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Universidade Estadual de Maringá

Desenvolvimento de sistema embarcado para


biossensores

Maringá
2022
Universidade Estadual de Maringá

Desenvolvimento de sistema embarcado para biossensores

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao curso de Engenharia Elétrica do Departa-
mento de Engenharia Química da Universi-
dade Estadual de Maringá, campus Maringá,
sob orientação do Prof. Dr. Carlos Alexandre
Ferri.

Universidade Estadual de Maringá


Departamento de Engenharia Química
Engenharia Elétrica

Orientador: Prof. Dr. Carlos Alexandre Ferri

Maringá
2022
Universidade Estadual de Maringá

Desenvolvimento de sistema embarcado para biossensores

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao curso de Engenharia Elétrica do Departa-
mento de Engenharia Química da Universi-
dade Estadual de Maringá, campus Maringá,
sob orientação do Prof. Dr. Carlos Alexandre
Ferri.

Banca examinadora:

Prof. Dr. Carlos Alexandre Ferri


Orientador

Prof. Dr. Gláucio Pedro Alcântara


Membro titular

Prof. Dr. Rubens Zenko Sakiyama


Membro titular

Maringá, 16 de dezembro de 2022


Dedico esse trabalho aos profissionais na área de saúde, que lutaram durante
a pandemia do vírus COVID-19, salvando a vida de milhares de pessoas.
Agradecimentos

Agradeço ao meu orientador por ter abrido as portas do conhecimento para a área
de Engenharia Biomédica, um campo ao qual me encontrei durante a graduação e obtive
experiências tanto técnicas quanto profissionais. Possuo muita gratificação pelo constante
apoio e compartilhamento de informações durante a pesquisa, realizada desde 2020, até o
momento de revisão desse documento.
Ao Departamento de Engenharia Química da Universidade Estadual de Maringá
(DEQ - UEM), pelo suporte de infraestrutura disponibilizado para a realização dos testes
desse projeto.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pelo investi-
mento fornecido durante o período de projeto (2021/2022).
Aos professores do curso de Engenharia Elétrica, mesmo diante de uma infraestru-
tura insuficiente e baixa quantidade de efetivos, fornecem uma ótima qualidade de ensino,
buscam meios para contornar essas dificuldades e inspiram alunos a se desenvolver em
suas futuras profissões.
Ao Ramo Estudantil IEEE UEM por ter fornecido grandes amizades, meios para
obtenção de conhecimentos externos à graduação e capacitação profissional.
Aos meus pais que sempre me apoiaram durante todo o período de graduação.
Resumo
Os biossensores são dispositivos que realizam a leitura ou quantificação de um determinado
composto biológico, sendo ele chamado de analito-alvo. Podem se tornar uma alternativa
aos exames realizados em laboratórios de análises clínicas, em consultórios médicos ou por
agentes de saúde em visitas às residências de pessoas que vivem em regiões remotas do país.
Os meios para realizar a leitura, se baseiam em métodos eletroquímicos com o objetivo
de estipular a concentração, aliado a um monitoramento de substâncias em tempo real,
intensificando o controle e reduzindo complicações de possíveis doenças, como relacionadas
à Diabetes mellitus. O desenvolvimento e criação do circuito auxiliam projetos futuros
relacionados à biossensores vestíveis, principalmente na busca pelo monitoramento em
tempo real de biomarcadores. Faz parte do desenvolvimento desse projeto a construção de
circuito impresso, o qual possibilita realizar voltametria cíclica e cronoamperometria com
o objetivo de ser aplicável em biossensores amperométricos. Para o primeiro módulo neces-
sitará de um potenciostato programável (LMP91000, Texas Instruments) sendo controlado
por um o microcontrolador (ATmega168PA-MU, Atmel®). Em um segundo protótipo,
as informações gráficas de voltametria cíclica e cronoamperometria serão ilustradas em
uma interface gráfica via smartphone e para o controle do sistema, o microcontrolador
STM32L031G6U6 produzido pela ST Microelectronics. Os dados serão transmitidos por
uma antena NFC e interpretados pelo aplicativo contido no smartphone. O transdutor
apresenta características eletroquímicas, pois fará uso de eletrodos impressos de carbono
e Ag/AgCl para verificar o funcionamento do circuito através da concentração do íon
ferricianeto. Além disso, a portabilidade e acessibilidade são quesitos fortes para o projeto,
ficando na vanguarda de dispositivos pertencentes a era dos SIoT (Sensor Internet of
Things).

Palavras-chaves: Potenciostato, NFC, LMP91000, biossensores, dispositivos vestíveis,


eletrodo flexível, eletroquímica.
Abstract
Biosensors are devices that perform the reading or quantification of a certain biological
compound, which is called target analyte. They can become an alternative to exams
performed in clinical analysis laboratories, in doctor’s offices or by health agents when
visiting the homes of people who live in remote regions of the country. The means to carry
out the reading are based on electrochemical methods with the aim of stipulating the
concentration, combined with the monitoring of substances in real time, intensifying the
control and reducing complications of possible diseases, such as those related to Diabetes
mellitus. The development and creation of the circuit help future projects related to
wearable biosensors, mainly in the search for real-time monitoring of biomarkers. Part of
the development of this project is the construction of a printed circuit, which makes it
possible to perform cyclic voltammetry and chronoamperometry in order to be applicable
in amperometric biosensors. For the first module, will need a programmable potentiostat
(LMP91000, Texas Instruments) being controlled by a microcontroller (ATmega168PA-
MU, Atmel®). In a second prototype, the graphic information of cyclic voltammetry and
chronoamperometry will be illustrated in a graphical interface via smartphone and for
system control, the STM32L031G6U6 microcontroller produced by ST Microelectronics.
The data will be transmitted by an NFC antenna and interpreted by the application
contained in the smartphone. The transducer has electrochemical characteristics, as it
will use printed carbon and Ag/AgCl electrodes to verify the operation of the circuit
through the concentration of the ferricyanide ion. In addition, portability and accessibility
are strong issues for the project, being at the forefront of devices belonging to the SIoT
(Sensor Internet of Things) era.

Key-words: Potentiostat. NFC. LMP91000. biosensors. wearable, flexible electrodes.


electrochemistry.
Lista de ilustrações

Figura 1 – Distribuição da taxa de produção de biossensores no mundo. Fonte:


Mordor Intelligence, 2022. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Figura 2 – Modelo de funcionamento geral de um biossensor. . . . . . . . . . . . . 21
Figura 3 – Estruturas de uma enzima. Adaptado de (CHAMPE et al., 2006). . . . 22
Figura 4 – Respectivamente os gráficos (a) e (b) representando os níveis de energia
para a reação ocorrer. Fonte: (NELSON & COX, 2002). . . . . . . . . . 23
Figura 5 – Representação gráfica da Equação de Michaelis-Menten. Fonte: (NEL-
SON & COX, 2002). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Figura 6 – Representação gráfica da enzima glicose oxidase e seus ligantes. Fonte:
EMBL’s European Bioinformatics Institute. . . . . . . . . . . . . . . . 26
Figura 7 – Primeira parte da reação enzimática da glicose oxidase. . . . . . . . . . 27
Figura 8 – Formação do ácido glucônico (gluconato). . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Figura 9 – Esquemático que demonstra o mecanismo da reação. Fonte: (WILSON,
1992). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Figura 10 – Estrutura bi-dimensional e tri-dimensional da zeólita. Fonte: (VALDÉS,
2006). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Figura 11 – Eletrodo flexível de carbono e Ag/AgCl utilizado no estudo. . . . . . . 32
Figura 12 – Circuito básico do funcionamento de um potenciostato. Adaptado de
(BARD & FAULKNER, 2001). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Figura 13 – Circuito esquemático do LMP91000. Fonte: (Texas Instruments, 2014). 34
Figura 14 – Curva da tensão em uma voltametria cíclica. . . . . . . . . . . . . . . . 35
Figura 15 – Curva de resposta padrão de uma voltametria cíclica. Fonte: (ROBSON
et al., 2013). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Figura 16 – Acoplamento magnético entre o leitor e sua etiqueta (tag). Fonte: (ST
Microelectronics, 2019). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Figura 17 – Circuito esquemático geral para comunicação NFC. Fonte: (ST Microe-
lectronics, 2019). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Figura 18 – Tabelas com dados de energy harvesting utilizando ST25DV, para
sintonia em 100 % e 10 % respectivamente. Fonte: (ST Microelectronics,
2021). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Figura 19 – Tipos de biossensores mais utilizados na indústria. Fonte: (OLIVEIRA,
2014). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Figura 20 – As diferentes camadas da pele. 1 Epiderme, 2 Derme, 3 Hipoderme, 4
Plexo superficial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Figura 21 – Difusão das moléculas de glicose nas células da glândula. Adaptado de
(JAJACK et al., 2018) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Figura 22 – Diagrama em blocos do módulo de teste. . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Figura 23 – Parte superior do suporte com eletrodo para visualização do encaixe. . 47
Figura 24 – Parte inferior do suporte. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Figura 25 – Diagrama esquemático do circuito de tensão de referência. . . . . . . . 48
Figura 26 – Diagrama esquemático do módulo do potenciostato. . . . . . . . . . . . 48
Figura 27 – Fluxograma para o funcionamento do firmware inicial. . . . . . . . . . 49
Figura 28 – Diagrama em blocos dos módulos do protótipo final. . . . . . . . . . . 51
Figura 29 – Fluxograma geral de funcionamento para aplicativo e firmware do
microcontrolador. Fonte: Autoral. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Figura 30 – Tabela de capabilities para dimesões de furos na placa. Fonte: (JLCPCB,
2022). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Figura 31 – Circuito esquemático do módulo comunicação NFC. . . . . . . . . . . . 54
Figura 32 – Valores da antena projetada no software NFC Inductance da ST Micro-
electronics. Fonte: (ST Microelectronics, 2022). . . . . . . . . . . . . . . 55
Figura 33 – Versões 1 e 2 da placa teste projetadas no software livre Kicad. . . . . 57
Figura 34 – Primeiro módulo para os testes de voltametria cíclica e cronoamperometria. 57
Figura 35 – Desenho técnico do eletrodo impresso com suas medidas em milímetros. 60
Figura 36 – Suporte projetado em 3D juntamente com o eletrodo e os circuitos. . . 60
Figura 37 – Voltametria cíclica realizada em diferentes soluções de ferrocianeto. . . 61
Figura 38 – Gráfico de correntes de pico anôdico em relação à concentração. . . . . 61
Figura 39 – Gráfico de correntes de pico anódicas em relação a taxa de escaneamento. 61
Figura 40 – O primeiro gráfico demonstra a curva de corrente em relação ao tempo
no momento da tensão de oxirredução, já no segundo a aplicação da
regressão linear nas curvas de corrente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Figura 41 – Conexão entre as duas placas projetadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Figura 42 – Placa com comunicação NFC desenvolvida para primeiros testes. . . . . 64
Figura 43 – Placa com comunicação NFC devidamente soldada para os primeiros
testes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Figura 44 – SMT Holder SMTU2032. Fonte: (Mouser, 2021). . . . . . . . . . . . . . 65
Figura 45 – Esquema de diodos do componente BAT54C. Fonte: (Vishay Semicon-
ductors, 2017). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Figura 46 – Gráficos para efetuar os cálculos do circuito responsável pelo aciona-
mento dos LED’s. Fonte: (Wurth Elektronik, 2019). . . . . . . . . . . . 66
Figura 47 – Circuito esquemático do módulo alimentação. . . . . . . . . . . . . . . 66
Figura 48 – Componentes do circuito de alimentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Figura 49 – Footprint correto e incorreto (utilizado no projeto) respectivamente
para o microcontrolador. Fonte: (ST Microelectronics, 2018). . . . . . . 68
Figura 50 – Placa final v2.1 com comunicação NFC devidamente soldada para os
primeiros testes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Figura 51 – Arquitetura da família de microcontroladores STM32L031. Fonte: (ST
Microelectronics, 2022) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Figura 52 – Seção do manual de referência indicando o detalhamento do registrador
ODR. Fonte: ST Microelectronics, 2022). . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Figura 53 – Curva de corrente em relação ao tempo no momento da tensão de
oxirredução para a concentração de 10mM, comparando com a primeira
curva obtida na placa teste. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
Figura 54 – Espectro de frequências para a curva de corrente amostrada no protótipo
final. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
Figura 55 – Estrutura de arquivos para aplicativo em React Native. . . . . . . . . . 79
Figura 56 – Estrutura de arquivos para a pasta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Figura 57 – Página inicial do aplicativo desenvolvido. . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Lista de tabelas

Tabela 1 – Características físicas e químicas da glicose oxidase (WILSON, 1992). . 27


Tabela 2 – Classificação dos suportes de enzimas (AEHLE, 2007). . . . . . . . . . 29
Tabela 3 – Tabela demonstrando as diferentes características das zeólitas estudadas
(GORIUSHKINA, 2010). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Tabela 4 – Valores para registradores do LMP91000 . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Tabela 5 – Relações de concentração entre K4 [Fe(CN)6 ] e KCl . . . . . . . . . . . 50
Tabela 6 – Componentes da placa de testes iniciais (dados obtidos no dia 30/09/2020). 56
Lista de abreviaturas e siglas

SUS Sistema Unificado de Saúde

GOx Glicose Oxidase

I2C Inter-integrated circuit

NFC Near Field Communication

IDE Integrated Development Environment (Ambiente de Desenvolvimento


Integrado)

NS1 Proteína Não-Estrutural 1

IgY Imunoglobulina Y

RNA Ribonucleic Acid (Ácido Ribonucleico)

VEGF Fator de Crescimento Endotelial Vascular

PSA Antígeno Específico da Próstata

DRC Doença Renal Crônica

IRC Injúria Renal Crônica

TFG Taxa de Filtração Glomerular

CI Circuito Integrado

PCB Printed Circuit Board

S Substrato

ES Complexo Enzima-Substrato

P Produto

FAD Dinucleótido de flavina e adenina

NZ Nanozeólitas

AFE Analog front-end

TIA Amplificador de transimpedância

CE Contra eletrodo
RE Eletrodo de referência

WE Eletrodo de trabalho

VC Voltametria cíclica

RFID Identificação por rádio frequência

ULP Ultra low power

PLA Poliácido láctico

K4 [Fe(CN)6 ] Ferrocianeto de potássio


Lista de símbolos

Keq Constante de equilíbro

∆G′ ◦ Variação de energia padrão bioquímica

R Constante universal dos gases

T Temperatura em Kelvin

k Constante de velocidade

V Velocidade da reação

k Constante de Boltzmann

h Constante de Plank

Vmáx Velocidade inicial máxima

V0 Velocidade inicial

Km Constante de Michalis-Menten

VREF Tensão de referência

Epc Tensão de pico catódico

Epa Tensão de pico anódica

n Número de elétrons na reação

F Constante de Faraday

A Área do eletrodo de trabalho

c0j Concentração inicial do analito

Dj Difusividade do eletrodo

b Coeficiente angular da Equação de Cottrell

K Constante de propriedades do eletrodo impresso

Rant Resistência da antena NFC

Cant Capacitância da antena NFC


Lant Indutância da antena NFC

DAB Coeficiente de difusividade entre os meios A e B

JA∗ Fluxo molar difusivo da espécie A

C Concentração molar total

P Permeabilidade

VA0 Tensão obtida através da porta analógica

RT IA Resistência configurada do amplificador de transimpedância

IOU T Corrente de saída do potenciostato


Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.1 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.1.1 Objetivos gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.1.2 Objetivos específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

Revisão bibliográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.1 Funcionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.1.1 Enzimas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.1.1.1 Reação Enzimática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.1.1.2 Sítio Ativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.1.1.3 Velocidade e o Equilíbrio da Reação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.1.1.4 Cinética Enzimática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.1.1.5 Equação de Michaelis-Menten . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.1.1.6 Glicose Oxidase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.1.1.7 Reação Enzimática - Glicose Oxidase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.1.1.8 Mecanismo da Reação - Glicose Oxidase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.1.1.9 Imobilização de Enzimas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.1.2 Eletroquímica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.1.3 Potenciostato AFE (Analog Front End) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.1.4 Métodos eletroquímicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.1.5 Near Field Communication (NFC) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.1.5.1 Energy Harvesting . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.2 Classificação de biossensores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.2.1 Suor como fonte de biomarcadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2.2.1.1 Glândula sudorípara écrina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.2.1.2 Células e suas funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.2.1.3 Mecanismo e Biofísica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.2.1.4 Lei de Fick da Difusividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

3 MATERIAIS E MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

Materiais e métodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.1 Processamento do sinal eletroquímico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.2 Desenvolvimento do firmware inicial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.3 Testes de voltametria cíclica e cronoamperometria . . . . . . . . . . 50
3.4 Protótipo final . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.5 Definir módulo comunicação NFC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.6 Definir módulo de alimentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.7 Desenvolvimento do aplicativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

Resultados e Discussões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.1 Módulo responsável pelo processamento do sinal eletroquímico . . . 56
4.2 Desenvolvimento do programa em relação à cronoamperometria e à
voltametria cíclica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.3 Testes de voltametria cíclica e cronoamperometria . . . . . . . . . . 60
4.4 Definir módulo potenciostato AFE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.5 Protótipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.5.1 Análise do módulo de alimentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.5.2 Correções para a segunda versão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.5.3 Firmware . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
4.6 Desenvolvimento do aplicativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

5 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

6 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

Cronograma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
17

1 Introdução

Doenças cardiovasculares, diabetes, câncer, doenças respiratórias, são responsáveis


por aproximadamente 41 milhões de mortes por ano, o equivalente a 71% das mortes no
mundo (POLANCZYK, 2020). Em 2018, a diabetes no Brasil, juntamente com a obesidade
e a hipertensão, resultaram em 1.829.779 internações no SUS (NILSON, 2018). A lógica
moderna do consumo aliada ao sedentarismo, envelhecimento e obesidade são fatores
determinantes para o aumento desses números. Para evitar que os números aumentem,
o monitoramento glicêmico em tempo real, com uso de biossensores, vem à tona para
intensificar o controle e reduzir as complicações relacionadas ao Diabetes mellitus. O
biossensor pode se tornar uma alternativa aos exames realizados em laboratórios de
análises clínicas, em consultórios médicos ou por agentes de saúde em visitas às residências
de pessoas que vivem em regiões remotas do país (POLANCZYK, 2020). Estima-se uma
taxa de crescimento anual composto de 6,7%, levando como referência o ano de 2020 até
2025, no mercado de biossensores de acordo com a empresa Mordor Intelligence. Como
prova do crescimento e de alto potencial de mercado, recentemente a empresa Biolinq,
desenvolvedora de sensores contínuos de glicose, recebeu um investimento em torno de 100
milhões de dólares (WILLIAMS, 2022).
Os biossensores são dispositivos que realizam a leitura ou quantificação de um
determinado composto biológico, sendo ele chamado de analito-alvo. Os meios para a
adquirir essas informações, se baseiam em reações químicas que promovem alterações na
solução. Por exemplo, aumento de temperatura, alteração no pH, mudança de cor e o
surgimento de uma corrente elétrica. O que define o método de leitura destas mudanças
é um componente do biossensor chamado de transdutor (YOON, 2016). O transdutor
eletroquímico amperométrico possui a finalidade de observar uma corrente elétrica derivada
de um pulso de tensão no valor do potencial de oxirredução da reação. Com isso, é
possível estabelecer uma relação de corrente e tempo ao qual nos dá informações, como
a difusividade e concentração inicial do analito. O objetivo de encontrar a tensão de
oxirredução, a partir do método de voltametria cíclica, é aplicar esse valor em outro teste,
chamado de cronoamperometria. Essa técnica consiste em aplicar um potencial fixo e
observar a resposta da corrente em relação ao tempo. Uma relação de corrente elétrica pelo
tempo é feita para analisar a concentração do substrato oxidado. Essa relação é alcançada
a partir da Equação de Cottrel (BARD & FAULKNER, 2019).
Há dispositivos do tipo bioanalítico, no qual há a utilização de uma enzima para o
reconhecimento da concentração do analito-alvo na solução, como a enzima GOx (glicose
oxidase) para reconhecimento da glicose. A informação colhida pelo transdutor é então
filtrada e convertida em sinal digital, para finalmente ser interpretada por um modelo
Capítulo 1. Introdução 18

computacional (CALIL, 2011). Sendo assim, é dado como eixo deste estudo, os processos
eletroquímicos envolvidos, o circuito e controle responsável por essas operações.
Com o avanço dos biossensores, teve-se a necessidade de desenvolver produtos de
uso contínuo, com isso surge a solução de vestir esses sensores com o objetivo de conquistar
o monitoramento em tempo real. Os sensores eletroquímicos vestíveis empregam um
sistema de eletrodos para a detecção de íons na pele ou a partir de reações ocorridas no
transdutor. Em biossensores amperométricos o sistema básico de células eletroquímicas se
baseia em eletrodos flexíveis (eletrodo de trabalho, eletrodo de referência e contra eletrodo).
Alguns exemplos de materiais para as células são Ag/AgCl, Pt, nanotubos de carbono e
entre outros. A flexibilidade se dá por meio da serigrafia (screen-printing) dos eletrodos
em polímeros (LEGNER, 2019).
O núcleo que realiza as operações eletroquímicas, nos eletrodos impressos, é chamado
de potenciostato. Com esse dispositivo, é possível realizar os métodos necessários para a
obtenção da concentração do analito-alvo. O potenciostato, é um dispositivo que possui
o controle de tensão entre os eletrodos de trabalho e contra eletrodo, essa tensão é
ajustada para manter a diferença de potencial entre os eletrodos de trabalho e referência
de acordo com o algoritmo definido. Além disso, o contra eletrodo, um dos três eletrodos
da célula eletroquímica, é utilizado para movimentar íons de acordo com a reação de
oxirredução, alterando a diferença de potencial entre o eletrodo de trabalho e referência
até que esta fique igual à programada (BARD & FAULKNER, 2019). Deste modo, o
desenvolvimento de circuitos que possibilitem a realização da voltametria e amperometria
poderá auxiliar projetos futuros relacionados a biossensores vestíveis, principalmente na
busca de monitoramento de glicose em tempo real, de forma não invasiva, podendo utilizar
o suor como meio de obtenção da concentração de glicose no sangue.

1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivos gerais

• Desenvolvimento de um circuito impresso que realiza voltametria cíclica e cronoam-


perometria em eletrodos flexíveis para aplicações em biossensores amperométricos
vestíveis.

1.1.2 Objetivos específicos

• Construir o módulo responsável pelo processamento do sinal eletroquímico, analisando


se há a existência de ruídos externos causados por interferências mecânicas ou
eletromagnéticas;
Capítulo 1. Introdução 19

• Validação da lógica dos modelos de voltametria cíclica e cronoamperometria, utili-


zando Arduino IDE para primeiros testes;

• Desenvolver biblioteca para utilização do microcontrolador STM32L031G6U6;

• Desenvolver biblioteca para comunicação I2C e consequentemente para o componente


LMP91000 e ST25DV64;

• Analisar a precisão do software, NFC Inductance, utilizado para projetar a antena,


aferindo a indutância com o uso de um medidor RLC;

• Validar diferentes configurações inseridas no aplicativo, verificando se o potenciostato


corresponde às alterações inseridas.
20

2 Revisão bibliográfica

Os biossensores na medicina atuam principalmente no diagnóstico e prevenção


de doenças. Podem se tornar uma alternativa aos exames realizados em laboratórios de
análises clínicas, em consultórios médicos ou por agentes de saúde em visitas às residências
de pessoas que vivem em regiões remotas do país. Um exemplo de biossensor que auxilia
na detecção de doenças é o exemplo da detecção da proteína NS1 (Dengue). Para a
detecção da dengue, é imobilizado o anticorpo IgY, responsável por combater a proteína
NS1, secretada pelo vírus da dengue no primeiros dias da infecção. Quando a ligação
acontece, no eletrodo que o anticorpo foi imobilizado, há uma alteração no fluxo de elétrons,
indicando a existência da proteína na amostra de sangue (FIGUEIREDO et al., 2015).
Recentemente, durante a pandemia do vírus SARS-CoV-2, um biossensor foi
desenvolvido, sendo que o teste é executado em torno de 60 segundos, sendo que em um
mesmo teste é analisado o RNA viral, anticorpo e antígeno. O único requisito para isso
ser feito, foi adicionar um bioreceptor para cada analito. Isso permite ao sistema buscar
uma grande variedade de fragmentos de RNA, anticorpos e antígenos e não apenas o mais
provável. Sendo que essa abordagem pode reduzir resultados falsos e fornecer informações
adicionais sobre a saúde de um paciente. O biossensor produzido, possui um componente
análogo ao MOSFET, chamado de bioFET. No componente em questão, a porta Gate
é controlada por ligações do analito com o bioreceptor ao invés de um sinal de tensão
(PERRY, 2020).
Na Oncologia, existe a detecção do aumento de proteínas que podem indicar
um possível câncer no paciente, como o aumento do Fator de Crescimento Endotelial
Vascular (VEGF) e o antígeno específico da próstata (PSA) no soro humano para o
diagnóstico precoce do câncer de próstata (PAN et al., 2016). Para a área de Nefrologia, a
creatinina é um biomarcador importantíssimo para o diagnóstico de DRC (Doença Renal
Crônica) e IRC (Injúria Renal Crônica). Porém, a sua alteração na corrente sanguínea vem
tardiamente para diagnosticar essas doenças, assim, outros biomarcadores são pesquisados
com a finalidade de evitar esse diagnóstico tardio. É observado que a TFG 1 (Taxa de
Filtração Glomerular) diminui progressivamente (redução dos néfrons) ao longo do tempo
em doenças renais antes do paciente apresentar os sintomas. Assim, para identificar a
queda de TFG, alguns estudos indicam que a Cistatina C seria um ótimo biomarcador
para avaliar pequenas diminuições de TFG. A cistatina C é imobilizada na superfície do
transdutor e são utilizados anticorpos que se ligam com a proteína. Assim, eventos de
ligação no bioreceptor causarão uma alteração na espessura óptica. Com essa mudança,
é possível estipular a concentração de cistatina C a partir de um modelo matemático
1
A TFG é definida como a capacidade renal de depurar uma substância a partir do sangue.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 21

(ABENSUR, 2011). Em relação ao mercado global de biossensores, os países que possuem


um sistema de saúde desenvolvido e bem estruturado, como os norte americanos, estão
como líderes globais no mercado de biossensores, sendo possível visualizar, na Figura 1, a
alta taxa de produção nos países asiáticos e no Brasil uma produção ainda não consolidada
diante do aspecto global.

Figura 1 – Distribuição da taxa de produção de biossensores no mundo. Fonte: Mordor


Intelligence, 2022.

2.1 Funcionamento
O funcionamento geral de um biossensor, em sua grande parte, vai seguir o com-
portamento da ilustração contida na Figura 2.

Figura 2 – Modelo de funcionamento geral de um biossensor.

Nessa ilustração o analito é demonstrado como o círculo, sendo o único formato


capaz de acoplar-se ao bioreceptor, ou seja, ele é projetado para realizar uma reação
somente com o analito-alvo, resultando em um estímulo capaz de ser mensurável e tratado
como um sinal elétrico nas próximas etapas. Desenvolver biossensores com enzimas é um
meio eficaz de obter um transdutor para a observação de um biomarcador em um fluído.
Através de reações enzima-substrato, é possível verificar e amostrar um sinal elétrico,
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 22

assim, modelos computacionais são criados de modo a obter informações desejadas (YOON,
2016).

2.1.1 Enzimas
A maioria das enzimas são proteínas, porém, é tomado como exceção alguns grupos
de moléculas RNA catalíticas. As enzimas são catalisadores altamente eficazes, sendo
sua estrutura proteica dividida em primária, secundária, terceária e quaternária, como é
possível visualizar na Figura 3 (CHAMPE et al., 2006).

Figura 3 – Estruturas de uma enzima. Adaptado de (CHAMPE et al., 2006).

Algumas enzimas precisam de um cofator, que podem ser íons inorgânicos como
F e2+ e M g 2+ . Outras precisam de uma molécula orgânica ou metalorgânica1 complexa
denominada coenzima. O restante das enzimas somente precisam de seus aminoácidos
para realizar sua atividade. Quando se trata da classificação de enzimas, o número EC
(Enzyme Comission), classifica a enzima, por exemplo, a Glicose 1-oxidase tem o seu
número sendo "1.1.3.4". O primeiro número simboliza a classe oxirredutase, por seu tipo
de reação catalisada ser a transferência de elétrons. De uma forma completa, esse número
EC representa que a enzima em questão é da classe oxirredutase que catalisa a oxidação
da d-glicose em peróxido de hidrogênio e d-Glucono-1,5-lactone (NELSON & COX, 2002).

2.1.1.1 Reação Enzimática

A propriedade característica das reações catalisadas por enzimas é que a reação


ocorre confinada em um bolsão da enzima, denominado de sítio ativo. Sendo que, a
molécula que liga ao sítio ativo é chamada de substrato. Para uma reação acontecer é
preciso alcançar um certo nível de energia, chamada energia de ativação. Sem o uso de
agentes catalisadores é possível perceber que seria necessário um grande nível de energia
para o substrato reagir e obter o produto desejado (Figura 4(a)). No entanto, como a
enzima catalisa as reações, aumentando a velocidade da reação, consequentemente ela
diminui a energia de ativação (Figura 4(b)) (NELSON & COX, 2002).
1
Molécula com no mínimo uma ligação química entre um átomo de carbono de um composto orgânico e
um metal.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 23

Figura 4 – Respectivamente os gráficos (a) e (b) representando os níveis de energia para a


reação ocorrer. Fonte: (NELSON & COX, 2002).

Com isso, as reações podem ter várias etapas, incluindo a formação e o consumo
de espécies químicas transitórias denominadas intermediários da reação2 .

2.1.1.2 Sítio Ativo

O contorno da superfície do sítio ativo é delimitado por resíduos de aminoácios


com grupos nas cadeias laterais, que ligam o substrato e formam a reação química.
Frequentemente, o sítio ativo engloba o substrato, sequestrando-o completamente em
solução (NELSON & COX, 2002). A reação enzimática simples pode ser descrita como:

E + S ES EP E + P (2.1)

2.1.1.3 Velocidade e o Equilíbrio da Reação

Um equilíbrio como S ⇌ P é descrito por uma constante de equilíbro Keq . Em


condições padrões usadas para comparar os processos bioquímicos, a constante de equilíbrio

é chamada de Keq .

′ [P ]
Keq = (2.2)
[S]

Segundo a termodinâmica. a relação entre Keq e a variação de energia padrão
bioquímica ∆G′ ◦ pode ser descrita pela expressão:

∆G′ ◦ = −RT ln Keq



(2.3)

A velocidade de uma reação é determinada pela concentração dor reagente e por


uma constante de velocidade, normalmente designada por k.

V = k[S] (2.4)
2
Qualquer espécie da reação que tenha uma vida química finita maior que 10−13 segundos.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 24

Se uma reação de primeira ordem possui k = 0, 03 s−1 como constante de velocidade,


isso pode ser interpretado que 3% do substrato disponível será convertido em produto em 1
segundo. A partir da teoria de estado de transição, pode-se obter uma equação relacionada
à magnitude da constante de velocidade (k) com a energia de ativação(∆G+ ) .

+
kT e−∆G
k= (2.5)
h
Onde k é a constante de Boltzmann, h é a constante de Plank e T a temperatura
absouta em Kelvin. Dentro dos parâmetros de uma enzima, um dos que possui uma grande
importância é a especificidade, sendo a capacidade da enzima distinguir o substrato de outra
moléculas. A especificidade deriva da formação de muitas interações fracas entre enzima e
a molécula específica do substrato (NELSON & COX, 2002). Os fatores termodinâmicos,
de acordo com Nelson & Cox (2002), são os seguintes:

• Entropia;

• Camada de solvatação das moléculas de água ligadas por ligações de hidrogênio,


que rodeiam e ajudam a estabilizar a maioria das moléculas biológicas em solução
aquosa;

• Distorção dos substratos;

• Necessidade de um alinhamento apropriado dos grupos funcionais catalíticos da


enzima.

Para quebrar essas barreiras termodinâmicas a energia de ligação pode ser usada.
A formação de ligações fracas entre substrato e enzima resulta na dessolvatação do
substrato. Uma mudança de conformação surge quando a molécula de afinidade se liga à
enzima, induzindo múltiplas interações fracas, esse processo é chamado de ajuste induzido.
Alguns grupos calíticos específicos contribuem para a catálise, sendo a geral covalente e
catálise por íons metálicos (NELSON & COX, 2002). Dentro da análise dos componentes
que influenciam na atividade enzimática, os inibidores são as substâncias que realizam o
papel contrário ao dos catalisadores, pois aumentam a energia de ativação, diminuindo
a velocidade de reação da enzima. Quantidades micromolares de metais pesados como
mercúrio, chumbo e prata são inibidores da GOx. Quantidades milimolares de hidrazina,
hidroxilamina e hidroxiquinolina se juntam ao grupo de inibidores. A atividade da enzima
também decresce quando há a presença de aldohexoses, resultando em inibidores competi-
tivos. É constatado também que quantidades de poliamidas inibem a enzima (WILSON,
1992).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 25

2.1.1.4 Cinética Enzimática

Leonor Michaelis e Maud Menten em 1913, postularam que a enzima primeiramente


combina-se de modo reversível com o substrato formando um complexo ES em uma etapa
reversível e relativamente rápida:

K1
E + S ES (2.6)
K−1

Então, o complexo ES é rompido em uma segunda etapa mais lenta, fornecendo a


enzima livre e o produto P.

K2
ES E + P (2.7)
K−2

A velocidade inicial máxima de uma reação catalisada (Vmáx ) ocorre quando quase
toda a enzima estiver presente como complexo ES e [E] é despresível. Após o rompimento
do complexo ES, fornecendo o produto P, a enzima fica livre para catalisar a reação de
mais uma molécula do substrato. Embora a velocidade inicial (V0 ) limite-se à parte de
partida da reação, a análise da V0 é denominada cinética do estado estacionário3 (NELSON
& COX, 2002).

2.1.1.5 Equação de Michaelis-Menten

A Equação de Michaelis-Menten é de grande importância para o desenvolvimento


de biossensores que utilizam enzimas, pois define uma relação entre a velocidade inicial
(V0 ), velocidade máxima (Vmáx ) e à concentração inicial do substrato [S], todas em relação
à constante de Michaelis (Km ), como o comportamento ilustrado na Figura 5. A velocidade
inicial é definida da seguinte forma:

Vmáx [S]
V0 = (2.8)
Km + [S]

Em relação à reação da glicose oxidase os valores da constante de Michalis-Menten


são:

• Km (Glicose): 20 mM (WILSON, 1992);

• Km (Dioxigênio): 0,5 mM (WILSON, 1992).

3
Estado estacionário significa que a concentração do complexo ES e dos intermediários permaneçam
constantes ao longo do tempo.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 26

Figura 5 – Representação gráfica da Equação de Michaelis-Menten. Fonte: (NELSON &


COX, 2002).

2.1.1.6 Glicose Oxidase

Como já foi apresentado anteriormente a enzima glicose oxidase ("1.1.3.4"), ilustrada


na Figura 6, é da classe oxirredutase ao qual catalisa a oxidação da d-glicose em peróxido
de hidrogênio e d-Glucono-1,5-lactone. O objetivo desta catalisação, descrita na Equação
2.9, é obter a informação da concentração da glicose em uma solução a partir de um sinal
elétrico, derivado da decomposição do peróxido de hidrogênio. A enzima foi descoberta
por Muller em 1928, sua obtenção pode se dar a partir de algas vermelhas, frutas cítricas,
insetos, bactérias e fungos em bolores (WILSON, 1992). Suas características físicas e
químicas podem ser visualizadas na Tabela 1.

Figura 6 – Representação gráfica da enzima glicose oxidase e seus ligantes. Fonte: EMBL’s
European Bioinformatics Institute.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 27

Tabela 1 – Características físicas e químicas da glicose oxidase (WILSON, 1992).

Propriedade Valor
Relação axial 2, 5 : 1
Diâmetro médio 8 nm
Volume parcial específico 0, 75 ml/g
Coeficiente de Difusãoa (20 ◦ C) 4, 94 × 10−7 cm2 /s
Coeficiente de Sedimentação (pH 5,5) 8,0 S
Massa molecular 151 × 103 − 186 × 103 u
Absorvância (280nm) 16 ± 0, 32 cm−1
Absorbtividade molar (450 nm) 1, 41 × 104

O conteúdo de carboidrato da enzima está relacionado a D-mannose (14% da massa


da enzima), D-glicoseamina (2,3%) e D-galactose (0,3%). O carboidrato não está envolvido
na catálise, porém se ele é removido, a redução da estabilidade é notada. Em contrapartida,
com o aumento de carboidrato, aumenta a estabilidade. Essa "casca" de carboidratos da
enzima funciona como uma barreira para a transferência de elétrons entre a enzima e o
eletrodo. Essa barreira pode ser superada dependendo do método de imobilização, como
por exemplo, utilizando APBA (aminoplenylboronia acid), eletrodos de escova de fibra
de carbono e entre outros. A GOx é bem solúvel em água, sendo resistente a protease4 .
A enzima liofilizada5 é mais estável. Ela possui uma maior estabilidade com um pH em
torno de 5 e é instável em temperaturas superiores a 40 ◦ C (WILSON, 1992).

2.1.1.7 Reação Enzimática - Glicose Oxidase

A reação disposta na Equação 2.9 é exotérmica, sendo que sua mudança de entalpia
é suficientemente grande para ser detectada termodinamicamente. Co-imobilização com a
enzima catalase pode aumentar a sensibilidade de biossensores termométricos. O produto
inicial da oxidação da glicose é o D-gluconolactone, sua formação é ilustrada na Figura 7,
sendo um fraco inibidor para a GOx. Este produto pode ser espontaneamente hidrolisado
formando o ácido glucônico (gluconato).

Figura 7 – Primeira parte da reação enzimática da glicose oxidase.

4
Enzima que quebra as ligações peptídicas das proteínas.
5
Processo de desidratação por congelameto a vácuo.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 28

O decréscimo do pH associado à formação do ácido glucônico (gluconato), descrita


na Figura 8, é utilizado em biossensores calorimétricos e potenciométricos (YOON, 2016).

Figura 8 – Formação do ácido glucônico (gluconato).

2.1.1.8 Mecanismo da Reação - Glicose Oxidase

Inicialmente a glicose forma o complexo enzima-substrato, essa etapa é extre-


mamente rápida. Depois disso, ocorre a redução da molécula FAD. Dois mecanismos,
ilustrados na Figura 9, foram propostos para explicar o ocorrido, o primeiro mecanismo
implica no ataque enzima-base catalisada no vínculo C1 − H da glicose, seguido da redução
da FAD. O segundo mecanismo se baseia na formação de uma ligação glucosídica entre a
gicose ligada e FAD (WILSON, 1992).

Figura 9 – Esquemático que demonstra o mecanismo da reação. Fonte: (WILSON, 1992).

Sob circunstâncias normais, a transferência de elétrons entre o sítio ativo da enzima


reduzida e o eletrodo ocorre devagar ou não ocorre. Isso acontece porque a fenda entre o
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 29

sítio ativo e o eletrodo é larga para os elétrons atravessarem. Essa transferência pode ser
facilitada com o uso de um mediador. O ferroceno como aceitador de elétrons se mostrou
muito difundido na criação de biossensores. Os mediadores permitem que os dispositivos
funcionem a uma tensão menor, sendo que isso diminui a interferência de compostos
eletroativos (vitamina B e ácido úrico) presentes em fluídos fisiológicos (WILSON, 1992).
A glicose oxidase é comercialmente fornecida como um componente de kits de
diagnóstico a partir de calorimetria com a finalidade de determinar a concentração da
glicose no sangue. O peróxido de hidrogênio é detectado, a partir de uma reação com
O-dianisidina na presença de peroxidase resultando em um produto oxidado marrom
detectado entre 425-475 nm. Os dispositivos sensíveis à alteração de pH não se mostraram
muito efetivos. A criação de biossensores eletroquímicos com a utilização de eletrodos de
platina se difundiu na indústria, sendo que a partir de 1970 muitas empresas alimentícias
adotaram esse método (WILSON, 1992). A detecção de glicose se dá, a partir da corrente
gerada pela decomposição do peróxido de hidrogênio, demonstrado pela seguinte reação:

H2 O2 O2 + 2H⊕ + 2e⊖ (2.9)

2.1.1.9 Imobilização de Enzimas

Entende-se por enzima imobilizada, aquela física ou quimicamente associada a um


suporte ou matriz, usualmente sólida, insolúvel em água e inerte, que não seja essencial a
sua atividade. A imobilização de enzimas é necessária para a sua reutilização e aumento de
estabilidade. O método dependerá das características da enzima e das condições de uso da
enzima imobilizada. Para uma escolha econômica do método de imobilização é necessário o
conhecimento da reação desejada, o processo de aplicação da enzima imobilizada, condições
do meio, modificações causadas na estabilidade, atividade, pH e demais fatores.O binômio
suporte–método mais adequado será aquele que propiciar uma maior atividade após
imobilização. Os suportes podem ser orgânicos ou inorgânicos, sintéticos ou naturais.
Suportes necessitam de mudanças ou inclusão de grupos reativos (ativação do suporte)
(AEHLE, 2007). A classificação para os suportes e sua características estão elencadas na
Tabela 3.
Tabela 2 – Classificação dos suportes de enzimas (AEHLE, 2007).
Tipo de suporte Material Porosidade (Å) Estabilidade
Não poroso Vidro, silica, aço N/A Alta
Micro encapsulado Triacetato de celulose 35 Moderada
Entrelaçado Poliacrimilida, PVP Variada Baixa
Macroporoso Alumina, sílica 200 - 1000 Alta

Os critérios para avaliação, de acordo com (AEHLE, 2007), de um sistema enzima-


suporte são os seguintes:
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 30

• Estabilidade de fixação: A enzima deve estar bem fixa ao suporte.

• Estabilidade enzimática: A enzima não deve sofrer modificações como desnaturação.

• Resistência mecânica: O suporte deve resistir a várias condições desfavoráveis como,


o peso do suporte dentro do reator.

• Capacidade de carga: O suporte deve fixar um número elevado de unidades enzimá-


ticas por unidade de área (um pequeno reator uma grande capacidade catalítica).

Um exemplo de material para utilização em imobilização de enzimas são as zeólitas,


materiais inogânicos com uma vasta área superficial e estruturas internas de cavidades, ca-
nais ou cadeias bem definidas. É um aluminossilicato8 pertencente à família dos tectossilica-
tos9 , onde a estrutura molécula tetraédrica de SiO4 formam "super cadeias"tridimensionais.
Em sua estrutura alguns átomos de silício são substituídos por átomos de alumínio, resul-
tando em uma estrutura negativamente carregada. Com isso, é estabelecida a diferença
entre os tetraedros (AlO4 )5− e (SiO4 )4− . Essas regiões negativamente carregadas são
balanceadas por contraíons(alcalinos e alcalinos terrosos) que podem ser substituídos por
outros cátions, assim, resultando em troca de íons, sendo uma das propriedades da zeólita
(VALDÉS et al., 2006).

Figura 10 – Estrutura bi-dimensional e tri-dimensional da zeólita. Fonte: (VALDÉS, 2006).

O esqueleto cristalino é formado por uma combinação tetraédrica tridimensional


T O4 (T = Si, Al, B, Ga, Ge, Fe, P e Co) ligados por átomos de oxigênio. Essas ligações T
- O - Si resultam em "aneis" de ótima variedade aos quais são responsáveis pela zeólita
8
Compostos de alumínio, silício e oxigênio.
9
Os minerais dessa família são constituidos por tetraedros de SiO4 ligados tridimensionalmente, de
maneira que todos os oxigênios dos vértices dos tetraedros são compartilhados com os tetraedros
vizinhos, resultando em uma estrutura fortemente unida, estável, em que a relação Si:O é 1:2.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 31

ter a capacidade de diferenciar moléculas, tanto em seu tamanho quanto pelo formato,
servindo como uma peneira molecular. As zeólitas oferecem um ambiente favorável à
imobilização de enzimas. Nanozeólitas (NZ’s) que desempenham uma boa interação
com biomoléculas, possuem excelentes características, como uma vasta área superficial,
propriedades de superfície abundantes/ajustáveis (ajuste de hidrofobicidade/hidrofilicidade)
e alta dispersabilidade em ambos ambientes aquosos ou orgânicos. Com isso, é dado a
característica às NZ’s de terem alta capacidade de adsorção10 , uma montagem menos
complexa, resultando em um candidato promissor à imobilização de enzimas e a construção
dos eletrodos (NENKOVA et al., 2013).
O desenvolvimento de processos simples e confiáveis para a imobilização e estabili-
zação de enzimas reativas em eletrodos é a questão principal das NZ’s em biossensores. O
objetivo seria obter um baixo potencial operacional, próximo ao redox da enzima. Nesse
caso, o elétron é transferido diretamente da glicose para o eletrodo através do local ativo
da enzima. O baixo custo de extração, disponibilidade em ótimos volumes e sua excelente
estabilidade em processos químicos/térmicos são algumas das principais vantagens de utili-
zar a zeólita em um projeto. Um tipo de zeólita para essa aplicação é a Zeólita Silicalita-1,
sendo classíficada como high-silica ZSM-5 (Zeolite Socony Mobil–5, framework type MFI
from ZSM-5 (five)). Os ZSM-5’s são aluminossilicatos pertencentes a família das zeólitas
pentassil. Sua formula química é Nan Aln Si96−n O192 · 16H2 O (0 < n < 27) (VALDÉS et al.,
2006). Estudos sobre diferentes tipos de zeólitas, tendo como resultado a tabela ilustrada
na Figura ??, mostraram que a Silicalita-1 foi o material ao qual obteve um alcance em
veríficar concentrações na ordem de 10−4 mM, sendo que, as concentrações médias de
glicose no suor ficam em torno desse valor. Também foi constatada uma maior estabilidade
de armazenamento comparada as outras espécies (GORIUSHKINA et al., 2010).

Tabela 3 – Tabela demonstrando as diferentes características das zeólitas estudadas (GO-


RIUSHKINA, 2010).
Resposta para Estabilidade de
Zeolita Intervalo dinâmico (mM)
saturação (nA) armazenamento
62% depois de 10 dias
Sem zeólita 0,64 — 20,00 34
35% depois de 20 dias
100% depois de 8 dias
Silicalite-1 0,02 — 5,00 75
83% depois de 16 dias
Silicalite-2 0,04 — 10,00 20 14% depois de 8 dias
H-Beta-300 0,64 — 10,00 7 77% depois de 7 dias
H-Beta-150 0,32 — 10,00 3,5 23% depois de 4 dias
NH4-Beta-25 0,02 — 5,00 53 64% depois de 5 dias
Na-Beta 0,01 — 10,00 40 50% depois de 2 dias

10
Processo pelo qual átomos, moléculas ou íons são retidos na superfície de sólidos através de interações
de natureza química ou física.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 32

2.1.2 Eletroquímica
Sensores eletroquímicos vestíveis empregam um sistema de eletrodos para a de-
tecção de íons na pele ou a partir de reações ocorridas no transdutor. Em biossensores
amperométricos o sistema básico de células eletroquímicas se baseia em eletrodos flexíveis
(eletrodo de trabalho, eletrodo de referência e contra eletrodo). Alguns exemplos de materi-
ais para as células são Ag/AgCl, Pt, nanotubos de carbono e entre outros. A flexibilidade
se dá por meio da serigrafia (screen-printing) dos eletrodos em polímeros (LEGNER et al,
2019). É possível visualizar, na Figura 11, o eletrodo produzido pela empresa Tailkuke, ao
qual foi utilizado nesse estudo.

Figura 11 – Eletrodo flexível de carbono e Ag/AgCl utilizado no estudo.

O componente que realiza as operações eletroquímicas nos eletrodos impressos é


chamado de potenciostato, sendo que seu funcionamento é ilustrado na Figura 12. Com ele é
possível realizar os ensaios de voltametria cíclica e cronoamperometria, métodos necessários
para a obtenção da concentração do analito-alvo. O potenciostato é um dispositivo que
possui o controle de tensão entre os eletrodos de trabalho e contra eletrodo, essa tensão é
ajustada para manter a diferença de potencial entre os eletrodos de trabalho e referência
de acordo com o algoritmo definido. Além disso, o contra eletrodo, um dos três eletrodos
da célula eletroquímica, é utilizado para movimentar íons de acordo com a reação de
oxirredução, alterando a diferença de potencial entre o eletrodo de trabalho e referência
até que esta fique igual à programada (BARD & FAULKNER, 2001).
A corrente aplicada no potenciostato, em um processo como o de cronoampero-
metria, é o fluxo de elétrons necessários para apoiar os processos eletroquímicos a taxas
consistentes com o potencial. Assim, a resposta do dispositivo atua, sendo possível obser-
var experimentalmente o comportamento da reação. As técnicas de voltametria cíclica
e cronoamperometria serão empregadas para realizar a análise de concentração de subs-
trato, aliadas à utilização de um potenciostato AFE (analog front-end) configurável para
aplicações de sensores químicos de baixa potência.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 33

Figura 12 – Circuito básico do funcionamento de um potenciostato. Adaptado de (BARD


& FAULKNER, 2001).

2.1.3 Potenciostato AFE (Analog Front End)


Como foi apresentado anteriormente, o dispositivo em questão é um potenciostato
AFE (analog front-end) configurável para aplicações de sensores químicos de baixa potência,
desenvolvido pela Texas Instruments. Usualmente, sendo empregado na detecção de gases,
mas com grande aplicabilidade na análise de substratos como a glicose. Tal dispositivo
fornece informações de concentração da substância através da diferença de corrente
observada no eletrodo de trabalho. Deste modo, o dispositivo utiliza um amplificador de
transimpedância (TIA) convertendo a corrente do eletrodo de trabalho em tensão de saída
para ser analisada por um microcontrolador. O ganho do amplificador TIA é programável
e controlado pela interface I2C compatível com um intervalo de resistência de 2,75 kΩ até
350 kΩ (Texas Instruments, 2014).
O núcleo do funcionamento deste dispositivo consiste em um amplificador diferencial
usado com a finalidade de comparar o potencial entre os eletrodos de trabalho e referência
para um potencial de trabalho requisitado pelo controle de polarização, indicado como
Variable Bias na Figura 13.
O sinal de erro é amplificado e aplicado ao contra eletrodo (CE), através do
amplificador de controle A1. Qualquer mudança na impedância entre os eletrodos de
trabalho (WE) e referência (RE) causará uma mudança de tensão aplicada ao contra
eletrodo, com o objetivo de manter uma tensão constante entre os eletrodos de trabalho
e referência. O amplificador de transimpedância conectado ao eletrodo de trabalho é
utilizado para fornecer uma tensão proporcional à corrente da célula eletroquímica. Sendo
assim, o potenciostato compara a tensão de referência (VREF) em relação ao potencial
requisitado pela bias e ajusta a tensão do contra eletrodo para manter a diferença de
potencial apropriada entre os eletrodos de trabalho e referência.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 34

Figura 13 – Circuito esquemático do LMP91000. Fonte: (Texas Instruments, 2014).

2.1.4 Métodos eletroquímicos


O método de voltametria cíclica (VC) é necessário para encontrar os potenciais de
oxirredução da reação de objeto de estudo para validar o sistema embarcado produzido. A
reação abaixo será analisada nesse estudo:

[Fe(CN)6 ]3− + e− ↽
−−
−⇀
− [Fe(CN)6 ]
4−
(2.10)

Sua escolha é motivada pela alta quantidade de documentação sobre os métodos


eletroquímicos utilizando ferrocianeto de potássio como reagente, sendo a reação base para
validar o funcionamento do circuito. Os valores documentados pelo artigo de referência
descrevem números que estão na faixa de tensão dada pelo potenciostato utilizado (NKUNU
et al., 2017). Essa técnica se baseia em aplicar uma taxa de potencial ao longo do tempo,
definindo um intervalo de análise, com a finalidade de observar a resposta da corrente pelo
potencial aplicado em um instante de tempo (BARD & FAULKNER, 2001). A varredura
pode ser tanto para taxas de potencial positivo (varredura inversa), quanto negativo
(varredura direta). O potencial de oxirredução seria a tendência de uma molécula ou átomo
de adquirir (reduzir) ou perder (oxidar) elétrons. Como por exemplo, é possível utilizar
um teste de voltametria, como ilustrado na Figura 14 apresentando no intervalo de -1 V
a 1 V uma taxa de 0,1 V/s, com o objetivo de observar uma corrente de pico anódica
quando a tensão alcança 0,7 V e logo após isso a corrente cair drasticamente à medida
que o tempo continua. Durante essa análise alguns intervalos de tensão não apresentarão
esse aumento, indicando que nenhuma reação redox acontece.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 35

Figura 14 – Curva da tensão em uma voltametria cíclica.

O comportamento padrão de um gráfico de voltametria cíclica pode ser visualizado


na Figura 15, onde as informações necessárias para prosseguir para a próxima análise
seriam a Epc (tensão de pico catódico) e Epa (tensão de pico anódico).

Figura 15 – Curva de resposta padrão de uma voltametria cíclica. Fonte: (ROBSON et al.,
2013).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 36

A cronoamperometria é uma técnica ao qual um potencial fixo é aplicado e é


observado a resposta da corrente em relação ao tempo. O potencial fixo é estabelecido pela
voltametria cíclica após a análise do potencial de oxirredução. Uma relação de corrente
elétrica pelo tempo é obtida para analisar a concentração do substrato. Essa relação é
alcançada a partir da equação de Cottrel (BARD & FAULKNER, 2001). Essa equação é
definida da seguinte forma:

nF Ac0j Dj
i(t) = √ (2.11)
πt
Os parâmetros são: n número de elétrons na reação, F constante de Faraday, A área
do eletrodo de trabalho, c0j concentração inicial do analito e Dj difusividade do eletrodo.
Manipulando a equação, a partir de uma regressão linear, obtém-se que a corrente está
em função do tempo em uma ordem de -½ e um coeficiente angular constante b, como é
possível visualizar na seguinte equação:

i(t) = bt−1/2 (2.12)

Com esse comportamento linear demonstrado na Equação 2.11, é possível analisar


que quanto maior for a concentração inicial (c0j ), maior será a corrente na saída, sendo
um indicador para validar o comportamento do circuito e o método eletroquímico. Para
estimar as informações do eletrodo, é necessário saber a concentração inicial do analito alvo
em um primeiro teste. Com isso, basta elevar o tempo por -½, na amostragem realizada,
com o objetivo de obter uma relação linear com a corrente, estabelecida pela equação de
Cottrel. Sendo assim, a constante b é resultado dos seguintes fatores:

nF Ac0j Dj
b= √ (2.13)
π

Com isso, é possível obter uma constante K, ao qual possui as informações do


eletrodo e reação utilizada.

nF ADj
K= √ (2.14)
π

Agora com a constante K, é possível mensurar a concentração para outras análises,


seguindo a seguinte equação:

b
c0j = (2.15)
K
Para processar a informação dada pelo potenciostato, como uma curva de corrente e
aplicação de métodos para cálculo da concentração de glicose é necessário um processamento
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 37

realizado por um microcontrolador. Com isso, um sistema embarcado dedicado para o


processamento digital deve ser desenvolvido. Um sistema embarcado é projetado para
executar uma tarefa específica. Os recursos importantes considerados no desenvolvimento
do projeto incluem:

• Memória (RAM);

• Espaço de código (ROM/FLASH);

• Ciclos ou velocidade do processador;

• Vida útil da bateria (ou economia de energia);

• Periféricos do processador.

Até certo ponto, estes são intercambiáveis. Por exemplo, existe a possibilidade de
trocar espaço de código por ciclos de processador, escrevendo partes do firmware para
ocupar mais espaço, mas executar mais rapidamente, ou pode reduzir a velocidade do
processador para diminuir o consumo de energia. Outro conjunto de desafios vem do
trabalho com o hardware, durante o desenvolvimento de um projeto, a incerteza de se um
bug está no hardware ou no software pode tornar os problemas difíceis de resolver. Diferente
do computador, o software que é desenvolvido pode causar danos reais ao hardware. Acima
de tudo, é necessário saber sobre o hardware e do que ele é capaz (YOON, 2016).

2.1.5 Near Field Communication (NFC)


Near Field Communication (NFC) é uma tecnologia de comunicação sem fio a
curta distância que opera na frequência de 13,56 MHz. A tecnologia suporta, geralmente,
a taxa de transferência de dados em um intervalo de 106 kbits/s a 424 kbits/s. É uma
tecnologia desenvolvida a partir dos protocolos de identificação por rádio frequência. Esse
tipo de tecnologia permite a troca de dados com uma distância de até 4 centímetros. A
comunicação pode ser tanto ativa, quanto passiva, sendo que o NFC trabalha utilizando
acoplamento magnético entre os dispositivos, facilitando a conexão e dando segurança ao
envio ou recebimento de dados. Transmissão de dados bidirecional é o que, principalmente,
diferencia esse tipo de comunicação em relação ao RFID (NASER, 2012).
Já que o NFC é derivado do RFID, a estrutura do RFID é a mesma do NFC,
assim, o sistema consiste de três componentes principais. Um transponder (tag), um leitor
e um controlador. O transponder é um chip semicondutor conectado à antena, a tag
obtém uma serial única de identificação permitindo a comunicação com o leitor. O leitor
é um dispositivo que recebe e envia dados, é composto por uma antena, um módulo de
rádio frequência para transmissão e recebimento de dados e um módulo de controle (ST
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 38

Microelectronics, 2019). A comunicação de sistemas de identificação por rádio frequência,


em curta distância, pode ser utilizado com dois tipos de mecanismo: o capacitivo e o
indutivo. Neste projeto será elaborado um circuito do tipo indutivo. O mecanismo de
acoplamento indutivo é definido pelo protocolo ISO 15693 (International Organization for
Standardization, 2006), sendo uma técnica que transmite a energia de um circuito para
o outro por indutância mútua entre dois circuitos. No circuito eletrônico do transponder
o capacitor é usado em paralelo com a antena, sendo que a capacitância é escolhida de
forma a atingir uma frequência ressonante, que no caso é a frequência de transmissão,
sendo 13,56 MHz para sistemas NFC. A comunicação NFC será necessária para o usuário
iniciar a amostragem e obter os dados da cronoamperometria da reação, visto que esses
dados serão ilustrados de forma gráfica em um aplicativo.
As antenas da etiqueta e do leitor são indutâncias mutuamente acopladas pelo
campo magnético, de forma semelhante a um transformador de tensão, como é ilustrado
na Figura 16.

Figura 16 – Acoplamento magnético entre o leitor (reader) e sua etiqueta (tag). Fonte:
(ST Microelectronics, 2019).

A transferência eficiente de energia do leitor para a etiqueta depende do quanto a


antena do leitor está sintonizada com a frequência da etiqueta (geralmente 13,56 MHz). O
chip NFC/RFID é simbolizado por um resistor representando seu consumo de corrente, em
paralelo com um capacitor representando sua capacitância de sintonia interna e parasitas,
como é ilustrado na Figura 17.

Figura 17 – Circuito esquemático geral para comunicação NFC. Fonte: (ST Microelectro-
nics, 2019).

Para uma determinada antena, Rant , Cant e Lant são constantes, mas a impedância
resultante, depende da frequência. Na frequência de auto-ressonância a parte imaginária
da impedância da antena é nula e a antena é puramente resistiva. Abaixo da frequência de
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 39

auto-ressonância, a parte imaginária da impedância da antena é positiva e o comportamento


da antena é indutivo. Na frequência ressonante a impedância total atinge seu valor mínimo,
com isso, a corrente na antena e a tensão entregue ao chip NFC são maximizadas.

2.1.5.1 Energy Harvesting

A eficiência é crucial na natureza, pois maximizar o gasto de recursos adicionais


usando o máximo possível aumenta a performance, minimizando custos e reduzindo
desperdícios. A técnica de energy harvesting, traduzindo para português como "colheita
de energia", fornece um método para usar a energia de um acoplamento magnético para
alimentar um sistema. Para dispositivos que contêm bateria, a coleta de energia pode
estender a vida útil da bateria ou substituir totalmente o seu uso. Os microcontroladores
de energia ultrabaixa (ULP) são uma escolha lógica para utilizar juntamente com a técnica
de coleta de energy harvesting (KIMMEL, 2021). Esses dispositivos existem em tecnologia
vestível, sensores sem fio e outras aplicações de ponta nas quais é essencial prolongar a
vida útil da bateria. Com isso surge a proposta de utilizar um microcontrolador de baixa
potência (STM32L031G6U6) juntamente com o chip capaz de realizar o método de energy
harvesting (ST25DV64K). Para o microcontrolador citado, ele somente necessita de uma
tensão mínima de 1,65 V, com periféricos consumindo uma corrente na grandeza de µA,
como no caso do conversor ADC de 16 bits, com uma taxa de 10 mil amostras por segundo,
consumindo um total de 41 µA para seu funcionamento (ST Microelectonics, 2018).
A série ST25DV-I2C é um dispositivo Dual EEPROM projetado para ser acessado
através de duas interfaces diferentes, sendo uma interface I2C com fio, utilizada como
protocolo de comunicação entre o circuito integrado e o microcontrolador, juntamente com
outra interface RFID padrão ISO 15693 sem contato. A EEPROM é um tipo de memória não
volátil para armezenar as informações da tag dinâmica. Uma das características oferecidas
pela Série ST25DV-I2C é a possibilidade de utilizar a técnica de energy harvesting, que
consiste em transferir parte do sinal de radio frequência recebida no pino de saída VEH .
O nível em VEH é gerado por meio de retificação do sinal RF em uma tensão CC não
regulada que é apenas limitada, abaixo 5,5 V, pelo circuito de fixação de entrada. A
captação de energia destina-se principalmente a fornecer um sensor ou uma aplicação de
energia muito baixa através de uma suavização do circuito de filtragem para limitar o
impacto da comutação rápida de consumo (ST Microelectronics, 2021). No caso do projeto
o energy harvesting é a energia derivada do acoplamento magnético da antena NFC do
celular com a antena da placa. A tensão gerada depende do quão próximo estão as duas
antenas e consequentemente a intensidade do campo magnético. Os valores dependendo
da intensidade de campo estão descritos na Figura 18.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 40

Figura 18 – Tabelas com dados de energy harvesting utilizando ST25DV, para sintonia
em 100 % e 10 % respectivamente. Fonte: (ST Microelectronics, 2021).

2.2 Classificação de biossensores


O transdutor é um componente dos biossensores, que tem um papel importante
no processo de detecção do sinal. Um transdutor é o dispositivo que converte eventos
ocorridos no bioreceptor em sinais detectáveis. Os sinais detectáveis podem ser eletroquí-
micos (potenciometria, condutometria, impedimetria, amperometria, voltametria), ópticos
(colorimétrica, fluorescência, luminescência, interferometria), calorimétricos (termistor),
mudança de massa (onda piezoelétrica/acústica) ou de natureza magnética (YOON, 2016).
Embora existam novos tipos de transdutores sendo constantemente desenvolvidos
para uso em biossensores, os transdutores eletroquímicos são amplamente dispositivos,
pois são portáteis, simples, fáceis de usar e econômicos, e na maioria dos casos descartáveis.
Os instrumentos eletroquímicos usados com os biossensores foram miniaturizados para
pequenos dispositivos vestíveis, aplicáveis para uso doméstico ou análises clínicas. Os
sensores eletroquímicos são os menores de todos os sensores, incluindo ópticos e piezoelé-
tricos, que proporcionam aos biossensores eletroquímicos uma vantagem de portabilidade
e simplicidade na instrumentação. Além disso, a sensibilidade e a resposta dos sensores
eletroquímicos são mais elevados do que os sensores ópticos ou piezoeléctricos (YOON,
2016). Na figura 19 é possível visualizar os tipos mais utilizados na indústria.
As principais classificações são as seguintes:

• Métodos de detecção óptica;

• Métodos de detecção eletroquímicos;

• Métodos de detecção baseado em massa.


Capítulo 2. Revisão bibliográfica 41

Figura 19 – Tipos de biossensores mais utilizados na indústria. Fonte: (OLIVEIRA, 2014).

A motivação para a escolha de biossensores eletroquímicos, estão relacionadas


às vantagens principalmente econômicas nesse tipo de biossensor para ser projetado.
Para o controle da qualidade de alimentos a indústria alimentícia investe fortemente
em biossensores para a detecção de substâncias, bactérias e micro-organismos que são
indesejáveis no produto final. Durante toda a história de desenvolvimento de biossensores,
sempre existe uma análise inicial para definir qual será o analito-alvo com o objetivo de
monitorar seu comportamento dentro de um sistema. No caso de biossensores aplicados
para a saúde, normalmente são estudadas substâncias chamadas de biomarcadores, ao
qual são parâmetros indicadores de saúde de um indivíduo (YOON, 2016). Atualmente,
existe uma gama de estudos voltados à biomarcadores encontrados no suor, sendo uma
forma não invasiva de detecção para diversas moléculas orgânicas, com o uso biossensores
vestíveis (LEGNER et al., 2019). Com isso, desenvolvendo projetos com a utilização de
sensores eletroquímicos, pode se tornar uma maneira mais viável pela sua portabilidade e
simplicidade na instrumentação, explorando essa gama de oportunidades de biomarcadores,
como por exemplo a glicose encontrada no suor. Sendo este, um importante meio para
medir a glicemia humana de forma não-invasiva.

2.2.1 Suor como fonte de biomarcadores


Diversos estudos tomam como objeto a glândula sudorípara, pois sua secreção é
rica em biomarcadores, sendo que, além da glicose, outras substâncias são conhecidas
(LEGNER et al., 2019). Dentre elas, os íons sódio, potássio e cloro, que realizam um papel
importante no equilíbrio iônico do corpo humano (sistema circulatório e nervoso). Existem
em torno de 1,6 a 5 milhões de glândulas sudoríparas espalhadas no corpo de uma pessoa
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 42

(SATO, 1983). As regiões do dedo do pé, da palma da mão, nuca, antebraço e abdômen são
áreas que ocorrem uma maior densidade de glândula sudorípara écrina por cm2 (LEGNER
et al., 2019). Com isso, o suor torna-se um alvo nos estudos, para desenvolvimento de
biossensores não invasivos com aferição contínua de glicose, sendo um indicador ao qual
pode auxiliar na prevenção de doenças cardiovasculares, hipertensão ou Diabetes mellitus.
O desequilíbrio na temperatura corporal, faz com que o sistema nervoso simpático
(hipotálamo) estimule o trabalho das glândulas sudoríparas, levando ao processo da sudorese,
com o objetivo de manter o equilíbrio térmico corpóreo. Para destacar a importância da
regulação corpórea, estudos indicam que 1% do peso humano precisa ser evaporado como
suor, para prevenir um aumento de 10 ◦ C (SATO, 1983). Atualmente existem formas de
estimular o suor artificialmente, como por exemplo o processo de iontoforese utilizando
o íon carbacol. A chave para o entendimento do transporte da glicose está na análise do
funcionamento da glândula sudorípara écrina.

2.2.1.1 Glândula sudorípara écrina

A estrutura celular da glândula sudorípara écrina, difere dependendo das regiões


analisadas em seu eixo axial. A glândula possui um comprimento em torno de 2 − 4 mm e
com um diâmetro externo, que varia dependendo da região, sendo em média entre 30 − 60
µm (SATO, 1983). A bobina de secreção localizada na hipoderme, sendo indicada na
Figura 20, é o lugar ao qual são depositados a maioria dos biomarcadores presentes na
secreção da glândula écrina. Os capilares sanguíneos se encontram nessa camada, sendo
que o transporte das moléculas ocorre no fluído instersticial entre os vasos e as células da
glândula (LEGNER et al., 2019).

1 2 3 4
Figura 20 – As diferentes camadas da pele. Epiderme, Derme, Hipoderme, Plexo
superficial.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 43

2.2.1.2 Células e suas funções

As principais células e componentes da bobina de secreção são:

• Células claras: Responsáveis pela porção aquosa, são hipoteticamente definidas como
uma fonte dominante de secreção de suor por sua grande quantidade de mitocôndrias
(GARTNER, 2007);

• Células escuras: Responsáveis por produzir glicoproteínas, acredita-se que estão


envolvidas no transporte celular por membrana e também podem ter a capacidade
de agir como células claras (GARTNER, 2007);

• Células mioepiteliais: Formam uma rede de suporte entre a membrana basal, tem
função contrátil, de modo a conduzir as moléculas ao seu destino (GARTNER, 2007);

• Membrana Basal: Permite a ancoragem das células epiteliais ao tecido conjuntivo, tem
importante função na seleção por dimensão e cargas, no transito de moléculas e células
no meio extracelular através do epitélio (filtro para controle de macromoléculas)
(GARTNER, 2007).

Acima da hipoderme, o duto da glândula se alonga saindo do enovelamento a


caminho da superfície, essa parte se chama duto dermal localizado na derme. Neste trecho
alguns íons sofrem o processo de reabsorção (SATO, 1983). Suas principais células são:

• Células luminais: Apresentam microvilosidades para maior superfície de contato


resultando em mais absorção ou secreção (GARTNER, 2007);

• Células basais: Abundante em mitocôndrias, realizando papel ativo na reabsorção


do íon sódio (GARTNER, 2007).

2.2.1.3 Mecanismo e Biofísica

Para o processo de sudorese ocorrer, as substâncias presentes no plasma sanguíneo


dos capilares realizam difusão e "convecção impedida", chegando ao fluido intersticial.
Acredita-se que o transporte ao qual a molécula de glicose realiza do fluido intersticial à
glândula é a difusão entre as células da mesma (SAGA, 2002).
Estudos indicam que essa difusão ocorre, pois, entre as junções das células existe
uma dinâmica cíclica natural, ao qual redes de "fios" são formadas, se ramificam e após um
tempo se quebram, assim, moléculas como a glicose atravessam essas junções e adentram
no lúmen. Com isso é formada uma certa constante de permeabilidade ao qual é estudada
na Lei de Fick da Difusividade (LA COUNT et al., 2019).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 44

Figura 21 – Difusão das moléculas de glicose nas células da glândula. Adaptado de (JA-
JACK et al., 2018)

2.2.1.4 Lei de Fick da Difusividade

A lei declara que a transferência de massa é massa em trânsito como o resultado


de uma diferença de concentrações de uma determinada espécie em uma mistura. A
equação de taxa de difusão,escrita na forma vetorial, é conhecida como Lei de Fick da
Difusividade, representando a transferência da espécie A em uma mistura binária de A e
B (INCROPERA et al., 2008).

JA∗ = −CDAB ∇xA (2.16)

Esta lei define uma propriedade importante de transporte de massa, chamado de


coeficiente de difusividade, DAB .A grandeza JA∗ (kmol/(s.m2 )) é definida como fluxo molar
difusivo da espécie A (INCROPERA et al., 2008).

C = CA + CB (2.17)
CA
xA = (2.18)
C
Entre as junções das células da glândula acontece esse processo, pois existe uma
diferença de concentração entre a glicose no fluido intersticial e a glicose no lúmen. A
constante de difusividade D é análoga ao coeficiente de permeabilidade P , no estudo em
questão, pois é a grandeza responsável em possibilitar a passagem da molécula de glicose
entre as junções da célula, fornecendo o controle da diferença de concentração entre os
diferentes meios (INCROPERA et al., 2008).
Sendo assim, a equação,

Jglic = −CP ∇xglic (2.19)
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 45

é responsável pelo fluxo molar da glicose nas junções da célula. No entanto, a


concentração molar total, C, é aproximadamente uma constante, pois nessa situação é
trabalhada com a glicose diluída (xg ≪ 1). Portanto, a equação final, em sua forma vetorial
é:


Jglic = −P ∇Cglic (2.20)

A bobina de secreção, como já foi dito anteriormente, encontra-se na camada da


derme. O despejo de água se dá como forma de combater o gradiente osmótico gerado
pelos íons sódio e cloro aos quais são transportados pelo lúmen. As células claras da bobina
de secreção transportam o sódio dentro dos canais intracelulares11 . Como um resultado
do gradiente osmótico, a água, contida no fluido extracelular, flui através das células
restaurando o equilíbrio osmótico. Sendo assim, um fluido isotônico é formado. A fonte
de energia para esse processo ocorrer é derivado da glicólise aeróbica. Este metabolismo
pode ser estimulado por drogas colinérgicas12 e adrenérgicas13 , sugerindo que a glicose
está envolvida com o transporte de sódio nas células de secreção (LEGNER et al., 2019).

11
Parte da membrana plasmática apical que forma um canal de membrana luminal envolto estreito,
revestido com numerosos microvilos, que parece se estender para o citoplasma da célula.
12
São compostos que imitam a ação da acetilcolina ou butirilcolina.
13
Adrenérgico significa "trabalhar com adrenalina ou noradrenalina".
46

3 Materiais e métodos

O primeiro diagrama de blocos idealizado, para a placa teste é ilustrado na Figura


22. Em seu início do desenvolvimento, é definido o módulo responsável pelos métodos
eletroquímicos, sendo composto pelo potenciostato e eletrodo, juntamente com o desen-
volvimento de um suporte 3D para inserção do eletrodo flexível, ilustrado na Figura 11.
Logo após isso, o projeto aumenta sua complexidade com adaptação para um sistema
embarcado que possua comunicação NFC. Para isso, uma análise de alimentação é feita
para conseguir suportar a técnica de energy harvesting.

Figura 22 – Diagrama em blocos do módulo de teste.

3.1 Processamento do sinal eletroquímico


Nessa etapa é necessário desenvolver uma placa de circuito impresso para testes
iniciais do componente LMP91000, a fim de definir o firmware a ser utilizado e testes nas
células eletroquímicas. A placa foi projetada utilizando o software livre Kicad v6.0, os
conectores foram soldados para a placa ser acoplada ao suporte do eletrodo e o módulo
será controlado pelo microcontrolador ATmega168PA-MU, desenvolvido pela Atmel®. Os
eletrodos impressos em carbono, da empresa TailKuKe®, são utilizados para testes de
voltametria cíclica com auxílio de um suporte fabricado em impressora 3D, utilizando
filamento PLA. O projeto idealizado para o suporte pode ser visualizado nas Figuras 23 e
24.
Capítulo 3. Materiais e métodos 47

Figura 23 – Parte superior do suporte com eletrodo para visualização do encaixe.

Figura 24 – Parte inferior do suporte.

Como partida, soluções de Ferrocianeto de Potássio (K4 [Fe(CN)6 ]) com concentra-


ções de 6mM, 8mM, 10mM e 12mM foram testadas com o objetivo de validar o sistema,
obtendo a tensão de pico anódica e analisar o comportamento linear da corrente à medida
que a grandeza aumenta, um comportamento semelhante ao encontrado por "NKUNU
et al.", 2017. A faixa de concentração escolhida foi feita para validar mais de um valor
para encontrar uma relação de linearidade entre as correntes de pico anódicas da corrente
resultante no método da voltametria cíclica.
Foi definido o circuito integrado (CI) principal para este módulo, sendo o potenci-
ostato AFE LMP91000, por seu aspecto configurável e capacidade de tornar o sistema
personalizável, variando as tensões através dos registradores no barramento I2C. O compo-
nente de tensão de referência do circuito integrado Texas Instruments™ REF3020AIDBZT
tem a função de fixar 2,048 V na porta VREF do LMP91000. Para a fabricação da placa
de teste, foram verificados os valores dos capacitores de bypass recomendados e o projeto
recomendado para a produção de PCBs, através de seu datasheet. Para proteção dos
componentes, recomenda-se a utilização de fusível (contra curto-circuito), diodo Schottky
(contra polarização reversa) e ferrite (contra ruído em altas frequências). O diagrama
esquemático do circuito de referência e potenciostato para testes iniciais pode ser visto
nas Figuras 25 e 26.
Capítulo 3. Materiais e métodos 48

Figura 25 – Diagrama esquemático do circuito de tensão de referência.

Figura 26 – Diagrama esquemático do módulo do potenciostato.

Para a inserção do LMP91000, algumas considerações foram feitas pelo fabricante,


que recomenda inserir as portas para os eletrodos longe da comunicação I2C, portanto,
o design é feito para que ambos fiquem em lados opostos da placa, separando a parte
analógica da digital, para evitar ruídos em altas frequências (Texas Instruments, 2014).

3.2 Desenvolvimento do firmware inicial


O firmware foi desenvolvido utilizando a plataforma Arduino IDE v1.8.19, jun-
tamente com a biblioteca open source LMP91000.h criado por Linnes Lab. O código
consiste em inicializar as bibliotecas, sendo LMP91000.h um arquivo do tipo header que
contém todos os registradores I2C do componente utilizado. Outra biblioteca inicializada
é Wire.h que auxilia na comunicação I2C do Arduino. O fluxograma indicado na Figura
27, demonstra o funcionamento desse firmware incial.
Capítulo 3. Materiais e métodos 49

Figura 27 – Fluxograma para o funcionamento do firmware inicial.

Após a inicialização das bibliotecas, deve-se iniciar a comunicação I2C com o


potenciostato, para isso, é acionada a função Wire.begin() para ativar a biblioteca e
ingressar no barramento I2C como mestre ou escravo. Com isso, os registradores I2C
são manipulados através da função lmp91000.write(REGISTER_ADRESS,NEW_VALUE). O
modo de operação foi definido para célula amperométrica de três derivações do registrador
MODECN, o resistor de ganho foi ajustado para 35 kΩ e o resistor de carga foi ajustado para
10 Ω no registrador TIACN. Finalmente para o REFCN o zero interno foi ajustado para 50%
e a referência externa para 2,048 V fornecida pelo circuito integrado REF3020. Com isso,
os valores de cada registrador estão descritos na Tabela 4.

Tabela 4 – Valores para registradores do LMP91000

Registro Valor
TIACN 00010111
MODECN 00000011
REFCN 10110000

A voltametria cíclica é programada para nove ciclos, sendo iterações da função


Capítulo 3. Materiais e métodos 50

for, que altera a polarização através da modificação do registrador REFCN. Nesse campo,
é possível controlar o sinal e a porcentagem da tensão de referência que será enviada aos
eletrodos, utilizando a função lmp91000.setBias(VALUE) a cada passo. A saída é lida da
porta analógica A0 e os dados são inseridos em uma planilha em formato .csv. A leitura
e interpretação dos dados é feita a partir de um código Python, utilizando a biblioteca
Matplotlib.
Para obter a corrente (µA) na saída analógica do potenciostato, utiliza-se a seguinte
operação:

(VA0 − VREF ) · 106


IOU T = (3.1)
RT IA
Onde VA0 é a tensão obtida através da porta analógica, VREF é a tensão de referência
utilizada (2,048 V) e RT IA é a resistência configurada do amplificador de transimpedância.

3.3 Testes de voltametria cíclica e cronoamperometria


Para realizar os primeiros testes, além da placa de circuito impresso inicial projetada
e do código desenvolvido, foi necessário desenvolver um suporte 3D para fixar o eletrodo
de forma a conseguir a comunicação entre a PCB e o sensor. O suporte foi desenvolvido
em software open source FreeCAD v0.19 e impresso em 3D, utilizando filamento PLA. As
soluções feitas tem uma concentração de 6 mM a 12 mM de Ferrocianeto de Potássio com
uma concentração de Cloreto de Potássio (KCl) trinta vezes maior que o sal relatado na
Tabela 5. Essa concentração deve ser maior, pois a aplicação de uma diferença de potencial
entre eletrodos imersos em uma solução provoca a presença de um campo elétrico na
solução. O processo de migração causado por íons carregados negativamente resulta no
transporte de carga ou no fluxo de uma corrente elétrica (WESTBROEK, 2005). Para
suprimir a migração, KCl é adicionado em excesso (10 a 50 vezes a concentração de
Ferrocianeto de Potássio).

Tabela 5 – Relações de concentração entre K4 [Fe(CN)6 ] e KCl

K4 [Fe(CN)6 ] (mM) KCl (mM)


6.0 180.0
8.0 240.0
10.0 300.0
12.0 360.0

Três diferentes taxas de varredura foram selecionadas para realizar os testes,


utilizando a função delay(time_ms) para cada passo da voltametria cíclica. Cada passo
do ciclo tem um aumento ou diminuição de 2% da tensão de referência (0,4096 mV). Assim,
Capítulo 3. Materiais e métodos 51

27,3 mV/s, 40,9 mV/s e 82,0 mV/s foram usados como taxa de varredura para os testes.
Foram realizados um total de 24 ciclos para cada um dos testes, a fim de observar a
existência de ruído e obter valores mais precisos para análise.

3.4 Protótipo final


Já o diagrama de blocos, ilustrado na Figura 28, define quais são os módulos a
serem estudados e projetados para o sistema embarcado, sendo Alimentação, Potenciostato,
NFC e Controle. Com essa quantidade de módulos, principalmente pela utilização de
rádio frequência no projeto, leva-se considerações de design específicas, com o objetivo
de aumentar a performance da placa de circuito impresso. O fluxograma do protótipo
final deve obedecer o esquema ilustrado na Figura 29, para o desenvolvimento tanto do
aplicativo quanto do firmware para o microcontrolador.

Figura 28 – Diagrama em blocos dos módulos do protótipo final.

O desenvolvimento da placa de circuito impresso foi feita utilizando o software livre


KiCAD v6.0, sendo que o design da placa deve levar em consideração a miniaturização
e portabilidade do circuito. O esquemático final consiste na funcionalidade de realizar
operações de voltametria cíclica e cronoamperometria, em soluções localizadas nos eletrodos
com a energia disponibilizada pela comunicação NFC. O objetivo levado em consideração
na placa é padronizar um dispositivo para o uso em situações variadas para diferentes
analitos, com uma configuração exigida pelo usuário, inserida através do aplicativo.
Capítulo 3. Materiais e métodos 52

Figura 29 – Fluxograma geral de funcionamento para aplicativo e firmware do microcon-


trolador. Fonte: Autoral.

A lógica para o firmware inicial desenvolvido para o componente LMP91000 será


utilizado, porém novas bibliotecas serão desenvolvidas, seguindo o fluxograma completo
indicado na Figura 29. Nesse momento do desenvolvimento a STMCubeIDE 1.8.0 será
utilizada para debugging e criação do código. A JLCPCB foi a empresa selecionada para a
produção das PCB’s, pela sua agilidade de entrega e custo/benefício, com isso as regras
de design exigidas no projeto devem obedecer a aba de Capabilities contida no site da
empresa. Na Figura 30 é ilustrado um exemplo de dimensões que a empresa recomenda
para a fabricação de placas.

Figura 30 – Tabela de capabilities para dimesões de furos na placa. Fonte: (JLCPCB,


2022).
Capítulo 3. Materiais e métodos 53

O microcontrolador STM32L031G6U6, além de ter a capacidade de funcionar


com baixa potência como foi dito anteriormente na seção 2.1.5.1, possui as seguintes
especificações técnicas (ST Microelectronics, 2018):

• Intervalo de temperatura: -40 - 125 °C;

• Núcleo: ARM® 32-bit Cortex®-M0+;

• Clock: 32 kHz - 25 MHz;

• Memória Flash de 32 kB;

• Memória RAM de 8 kB;

• Memória EEPROM 1 kB;

• Conversor AD de 12 bits;

• Comunicação USART (ISO 7816, IrDA);

• Comunicação SPI 16 Mbits/s;

• Comunicação I2C (SMBus/PMBus).

3.5 Definir módulo comunicação NFC


Para o desenvolvimento desse módulo, sua construção foi feita seguindo a Application
Note disponibilizado pela ST Microelectronics™ (ST Microelectronics, 2019), ao qual cita
os passos para desenvolver uma antena para aplicações com tags NFC produzidas pela
empresa. Também é utilizada uma ferramenta livre fornecida pelo fabricante do circuito
integrado, chamada de NFC Inductance - eDesign, ilustrado na Figura 32, ao qual calcula
a indutância da antena a partir de parâmetros dimensionais inseridos na entrada.
O circuito integrado responsável pela escrita e leitura de dados é o circuito integrado
ST25DV64K, fabricado pela ST Microeletronics™, tag dinâmica de NFC/RFID com
EEPROM de 64 kB e rápida transferência de dados. O firmware para essa aplicação será
desenvolvido, utilizando a STM32CubeIDE v1.8.0, para utilização com o microcontrolador
de baixa potência STM32L031G6U6, sendo que antes dessa biblioteca, deve ser feito o
arquivo header e as funções de leitura/escrita para comunicação I2C. A ideia principal para
a comunicação a curta distância é que exista um aplicativo para iniciar um teste e receber
os dados via comunicação NFC, conforme a voltametria cíclica e cronoamperometria estão
em andamento.
Capítulo 3. Materiais e métodos 54

O módulo de comunicação foi definido da seguinte forma:

• O componente ST25DV64K, ilustrado na Figura 31, é uma tag NFC dinâmica


que pode tanto ler quanto receber dados e funciona com a comunicação I2C, com
possibilidade de alimentação por energy harvesting;

• A antena foi projetada com o auxílio da plataforma de design de antenas da ST


Microelectronics, ilustrado na Figura 32;

• Com a indutância teórica da antena calculada, conseguimos estipular qual é a


capacitância que deve estar inserida para obtermos a frequência de ressonância em
13,56 MHz. Com isso a equação utilizada para calcular esses valores foi a seguinte:

1
f0 = √ = 13, 56 M Hz (3.2)
2π Lant C1
• A capacitância C1 teórica é aproximadamente 49,376 pF, sendo assim para os
primeiros testes pode-se utilizar capacitores nos valores comerciais de 47pF 51pF,
ou associações em paralelo. A placa foi projetada sem preenchimento de cobre no
interior da antena, pois isso poderia gerar ruídos indesejáveis para a comunicação
NFC. O design do circuito e alguns valores tomaram como base a placa projetada
pela ST Microelectronics™, ao qual utiliza o mesmo componente ST25DV64K para
aplicações IoT (ST Microelctronics, 2018).

Figura 31 – Circuito esquemático do módulo comunicação NFC.

3.6 Definir módulo de alimentação


Primeiramente, foi realizado um estudo em relação à alimentação do circuito, sendo
que, é estipulado que a mesma possa ser feita utilizando uma bateria 2032 de 3 V. A
possibilidade de energy harvesting utilizando a tecnologia NFC não deve ser descartada,
após o processo de voltametria cíclica, sendo considerada como possível até a aferição
experimental do quanto de tensão/carga o dispositivo exigirá e do quanto o sinal NFC
pode fornecer. Caso não forneça a potência necessária, uma alimentação com baterias
externas deve suprir a energia do sistema. Com isso, deve possuir um circuito para chavear
Capítulo 3. Materiais e métodos 55

Figura 32 – Valores da antena projetada no software NFC Inductance da ST Microelectro-


nics. Fonte: (ST Microelectronics, 2022).

entre uma alimentação e outra, com o objetivo de prolongar a vida útil da bateria utilizada
no circuito.
Pensando no protótipo final, três linhas de alimentação principal devem ser proje-
tadas, com no mínimo 1.8 V para a alimentação do microcontrolador de baixa potência e
para a tag NFC. Outra linha de tensão deve ser a do módulo potenciostato, tanto para
sua alimentação interna sendo um valor entre 2,5 V e 5,0 V, quanto para um valor de
referência (2,048 V) utilizado nos processos de cronoamperometria e voltametria cíclica.
As opções para regular as tensões nessas faixas, são as seguintes para teste:

• ADP150: regular a tensão em 2.8 V, para alimentação interna do compoenentes


LMP91000, STM32L031G6U6 e ST25DV64K;

• REF3020: regular a tensão em 2,048 V para a alimentação de refêrencia do compo-


nente LMP91000.

3.7 Desenvolvimento do aplicativo


A função do aplicativo é de realizar a leitura, através da comunicação NFC,
dos dados amostrados pelo potenciostato e ilustrar de forma gráfica. O aplicativo foi
desenvolvido utilizando o framework React-Native e a linguagem de programação javascript.
A interface inicial conterá a opção de coleta de dados e a seção de visualização gráfica. Os
resultados de cálculos relacionados à Equação de Cottrel, como a difusividade do eletrodo
e concentração do substrato, serão inseridos na visualização gráfica. A comunicação NFC
do aplicativo com o circuito será utilizado o módulo “react-native-nfc-manager” e para
a visualização gráfica o módulo “react-native-chart-kit”, ambos possuem repositório no
Github e são instalados facilmente pelo terminal utilizando o gerenciador de pacotes yarn.
56

4 Resultados e Discussões

Os resultados a serem apresentados, serão divididos de acordo com uma sequencia


cronológica para melhor entendimento dos resultados.

4.1 Módulo responsável pelo processamento do sinal eletroquímico


O orçamento, disponibilizado na Tabela 6, para efetuar a compra dos componentes
foi feito no dia 30 de setembro de 2020, através da distribuidora Mouser.

Tabela 6 – Componentes da placa de testes iniciais (dados obtidos no dia 30/09/2020).


Componente Unidades Preço Loja
Capacitor SMD 0603 0.47 uF 1 $0.58 Mouser
Capacitor SMD 0603 0.1 uF 1 $0.58 Mouser
Capacitor SMD 0603 10 uF 1 $0.58 Mouser
Capacitor SMD 0603 0.1 uF 2 $1.16 Mouser
Diodo Schottky SMD SOD-123 B5819W 1 $0.40 Mouser
Fusível SMD 0603 500 mA 1 $0.45 Mouser
LMP91000 SD/NOPB 1 $5.01 Mouser
Indutor (Ferrite) SMD 0603 1 $0.12 Mouser
Resistor SMD 0603 2k2 1 $0.11 Mouser
Resistor SMD 0603 2k2 2 $0.22 Mouser
REF3020 SOT23-3 1 $1.57 Mouser

Foram idealizadas duas versões da placa para análise teórica, a primeira versão
possuía preenchimento de cobre somente na parte inferior da placa, sendo a camada de
terra. A segunda versão possuía o preenchimento em ambas as partes da placa e com
um conector no meio para aferir a tensão de referência da placa. A segunda versão foi
a escolhida, pois ela possui mais resistência a variações de temperatura e também é
melhor para os fabricantes não gastarem tanto ácido para corroer o cobre que não seria
utilizado. Um dos problemas da versão 1, que pode ser visualizada na Figura 33, é o vasto
caminho de elétrons que irão percorrer muito próximo das trilhas de sinais e alimentação.
Sendo que, como existe um clock em certa região da placa podemos ter um certo ruído
indesejável. Para corrigir isso, normalmente são colocadas vias próximas aos capacitores
de desacoplamento.
Os arquivos do projeto foram enviados para a empresa JLCPCB produzir 5 placas
em um período de 1 mês. O resultado final com os componentes é ilustrado na Figura 34.
Capítulo 4. Resultados e Discussões 57

Figura 33 – Versões 1 e 2 da placa teste projetadas no software livre Kicad.

Figura 34 – Primeiro módulo para os testes de voltametria cíclica e cronoamperometria.

4.2 Desenvolvimento do programa em relação à cronoamperometria


e à voltametria cíclica
O firmware foi desenvolvido com a utilização da plataforma Arduino, seguindo
os passos citados anteriormente. Os valores inseridos para os primeiros testes foram os
seguintes, seguindo os valores de registradores da Tabela 3:

• Resistor de carga com 10 Ω;

• Resistor de ganho no amplificador de transimpedância com 35 kΩ;

• Utilizar referência externa para a porta V_REF;

• Zero interno em 50%;

• Modo de utilização sendo amperométrico com três eletrodos.

Por fim, utilizando a voltametria cíclica programada para nove ciclos, sendo laços
da função for que alteram a polarização, através da função lmp91000.setBias(VALOR)
e pelo registrador REFCN controlando o sinal e porcentagem da tensão de referência que
será enviada aos eletrodos. A leitura da saída é feita a partir da porta analógica A0, com
uma taxa de amostragem em torno de 6,67 Hz (150 ms por amostra). Os resultados a
serem apresentados, serão divididos de acordo com uma sequencia cronologia para melhor
Capítulo 4. Resultados e Discussões 58

entendimento dos resultados.Os resultados a serem apresentados, serão divididos de acordo


com uma sequencia cronologia para melhor entendimento dos resultados. Os dados são
inseridos em uma planilha em formato .csv, através do seguinte comando no terminal do
linux: cat /dev/porta_arduino >> ~/dados_volt_cicl.csv. A leitura e interpretação
dos dados é feita a partir de um código em Python, utilizando a biblioteca matplotlib. O
código completo de voltametria cíclica tem como o seguinte resultado:
#i n c l u d e <Wire . h>
#i n c l u d e " LMP91000 . h "

LMP91000 lmp91000 ;

void setup ( void ) {


S e r i a l . begin (9600) ;
// I n i c i a l i z a a comunicacao I2C
Wire . b e g i n ( ) ;

int rate = 100;


int settling_time = 50;
lmp91000 . u n l o c k ( ) ;
// C o n f i g u r a c a o dos r e g i s t r a d o r e s
lmp91000 . w r i t e (LMP91000_TIACN_REG, 0 b00010100 ) ;
lmp91000 . w r i t e (LMP91000_REFCN_REG, 0 b10110000 ) ;
lmp91000 . w r i t e (LMP91000_MODECN_REG, 0 b00000011 ) ;

// R e a l i z a nove c i c l o s de v o l t a m e t r i a
f o r ( i n t j =0; j < 9 ; j ++){
lmp91000 . w r i t e (LMP91000_REFCN_REG, 0 b10110000 ) ;
f o r ( i n t i = 0 ; i < 1 3 ; i ++)
{
// A l t e r a c a o na porcentagem de t e n s a o
lmp91000 . s e t B i a s ( i ) ;
// L e i t u r a de Vout
S e r i a l . p r i n t ( analogRead (A0) ) ;
Serial . print ( " , " ) ;
Serial . println ( i ) ;
delay ( settling_time ) ;
delay ( rate ) ;
}
f o r ( i n t i = 1 1 ; i >= 0 ; i −−)
{
lmp91000 . s e t B i a s ( i ) ;
S e r i a l . p r i n t ( analogRead (A0) ) ;
Serial . print ( " , " ) ;
Serial . println ( i ) ;
delay ( settling_time ) ;
delay ( rate ) ;
Capítulo 4. Resultados e Discussões 59

}
lmp91000 . w r i t e (LMP91000_REFCN_REG, 0 b10100000 ) ;
f o r ( i n t i = 1 ; i < 1 3 ; i ++)
{
lmp91000 . s e t B i a s ( i ) ;
S e r i a l . p r i n t ( analogRead (A0) ) ;
Serial . print ( " , " ) ;
S e r i a l . p r i n t l n (− i ) ;
delay ( settling_time ) ;
delay ( rate ) ;
}
f o r ( i n t i = 1 1 ; i >= 0 ; i −−)
{
lmp91000 . s e t B i a s ( i ) ;
S e r i a l . p r i n t ( analogRead (A0) ) ;
Serial . print ( " , " ) ;
S e r i a l . p r i n t l n (− i ) ;
delay ( settling_time ) ;
delay ( rate ) ;
}

lmp91000 . s e t B i a s ( 0 ) ;
}

}
void loop ( void ) {
}
Capítulo 4. Resultados e Discussões 60

4.3 Testes de voltametria cíclica e cronoamperometria


Para realizar os primeiros testes além da placa inicial projetada e código desen-
volvido, foi necessário desenvolver um suporte para fixar o eletrodo com o objetivo de
possibilitar a comunicação entre a placa e o sensor. O suporte foi desenvolvido com o
uso do software livre FreeCAD e impresso em 3D, com o uso do filamento PLA. Para
ser possível o dimensionamento do suporte, foi necessário realizar o desenho técnico do
eletrodo, ilustrado na Figura 35. O suporte final pode ser observado na Figura 36.

Figura 35 – Desenho técnico do eletrodo impresso com suas medidas em milímetros.

Figura 36 – Suporte projetado em 3D juntamente com o eletrodo e os circuitos.

O teste de voltametria cíclica foi realizado em nove ciclos envolvendo uma faixa de
tensão de -486 mV a 486 mV, para uma taxa de varredura de 82 mV/s. Foram feitas três
amostragens para cada concentração, realizando uma média entre os dados obtidos para
cada amostragem. O resultado final da voltametria cíclica é ilustrado na Figura 37.
A tensão de pico anódica foi registrada na etapa que realiza a polarização positiva a
20% da tensão de referência, aproximadamente em 409,6 mV. Com isso, esse valor já pode
ser utilizado no processo de cronoamperometria com o objetivo de obter concentrações. Na
Figura 38 fica claro que a corrente de pico anódica aumenta à medida que a concentração
aumenta. Essa relação de acordo com a Equação de Cottrell, tende a ser linear, com isso,
outras análises são feitas realizando uma regressão linear.
Capítulo 4. Resultados e Discussões 61

Figura 37 – Voltametria cíclica realizada em diferentes soluções de ferrocianeto.

Figura 38 – Gráfico de correntes de pico anôdico em relação à concentração.

Foi obtido um coeficiente de determinação (R2), sendo 0,9795, comprovando que


existe uma relação entre os valores analisados pelo método de regressão linear, sendo um
valor próximo ao que seria ideal para este método eletroquímico. O valor de R2 significa
que o modelo linear explica 97,95% da variância de corrente a partir dos valores de
concentrações incluídos. Outro teste foi realizado com o objetivo de visualizar a mudança
na corrente de pico, quando a taxa de varredura diminui ou aumenta, com isso a Figura
39 mostra as mudanças para cada velocidade na concentração de 12 mM.

Figura 39 – Gráfico de correntes de pico anódicas em relação a taxa de escaneamento.

De acordo com a Figura 39, a corrente aumenta à medida que a taxa de varredura
aumenta, o mesmo comportamento observado no artigo de referência (NKUNU, 2017).
Capítulo 4. Resultados e Discussões 62

Os valores catódicos não foram obtidos com precisão, sendo considerado um erro na
análise pela parte negativa do ciclo, a principal hipótese para a causa é ruído e alta taxa
de varredura para esta amostragem. O distúrbio mecânico causado pela má junção dos
conectores é outro fator relacionado ao problema citado acima e foi utilizado apenas
o eletrodo de um fabricante, sem parâmetros para testar em outros eletrodos vestíveis.
Tratando-se de dados experimentais, a relação de corrente de pico anódico por corrente
de pico catódico, obtida experimentalmente deveria ficar próximo de 1, indicando que
está acontecendo algum erro em um dos ciclos. Pelo erro obtido e pela análise citada nos
resultados alcançados, a maior chance é de ser o ciclo negativo ou ruídos já observados
através do osciloscópio quando a voltametria cíclica atinge a parte negativa.
Para o primeiro experimento de cronoamperometria, ele é necessário para definir a
constante da Equação de Cottrel e essa seria basicamente uma etapa de calibração para o
eletrodo. Outros testes foram realizados, para as soluções com concentrações 6mM, 8mM,
10mM e 12mM. Com isso, o comportamento desejado é que o coeficiente angular das
retas na regressão aumente conforme a concentração seja maior. É possível visualizar os
resultados nos gráficos da Figura 40.

Figura 40 – O primeiro gráfico demonstra a curva de corrente em relação ao tempo no


momento da tensão de oxirredução, já no segundo a aplicação da regressão
linear nas curvas de corrente.

O comportamento esperado aconteceu, porém, visivelmente as concentrações (6mM


e 8mM) não estão coesas com as curvas, pois a curva de 6mM está muito próxima com
a de 8mM. Isso pode ser devido ao armazenamento incorreto da solução, o qual acabou
acarretando em sua alteração. Com isso, foi realizada uma média entre as constantes K
para as quatro amostras, para obter a concentração inicial de cada solução. Com isso, o
erro percentual para cada uma das soluções foi o seguinte:

Cteo − C exp |6, 00 − 7, 15|


E6mM = = = 19, 3% (4.1)
C teo 6, 00
Cteo − C exp |8, 00 − 7, 81|
E8mM = = = 2, 4% (4.2)
C teo 8, 00
Capítulo 4. Resultados e Discussões 63

Cteo − C exp |10, 00 − 8, 53|


E10mM = = = 14, 7% (4.3)
C teo 10, 00
Cteo − C exp |12, 00 − 11, 61 |
E12mM = = = 2, 2% (4.4)
C teo 12, 00

É interessante observar também, no primeiro gráfico, aparentemente há a influencia


de um ruido senoidal conforme a curva de corrente tende ao período transiente, sendo algo
indesejado no sistema para ser atenuado em futuras análises, aplicando a transformada de
Fourier, com o objetivo de analisar o espectro de frequências e atenuar valores indesejáveis
utilizando filtros.

4.4 Definir módulo potenciostato AFE


Após alguns testes, analisando no osciloscópio, a funcionalidade do componente
é validada, através do código de voltametria cíclica e cronoamperometria. Com isso é
mantida a ideia de utilizar o circuito integrado Potenciostato AFE LMP91000, ilustrado
no esquemático da Figura 11, para as operações de pesquisa. Em relação às dificuldades
desse módulo, o componente está em falta, devido a crise decorrente da pandemia e falta
de demanda, atualmente sua previsão para voltar a ser vendido na Mouser é no segundo
semestre de 2023. Enquanto isso os testes foram realizados com dois módulos LMP91000
finalizados conectados com o protótipo final, como é ilustrado na Figura 41.

Figura 41 – Conexão entre as duas placas projetadas.


Capítulo 4. Resultados e Discussões 64

4.5 Protótipo
O protótipo LSPC - v1.0, ilustrado na Figura 42, possui as seguintes dimensões:
53.4 x 52.4 x 1 mm.

Figura 42 – Placa com comunicação NFC desenvolvida para primeiros testes.

Na montagem da primeira placa, a ponta do ferro de solda estava com imperfeições


e perdeu o seu formato inicial, o que impossibilitou a solda correta dos componentes. Um
dos componentes principais (STM32L031G6U6) não teve perfeição na solda, o que poderia
acarretar em um mal funcionamento do microcontrolador. A placa após efetuar a solda
dos componentes pode ser visualizada na Figura ??.

Figura 43 – Placa com comunicação NFC devidamente soldada para os primeiros testes

4.5.1 Análise do módulo de alimentação


Existem duas formas de alimentação no módulo final, a primeira é através de uma
bateria de lítio CR2032, ao qual fornece uma tensão de 3 V. A bateria é acoplada a um
SMT HOLDER (SMTU2032-C), ilustrado na Figura 44, localizado na parte traseira da
PCB.
Capítulo 4. Resultados e Discussões 65

Figura 44 – SMT Holder SMTU2032. Fonte: (Mouser, 2021).

Com o objetivo de ter a economia de energia, a outra via de alimentação é dada


pelo energy harvesting, ao qual é a energia derivada do acoplamento magnético da antena
NFC do celular com a antena da placa. A tensão gerada depende do quão próximo estão as
duas antenas e consequentemente a intensidade do campo magnético. Com isso, deve existir
um componente para controlar quando uma alimentação ou outra deve ser selecionada.
Para isso, é utilizado o componente BAT54C ao qual em seu interior possui dois diodos na
seguinte configuração, ilustrada na Figura 45.

Figura 45 – Esquema de diodos do componente BAT54C. Fonte: (Vishay Semiconductors,


2017).

Se a tensão de entrada na porta 1 for maior que a tensão de entrada na porta 2,


a tensão na saída será a tensão de entrada na porta 1 subtraindo a queda de tensão do
diodo. Com isso o caminho da corrente será 1-3 (o contrário também é válido, sendo que
o caminho vai ser 2-3). Para alimentar o componente LMP91000 a tensão deve ser no
mínimo 2,7 V, sendo que para o microcontrolador e a tag NFC, no mínimo 1,8 V. Com
isso, deve-se ter uma fonte de alimentação que forneça no mínimo de um lado 2,5 V e 3,4
V. No circuito projetado para os primeiros testes da comunicação NFC ocorreu um erro
na primeira análise do projeto, pois não foi considerada a queda de tensão nos diodos do
componente BAT54C, o que impossibilita a alimentação por 3 V, com a carga exigida
pelos componentes. O regulador de tensão linear (ADP150AUJZ-2.8-R7) foi utilizado
para regular a tensão de entrada do LMP91000, porém utilizando a bateria “botão” e
considerando a queda de tensão não é possível seu funcionamento pois sua tensão de
entrada ( 2,3 V) é menor que a tensão a ser regulada na saída.
Outro regulador de tensão é o REF3020, utilizado para ser a tensão de referência do
componente LMP91000, esse sim consegue funcionar com os 2,3 V disponíveis da bateria
2032, após as quedas de tensão, sendo possível observar seu funcionamento na prática.
Para os LED’s que indicam quando está funcionando o energy harvesting, a resistência
é calculada da seguinte forma: primeiro deve-se obter a queda de tensão necessária para
Capítulo 4. Resultados e Discussões 66

ativar o LED, que é 2 V de acordo com o datasheet (Wurth Elektronik, 2019). Após isso é
necessário analisar qual a corrente necessária para observar realmente o LED funcionando,
sendo em torno de 15mA até 20mA, observando isso através dos gráficos disponibilizados
pelo datasheet, ilustrados na Figura 46. Considerando a alimentação em 5 V para os testes,
2V de queda de tensão, a resistência necessária para 15 - 20 mA será de 200 - 150 Ω.

Figura 46 – Gráficos para efetuar os cálculos do circuito responsável pelo acionamento dos
LED’s. Fonte: (Wurth Elektronik, 2019).

Com isso, o circuito final foi projetado, sendo ilustrado na Figura 47. Os itens em
funcionamento na placa de circuito impresso estão ilustrados na Figura 48.

Figura 47 – Circuito esquemático do módulo alimentação.


Capítulo 4. Resultados e Discussões 67

Figura 48 – Componentes do circuito de alimentação.

As dificuldades encontradas na parte da alimentação da placa ficaram em torno do


seguinte questionamento sobre a utilização do componente BAT54C. O CI em questão
impossibilita a alimentação do LMP91000 com o valor médio de tensão do energy harvesting,
a única possibilidade de alimentação seria obtendo valores extremos de tensão através
do acoplamento magnético (3.6V /3.45V) dados na Figura 18. Com isso, a placa não vai
funcionar corretamente, pois alimentando com 3 V e considerando a queda de tensão ( 0,7
V) no diodo do componente BAT54C, a tensão disponível a ser regulada é de 2,3 V, ao
qual impossibilita a alimentação do LMP91000. Para testar a placa projetada no momento,
deve-se inserir uma tensão maior que 3,5 V e efetuar a correção do módulo de alimentação
em outro protótipo de teste.

4.5.2 Correções para a segunda versão


A alimentação do protótipo LSPC - v1.0 é satisfatória, com o curto citado anterior-
mente entre as portas Vin /Enable do regulador ADP e também com a alimentação maior
do que 3,5 V, para suprir as quedas de energia. Porém, três erros em seu desenvolvimento
ao qual impossibilitaram o funcionamento correto da placa. Uma das correções pode ser
facilmente resolvida com a troca da resistência do LED. Outro erro é possível corrigir,
incluindo um curto entre a porta Vin e Enable no regulador de 2,8 V nas ligações da nova
placa. Com isso, o erro da alimentação da bateria 2032 é possível corrigir alimentando
Capítulo 4. Resultados e Discussões 68

com uma tensão superior a 3,5 V. As melhorias realizadas para a versão v2.0 foram as
seguintes:

• Incluir mais footprints de capacitores 0603 em paralelo com a antena para aumentar
a precisão da ressonância;

• Aumentar o comprimento dos pads do STM32L031, para facilitar a solda;

• Inseridos dois slots de bateria moeda em série para solucionar o problema da tensão
de entrada.

A solda foi feita da nova placa e um primeiro teste foi realizado. A maior dificuldade
encontrada no processo de solda foi em relação ao microcontrolador STM32L031G6U6.
Um ponto já observado de melhoria, seria uma distância maior entre os suportes de bateria
moeda, pois eles estão muito próximos um do outro, dificultando a inserção das baterias.
Um novo teste foi efetuado para validar a porta PB4, ao qual está a entrada analógica
para efetuar a leitura de dados da cronoamperometria/voltametria cíclica. Porém nesse
teste não houve êxito, sendo que foi constatado também que existia um curto entre a porta
SDA e o GND. Com isso, a solda foi realizada em uma nova placa e o mesmo problema foi
constatado. Uma investigação foi feita no footprint utilizado no software KiCAD v6.0 do
microcontrolador, comparando com o datasheet do STM32L031G6U6. Foi identificado que
existem duas footprints muito parecidas para o mesmo componente, como é ilustrado na
imagem a seguir:

Figura 49 – Footprint correto e incorreto (utilizado no projeto) respectivamente para o


microcontrolador. Fonte: (ST Microelectronics, 2018).

Portanto, uma nova placa foi efetuada para realizar esse ajuste. Com isso, a placa
final com as devidas melhorias foi finalizada para prosseguir com a programação final do
dispositivo. Na Figura 50 é possível visualizar o circuito final devidamente montado. Para
última placa projetada foi aferida a sua indutância utilizando um medidor LCR UT612,
fabricado pela UNI-T. A indutância aferida foi de 2,6 µH sendo próximo do calculado pelo
software com os valores descritos na figura 32, possuindo um desvio de 6,8%.
Capítulo 4. Resultados e Discussões 69

Figura 50 – Placa final v2.1 com comunicação NFC devidamente soldada para os primeiros
testes.

4.5.3 Firmware
Para o desenvolvimento de firmware desse projeto, primeiramente foi estudado a
arquitetura do microcontrolador, ilustrado na Figura 51 e seu mapa de memória.

Figura 51 – Arquitetura da família de microcontroladores STM32L031. Fonte: (ST Micro-


electronics, 2022)

Para desenvolver o código, foi utilizado o software STM32CubeIDE v1.8.0 e manual


de referência do microcontrolador STM32L031G6U6, como material de apoio para o
desenvolvimento das bibliotecas. As primeiras bibliotecas foram desenvolvidos para testes
iniciais, com o objetivo de verificar se o código estava sendo comunicado com a placa.
Para isso ser possível, é necessário ter o arquivo header de endereços básicos, como os
barramentos APB, AHB, GPIO, memória FLASH, SRAM e entre outros. O seguinte
trecho de código é um exemplo de como foram definidos alguns endereços no arquivo
stm32l031g6u6.h:
#d e f i n e PERIPH_BASE 0 x40000000U /∗ <Base a d d r e s s o f P e r i p h e r a l
R e g i s t e r s > ∗/
Capítulo 4. Resultados e Discussões 70

#d e f i n e APB1_BASEADDR PERIPH_BASE /∗ <Base a d d r e s s o f APB1 − P e r i p h e r a l


i n t h i s l o c a t i o n : TIMER2> ∗/
#d e f i n e APB2_BASEADDR 0 x40010000U /∗ <Base a d d r e s s o f APB2 − P e r i p h e r a l
i n t h i s l o c a t i o n : SYSCFG,
COMP> ∗/
#d e f i n e AHB_BASEADDR 0 x40020000U /∗ <Base a d d r e s s o f AHB − P e r i p h e r a l
i n t h i s l o c a t i o n : DMA1> ∗/
#d e f i n e IOPORT_BASEADDR 0 x50000000U /∗ <Base a d d r e s s o f IOPORT −
P e r i p h e r a l i n t h i s l o c a t i o n : GPIOA> ∗/

/∗
∗ b a s e a d r e s s e s o f p e r i p h e r a l s which a r e hanging on IOPORT bus
∗/

#d e f i n e GPIOA_BASEADDR (IOPORT_BASEADDR + 0 x0000 )


#d e f i n e GPIOB_BASEADDR (IOPORT_BASEADDR + 0 x0400 )
#d e f i n e GPIOC_BASEADDR (IOPORT_BASEADDR + 0 x0800 )
#d e f i n e GPIOD_BASEADDR (IOPORT_BASEADDR + 0x0C00 )
#d e f i n e GPIOE_BASEADDR (IOPORT_BASEADDR + 0 x1000 )
#d e f i n e GPIOH_BASEADDR (IOPORT_BASEADDR + 0x1C00 )

/∗
∗ b a s e a d r e s s e s o f p e r i p h e r a l s which a r e hanging on APB1 bus
∗/

#d e f i n e I2C1_BASEADDR (APB1_BASEADDR + 0 x5400 )


#d e f i n e I2C2_BASEADDR (APB1_BASEADDR + 0 x5800 )
#d e f i n e I2C3_BASEADDR (APB1_BASEADDR + 0 x7800 )

Após inserir os principais endereços do microcontrolador, foi criado um arquivo


header para iniciar a programação do driver da GPIO, inserindo endereços de pinos,
modos de operação das portas, velocidades, chamadas de função para início de clock no
barramento que a GPIO é conectada e ações de leitura/escrita nas portas. Com isso, o
último arquivo para esse teste inicial é o stm32l031g6u6_gpio_driver.c, onde as funções
de leitura/escrita nas portas são finalmente desenvolvidas. No seguinte trecho de código
existe um exemplo para a função de escrita na saída de um pino:
v o i d GPIO_WriteToOutputPin ( GPIO_RegDef_t ∗pGPIOx , uint8_t PinNumber ,
uint8_t Value )
{

i f ( Value == GPIO_PIN_SET)
{
pGPIOx−>ODR |= ( 1 << PinNumber ) ;
}
else
{
Capítulo 4. Resultados e Discussões 71

pGPIOx−>ODR &= ~(1 << PinNumber ) ;


}

Onde a função necessita dos dados de qual GPIO (A,B,C,D) será utilizada, o
número do pino e valor lógico desejado na saída. Com isso, se o valor for verdadeiro, é
configurado o registrador ODR (Output data register) como 1 na posição de memória
dependendo do número do pino. Na Figura 52 é possível ver os espaços dedicados para os
pinos do microcontrolador.

Figura 52 – Seção do manual de referência indicando o detalhamento do registrador ODR.


Fonte: ST Microelectronics, 2022).

Finalmente, o teste pode ser feito, desenvolvendo um programa simples, para


realizar o acionamento de um LED, utilizando a porta PB4, separada no desenvolvimento
do projeto, com a finalidade de realizar esse teste. O seguinte programa foi realizado:
#i n c l u d e <s t d i n t . h>
#i n c l u d e " . . / d r i v e r s / I n c / stm32l031g6u6 . h "
#i n c l u d e " . . / d r i v e r s / Inc / stm32l031g6u6_gpio_driver . h "
#i n c l u d e " . . / d r i v e r s / Src / stm32l031g6u6_gpio_driver . c "

void delay ( void )


{

f o r ( uint32_t i = 0 ; i < 50000 ; i ++) ;

i n t main ( v o i d )
{
GPIO_Handle_t GpioLed ;
Capítulo 4. Resultados e Discussões 72

GpioLed . pGPIOx = GPIOB ;


GpioLed . GPIO_PinConfig . GPIO_PinNumber = GPIO_PIN_NO_4;
GpioLed . GPIO_PinConfig . GPIO_PinMode = GPIO_MODE_OUT;
GpioLed . GPIO_PinConfig . GPIO_PinSpeed = GPIO_SPEED_FAST;
GpioLed . GPIO_PinConfig . GPIO_PinOPType = GPIO_OP_TYPE_PP;
GpioLed . GPIO_PinConfig . GPIO_PinPuPdControl = GPIO_NO_PUPD;

GPIO_PeriClockControl (GPIOB, ENABLE) ;


GPIO_Init(&GpioLed ) ;

while (1)
{
GPIO_WriteToOutputPin (GPIOB, GPIO_PIN_NO_4, 1 ) ;
delay () ;
GPIO_WriteToOutputPin (GPIOB, GPIO_PIN_NO_4, 0 ) ;
delay () ;

return 0;
}

Onde no código, primeiramente as configurações da GPIO são inseridas, após isso


o clock é iniciado para a GPIOB com as informações definidas anteriormente. Com isso,
entra em um loop escrevendo 1 e 0, juntamente com uma função simples de delay, ligando
e desligando o LED.
O desenvolvimento do código segue, partindo para a criação da biblioteca de I2C,
sendo a forma de comunicação entre os circuitos integrados LMP91000 e ST25DV64K,
com o microcontrolador. Os passos em seu início seguem o mesmo conceito de criação dos
arquivos header para endereços e registrador básicos da comunicação e em seguida seu
arquivo com funções como leitura, escrita, modos, velocidades e entre outras. O principal
desafio nesse momento foi de desenvolver o firmware para adequar às velocidades requeridas
nos datasheets dos componentes. Para isso, funções de inicialização do barramento e confi-
guração do clock com prescaler foram realizadas, dependendo de uma frequência de entrada
requerida pelo usuário para inicializar a I2C. Todas as bibliotecas desenvolvidas estão no
repositório github do projeto e possuem potencial para auxiliar futuros desenvolvimentos
que utilizem a família de microcontroladores STM32L031. Com o desenvolvimento da I2C,
foi possível realizar a leitura e comunicar com o circuito integrado LMP91000, porém para
o componente ST25DV64K a biblioteca utilizada não suportou o microcontrolador, pois
não estava identificando seu endereço I2C, tendo que ser modificada.
Com os problemas ocorridos na biblioteca do componente ST25DV64K, não foi
possível testar suas funcionalidades no sistema. Porém, para o componente LMP91000,
Capítulo 4. Resultados e Discussões 73

funciona como o esperado, conectando da forma ilustrada na Figura 41. O código para
cronoamperometria foi testado, utilizando a amostra de 10 mM, possuindo a resposta
indicada na Figura 53. O trecho desenvolvido do programa, com os comentários explicando
os trechos, é o seguinte:
#i n c l u d e <s t d i n t . h> // f u n c o e s b a s i c a s da linguagem C
#i n c l u d e " . . / d r i v e r s / I n c / stm32l031g6u6 . h "
#i n c l u d e " . . / d r i v e r s / Inc / stm32l031g6u6_gpio_driver . h "
#i n c l u d e " . . / d r i v e r s / Src / stm32l031g6u6_gpio_driver . c "
#i n c l u d e " . . / d r i v e r s / I n c / lmp91000 . h "
#i n c l u d e " . . / d r i v e r s / I n c / lmp91000 . c "
#i n c l u d e " . . / d r i v e r s / I n c / stm32l031g6u6_i2c . h "
#i n c l u d e " . . / d r i v e r s / I n c / stm32l031g6u6_i2c . c "
#i n c l u d e " . . / d r i v e r s / I n c / stm32l031g6u6_usart . h "
#i n c l u d e " . . / d r i v e r s / I n c / stm32l031g6u6_usart . c "

// Chamada da f u n c a o que p o s s i b i l i t a o p r i n t na s e r i a l para debug


HAL_Init ( ) ;
SystemClock_Config ( ) ;
USART2_UART_Init ( ) ;
uint8_t MSG[ 3 5 ] = { ’ \0 ’ } ;
uint8_t X = 0 ;
// C o n f i g u r a c a o da GPIO para l e i t u r a a n a l o g i c a
GPIO_Handle_t GpioPB4 ;
GpioPB4 . pGPIOx = GPIOB ;
GpioPB4 . GPIO_PinConfig . GPIO_PinNumber = GPIO_PIN_NO_4;
GpioPB4 . GPIO_PinConfig . GPIO_PinMode = GPIO_MODE_READ;
GPIO_PeriClockControl (GPIOB, ENABLE) ;
GPIO_Init(&GpioPB4 ) ;

void delay ( void )


{

f o r ( uint32_t i = 0 ; i < 50000 ; i ++) ;

i n t 1 6 _ t opVolt = 2 0 4 8 ; // m i l l i V o l t s s e e s t a t r a b a l h a n d o com a t e n s a o de 3 , 3
V
uint8_t r e s o l u t i o n = 1 2 ; //12− b i t s ( r e s o l u c a o do m i c r o c o n t r o l a d o r )

i n t main ( v o i d )
{

I2C_Init ( ) ; // I n i c i a a comunicacao I2C com f r e q u e n c i a padrao


Capítulo 4. Resultados e Discussões 74

p S t a t = LMP91000_Init ( ) ;
// I n i c i a a f u n c a o de cronoamperometria
runAmp ( 2 , 0 , 5 0 0 0 , 2 0 , 5 0 0 0 , 4 0 8 , 5 0 0 0 , 8 0 , 6 ) ;

/∗
∗ Funcao : runAmp

∗ O b j e t i v o : P l o t a r dados de t e n s a o , tempo , c o r r e n t e do p r o c e s s o de
cronoamperometria
∗ para a n a l i s a r dados com o uso da equacao de c o t t r e l

∗ Entradas : u s e r _ g a i n ( Ganho ) , pre_stepV ( t e n s a o i n i c i a l (V0) ) ,
∗ quietTime ( tempo morto para a t e n s a o i n i c i a l ) , v1 ( p r i m e i r o
s t e p de t e n s a o em mV) ,
∗ t 1 ( tempo para o p r i m e i r o s t e p de t e n s a o em ms) , v2 ( segundo
s t e p de t e n s a o em mV) ,
∗ t 2 ( tempo para o segundo s t e p de t e n s a o em ms) , s a m p l e s (
numero de a m os t ra s ) , r a n g e ( unidade de c o r r e n t e )
∗ r a n g e = 12 i s p i c o a m p e r e s
r a n g e = 9 i s nanoamperes
r a n g e = 6 i s microamperes
range = 3 i s milliamperes

∗ S a i d a s : Tensao , tempo , c o r r e n t e

∗/
}

// r a n g e = 12 − p i c o a m p e r e s
// r a n g e = 9 − nanoamperes
// r a n g e = 6 − microamperes
// r a n g e = 3 − milliamperes

v o i d runAmp ( uint8_t user_gain , i n t 1 6 _ t pre_stepV , uint32_t quietTime ,


i n t 1 6 _ t v1 ,
uint32_t t1 , i n t 1 6 _ t v2 , uint32_t t2 , uint16_t samples , uint8_t r a n g e )
{
p S t a t . disableFET ( ) ; // MODECN[ 7 ] = 0
p S t a t . s e t G a i n ( u s e r _ g a i n ) ; // TIACN [ 4 : 2 ] = 2 = 010 => 3 . 5kOhm
p S t a t . setRLoad ( 0 ) ; // TIACN [ 1 : 0 ] = 0 = 10 Ohm
p S t a t . s e t I n t R e f S o u r c e ( ) ; // REFCN[ 7 ] = 1 => I n t e r n o ( Vcc )
p S t a t . s e t I n t Z ( 1 ) ; // REFCN [ 6 : 5 ] = 01 => 50% Zero i n t e r n o
p S t a t . setThree Lead ( ) ; // MODECN[ 2 : 0 ] = 011 => Tres e l e t r o d o s
p S t a t . s e t B i a s ( 0 ) ; // REFCN [ 3 : 0 ] = 0 = 0% de p o l a r i z a c a o

pStat . unlock ( ) ;
p S t a t . w r i t e (LMP91000_TIACN_REG, 0 b00010100 ) ; // Rload = 10ohm ,
Capítulo 4. Resultados e Discussões 75

TIA_Gain = 35kohm
p S t a t . w r i t e (LMP91000_REFCN_REG, 0 b10110000 ) ; // ExtRef , IntZ = 20%,
I n i c i a neg , 0% b i a s
p S t a t . w r i t e (LMP91000_MODECN_REG, 0 b00000011 ) ; // FET_Short = 0 , 3− l e a d
amperometric

// P r i n t column h e a d e r s
String current = " " ;
i f ( r a n g e == 1 2 ) c u r r e n t = " Current (pA) " ;
e l s e i f ( r a n g e == 9 ) c u r r e n t = " Current (nA) " ;
e l s e i f ( r a n g e == 6 ) c u r r e n t = " Current (uA) " ;
e l s e i f ( r a n g e == 3 ) c u r r e n t = " Current (mA) " ;
e l s e c u r r e n t = "ERRO" ;

s p r i n t f (MSG, " V o l t a g e (mV) , Time (ms) , "+c u r r e n t ) ;


HAL_UART_Transmit(& huart2 , MSG, s i z e o f (MSG) , 1 0 0 ) ;

i n t 1 6 _ t v o l t a g e A r r a y [ 3 ] = { pre_stepV , v1 , v2 } ;
uint32_t timeArray [ 3 ] = { quietTime , t1 , t 2 } ;

// i = 0 −> t e n s a o i n i c i a l
// i = 1 −> p o t e n c i a l de r e d u c a o
// i = 2 −> p o t e n c i a l de o x i d a c a o

f o r ( uint8_t i = 0 ; i < 3 ; i ++)


{

// C a l c u l a o tempo para uma amostra

uint32_t f s = timeArray [ i ] / s a m p l e s ;

// Chama a f u n c a o para e n c o n t r a r o v a l o r mais proximo de p o l a r i z a c a o


para o s v a l o r e s dos 2 s t e p s de e n t r a d a

v o l t a g e A r r a y [ i ] = determineLMP91000Bias ( v o l t a g e A r r a y [ i ] ) ;

/∗
∗ Funcao : determineLMP91000Bias ( v o l t a g e A r r a y [ i ] )

∗ O b j e t i v o : Retorna um novo v a l o r da p o s i c a o do r e g i s t r o TIA_BIAS , para
ser a polarizacao correta
∗ e sua porcentagem para a l c a n c a r o v a l o r proximo de t e n s a o redox
desejada .

∗ Entradas : v o l t a g e A r r a y [ i ]
∗ i = 0 −> t e n s a o i n i c i a l
i = 1 −> t e n s a o de r e d u c a o
Capítulo 4. Resultados e Discussões 76

i = 2 −> tensAo de o x i d a c a o
∗ S a i d a s : r e t o r n a +−posicao_TIA_BIAS .


∗/

// S e l e c i o n a o s i n a l da p o l a r i d a d e

i f ( voltageArray [ i ] < 0) pStat . setNegBias ( ) ;


e l s e pStat . setPosBias ( ) ;

// Usa o m i l l i s n e s s a p a r t e , para t e r a c a p t u r a do tempo , que e uma


v a r i a v e l i m p o r t a n t e para a a n a l i s e por Equacao de C o t t r e l

unsigned long startTime = millis_stm32 ( ) ;

// S e t a a p o l a r i z a c a o/%V r e f

p S t a t . s e t B i a s ( abs ( v o l t a g e A r r a y [ i ] ) ) ;
w h i l e ( m i l l i s _ s t m 3 2 ( ) − s t a r t T i m e < timeArray [ i ] )
{
s p r i n t f (MSG, ( uint16_t ) ( opVolt ∗TIA_BIAS [ abs ( v o l t a g e A r r a y [ i ] ) ] ∗ (
v o l t a g e A r r a y [ i ] / abs ( v o l t a g e A r r a y [ i ] ) ) ) ) ;
s p r i n t f (MSG, " , " )
s p r i n t f (MSG, m i l l i s _ s t m 3 2 ( ) ) ;
s p r i n t f (MSG, " , " )
f l o a t a n a l o g = Analog_Read (PORTB, 4 ) ;
f l o a t corrente_ua = ( ( ( ( analog ∗ 5 . 0 ) /1024.0) − 2 . 0 4 8 ) /(35000.0) )
∗1000000.0;
s p r i n t f (MSG, c o r r e n t e _ u a ) ;
HAL_UART_Transmit(& huart2 , MSG, s i z e o f (MSG) , 1 0 0 ) ;
// p S t a t . g e t C u r r e n t ( p S t a t . getOutput (A0) , opVolt / 1 0 0 0 . 0 , r e s o l u t i o n )
// Ele l e o v a l o r a n a l o g i c o de A0 , c o n v e r t e e s s e v a l o r na t e n s a o de
s a i d a do a m p l i f i c a d o r de t r a n s i m p e d a n c i a ,
// para d e p o i s c o n v e r t e r em c o r r e n t e de a c o r d o com a equacao que
depende do ganho do a m p l i f i c a d o r .

// d e l a y para o tempo de cada amostra


delay () ;
}
}

// Termina com 0 V
pStat . s e t B i a s (0) ;
}
Capítulo 4. Resultados e Discussões 77

s i g n e d c h a r determineLMP91000Bias ( i n t 1 6 _ t v o l t a g e )
{

// D e f i n e o s i n a l de t e n s a o

signed char p o l a r i t y = 0 ;
i f ( v o l t a g e < 0 ) p o l a r i t y = −1;
else polarity = 1;

// V a r i a v e i s da f u n c a o v1 , v2 ( nao−g l o b a i s ) , para manipulacao de dados


i n t 1 6 _ t v1 = 0 ;
i n t 1 6 _ t v2 = 0 ;

// C o l e t a o modulo do v a l o r de t e n s a o em mV

v o l t a g e = abs ( v o l t a g e ) ;

i f ( v o l t a g e == 0 ) r e t u r n 0 ;

// I t e r a c a o f o r , t e s t a n d o p o s s i v e i s t e n s o e s que o p o t e n c i o s t a t o p o s s a
atingir
// ( compara com [ i ] e [ i +1] para v e r s e o v a l o r e s t a d e n t r o ) , de a c o r d o
com a t e n s a o de r e f e r e n c i a , ao q u a l o p o t e n c i o s t a t o p o s s a a t i n g i r .

f o r ( i n t i = 0 ; i < NUM_TIA_BIAS−1; i ++)


{
v1 = opVolt ∗TIA_BIAS [ i ] ;
v2 = opVolt ∗TIA_BIAS [ i + 1 ] ;

i f ( v o l t a g e == v1 ) r e t u r n p o l a r i t y ∗ i ;
e l s e i f ( v o l t a g e > v1 && v o l t a g e < v2 )
{
i f ( abs ( v o l t a g e −v1 ) < abs ( v o l t a g e −v2 ) ) r e t u r n p o l a r i t y ∗ i ;
e l s e r e t u r n p o l a r i t y ∗ ( i +1) ;
}
}
return 0;
}

O comportamento senoidal ainda manteve no inicio, porém aparentemente está


mais atenuado no regime transiente, indicando uma melhoria na influência de ruídos
eletromagnéticos na placa de circuito impresso. Realizando a transformada de Fourier no
sinal, constata-se pela Figura 54, que os ruídos de maior amplitude estão localizados nas
baixas frequências entre 0 e 2 Hz, com um leve aumento na amplitude quando se aproxima
de 3 Hz.
Capítulo 4. Resultados e Discussões 78

Figura 53 – Curva de corrente em relação ao tempo no momento da tensão de oxirredução


para a concentração de 10mM, comparando com a primeira curva obtida na
placa teste.

Figura 54 – Espectro de frequências para a curva de corrente amostrada no protótipo final.

4.6 Desenvolvimento do aplicativo


Parte do aplicativo foi desenvolvido utilizando o framework React-Native e a
linguagem de programação javascript. A comunicação NFC do aplicativo foi testada
com êxito com algumas tags utilizando a biblioteca react-native-nfc-manager e para
a visualização gráfica o módulo react-native-chart-kit. A estrutura de arquivos do
projeto utilizando React-Native é ilustrada na Figura 55.
O arquivo de início App.js juntamente com index.js inicializam o aplicativo, den-
tro da pasta app, possui as paginas e arquivos relacionados às telas que foram desenvolvidas
para teste. Os itens contidos nessa pasta são ilustrados na Figura 56.
Capítulo 4. Resultados e Discussões 79

Figura 55 – Estrutura de arquivos para aplicativo em React Native.

Figura 56 – Estrutura de arquivos para a pasta.

Onde o diretório assets é o local onde são inseridas figuras e fontes, routes possui
o arquivo homeStack.js que tem a função de inserir quais são as telas do aplicativo e
seus respectivos códigos que serão carregados. Finalmente a pasta screens com as telas
desenvolvidas. A tela inicial do aplicativo é ilustrada na Figura 57.

Figura 57 – Página inicial do aplicativo desenvolvido.

Nela existem três botões, sendo "Iniciar Teste" para realizar uma leitura simples
de uma tag NFC, já o botão "Dados" leva para uma tela ao qual são disponibilizados
Capítulo 4. Resultados e Discussões 80

gráficos de linha para testes da biblioteca react-native-chart-kit e o botão "Sobre


o Aplicativo" com informações do projeto. A leitura de tags é realizada pelo aplicativo,
constatando o funcionamento da biblioteca utilizada, sendo a principal função de leitura
descrita no código abaixo:
componentDidMount ( ) {
NfcManager . s t a r t ( ) ;
NfcManager . s e t E v e n t L i s t e n e r ( NfcEvents . DiscoverTag , t a g => {
c o n s o l e . warn ( ’ t a g ’ , t a g ) ;
NfcManager . s e t A l e r t M e s s a g e I O S ( ’ I g o t your t a g ! ’ ) ;
NfcManager . u n r e g i s t e r T a g E v e n t ( ) . c a t c h ( ( ) => 0 ) ;
}) ;
}

Inicia a comunicação NFC do celular para realizar um processo de leitura através


da função NfcManager.start() e verifica se existe valor disponível para leitura na tag,
alertando o valor na tela do celular.
81

5 Conclusão

Para os objetivos que foram planejados para este projeto, ele desempenha a função
principal de teste de voltametria cíclica, sendo possível observar os valores de tensão e
corrente de pico anódicos, com o objetivo de proceder aos testes de cronoamperometria,
obtendo a concentração de substâncias. Para tornar a análise mais precisa, próximos estudos
relacionados ao projeto podem consistir em adaptar as conexões de suporte, pois em alguns
testes resultaram em perturbações mecânicas, impactando na amostragem da solução.
Outro ponto seria realizar testes de cronoamperometria em soluções de ferrocianeto com
concentrações maiores e investigar os valores catódicos de voltametria cíclica, com o objetivo
de aumentar o intervalo de análise. Nos gráficos de resultado para cronoamperometria, um
comportamento indesejado foi visualizado no início da curva, indicando uma influência de
ruído, constatado através do espectro, sendo de baixa frequência. Para isso, complementa
a ideia anterior de melhorar a resposta do circuito, estudando o espectro de frequências
do sinal e inserindo um filtro para esse fator. Outra questão interessante na adaptação
do sistema seria testar outras soluções e eletrodos de outros fornecedores, para aumentar
a confiabilidade do projeto. Em relação às dificuldades encontradas na parte de definir
os módulos do circuito, o componente LMP91000 atualmente está em falta no mercado,
devido principalmente a crise decorrente da pandemia e falta de demanda, atualmente
sua previsão para voltar a ser vendido nas distribuidoras é no segundo semestre de 2023.
Ocorreu uma demora para a chegada dos componentes e placas, sendo que somando esses
atrasos resultou em dois meses de espera para conseguir efetuar alguns testes, com isso,
as validações para comunicação NFC não foram efetuados a tempo, porém o circuito já
está projetado com as especificações devidas da antena e com o módulo que performa os
métodos eletroquímicos funcionando corretamente.
Para os objetivos específicos traçados no desenvolvimento desse trabalho, houve a
validação da lógica dos modelos de voltametria cíclica e cronoamperometria, utilizando
Arduino IDE para primeiros testes, pois os métodos foram realizados de acordo com o
comportamento desejado, atingindo a personalização dos passos de tensão realizado pelo
potenciostato LMP91000. A biblioteca para a utilização do microcontrolador funcionou
como o esperado, validando seu comportamento com o teste de configuração do barramento
GPIO para o acionamento do LED. Para a utilização de periféricos, a biblioteca de
comunicação I2C foi desenvolvida com sucesso, identificando o endereço do componente
LMP91000 e realizando processos de leitura e escrita. Porém para o transponder NFC, a
comunicação não foi efetuada, sendo um processo para futuros estudos, validando com
outros tipos de circuitos para comunicação NFC. A precisão projetada para a indutância
da antena foi teoricamente suficiente para ter uma boa sintonização com o celular, com isso
Capítulo 5. Conclusão 82

a potência entregue ao circuito tende a ser suficiente para a alimentação do sistema. Como
diferentes configurações foram inseridas com sucesso no circuito integrado LMP91000, ele
prova sua capacidade de ser versátil em diferentes análises.
83

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