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● Compreensão dos principais fatores de risco para a saúde masculina.

No mês de julho é comemorado o Dia do Homem e, em agosto, o Dia dos Pais. No Brasil, segundo dados
do DATASUS, em 2014, 68% dos óbitos ocorridos no País na faixa etária de 20 a 59 anos, foram de
homens. A maior proporção desses óbitos entre os homens ocorreu na faixa etária de 50 a 59 anos
(38%). Os homens vivem em média 7,1 anos menos do que as mulheres, segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2016, a expectativa de vida da população masculina
chegou a 72,2 anos enquanto a feminina atingiu 79,3. O sexo masculino também representa mais da
metade das internações no Sistema Único de Saúde (SUS).
A adoção de hábitos saudáveis, a prática de atividade física regular, a alimentação balanceada e o uso
moderado de bebidas alcoólicas são cruciais para diminuir estes agravos evitáveis. A identificação
precoce de doenças aumenta as chances de um tratamento eficaz. Por isso, alguns exames devem fazer
parte da rotina dos homens. É preciso prestar atenção ao corpo e ficar atento aos sinais que ele envia. O
cuidado deve ser diário. Mudanças de hábitos alimentares, com menos alimentos gordurosos e ultra
processados são fundamentais. Evitar estes comportamentos de risco é a chave para uma vida mais
longa e saudável.

Confira as dicas do Ministério da Saúde para que os homens vivam mais e melhor:

 Procurar os serviços de saúde não apenas quando estiver com uma doença, mas para se prevenir.
 Evitar o consumo de bebidas alcoólicas e outras drogas.
 Ter uma alimentação adequada e saudável.
 Praticar exercícios físicos regularmente.
 Conversar sobre problemas e preocupações com a (o) parceira (o), familiares, amigos, profissional de
saúde.
 Pedir ajuda quando se sentir sobrecarregado por alguma situação de estresse.
 Manter a carteira de vacina atualizada.
 Utilizar preservativo nas relações sexuais.
 Evitar o cigarro.
 Realizar consulta com o dentista regularmente.
 Realizar exames de rotina periodicamente.
 Cultivar bons hábitos de higiene pessoal.

Conscientizar a população masculina sobre a importância de exames preventivos no combate a


problemas de saúde que atingem os homens, em especial o câncer de próstata. Esse é o objetivo do
Novembro Azul, uma iniciativa do Instituto Lado a Lado pela Vida e da Sociedade Brasileira de Urologia,
que acontece pelo quarto ano consecutivo e já faz parte do calendário nacional das campanhas de
prevenção.
O preconceito, a vergonha e barreiras culturais ainda mantêm os homens longe dos consultórios
médicos, alertam especialistas da área. Segundo levantamento recente realizado com pacientes do
Centro de Referência da Saúde do Homem, órgão da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, 60%
do total de pacientes chegam ao hospital com quadros considerados avançados. A demora do
diagnóstico costuma comprometer o tratamento.

“A consciência sobre sua própria saúde ou adoecimento representa o primeiro passo”, destaca Felipe.
Porém, só essa reflexão não basta para as mudanças serem implementadas. Cada pessoa precisa
entender a importância do autocuidado e saber o que fazer para ter bons resultados.

necessário é conhecer a história de cada indivíduo: “apenas dessa forma será possível compreender as
barreiras e ideias que representam desafios para estes homens buscarem um estilo de vida saudável”.
As 5 principais doenças que afetam a saúde masculina
Por questões genéticas e, principalmente, comportamentais, os homens tendem a sofrer mais com
doenças cardiovasculares. Além disso, existem também as doenças que só existem na saúde masculina,
como o câncer de próstata.
Entenda um pouco mais sobre cada uma:

1. Doenças cardiovasculares
Segundo a OMS, as doenças cardiovasculares são a principal causa de mortes por doença no mundo.
Elas afetam, principalmente, os homens a partir dos 50 anos. Isso se deve a determinados descuidos
com a própria saúde, como a obesidade, alcoolismo, sedentarismo e tabagismo.
Em decorrência desses malefícios, os homens têm mais chances de sofrer infarto agudo do miocárdio e
AVC.
A principal indicação para que os homens não sofram com essas doenças é o check-up anual com
especialistas, já a partir dos 40 anos. Quanto antes esse acompanhamento começar, maiores são as
chances de detectar riscos no início.

2. Câncer testicular
Ainda que não seja um assunto tão comum, o câncer testicular pode ocorrer nos homens entre 15 e 50
anos.
O câncer testicular pode ser identificado a partir de autoexames mensais simples. Se identificadas
anormalidades, é necessário buscar ajuda médica com um urologista o mais rápido possível.
Quanto mais cedo for o diagnóstico e o tratamento, maiores são as chances de cura.

3. Cirrose
É uma doença caracterizada pelo consumo excessivo de álcool, mas também pode ser decorrente de
doenças como Hepatite B e C, que são sexualmente transmissíveis.
A cirrose causa a formação de fibrose e nódulos no fígado, ocasionando as mortes das células, sem
permitir a regeneração delas.
Quando em estágio avançado, os olhos ficam amarelados, o abdômen incha e o fígado vai gradualmente
perdendo suas funções, até que cause a morte.
Para evitar a doença, evite o exagero no álcool, utilize preservativo nas relações sexuais e mantenha a
carteira de vacinação em dia.

4. Obesidade
É caracterizado pelo ganho exacerbado de peso devido ao acúmulo de gordura excessiva por fatores
genéticos, de má-alimentação ou psicológicos.
Uma pessoa considerada obesa apresenta IMC acima de 30 ou mais. Como consequências da doença,
estão as dores nas costas, nas articulações, ansiedade, fadiga e doenças cardiovasculares.
A prática de exercícios físicos e a reeducação alimentar estão entre os principais passos para que a
obesidade seja combatida. Além disso, o acompanhamento nutricional é indispensável.

5. Câncer de próstata: risco alto para saúde masculina


Fatores genéticos e idade estão associados a essa doença que afeta a saúde masculina, e que causa
milhares de mortes todos os anos.
O grande risco do câncer de próstata é sua evolução silenciosa, o que leva alguns pacientes a
perceberem que estão com a doença somente quando ela já está em estágio avançado.
Entretanto, muitos homens, por simples preconceito, ainda resistem quando o assunto é fazer o exame
anual da próstata, um método que dura poucos segundos e pode indicar possíveis sinais do câncer.
Hipertensão Arterial

A Hipertensão Arterial é uma doença crônica caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea
nas artérias. Ela acontece quando os valores das pressões máxima e mínima são iguais ou ultrapassam
os 140/90 mmHg (ou 14 por 9). A pressão alta faz com que o coração tenha que exercer um esforço
maior do que o normal para fazer com que o sangue seja distribuído corretamente no corpo.

Além disso, a doença é um dos principais fatores de risco para a ocorrência de acidente vascular
cerebral (AVC), infarto, aneurisma arterial, insuficiência renal e cardíaca e é uma condição que atinge
35,8% dos homens no Brasil. As causas mais comuns para a doença são a alimentação rica em sal e a
falta de exercício físico regular.

Normalmente não existem sintomas para a pressão alta, mas em alguns casos pode surgir dor de
cabeça, alterações da visão ou tonturas.

Colesterol Alto

O colesterol alto é um quadro em que as taxas de gordura no sangue ficam elevadas, além da
quantidade normal do organismo. Um dos motivos pelos quais isso pode acontecer é porque, na maioria
dos casos, ao consumir grandes quantidades de alimentos ricos em gordura, o fígado acaba produzindo
mais colesterol do que o normal.

Porém, o problema desse aumento é que a gordura se deposita nas paredes das artérias e diminui o
fluxo de sangue para coração e cérebro, o que pode gerar uma série de danos à saúde, como derrames e
ataques cardíacos.

Obesidade e excesso de peso

A obesidade é o acúmulo de gordura no corpo causado quase sempre por um consumo de energia na
alimentação, maior àquela usada pelo organismo para sua manutenção e realização das atividades do
dia-a-dia. Ou seja: a ingestão alimentar é maior que o gasto energético, resultando no ganho de massa
corporal.

Essa condição é preocupante, porque pessoas obesas têm maior probabilidade de desenvolver doenças
como pressão alta, diabetes, problemas nas articulações, dificuldades respiratórias, pedras na vesícula e
até algumas formas de câncer.

Nos últimos 13 anos houve aumento de 67,8% nos índices de obesidade e sobrepeso, e segundo o IBGE,
16,8% dos homens brasileiros estão obesos. Essa alta porcentagem se dá muitas vezes pela falta de
exercício e pela má alimentação, já que os homens consomem, comparado às mulheres, menos
verduras, saladas e frutas.

Tabagismo e abuso de bebidas alcoólicas

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo causa a morte de mais de oito milhões de
pessoas por ano e no Brasil, 443 pessoas morrem a cada dia por conta do consumo de tabaco.

Os danos à saúde causados pelo cigarro já são amplamente conhecidos e o tabagismo é a principal causa
de mortes evitáveis em todo o mundo, já que, ele causa mais de 15 tipos de câncer, problemas
cardíacos, doenças crônicas, além de doenças cardiovasculares, como infarto e acidente vascular
cerebral.

Já o consumo de álcool foi responsável por cerca de 85 mil mortes anuais durante o período de 2013 a
2015 nas Américas, segundo a Organização Mundial da Saúde. E mais homens do que mulheres
morreram pelo consumo excessivo de álcool, já que pessoas do sexo masculino foram responsáveis por
83,1% das mortes.

As causas de morte foram principalmente por doenças nos fígados (63,9%) e distúrbios
neuropsiquiátricos (27,4%), como dependência ao álcool.

Sedentarismo e alimentação inadequada

Uma pesquisa feita pelo Instituto Lado a Lado pela Vida e pela farmacêutica Astellas com 2.405
brasileiros de todas as regiões do país, mostrou que no Brasil quase 80% dos homens exageram com
frequência no açúcar, sal ou gordura e apenas 35% se exercita pelo menos três vezes por semana, como
recomenda a Organização Mundial da Saúde.

Esses dados são extremamente preocupantes se considerarmos que a adoção de um estilo de vida
aliando o fim do sedentarismo, com uma reeducação alimentar beneficia o organismo como um todo,
prevenindo diversos tipos de doenças. A má alimentação e o sedentarismo desencadeiam uma série de
doenças de alto risco, além da obesidade. Alguns dos diagnósticos mais comuns são: diabetes tipo 2;
doenças cardiovasculares e dificuldade para respirar e dormir.

Não visitar o médico regularmente

A pesquisa feita pelo Instituto Lado a Lado pela Vida e pela farmacêutica Astellas também revelou que
no Brasil quase 40% dos homens até 39 anos e 20% daqueles com mais de 40 só vão ao médico quando
se sentem mal.

Isso se deve principalmente a questões culturais, como os estereótipos de gênero, que contribuem para
que os homens sejam menos atentos à própria saúde e, segundo estudos realizados pelo Ministério da
Saúde, o homem brasileiro não acredita ter tempo para cuidar da saúde e que é menos vulnerável a
doenças.

Estas barreiras fazem com que eles não procurem os serviços de saúde com frequência, principalmente
para a prevenção de doenças, e apenas 39% dos homens procurariam imediatamente o médico diante
de sinais como dor no peito, mesmo estando cientes que este é um dos principais fatores de risco e
sintomas de problemas cardíacos.

E o fim de ano é uma ótima oportunidade para lembrar que fazer um acompanhamento de saúde não é
uma fraqueza, e que o homem precisa realizar periodicamente consultas e check-ups, a frequência
necessária pode variar de acordo com o aconselhamento do médico, sendo geralmente anual.

Prevenção
Para proporcionar mais qualidade de vida à população masculina, o primeiro passo é a prevenção. A
adoção de hábitos saudáveis, a prática de atividade física regular, a alimentação balanceada e o uso
moderado de bebidas alcoólicas são cruciais para diminuir esses agravos evitáveis. Além disso, o
acompanhamento de saúde preventivo é fundamental.
Um levantamento do Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo mostrou que 70% das
pessoas do sexo masculino procuram atendimento médico por cobrança dos familiares. Além disso,
mais da metade desses pacientes adiam a ida ao médico e já chegam com doenças em estágio
avançado.
A prevenção a partir de um acompanhamento médico rotineiro e a identificação precoce de doenças
aumentam as chances de um tratamento eficaz. Para isso, alguns exames devem fazer parte do
cotidiano masculino:

 Aferir a pressão com frequência;


 Acompanhar as taxas de colesterol;
 Realizar a testagem para infecções sexualmente transmissíveis, como HIV, hepatite B (HBsAg) e hepatite
C (anti-HCV).

Os homens que apresentam algum sinal de problemas na próstata, como dificuldade para urinar, jato
urinário fraco ou sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, devem ir ao serviço de saúde mais
próximo para investigação. É possível que outras doenças, como uma infecção urinária, estejam
causando os sintomas.

No entanto, esses sintomas também podem estar relacionados ao câncer de próstata. No Brasil, esse é o
segundo tipo de câncer mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma.
No geral, é o sexto tipo mais comum no mundo e o principal entre homens, representando cerca de 10%
do total de cânceres.

Para aqueles com histórico familiar, é recomendada a consulta e o acompanhamento médico, pois
somente ele pode orientar quanto aos riscos e benefícios da realização de exames.

Saúde do homem
Para ampliar a procura por serviços de saúde entre os homens, foi regulamentada em 2021 a Política
Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH). O objetivo é promover a melhoria das
condições de saúde da população masculina brasileira, contribuindo de modo efetivo para a redução da
morbidade e da mortalidade dessa população por meio do enfrentamento aos fatores de risco e
vulnerabilidades.

A PNAISH é desenvolvida a partir de cinco eixos temáticos:

 Acesso e acolhimento;
 Saúde sexual e saúde reprodutiva;
 Paternidade e cuidado;
 Doenças prevalentes na população masculina;
 Prevenção de violências e acidentes.

O Ministério da Saúde reforça que o cuidado com a saúde deve ser feito em todas as fases da vida do
homem.

OS HOMENS E AS PRINCIPAIS DIFICULDADES DE ACESSAR OS SERVIÇOS DE SAÚDE Pela revisão


bibliográfica realizada, existem consideráveis estudos que apontam às barreiras enfrentas pelo homem
na busca pelo acesso aos serviços de saúde, especialmente os primários. Apresentaremos as barreiras
mais comuns encontradas e analisadas pelos referidos estudos, como segue:

A. Verbalização do sentir: Os homens preferem adiar ao máximo a busca por assistência à saúde e só o
fazem quando não conseguem mais lidar sozinhos com seus sintomas. No modelo de masculinidade
idealizada, estão presentes as noções de invulnerabilidade e de comportamento de risco – como valores
da cultura masculina – e a ideia de uma sexualidade automática e, portanto, incontrolável. Associadas a
isso se encontram fortalecidas suas dificuldades de verbalizar as próprias necessidades, pois falar de
seus problemas de saúde pode significar uma possível demonstração de fraqueza, de feminilização
perante os outros. Denota-se daí a ideia de feminilização associada aos cuidados de saúde (FIGUEIREDO,
2005).
B. Incompatibilidade com a carga horária de trabalho: Segundo Vieira et al. (2013, p. 123), raras são as
situações em que o homem busca assistência em saúde. Isso geralmente ocorre por dois motivos:
“quando a dor se torna insuportável e quando há impossibilidade de trabalhar”. Gomes e Nascimento
(2006) relatam que o trabalho ocupa uma centralidade no que diz respeito à identidade do homem
como o ser provedor, e que problemas relacionados ao desemprego podem também comprometer o
bem-estar masculino, o que faz com que muitos homens não busquem os serviços de saúde quando se
encontram doentes por medo desta atitude acarretar uma futura demissão.

De acordo com Gomes, Nascimento e Araújo (2007), o horário de funcionamento de alguns serviços de
saúde não atende às demandas dos homens, por coincidir com a carga horária de seu trabalho. Observa-
se que esse problema não se reduz apenas aos homens, pois o horário de funcionamento das
instituições públicas de saúde nem sempre são conciliáveis com os horários das pessoas que se
encontram inseridas no mercado de trabalho formal ou informal, independentemente de serem homens
ou mulheres. Por vezes, o trabalho pode impedir a procura por serviços de saúde, mas o exercício dele
também pode afetar a saúde, pelo fato de o trabalho se constituir uma função atribuída socialmente ao
homem. Sendo assim, à possibilidade de não se conseguir progresso no espaço laborativo ou a perda do
emprego podem gerar tensões não somente econômicas, mas também de identidade e de saúde,
inclusive emocional/mental.

C. Medo de descobrir alguma doença grave: Os homens temem que, ao buscar um serviço de saúde
possam se deparar com diagnósticos de uma doença e ter de se tratar (GOMES; NASCIMENTO; ARAÚJO,
2007). Segundo Gomes (2003), esses medos, podem aflorar no imaginário dos homens o senso comum.

D. Vergonha: Alguns homens têm vergonha de se expor a outro homem ou a uma mulher,
provavelmente essa vergonha se associa à questão história e a falta de hábito de se expor à um
profissional de saúde. Ressaltamos que a mulher, em sua socialização, foi mais acostumada a ter o seu
corpo exposto para a medicina. Foi com a preocupação da sífilis e outras doenças venéreas, no final do
século XIX e nas primeiras décadas do século XX, que o corpo masculino passou a ser mais observado. Já
em relação às mulheres, principalmente com a criação da ginecologia, “desenvolveu-se um olhar mais
compreensivo, passando a existir uma maior medicalização de seu corpo, ao longo dos seus diferentes
ciclos de vida”. (GOMES; NASCIMENTO; ARAÚJO, 2007, p. 570). Essa assimetria entre os gêneros,
referente ao olhar da medicina, pode ter contribuído para que a exposição da mulher seja vista como
mais natural do que a do homem.

E. Homens não se reconhecem como alvo do atendimento: Devido às ações preventivas em saúde se
dirigir quase que exclusivamente para mulheres, alguns homens acabam não se reconhecendo como
alvo do atendimento dos programas de saúde. Sendo assim, os serviços públicos costumam ser
percebidos como um espaço feminino, frequentado principalmente por mulheres e composto por uma
equipe de profissionais formada, em sua maioria, também por mulheres. Essa situação provocaria nos
homens a sensação de não pertencimento àquele espaço (GOMES; NASCIMENTO; ARAÚJO, 2007).

F. Invisibilidade da figura masculina nos serviços de saúde: Quando algum usuário solicita um check-up
em decorrência de “mal-estar”, os próprios profissionais de saúde o desestimulam ou reproduzem o
imaginário que associa o feminino ao cuidado à saúde e o masculino ao não cuidado. Tal atitude
confirma a invisibilidade da figura masculina nos serviços de saúde, pela própria expectativa dos
profissionais, que deixam de estimulá-los às práticas de promoção e prevenção da saúde (VIEIRA et al.
2013).

A falta de atenção ao público masculino reflete uma desqualificação dos profissionais de saúde para esta
perspectiva assistencial. Nesse sentido, não se valoriza e nem se vê como adequado ou pertinente que
os homens sejam alvo de intervenções na lógica organizacional dos serviços, o que remete para sua
desqualificação no campo das políticas públicas de saúde, aspecto que se considera como uma forma de
invisibilidade dessa população. Produz-se então a invisibilidade, por meio da expectativa dos
profissionais de saúde de que os homens não cuidam nem de si nem de outras pessoas e, portanto, não
procuram os serviços ou o fazem de forma menos autêntica. Baseados nessa premissa, suas ações no
cotidiano da assistência acabam por reforçar esta dimensão de invisibilidade. Assim, a invisibilidade é
concebida como a incapacidade de os profissionais de saúde notarem a presença de alguns homens
como usuários dos serviços bem como das demandas trazidas por eles (COUTO et al. 2010).

G. UBS sendo a causa da dificuldade do acesso dos homens aos serviços: Os serviços de saúde
destinam menos tempo de seus profissionais aos homens e oferecem poucas e breves explicações sobre
mudanças de fatores de risco para doenças aos homens quando comparado com as mulheres. Essas
ações reforçam os padrões sociais de masculinidade e feminilidade associados às noções de cuidado em
saúde. Assim, notase uma deficiência no acolhimento ao público masculino e às suas demandas. A APS é
estabelecida pela atual política de saúde e, sobretudo pela ESF, como a porta de entrada preferencial ao
sistema de saúde, porém, de acordo com Couto et al. (2010), não trabalha essa política na perspectiva
de gênero, buscando criticar e modificar, quer nos gestores quer nos profissionais de saúde, as
tradicionais concepções de gênero relativas ao processo saúde-adoecimento.

Assim, o direito à ampliação de cobertura por meio dessa estratégia da APS dificilmente se cumpre no
caso dos homens. Alguns usuários não encontram nos serviços a escuta de suas demandas,
especialmente se essas forem expressas de forma diferente daquelas já consagradas no contexto da
assistência, tradicionalmente femininas (COUTO et al. 2010). É comum os profissionais de saúde
defenderem que os homens, além de menos presentes e assíduos, oferecem mais resistência aos
convites para irem ao serviço, faltam mais às consultas marcadas e não seguem o tratamento como
esperado. Como aponta Schraiber et al. (2005), a baixa frequência dos homens nos serviços de saúde é
atribuída à resistência por parte deles, não sendo reconhecida a sua baixa inclusão nas propostas
assistenciais.

Na mesma direção, foi observada a tendência à responsabilização dos homens pela pequena busca
pelos serviços. Salientamos que não deixamos de considerar que os usuários reproduzem essas
representações, sendo também responsáveis pelos impasses na relação com os serviços. Ressaltamos,
contudo, como é incomum que os profissionais atentem para aspectos da configuração ou
funcionamento dos serviços que dificultam ou até impedem o acesso e uso por parte dos homens. Assim
como não percebem que, com isso, a estratégia de ampliação de cobertura não se realiza para além de
se alienarem de uma atenção integral da perspectiva de gênero, isto é, desconhecerem a questão do
cuidado integral como um problema da APS, o que dirá respeito não só aos homens, mas também às
mulheres. Pode-se dizer que tanto profissional de saúde quanto gestores, nesse sentido, corroboram
com a permanência histórica de uma cultura de gênero na atenção à saúde por não valorizarem
situações em que objetivamente estão em processo de mudança.

H. Fatores culturais: O machismo é associado à ideia de que o “homem não adoece”. Os


comportamentos tidos como tipicamente masculinos, como o uso de álcool, o tabagismo e a violência
também podem ser considerados fatores culturais. Sendo assim, estes fatores são tidos como os
responsáveis por estes comportamentos que acabam por dificultar um acompanhamento mais global,
incluindo ações de prevenção da população masculina (KNAUTH; COUTO; FIGUEIREDO, 2012).

A maior presença feminina notada na demanda aos serviços de saúde, provavelmente está associada a
fatores culturais ou sociais. O fato de que normalmente cabe à mulher acompanhar crianças,
adolescentes e idosos aos serviços de saúde, além de, em determinado período de sua vida, frequentar
o pré-natal, faz com que ela se torne, socialmente, mais “organizada” à utilização dos serviços de saúde
(LAURENTI; JORGE; GOTLIEB, 2005).

Buscar um atendimento humanizado de forma que amplie o acesso dos homens as informações sobre
medidas preventivas contra os agravos e enfermidades que mais atinjam a população masculina(1,2).

Realizar uma abordagem com enfoque nos princípios de humanização que implicam na promoção,
reconhecimento e respeito aos direitos do homem, obedecendo às suas peculiaridades sócio-culturais(3).
Realizar busca ativa na comunidade e orientar quanto a importância e necessidade dos cuidados com a
saúde(1).

Estabelecer a participação da equipe no intuito de acolher o homem na Unidade Básica de Saúde (UBS)
(1)
.

Sensibilizar a população masculina através da educação em saúde para a importância dos cuidados com
a saúde(1).

Aumentar a procura pelos usuários pelas unidades de saúde para promoção proteção e proteção da
saúde(1).

Promover roda de conversa com homens que encontram-se nas portas das unidades pela manhã(1).

Para estimular os homens a cuidarem da sua própria saúde é preciso desconstruir essa ideia de que o
homem é um super-herói e que não precisa ir preventivamente aos serviços de saúde. Essa ideia
errônea leva os homens muitas vezes a descobrir as doenças quando já estão em estágio avançado, o
que prejudica a cura(3,4). Abaixo seguem algumas orientações importantes.

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