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DIFICULDADES E FACILIDADES DOS DOENTES NO SEGUIMENTO DO

TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL

DIFFICULTIES A N D FACILITIES OF THE PATIENTS IN FOLLOWING THE


TREATMENT OF ARTERIAL HYPERTENSION

Valdênia Dias de Castro*


Mareia Regina Car**

C A S T R O , V.D.; CAR, M.R. D i f i c u l d a d e s e f a c i l i d a d e s dos d o e n t e s no s e g u i m e n t o do t r a t a m e n t o da h i p e r t e n s ã o arterial.


R e v . E s c . E n f . U S P , v.33, n.3, p.294-304, set. 1999.

RESUMO

Este estudo teve por objetivos identificar as dificuldades e as facilidades de doentes no seguimento do tratamento da
hipertensão arterial; e, verificar se existem diferenças nessas dificuldades e facilidades em dois momentos dessa
trajetória - no atendimento ambulatorial e na internação. Para este estudo descritivo, quantitativo, foram entrevistados
34 doentes, com diagnóstico médico de hipertensão arterial (HA) e/ou suas complicações, sendo 17 matriculados no
ambulatório e 17 hospitalizados na unidade de internação de nefrologia. Os resultados revelaram que, em geral, não
houve diferenças entre as dificuldades e as facilidades referidas pelos doentes para o seguimento do tratamento da
HA, nos dois momentos estudados. As dificuldades e facilidades apontadas referem-se ao financiamento do tratamento
(compra de medicamento e gastos com transporte); acessibilidade ao serviço (facilidade em marcar consulta médica
e distância do serviço de saúde); mudança de hábito alimentar (dieta hipossódica) e a importância do apoio familiar
nesta trajetória.

UNITERMOS: Pressão arterial. Hipertensão.

ABSTRACT

This study aims to identify difficulties and facilities of the patients in following the treatment of the arterial
hypertension; and, to verify differences that exist between those difficulties and facilities in two moments of the
trajectory - in the ambulatorial treatment and in the hospital stay. For this quantitative, descriptive study, 34 patients
with medical diagnosis of arterial hypertension or its complications were interviewed, being 17 registered in the
ambulatorial unit and 17 hospitalized in the nefrology unit. The results of the study revealed that, in general, there
were no differences among the difficulties and the facilities referred by the patients for the following of the treatment
in the two studied moments. The difficulties and facilities pointed out by the patients refer to the financing of the
treatment (medication purchase and expenses with transport); accessibility to the service (easiness in marking medical
consultation and distance of the service of heakth); change of alimentary habit (hipossodic diet) and the importance
of the family support in this trajectory.

UNITERMS: Blood pressure. Hypertension.

1 INTRODUÇÃO

O controle da h i p e r t e n s ã o a r t e r i a l , na a longo prazo p a r a o organismo, ou seja, quanto


prevenção de riscos para as doenças m a i o r a PA ( s i s t ó l i c a ou d i a s t ó l i c a ) m a i o r é a
cardiovasculares e r e n a i s , envolve a complexidade ocorrência de complicações nos órgãos-alvo: cérebro,
do seguimento do seu t r a t a m e n t o . As condições de coração, visão, vasos, r i n s (BRASIL, 1993a).
pressão a r t e r i a l (PA) elevada t r a z e m conseqüências

Enfermeira. Instituto de Infectologia Emílio Ribas.


E n f e r m e i r a . P r o f e s s o r a D o u t o r a do D e p a r t a m e n t o d e E n f e r m a g e m M é d i c o - C i r ú r g i c a da E s c o l a de E n f e r m a g e m da U S P
A HA e o rim interagem de forma íntima e são atendidos a d e q u a d a m e n t e , a u m e n t a n d o , assim,
complexa podendo a p r i m e i r a ser c a u s a ou o risco p a r a as complicações cardíacas, cerebrais e
conseqüência de doença renal. Um defeito n a função r e n a i s . E s t a s complicações diminuem a qualidade e
renal quase certamente está associado n a patogenia a expectativa de vida (BRASIL, 1988).
da hipertensão essencial (primária), e n q u a n t o que A adesão do paciente hipertenso, portanto, é
a insuficiência r e n a l crônica (IRC) é a causa mais f u n d a m e n t a l p a r a se obter o controle da pressão
comum de hipertensão arterial secundária. Portanto, arterial, porém, a i n d a constitui um g r a n d e desafio
"há u m a c o r r e l a ç ã o e n t r e o n í v e l de P A e a p a r a a equipe de s a ú d e , v i s t o as a l t a s t a x a s de
progressão da insuficiência renal. A incidência e a abandono (cerca de 30 a 50%), principalmente entre
intensidade da hipertensão aumentam os a s s i n t o m á t i c o s . São i n ú m e r o s os fatores que
p r o g r e s s i v a m e n t e à m e d i d a que a função r e n a l d e t e r m i n a m os baixos índices de adesão, apesar da
deteriora, de forma que todos os pacientes com IRC eficácia dos m e d i c a m e n t o s no controle dos níveis
estão h i p e r t e n s o s q u a n d o i n i c i a m o t r a t a m e n t o pressóricos. Estes fatores estão relacionados,
dialítico" (PASCOAL; MION JR., 1996). p r i n c i p a l m e n t e , à d o e n ç a , ao m e d i c a m e n t o , aos
Segundo THOME (1994), as doenças renais são p a c i e n t e s e ao médico ( D E L I T T I ; SILVA, 1996;
menos incidentes do que outros problemas de saúde P I E R I N et a l , 1984; B L A C K ; M A T A S S A R I N -
pública no Brasil, porém os custos sócio-econômicos JACOBS, 1993).
são elevados. E n t r e t a n t o , em nosso país são poucos O u t r a q u e s t ã o i m p o r t a n t e p a r a a eficácia do
os estudos sobre formas de prevenção p a r a essas t r a t a m e n t o é a acessibilidade ao serviço de saúde.
doenças, uma vez que havendo prevenção e controle S e g u n d o F L E U R Y ; G I O V A N E L L A (1996),
p a r a a HA p r o v a v e l m e n t e r e v e r t e - s e a a g r e s s ã o "acessibilidade, além da disponibilidade de recursos
renal. de atenção à saúde em d e t e r m i n a d o local e tempo,
D e n t r e os fatores de risco p a r a as doenças c o m p r e e n d e as c a r a c t e r í s t i c a s dos r e c u r s o s que
cardiovasculares, a HA é um dos mais i m p o r t a n t e s , facilitam ou dificultam o seu uso por p a r t e dos
afetando cerca de 11 a 20% da população entre idade c l i e n t e s . Ou seja, é o g r a u de a j u s t e e n t r e as
acima de 20 anos (BRASIL, 1988). Estima-se que no características dos r e c u r s o s de atenção à saúde e as
Brasil cerca de 15% da população a d u l t a possa ser da população no processo de busca e obtenção da
r o t u l a d a como h i p e r t e n s a , a u m e n t a n d o - s e a atenção". Ou melhor dizendo, é a capacidade de um
prevalência a medida que a idade avança. A HA grupo p a r a b u s c a r e obter atenção.
"considerada um dos principais fatores de risco de Portanto, segundo os autores referidos acima,
morbidade e mortalidade cardiovasculares, seu alto acesso é um conjunto de fatores adequados entre o
custo social é responsável por cerca de 40% dos casos cliente e o sistema de saúde, tais como: disponibilidade,
de a p o s e n t a d o r i a precoce e de a b s e n t e í s m o no acessibilidade, acomodação, capacidade financeira e
trabalho em nosso meio". O controle adequado dessa aceitabilidade. Assim, os serviços de saúde recebem
s i t u a ç ã o r e d u z s i g n i f i c a t i v a m e n t e os r i s c o s influências dos s e g u i n t e s fatores: sócio-culturais,
individuais e os custos sociais" (CONSENSO, 1998). f a t o r e s r e l a c i o n a d o s ao c o n s u m i d o r , f a t o r e s
Estudos patrocinados pelo Banco M u n d i a l e r e l a c i o n a d o s ao p r e s t a d o r de s e r v i ç o ; f a t o r e s
pela OMS encontraram resultados que dão u m a idéia organizacionais; características da e s t r u t u r a ;
de com a hipertensão está r e p r e s e n t a d a no mundo. acessibilidade geográfica (distância, tempo, custo da
Evidenciou-se m a i o r s o b r e c a r g a p a r a os p a í s e s viagem); processo de prestação de cuidado.
subdesenvolvidos, já que sua população é a p e n a s um O u t r o conceito considera acessibilidade como
terço da população total. "Das 50 milhões de mortes "uma noção complexa, i n t e g r a d a pelas categorias de:
estimadas no m u n d o p a r a 1990, quase 3 milhões, distância/tempo e n t r e a população e as unidades de
ou 5,8% poderiam ser atribuídas à HA, variando este s a ú d e ; o p o r t u n i d a d e , e n t e n d i d a como noção de
percentual de 1 a 11% ficando a América L a t i n a e o p r e s t a r s e r v i ç o em s i n t o n i a com a d e m a n d a ;
Caribe em torno de 8,1%" (ACHUTTI; ACHUTTI, funcionalidade, vista com a capacidade dos serviços
1997). Segundo COSTA (1994), "indivíduos de raça p a r a resolver os problemas; custos, incluindo não
negra têm maior prevalência de hipertensão, sofrem a p e n a s os custos diretos da atenção m a s também os
mais dano r e n a l por HAS e tem deterioração mais indiretos como medicamentos, salário perdido, preço
rápida da função renal". do t r a n s p o r t e ; e aceitação do d e m a n d a n t e do modo
Por o u t r o l a d o , a g r a n d e m a i o r i a d e s s e s e c a r a c t e r í s t i c a s c o m o se p r o d u z a a t e n ç ã o "
indivíduos ignoram ser hipertensos. P o r t a n t o , não (FLEURY; GIOVANELLA, 1996).
são atendidos pelo S i s t e m a de S a ú d e p a r a essa O s e g u i m e n t o do t r a t a m e n t o p a r a o controle
doença. E n t r e t a n t o , d a q u e l e s que sabem ser da hipertensão a r t e r i a l é f u n d a m e n t a l n a prevenção
hipertensos, a maioria abandona o t r a t a m e n t o por de riscos c a r d i o v a s c u l a r e s (RIBEIRO; ZANELLA;
vários motivos, e aqueles que fazem t r a t a m e n t o não K O H E M A N N JR., 1996) e de piora progressiva da
função r e n a l (CARVALHO, 1997). S e g u n d o TOTO - doentes adultos com diagnóstico médico de
et al (1995); PASCOAL; MION JR. (1996), o controle h i p e r t e n s ã o arterial, submetidos a t r a t a m e n t o na
da pressão a r t e r i a l e s t á associado ao r e t a r d o da u n i d a d e h o s p i t a l a r de i n t e r n a ç ã o , nos meses de
progressão global da insuficiência renal. setembro e outubro de 1997, devido à doença ou suas
Considerando-se assim a importância e a complicações.
complexidade do seguimento do t r a t a m e n t o da HA, A coleta de dados seguiu as seguintes etapas:
este estudo teve por objetivos: 1. solicitação de consentimento da instituição
- identificar as dificuldades e as facilidades de p a r a a realização da pesquisa;
doentes, de unidade de internação e em atendimento 2. seleção dos d o e n t e s compatíveis com os
a m b u l a t o r i a l , no s e g u i m e n t o do t r a t a m e n t o da critérios de inclusão no estudo;
hipertensão arterial; e,
3. obtenção de consentimento informado de
- v e r i f i c a r se e x i s t e m d i f e r e n ç a s n a s cada doente p a r a sua participação no estudo;
dificuldades e facilidades de doentes, de u n i d a d e de
4. a p l i c a ç ã o de f o r m u l á r i o de e n t r e v i s t a
i n t e r n a ç ã o e em a t e n d i m e n t o a m b u l a t o r i a l , no
(Anexo).
seguimento do t r a t a m e n t o da h i p e r t e n s ã o arterial.
Este formulário inclui d u a s p a r t e s distintas.
A p r i m e i r a constituída de dados de identificação, de
condições sócio-econômicas e diagnóstico médico. A
2 PERCURSO METODOLÓGICO s e g u n d a p a r t e envolveu dados sobre o seguimento
do t r a t a m e n t o d a HA d e s d e a d e s c o b e r t a do
E s t e é um e s t u d o descritivo, e x p l o r a t ó r i o , d i a g n ó s t i c o e a s o r i e n t a ç õ e s r e c e b i d a s , até as
quantitativo sobre o s e g u i m e n t o do t r a t a m e n t o da dificuldades e facilidades a p o n t a d a s pelos doentes
h i p e r t e n s ã o a r t e r i a l por sujeitos h i p e r t e n s o s . p a r a esse s e g u i m e n t o . Após a r e a l i z a ç ã o d a s
Seguindo os critérios de inclusão dos h i p e r t e n s o s entrevistas, os dados foram inseridos no programa
p r o p o s t o s n e s t e e s t u d o , foram e n t r e v i s t a d o s 34 dBase IV plus e analisando em software Epilnfo 5.0.
doentes, sendo 17 deles matriculados no ambulatório Assim, os dados serão a p r e s e n t a d o s , no item 3 a
de n e f r o l o g i a e 17 i n t e r n a d o s n a u n i d a d e de seguir, utilizando tabelas com n ú m e r o s absolutos e
nefrologia do Hospital das Clínicas da F a c u l d a d e de percentuais.
Medicina da Universidade de São Paulo. A técnica
de a m o s t r a g e m u t i l i z a d a n e s t e e s t u d o foi a n ã o
probabilística de acordo com a disponibilidade dos 3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS
pesquisadores no período de coleta de dados. RESULTADOS
Critérios de inclusão dos hipertensos no estudo:
- doentes adultos com diagnóstico médico de Na tabela abaixo (Tabela 1) verificou-se um
hipertensão arterial, submetidos a tratamento predomínio de doentes do sexo feminino (64,7%) no
ambulatorial, nos meses de setembro e outubro de ambulatório e masculino n a u n i d a d e de internação
1997, que não t e n h a m tido necessidade de internação (58,8%). Observou-se que a maioria dos hipertensos
hospitalar pela doença e s u a s complicações; estudados têm idade acima de 41 anos.
Tabela 1 - Distribuição dos doentes, por unidades de tratamento, quanto ao sexo e a idade. São Paulo, 1997.

AMBULATÓRIO INTERNAÇÃO

Idade Sexo M Sexo F Sexo M Sexo F

N % N % N % N %

< 30 anos - - - - 1 5,9 - -

31 a 40 anos 2 11,8 1 5,9 - - - -

41 a 50 anos - - 2 11,8 4 23,5 3 17,6

51 a 60 anos 1 5,9 5 29,4 1 5,9 2 11,8

61 a 70 anos 3 17,5 2 11,8 3 17,6 2 11,8

71 a 80 anos - - 1 5,9 1 5,9 - -

TOTAL 6 35,3% 11 64,7% 10 58,8% 7 41,2%


"Em e s t u d o s de populações u r b a n a s e em No estado do Rio G r a n d e do Sul, em 1978, foi
p o p u l a ç õ e s h o s p i t a l a r e s , t e m sido e n c o n t r a d a realizado u m estudo com 4.564 indivíduos de 20 a
p r e d o m i n â n c i a de m u l h e r e s , 66 - 70%, e n t r e os 70 a n o s r e v e l a n d o q u e , os níveis médios de PA
h i p e r t e n s o s " (BRASIL, 1993a). No e n t a n t o , no sistólica elevaram-se c o n s i s t e n t e m e n t e com a idade
presente estudo, esta tendência não foi verificada em ambos os sexos, essa elevação era maior no sexo
na unidade de internação. No Brasil, considerando feminino, embora iniciassem com níveis mais baixos,
dados populacionais de 1985 e a prevalência de HA acabavam sobrepassando a média dos homens n a
nas diversas faixas e t á r i a s acima de 20 anos de meia-idade, a t i n g i n d o níveis bem mais elevado n a s
idade, t e r í a m o s u m total de 8.100 milhões, com mais idosas. Tais diferenças e s t r u t u r a i s de sexo e
PA > 160/95 mmHg, sendo que, destes 39% (3.100 idade são f r e q ü e n t e s e podem l e v a n t a r questões
milhões) estão com idade entre 20 e 49 anos. Este sobre os seus d e t e r m i n a n t e s genéticos, ambientais
valor dobraria se o critério diagnóstico fosse níveis e ligados a hábitos de vida (ACHUTTI; ACHUTTI,
pressóricos > 140/90 mmHg. (BRASIL, 1988). 1997). O u t r o e s t u d o r e a l i z a d o n a cidade de São
Segundo BRASIL (1993b), em 1988, as doenças P a u l o , n o p e r í o d o de 1 9 8 8 a 1 9 9 0 , i n d i c o u
do aparelho circulatório foram responsáveis por 40% prevalência m e n o r em m u l h e r e s até a idade de 55
dos óbitos de indivíduos com idade a partir de 45 anos anos. Após esta i d a d e , ocorreu um a u m e n t o
a estimativa de prevalência de HA n a população significativo da HA em m u l h e r e s (RIBEIRO, 1996).
adulta, entre 20 anos de idade ou mais, para 1991 foi E s t e fato n ã o foi o b s e r v a d o n a p o p u l a ç ã o deste
de 15%>, aproximadamente, 12 milhões de brasileiros. estudo provavelmente devido a amostragem ter sido
Portanto, "as doenças cardiovasculares representaram não probabilística.
a primeira causa de morte da população brasileira e Em relação ao grau de escolaridade (Tabela 2),
foram responsáveis por, aproximadamente, 34% dos tanto no ambulatório como n a unidade de internação,
óbitos do país. Nesse mesmo ano, estimou-se as perdas p r e v a l e c e r a m os indivíduos com o p r i m e i r o grau
econômicas no Brasil, número de anos produtivos de incompleto (47,1 e 58,8%, r e s p e c t i v a m e n t e ) .
vida perdidos, em 1.300 milhões de anos de vida E n t r e t a n t o , no ambulatório foi elevado o índice de
perdidos para essas doenças. indivíduos sem alfabetização (29,4%).
Tabela 2 - D i s t r i b u i ç ã o dos doentes, por u n i d a d e s de t r a t a m e n t o , q u a n t o o g r a u de escolaridade.
São Paulo, 1997.

AMBULATÓRIO INTERNAÇÃO

Escolaridade N % N %

1° grau completo 1 5,9 - -

1° grau incompleto 8 47,1 10 58,8


o
2 grau completo 3 17,6 3 17,6
o
3 grau completo - - 2 11,8
o
3 grau incompleto - - 1 5,9

sem alfabetização 5 29,4 1 5,9

TOTAL 17 100,0 17 100,0

A escolaridade nos permite avaliar as influências escolaridade (27,8%) do que p a r a aqueles com nível
sociais e suas associações aos riscos da HA. Um estudo superior (6,6%)(ACHUTTI; ACHUTTI, 1997). E s t a
r e a l i z a d o em P o r t o A l e g r e , em 1978, s o b r e a relação inversa entre escolaridade e nível de PA já foi
o
"prevalência dos fatores de risco" comparou dois verificada em outros estudos. Indivíduos com 3 grau
extremos da população quanto ao grau de escolaridade. completo "tem índice de prevalência de HA 40% menor
Ficou evidente a maior exposição a todos os fatores de que aqueles que têm menos de 10 anos de escolaridade"
risco, i n c l u s i v e HA, p a r a os i n d i v í d u o s s e m (BRASIL, 1993a).
T a b e l a 3 - Distribuição dos doentes, por u n i d a d e s de t r a t a m e n t o , q u a n t o a ocupação. São Paulo, 1997.

AMBULATÓRIO INTERNAÇÃO
Ocupação N % N %
Prendas do lar 7 41,2 3 17,6
Aposentado definitivo 3 17,6 5 29,4
Auxílio doença 2 11,8 1 5,9
Vínculo empregatício 2 11,8 3 17,6
Desempregado 2 11,8 1 5,9
Empregada doméstica 1 5,9 - -

Autônomo - - 2 11,8
Pensionista - - 1 5,9
Vive de economias - - 1 5,9
TOTAL 17 100,0 17 100,0

Q u a n t o à ocupação verificou-se (Tabela 3) que auxílios doença concedidos pelo INAMPS (6,6% da
no ambulatório g r a n d e p a r t e dos doentes (41,2%) totalidade de benefícios concedidos/ano) e a primeira
dedica-se a p r e n d a s domésticas; já n a u n i d a d e de causa de invalidez p e r m a n e n t e (20,4% do total de
i n t e r n a ç ã o 29,4% dos doentes t ê m a p o s e n t a d o r i a aposentadorias definitivas concedidas/ano).Ainda,
definitiva. segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 1993a), as
As doenças cardiovasculares, além de serem a doenças do aparelho circulatório referidas acima,
primeira causa de mortalidade (34%), r e p r e s e n t a m corresponderam à cerca de 29% do total de causa de
um enorme ônus financeiro p a r a o país (BRASIL, aposentadorias concedidas pelo INAMPS, entre 1980
1993ab). Segundo o Ministério da S a ú d e (BRASIL, e 1986. Neste período, considerando-se o total de
1988), em 1983 a H A e s u a s c o m p l i c a ç õ e s c a u s a de a p o s e n t a d o r i a s definitivas, a HA foi a
r e p r e s e n t a v a m a terceira causa mais freqüente de p r i m e i r a c a u s a de aposentadoria no país.

Tabela 4 - Distribuição dos doentes, por unidades de tratamento, quanto a renda familiar. São Paulo, 1997.

AMBULATÓRIO INTERNAÇÃO
R e n d a familiar N % N %

Sem salário mínimo 1 5,9 - -

< 1 SM* 1 5,9 - -

1 a 2 SM 7 41,2 2 11,8
3 a 4 SM 2 1L7 2 11,8
5a6SM 3 11,7 4 23,5
> 7 SM 3 11,7 9 52,9
TOTAL 17 100,0 17 100,0
* Renda em salários mínimos

No a m b u l a t ó r i o , 7 d o e n t e s (41,2%) t i n h a m Dos doentes que referiram possuir moradia


renda entre 1 e 2 salários, n a u n i d a d e de i n t e r n a ç ã o própria, 100% t r a t a v a m - s e no ambulatório e 88,2%
o quadro se modifica, 52,9% dos doentes t i n h a m na unidade de internação. Aqui consideramos como
renda maior ou igual a 7 salários, que s u s t e n t a 2 a moradia própria também o fato do indivíduo não ter
7 pessoas ou mais (Tabela 4). despesas com habitação, como por exemplo aquele
que morava com familiares ou em terreno cedido ou
invadido. Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, Q u a n t o ao diagnóstico médico, observou-se
1993a) "as condições sociais de uma população têm peso (Tabela 5) que no a m b u l a t ó r i o a maioria (88,2%) dos
expressivo na determinação de seu perfil de saúde. d o e n t e s t e m d i a g n ó s t i c o de h i p e r t e n s ã o a r t e r i a l
Desvantagens no desenvolvimento social e precárias essencial (47,0%) ou Sistêmica (41,2%). Na unidade
condições de vida acompanham-se, de modo geral, a de i n t e r n a ç ã o o diagnóstico de h i p e r t e n s ã o isolada
uma maior risco de adoecer e morrer precocemente, decresce p a r a 41,2% e a u m e n t a o n ú m e r o de doentes
por qualquer causa, em todas as idades, em ambos os com complicações r e n a i s . E s t e s dados confirmam a
sexos". No e n t a n t o , são escassos os e s t u d o s que p r e v a l ê n c i a da h i p e r t e n s ã o a r t e r i a l essencial ou
relacionam a PA com a organização social ou a maneira p r i m á r i a sobre a q u e l a s c o n s e q ü e n t e s às c a u s a s
como o indivíduo se insere na sociedade. secundárias.
Tabela 5 - Distribuição dos doentes, por u n i d a d e s de t r a t a m e n t o , s e g u n d o o diagnóstico médico. São
Paulo, 1997.
AMBULATÓRIO INTERNAÇÃO
Diagnóstico médico N % N %

Hipertensão Arterial Essencial/Sistêmica 15 88,2 7 41,2


HA Sistêmica + IRC* 2 11,8 5 29,4
HA + AVCH** - - 2 11,8
HA Secundaria/Renovascular - - 1 5,9
HA + Renovascular + IRC - - 1 5,9
HA + Nefroesclerose benigna - - 1 5,9
TOTAL 17 100,0 17 100,0

* Insuficiência renal crônica.


** A c i d e n t e v a s c u l a r c e r e b r a l h e m o r r á g i c o .

No e n t a n t o , "a prevalência de insuficiência c a u s a c a r d i o v a s c u l a r de hospitalização (21,4%) e


r e n a l e n t r e h i p e r t e n s o s é b a s t a n t e v a r i á v e l em representou 2,47% de todas as internações efetuadas
populações diversas pois depende do controle da n a r e d e c o n t r a t a d a pelo I N A M P S , no p r i m e i r o
hipertensão arterial, estando na maioria dos estudos, s e m e s t r e de 1987. P o r t a n t o , os custos sociais com
entre 5 e 15% dos h i p e r t e n s o s (BRASIL, 1993a). pacientes h i p e r t e n s o s são elevados, "estima-se cerca
Embora as doenças cardiovasculares r e p r e s e n t e m a de 267 milhões de dólares com consultas médicas,
terceira causa em n ú m e r o de internações, estão em internações, a t e n d i m e n t o s de emergência, auxílio-
p r i m e i r o l u g a r em t e r m o s de g a s t o s com doença, aposentadoria e medicações anti-
h o s p i t a l i z a ç õ e s n o s s e r v i ç o s c o n t r a t a d o s do hipertensivas". (BRASIL, 1993b).
INAMPS, dados de 1986. A HA é a s e g u n d a maior
Tabela 6 - Distribuição dos doentes por unidades de t r a t a m e n t o , e como descobriram a hipertensão arterial.
São Paulo, 1997.
AMBULATÓRIO INTERNAÇÃO
Descobriu a HA: N % N %

- pela sintomatologia 5 29,4 9 52,9


- em avaliação médica no trabalho 1 5,9 2 11,8
- durante a gestação 5 29,4 2 11,8
- em assistência à saúde por outros agravos 3 17,6 3 17,6
- em medida ocasional da pressão arterial 2 11,8 1 5,9
- não lembra 1 5,9 - -
TOTAL 17 100,0 17 100,0
A t a b e l a 6, a c i m a , n o s m o s t r a q u e n o d e t e r m i n a m a h i p e r t e n s ã o a r t e r i a l ou em meio às
ambulatório, 29,4% referiram terem descoberto a HA manifestações clínicas decorrente de lesões de órgãos
através da sintomatologia ou d u r a n t e a gestação. A d e t e r m i n a d a s pela h i p e r t e n s ã o arterial, ou por seu
maioria (52,9%) dos doentes da unidade de internação próprio t r a t a m e n t o " (RIBEIRO, 1996).
descobriu ser hipertensos através de sinais e sintomas Segundo RIBEIRO, (1996), comparando com a
característicos da doença (mal estar, tontura, cefaléia, literatura, a prevalência da descoberta da HA durante
cansaço, falta de ar, entre outras). a gestação encontramos que aproxi-madamente, 10%
Q u a n t o a sintomatologia, "as manifestações de todas as gestações são complicadas por HA que
clínicas da h i p e r t e n s ã o a r t e r i a l s i s t ê m i c a (HAS) continua sendo a principal causa de morbi-mortalidade
podem ser c o n s i d e r a d a s e n q u a n t o decorrência do m a t e r n a e fetal, u m a forma convulsiva e grave
estado hipertensivo per se, ou em meio ao complexo (eclampsia). Estes dados justificam a importância de
sintomatológico de d o e n ç a s q u e o c a s i o n a l m e n t e acompanhamento das mulheres no período pré-natal.
T a b e l a 7 - Distribuição dos doentes, por u n i d a d e s de t r a t a m e n t o , e tempo de descoberta da hipertensão
arterial. São Paulo, 1997.

AMBULATÓRIO INTERNAÇÃO
Tempo N N
- há menos de 4 anos 3 17,6 7 41,2
- entre 10 e 20 anos 5 29,4 7 41,2
• entre 21 e 30 anos 6 35,3 1 5,9
- 31 anos ou mais 3 17,6 2 11,8
TOTAL 17 100,0 17 100,0

No ambulatório, a maioria dos doentes r e l a t a quanto n a unidade de internação, a metade (52,9%)


t e r h i s t ó r i a de H A h á p e l o m e n o s 10 a n o s . relatou não ter recebido orientação sobre a necessidade
E n t r e t a n t o , n a u n i d a d e de i n t e r n a ç ã o verificou-se de tratamento da HA p a r a sempre; os demais (47,1%)
que g r a n d e p a r t e (41,2%) dos doentes sabem ser disseram t e r e m sido informados a respeito dessa
hipertensos h á menos de 4 anos (Tabela7). necessidade. Apesar disto, quase a totalidade (94,1%)
S e g u n d o o M i n i s t é r i o da S a ú d e (BRASIL, dos hipertensos recebeu algum tipo de orientação sobre
1993a), "a produção da doença pode ser u m processo o seu tratamento.
social influindo ou t r a n s f o r m a n d o a base biológica Q u a n t o às o r i e n t a ç õ e s r e c e b i d a s pelos
do indivíduo". No e n t a n t o , os estudos que associam h i p e r t e n s o s ( T a b e l a 8 ) , a m a i o r i a , t a n t o no
as variáveis sociais com a PA são escassos, sendo as ambulatório (13) q u a n t o n a u n i d a d e de internação
v a r i á v e i s t r a t a d a s " i n d e p e n d e n t e m e n t e como se (12) refere t e r sido o r i e n t a d a sobre a necessidade
fossem características dos indivíduos, ao invés de de seguir dieta hipossódica. A segunda orientação
reflexos de padrões sociais". P o r t a n t o , o conceito de m a i s r e f e r i d a foi a t o m a d a da m e d i c a ç ã o a n t i -
causação da doença deve ser mudado. hipertensiva (10), t a n t o no ambulatório quanto na
Dos doentes entrevistados, tanto no ambulatório unidade de internação (Tabela 8).
Tabela 8 - Distribuição das r e s p o s t a s dos doentes, por u n i d a d e s de t r a t a m e n t o , quanto às orientações
recebidas. São Paulo, 1997.
AMBULATÓRIO INTERNAÇÃO

Orientações Total de r e s p o s t a s Total de re

- dieta hipossódica 13 12
- tomar medicação 10 10
- parar de ingerir bebidas alcoólicas 1 3
- parar de fumar - 4
- diminuir estresse 2 -
- diminuir esforço físico/repouso 2 -
- fazer exercícios 1 -
- diminuir o peso - 1
- comprar aparelho PA - 1
não referiu informação/não lembra 1 1
0 t r a t a m e n t o da HA é p a r a t o d a a v i d a . A tabela abaixo (Tabela 9) nos mostra que a
E n t r e t a n t o , p a r a que o t r a t a m e n t o seja eficiente, é maioria dos hipertensos, tanto do ambulatório (88,2%)
necessário u m bom e n t e n d i m e n t o e n t r e médico e quanto da unidade de internação (76,5%), referiu que
paciente, que leve em conta as preferências de estilo marcar consulta médica não é u m a dificuldade sentida
de vida do doente. Além disso, tem como objetivo no seguimento do tratamento. É importante lembrar
reduzir ao máximo a PA, até os níveis toleráveis pelo que n e s t a i n s t i t u i ç ã o , os r e t o r n o s são agendados
paciente. A HA secundária é t r a t a d a de acordo com a u t o m a t i c a m e n t e n o f i n a l de c a d a c o n s u l t a
a sua etiologia e n q u a n t o que na HA essencial, que médica.Quando questionados se a distância entre a
representa 95% dos casos de HA, ocorrem m u d a n ç a s m o r a d i a e e s t e s e r v i ç o de s a ú d e d i f i c u l t a v a o
no estilo de vida do paciente (moderação n a ingesta t r a t a m e n t o da h i p e r t e n s ã o , a maioria (58,8%) do
de sal, redução de ingesta de álcool e peso, atividade ambulatório e 70,6% da unidade de internação, disse
física). Essas m u d a n ç a s contribuem p a r a diminuir que não. Metade dos doentes tratados no ambulatório
a PA, bem como os fatores de risco associados à HA justificou que apesar de morar longe da instituição,
(redução do uso de tabaco e lipides). Se os níveis não s e n t i u a distância como dificuldade devido a
tensionais reduzem, diminuem também a qualidade do atendimento valer o esforço para vir às
n e c e s s i d a d e de m e d i c a ç ã o a n t i - h i p e r t e n s i v a . consultas. Dos 7 (41,2%) doentes do ambulatório que
Portanto, essas medidas contribuem p a r a diminuir disseram considerar a distância do serviço de saúde
a i n c i d ê n c i a da HA, a u x i l i a n d o n a p r e v e n ç ã o como dificuldade p a r a o seguimento do tratamento, 4
p r i m á r i a desta patologia. (RIBEIRO; ZANELLA; justificaram ser por motivos relacionados ao número
KOLMANN JR., 1996). de conduções e o tempo dispendido nesse transporte.
Tabela 9 - Distribuição dos doentes, por u n i d a d e s de t r a t a m e n t o , e as dificuldades referidas p a r a o
seguimento do t r a t a m e n t o da h i p e r t e n s ã o arterial. São Paulo, 1997.
AMBULATÓRIO INTERNAÇÃO

Dificuldades Sim Não T* Sim Não Não sabe

n % n % n % n % n %

- marcar consulta médica 2 11,8 15 88,2 17 3 17,6 13 76,5 1 5,9 17

- distância até o serviço de saúde 7 41,2 10 58,8 17 5 29,4 12 70,6 - - 17

- dinheiro para a compra de m e d i c a m e n t o s 12 70,6 5 29,4 17 8 47,1 9 52,9 - - 17

- tomar medicamentos 2 11,8 15 88,2 17 1 5,9 16 94,1 - - 17

- dinheiro para o transporte 5 29,4 12 70,6 17 5 29,4 12 70,6 - - 17

- horário de a t e n d i m e n t o do s e r v i ç o de 4 23,5 13 76,5 17 - - 16 94,1 1 5,9 17


saúde

- demora no a t e n d i m e n t o do serviço de 3 17,6 14 82,4 17 - - 16 94,1 1 5,9 17


saúde

- diminuir o sal da comida 2 11,8 15 88,2 17 2 11,8 15 88,2 - - 17

- comer s e m sal 9 52,9 8 47,1 17 10 58,8 7 41,2 - - 17

* Total

Quanto à dificuldade financeira para comprar T o m a r m e d i c a m e n t o s n ã o se c o n s t i t u e em


medicamentos foi referida por 12 (70,6%) doentes do dificuldade p a r a o s e g u i m e n t o do t r a t a m e n t o de
ambulatório e 8 (47,1%) da unidade de internação. Dos 88,2% dos doentes do ambulatório e de 9 4 , 1 % dos
h i p e r t e n s o s i n t e r n a d o s , 52,9% d i s s e r a m q u e a doentes da u n i d a d e de i n t e r n a ç ã o .
aquisição de medicamentos não era uma dificuldade. A m a i o r i a dos e n t r e v i s t a d o s , 7 6 , 5 % do
A maioria dos entrevistados, 70,6% (12) de ambas a m b u l a t ó r i o e 9 4 , 1 % da u n i d a d e de i n t e r n a ç ã o ,
unidades de tratamento, referiu que o dinheiro p a r a o referiu não sentir dificuldades em relação ao horário
transporte não se constitui em um problema; 7 desses de a t e n d i m e n t o do serviço de saúde. O mesmo se
doentes tratados no ambulatório justificaram esse dado deu em relação à demora no a t e n d i m e n t o no serviço
pelo fato de serem idosos ou deficientes físicos, o que de saúde, 82,4% no ambulatório e 9 4 , 1 % n a unidade
os isenta de pagamento de transporte público. de i n t e r n a ç ã o .
Ainda de acordo com a Tabela 9, a maioria dos A T a b e l a 10, a s e g u i r , evidenciou que a
doentes 88,2%, tanto do ambulatório quanto da totalidade dos doentes t r a t a d o s no ambulatório e a
unidade de internação, disse não ter dificuldade na maioria (88,2%) daqueles da unidade de internação
diminuição do sal da alimentação. E n t r e t a n t o , 52,9% julgam que receber os medicamentos do serviço de
(9) doentes do ambulatório e 58,8% (10) da unidade de saúde é uma fator facilitante p a r a seguir o
internação disseram ter dificuldade p a r a comer sem t r a t a m e n t o . O u t r a medida que ajuda no t r a t a m e n t o
sal. Os, 10 hipertensos da unidade de internação, 6 é a facilidade de m a r c a r consulta n e s t a instituição,
justificaram que a a u s ê n c i a de sal nos alimentos referida por 15 (88,2%) doentes do ambulatório e 14
impede a sua ingestão ou é ruim de fazê-la. (82,4%) da u n i d a d e de internação.

Tabela 10 - Distribuição dos doentes, por unidades de tratamento, e recursos facilitadores p a r a o seguimento
do t r a t a m e n t o da h i p e r t e n s ã o a r t e r i a l . São Paulo, 1997.

AMBULATÓRIO INTERNAÇÃO

Facilidades Sim Não x* Sim Não Não sabe

n % n % n % n % n %

- receber os m e d i c a m e n t o s do serviço de s a ú d e 17 100, - - 17 15 88,2 2 11,8 - - 17

- facilidade de m a r c a r c o n s u l t a 15 88,2 2 11,8 17 14 82,4 3 17,6 - - 17

- p r o x i m i d a d e do serviço de s a ú d e 13 76,5 4 23,5 17 12 70,6 4 23,5 1 5,9 17

- vale transporte pelo Serv. Assistência Social 12 70,6 5 29,4 17 8 47,1 9 52,4 - - 17

- apoio familiar 12 70,6 5 29,4 17 15 88,2 2 11,8 - - 17

:
Total

A m a i o r i a dos h i p e r t e n s o s do a m b u l a t ó r i o - Na u n i d a d e de i n t e r n a ç ã o : predominou a
(76,5%) e da unidade de internação (70,6%) consideram c l i e n t e l a do sexo m a s c u l i n o , com a p o s e n t a d o r i a
a proximidade do serviço de saúde como um facilitador definitiva e diagnóstico de HA Essencial, isolada ou
para o seguimento do tratamento; 70,6% dos doentes já com suas complicações r e n a i s ; idade entre 41 a
do ambulatório e 47,1% da unidade de internação, 50 anos, escolarização de 1( g r a u incompleto e renda
referiram que o fornecimento de vale transporte pelo familiar maior ou igual a 7 salários mínimos.
serviço de a s s i s t ê n c i a social se c o n s t i t u i r i a em
facilitador para o tratamento. J á 52,4% dos hipertensos 4.2 Q u a n t o a o c o n h e c i m e n t o d o d i a g n ó s t i c o e
da unidade de internação r e l a t a r a m que esta medida o s e g u i m e n t o do t r a t a m e n t o
não se faz necessária para o seu t r a t a m e n t o mas que
- N o a m b u l a t ó r i o : os doentes referem a descoberta
poderia facilitar o t r a t a m e n t o daqueles que precisam
da d o e n ç a p r e d o m i n a n t e m e n t e a t r a v é s da
da ajuda financeira p a r a o t r a n s p o r t e . 70,6% dos
sintomatologia ou d u r a n t e a gestação, sendo que a
d o e n t e s do a m b u l a t ó r i o e 88,2% d a u n i d a d e de
maioria relata ter história de HA h á pelo menos 10
internação consideram ser importante o apoio familiar
anos e, metade diz não saber que o tratamento seria
para o seguimento do t r a t a m e n t o da HA.
p a r a sempre; as orientações recebidas para o controle
da doença englobaram principalmente a tomada da
medicação e a ingestão de dieta hipossódica; em relação
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ao seguimento do t r a t a m e n t o as dificuldades mais
referidas p a r a esse seguimento foram: dinheiro para
Este estudo realizado com 34 doentes, sendo a compra de medicamentos, comer alimentos sem sal,
17 em t r a t a m e n t o a m b u l a t o r i a l e 17 em t r a t a m e n t o distância até o serviço de saúde e dinheiro para o
na unidade de i n t e r n a ç ã o de nefrologia permitiu as t r a n s p o r t e ; q u a n t o aos r e c u r s o s facilitadores do
considerações finais descritas a seguir. t r a t a m e n t o a totalidade da clientela aponta o
4.1 Q u a n t o à c a r a c t e r i z a ç ã o d a c l i e n t e l a recebimento gratuito de medicamentos da instituição
estudada e, a maioria julga que a facilidade de marcar consultas,
a proximidade do serviço, o fornecimento de vale
- N o a m b u l a t ó r i o : predominou o sexo feminino, que transporte e o apoio familiar ajudariam no seguimento
dedica-se à prendas domésticas, acometida por HA do t r a t a m e n t o .
Essencial, com idade entre 51 e 60 anos e escolaridade
de 1( grau incompleto; p a r a o sustento de 1 a 4 pessoas - Na u n i d a d e d e i n t e r n a ç ã o : grande parte dos
têm renda familiar entre 1 e 2 salários mínimos. d o e n t e s d e s c o b r i u s e r h i p e r t e n s o a t r a v é s da
sintomatologia, h á menos de 4 anos ou e n t r e 10 e 20 BRASIL. Ministério da Saúde. S e c r e t a r i a de A s s i s t ê n c i a à
anos; e, desconhecia dever t r a t a r - s e p a r a sempre; S a ú d e . D e p a r t a m e n t o d e P r o g r a m a s de S a ú d e . C o o r d e n a ç ã o
de D o e n ç a s Cardiovasculares. D o e n ç a s cardiovasculares no
as orientações recebidas p a r a o controle da HA Brasil, S i s t e m a Único de Saúde - S U S : dados epidemiológicos
envolveram principalmente a tomada de medicação e assistência médica. Brasília, 1993b. p.9-35.
e a i n g e s t ã o de d i e t a h i p o s s ó d i c a ; q u a n t o à s
dificuldades p a r a o seguimento do tratamento, foram C A R V A L H O , J . G . R d e . R i m e h i p e r t e n s ã o a r t e r i a l . In: A M O D E O ,
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para a compra de medicamentos e p a r a o t r a n s p o r t e
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instituição, o apoio familiar, a facilidade de m a r c a r
consultas e a proximidade do serviço de saúde como
C O N S E N S O B R A S I L E I R O D E H I P E R T E N S Ã O A R T E R I A L , 3,
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P r o g r a m a N a c i o n a l d e E d u c a ç ã o e C o n t r o l e da H i p e r t e n s ã o
Arterial. B r a s í l i a , C e n t r o de D o c u m e n t a ç ã o do M i n i s t é r i o T O T O , R . D . e t al. "Strict" b l o o d p r e s s u r e c o n t r o l a n d p r o g r e s s i o n
da S a ú d e , 1988. p . 7 - 5 3 . of r e n a l d i s e a s e i n h y p e r t e n s i v e n e p h r o s c l e r o s i s . K i d n e y
I n t e r n a t i o n a l , v . 4 8 , n. 3 , p . 8 5 1 - 9 , 1 9 9 5 .
BRASIL. M i n i s t é r i o da S a ú d e . S e c r e t a r i a de A s s i s t ê n c i a à
S a ú d e . D e p a r t a m e n t o d e P r o g r a m a s de S a ú d e . C o o r d e n a ç ã o
de D o e n ç a s C a r d i o - v a s c u l a r e s . C o n t r o l e d e h i p e r t e n s ã o
arterial: u m a p r o p o s t a d e i n t e g r a ç ã o e n s i n o - s e r v i ç o . Rio d e
Janeiro, C D C V / N U T E S , 1993a.
ANEXO

P a r t e I -Identificação e Condições Sócio-Econômicas

1. Registro HC N°: 2. E n t r e v i s t a N°: 3. Serviço: ( ) Ambulatório ( ) Internação

4. Diagnóstico: 5. Sexo: ( ) F ( ) M 6. Idade: anos

7. J á ficou i n t e r n a d o (a) a l g u m a vez i n t e r n a d o devido a h i p e r t e n s ã o e ou s u a s complicações? ( ) S ( ) N


o o o
8. Escolaridade: - I g C ( )I ( ) -2 g C( )I ( ) -3 g C( ) I ( ) - sem alfab ( )

9. Ocupação: - com vínculo empregatício S ( ) N ( ) - aposentado definitivo ( ) - auxílio doença ( )


- pensionista ( ) - p r e n d a s do lar ( ) - e m p r e g a d a doméstica ( ) - outros?

10. Renda familiar: - < 1 SM ( ) - 1 e 2 SM ( ) - 3 e 4 SM ( ) - 5 e 6 SM ( ) - ( 7 SM ( )

11. N ú m e r o de pessoas da família que vivem com esta r e n d a ?

12. Moradia: - própria ( ) - alugada ( ) - cedida/emprestada ( ) - outro. Qual?

P a r t e II - Dados sobre S e g u i m e n t o do T r a t a m e n t o da H i p e r t e n s ã o Arterial

13. Como o (a) Sr. (a) descobriu ser hipertenso?

14. Há q u a n t o tempo sabe ser h i p e r t e n s o ?

15. No momento em que descobriu ser hipertenso, recebeu alguma orientação sobre a necessidade de
t r a t a r a h i p e r t e n s ã o p a r a sempre? S ( ) N ( )

16. Quais orientações recebeu no momento em que descobriu ser hipertenso?

1 7 . 0 que dificulta o (a) Sr. (a) a seguir o t r a t a m e n t o da hipertensão?


( ) m a r c a r consulta médica ( ) t o m a r os medicamentos
( ) dinheiro p a r a a compra de medicamentos ( ) horário de a t e n d i m e n t o do serviço de saúde
( ) dinheiro p a r a o t r a n s p o r t e ( ) diminuir o sal da comida
( ) demora no a t e n d i m e n t o do serviço de s a ú d e ( ) comer sem sal
( ) distância até o serviço de s a ú d e

18. O que ajuda o Sr.(a) a seguir o t r a t a m e n t o da pressão alta?


( ) receber os medicamentos do serviço de saúde
( ) facilidade de m a r c a r consulta médica
( ) proximidade do serviço de saúde (da moradia/emprego/outro)
( ) fornecimento de vale t r a n s p o r t e pelo serviço de assistência social
( ) apoio familiar

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