑽𝟎 = 𝑽𝒊 ( )
𝑹𝟏 + 𝑹𝟐
𝟎, 𝟑𝟓 (5)
𝑩𝑾 (𝑴𝑯𝒛) =
𝑻𝒓 (µ𝒔)
𝑷𝒐𝒖𝒕 (6)
𝑮 =
𝑷𝒊𝒏
𝑷𝒐𝒖𝒕 (7)
𝑮 = 𝟏𝟎 ( )
𝑷𝒊𝒏
𝑽𝟐𝒓𝒎𝒔 (8)
𝑷 =
𝑹
2.3.3 Segurança
Quando a corrente flui nos cabos, cria-se um ruído elétrico externo, conhecido
como "ronco", que se manifesta como variações nas tensões dos cabos-eletrodos.
Campos elétricos têm um alcance significativo, e simplesmente mover os
equipamentos não é suficiente para reduzi-los. Uma solução eficaz para diminuir o
acoplamento capacitivo causado pelos campos elétricos é o uso de cabos blindados
(Kamen & Gabriel, 2015, p. 92).
É importante entender as interferências nos cabos. A interferência capacitiva
ocorre devido ao campo eletrostático entre condutores com diferentes potenciais. Por
outro lado, a interferência indutiva surge dos campos magnéticos associados à
corrente nos condutores. Quando a corrente muda, o campo magnético também
muda. O ruído predominante provém da circulação de corrente nos cabos de energia
próximos aos instrumentos e paredes. Embora a blindagem não reduza campos
magnéticos, a distância da fonte é crucial. Um campo magnético gerado por um cabo
de corrente tem pouco impacto além de 70 cm. Para reduzir interferências nos cabos,
é fundamental manter os cabos de força afastados. A indução magnética no fluxo de
corrente nos cabos-eletrodo é significativa, sendo a corrente induzida maior em cabos
mais extensos. Portanto, reduzir o comprimento do cabo-eletrodo é necessário não
apenas para diminuir quedas de tensão, mas também para minimizar a área de loop
indutiva. Outra estratégia eficaz é trançar os cabo-eletrodos para reduzir ainda mais
essa área de loop, além de mudar sua orientação em relação ao campo magnético.
Ao fazer isso, as correntes positivas e negativas induzidas se anularão devido às
mudanças periódicas na orientação (Kamen & Gabriel, 2015, p. 93).
Ao utilizar cabos-eletrodos blindados e trançados, surge uma complicação: o
corpo age como uma placa de capacitor para a linha de força. O Amplificador
Operacional (AmpOp) considera o corpo como essa placa de capacitor, propagando
uma tensão à frequência da linha de força. Isso resulta em um sinal de modo comum
em todo o corpo, sem diferença significativa entre quaisquer dois pontos em relação
à amplitude de tensão específica para a frequência da linha de força. Apesar de o
AmpOp atenuar esse sinal de modo comum, ele ainda obtém a diferença entre os
eletrodos G1 e G2, amplificando o sinal predominante biológico (Kamen & Gabriel,
2015, pp. 93 - 94).
69
3. DESENVOLVIMENTO
3.1.3.1. Amplificador
O INA106 possui 8 pinos que são encaixados nos furos das placas, essa
estrutura física do INA106 é denominado through-hole DIP-8 (Figura 41).
Após utilizar o sinal passar pelo filtro, ele adquire um sinal invertido, por conta
de ser um filtro ativo utilizado. É necessário inverter o sinal novamente para que
possamos amplificá-lo, sendo assim utilizamos um amplificador inversos com um
trimmer configurado como resistor variável.
Para um ajuste mais seletivo do sinal, é utilizado um potenciômetro que
permite ajuste ao girando-o com uma chave de fenda de forma a ajustar o ganho do
sinal obtido para pois cada grupo muscular possui intensidades diferentes.
3.2.1 Eletrodo
3.2.3 Cabos
Para o tratamento do sinal está sendo utilizado o Arduíno UNO (Figura 48).
Uma plataforma eletrônica de código aberto, escolhidos pela facilidade na utilização
de seu hardware e software.
Como a tensão de pico do micro Servo pode utilizar até 7,2 volts e a placa de
Arduino alimenta no máximo 5 volts (superior a esta tensão a placa de Arduino
reinicia), está sendo utilizado quatro pilhas AA de 1,5 volts para alimentar o motor
(Figura 52).
fixo na base do dedo, pois o projeto inicial comportaria um motor com dimensões
maiores, que também implicaria uma alimentação de energia maior. A fixação do
servo motor é realizada por uma chapa de plástico parafusada no motor e na base do
protótipo (Figura 55).
Este estudo aponta para uma abordagem promissora, para novos projetos
voltados para a engenharia biomédica e no desenvolvimento de próteses precisas e
adaptáveis. A integração dos sinais de eletromiografia com a tecnologia do Arduino
Uno mostrou-se eficiente para o controle de um protótipo de dedo robótico.
5. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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Acesso em: 21 out.2023.
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Term Training with a Brain-Machine Interface-Based Gait Protocol Induces
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https://www.nature.com/, v. 6, n. 30383, 11 ago. 2016. 30383, p. 362–379. Disponível
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GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo:
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