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DISCIPLINA – PSICOLOGIA E POLITICAS PUBLICAS DE SAÚDE

PROFESSORA – CLAUDIA CERQUEIRA GRAÇA CARNEIRO


SEMESTRE – 6º
DOCENTES: Debora Chagas, Elisangela Gomes, Francielle Lima, Janildes Teles.

Atividade III Unidade - Trabalho em grupo

ESTÓRIA: CONJUNTO IRACEMA

Conjunto Iracema é um bairro que fica em uma cidade urbanizada, de 2 milhões


de habitantes, a 10 quilômetros do centro. Não é dos piores, mas está longe de apresentar
o padrão de vida da área nobre da cidade.
O índice de escolarização é baixo e o único equipamento de saúde do bairro é a
unidade de saúde da família. As doenças recorrentes parecem se ligar diretamente às
condições de vida da população: doenças infectocontagiosas, respiratória e hipertensão.
O esgoto corre a céu aberto, há muita criminalidade e violência no local. Os jovens não
possuem espaço de lazer. A coordenadora da unidade de saúde diz ainda que chegam
muitas “doenças emocionais”, mas que a equipe não sabe como agir, já que não há
nenhuma doença “de verdade”. Nesses casos o médico costuma passar calmante para
aqueles pacientes que estão “muito nervosos”.
Um dia passou uma equipe da universidade para fazer uma pesquisa sobre
doenças mentais. Eles saíram dizendo que metade da população do Conjunto Iracema
tinha doenças mentais, principalmente ansiedade e depressão. Disseram também que um
quarto era dependente químico, inclusive de benzodiazepínicos. Essa pesquisa foi
apresentada na Associação de bairro e os moradores da comunidade ficaram irados: “Que
direito tem esses doutores de vir aqui no nosso bairro, dizer que nós somos doidos e
drogados?”, perguntou Sr. Joaquim no meio da apresentação. Dona Gerismar foi uma que
ficou injuriada quando viu que aparecia no meio dos “drogados”, só porque usa o
remédio que o médico do posto passou! No caso dela, as coisas que ela sentia pareciam
com aquilo que apresentaram como depressão. Ela saiu da reunião ainda mais triste: “Era
só o que me faltava”.
Chegando a casa, Dona Gerismar olhou ao redor. José, seu filho de quinze anos,
tentava colocar o mais velho, paralítico, na cama. Ele era seu braço direito na lida diária,
desde que Maurício, o pai de seu filho mais novo, saiu de casa. Carlos, seu outro filho,
não se encontrava, provavelmente tinha saído para farrear e se envolver, de novo, com
aquela turma da pesada da comunidade Padre Guerra! Olhando Gabriel, seu caçula, o
bebezinho, Dona Gerismar se punha a chorar: como comprar aqueles remédios que o
médico do posto passou, se há tanto tempo não conseguia uma diária de lavadeira?
Tomada pela tristeza e desesperança, ela voltou para o quarto, de onde pouco saía.
Pensava: “Que raio será essa tal de depressão?”

Referência: BLEICHER, Lana. Saúde para todos, já! 3ª ed. Salvador: EDUFBA, 2016. 137p.

Questões para pensar:

1. A depressão de Dona Gerismar se cura com remédio? O que será que fez com ela
ficasse desse jeito?

Resposta: É importante ressaltar que cada caso de depressão é único e o tratamento pode variar
de pessoa para pessoa. Além do uso de medicamentos, é de igual importância buscar suporte
emocional, apoio terapêutico e está inserido em um ambiente saudável e acolhedor. A depressão
não é apenas uma questão de cura, seja ela realizada com remédios ou não, mas sim um processo
que detecte os gatilhos e busque trabalhá-los e para que este tratamento seja realmente eficaz
precisa-se envolver cuidados com uma equipe multidisciplinar.
No caso da Dona Gerismar, não é necessariamente possível se curar apenas com remédios.
Existem diversos fatores que podem estar contribuindo para seu estado, como condições de vida
precárias, sobrecarga familiar e falta de suporte emocional adequado. O tratamento da depressão
também envolve terapias e apoio psicológico.
É fundamentalmente necessário que Dona Gerismar tenha acesso a recursos e serviços que
possam melhorar sua qualidade de vida, como assistência social, programas de apoio à família e
oportunidades de emprego. A depressão não pode ser tratada isoladamente, mas sim abordada de
maneira holística, considerando todos os aspectos da vida da pessoa.
Além de todos os aspectos mencionados acima o apoio e compreensão da comunidade ao qual a
pessoa está inserida é de grande valia, por este motivo as campanhas de combate ao estigma
associado à depressão, a luta pela conscientização sobre saúde mental e a criação de espaços de
diálogo podem contribuir para realização de um acolhimento e escuta propício ao tratamento
adequando-o não somente para o quadro da depressão, como de outros problemas
psicossomáticos, transtornos e vícios, como a ansiedade, alcoolismo, dependências e etc… tanto
a pessoa que está passando por esse processo, como todos os envolvidos e que fazem parte do
nicho imediato da pessoa, precisam ser acompanhados.

2. Do percurso de aprendizagem que fizemos nesse semestre, o que você entendeu sobre
o SUS?

Resposta: O SUS (Sistema Único de Saúde) é um sistema de saúde pública criada com o objetivo
de promover uma saúde com acesso universal e gratuito. Em aula aprendemos sobre a sua
história, conceito, princípios e doutrinas, atuação e etc. Um conteúdo extenso e muito relevante,
foi possível fazer um percurso compreendendo um pouco sobre saúde pública e a sua relevância
dentro das políticas públicas municipais e estaduais.
O SUS surgiu entre os anos 70 e 80, quando alguns grupos se associaram no movimento
sanitário com o objetivo de planejar um sistema de saúde capaz de promover a atenção e
assistência á saúde a todos os residentes do país.
A Organização Mundial de Saúde OMS, traz a definição de saúde como uma condição perfeita
de bem-estar físico, mental e também social. Antes a saúde era compreendida apenas como
ausência de doenças, mas com o passar do tempo, a definição de saúde foi alterada e foi então
compreendida de acordo com a definição da OMS.
É de suma importância ressaltar que o SUS é uma das maiores conquistas da sociedade
brasileira, pois atende desde os mais necessitados até os mais bem sucedidos, promovendo
integridade e saúde desde os exames mais básicos, até os mais complexos como transplantes de
órgãos, sendo direito de qualquer cidadão do país utilizar o sus.
Durante a aula foi possível também aprender sobre os princípios doutrinários, que são eles:
Universalidade entende-se saúde como direito de todos e cabe a cada estado assegurar esse
direito, o propósito do SUS foi implantado com o intuito de tornar este princípio realidade.
Integralidade denomina-se por considerar a pessoa como um todo, atendendo a todas as suas
necessidades, ou seja, para isso, é importante ressaltar que a integração de ações incluindo
também a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e também a reabilitação.
Equidade o seu objetivo é diminuir desigualdades, todos os indivíduos possuem direitos aos
serviços, porém as pessoas não são iguais e é justamente por isso que se têm necessidades
diferentes, sendo assim a equidade buscar tratar ao indivíduo respeitando as desigualdades, e
investindo mais aonde a carência é maior.
Regionalização e hierarquização os serviços devem ser organizados em níveis crescentes de
complexidade em uma área geográfica, planejados a partir de critérios epidemiológicos e com
sua maior definição e conhecimento da população.
Já os princípios organizacionais, estudamos a descentralização que basicamente descentraliza e
denomina-se poder e responsabilidade entre os três níveis de governo.
Conhecemos também o principio organizativo a participação popular que ocorre basicamente de
mãos dadas com a democratização e deve estar presente no dia- a -dia do sistema, com intenção
de formular algumas estratégias e também controlar e avaliar as questões de políticas da saúde.
Em resumo todo o conteúdo transmitido em aula em relação ao SUS fez com que mudássemos a
visão em relação a saúde pública do nosso país, em relação aos beneficiados por esse sistema,
além de nos influenciar ainda mais a valorizar esse programa, perceber o quanto somos
privilegiados já que o Brasil é o único país com esse sistema de extrema importância, foi um
conteúdo muito relevante e necessário para nossa formação acadêmica, o SUS é de fato uma
conquista positiva para todos os brasileiros e é graças a ele que muitos podem ter acesso a um
atendimento e ter sua vida prolongada, atendendo desde de casos simples, como aos mais
complexos, além de fornecimento de medicação e acompanhamentos de saúde mental. Além do
SUS ser o maior sistema público de saúde do mundo ele atende cerca de 190 milhões de pessoas,
ressaltando que qualquer estrangeiro em nosso país também recebe esse direito, sendo assim
concluímos que todo conteúdo em aula serviu como reflexão sobre os desafios enfrentados e
sobre os avanços e as necessidades de garantir um sistema de saúde eficiente e também de
qualidade para toda a população.

3. Nesse contexto, como o psicólogo poderia atuar para intervir nesse caso, junto a
Equipe de Saúde da Família?

Resposta: Podemos identificar que a comunidade em geral, tem péssimas condições de vidas e
que a maioria dos indivíduos possui algum sofrimento psíquico ou doenças mentais. Com isso, o
Psicólogo, junto a Equipe de Saúde da Família, teria que realizar um acompanhamento de perto
dessa comunidade, para diagnosticar os indivíduos que realmente possuem esses problemas.
Sabendo que a intervenção dessa área nas Unidades de Saúde ainda se apresenta limitada, seria
necessário profissionais capacitados para realizar o apoio da equipe e intervir com avaliações e
prognósticos dos distúrbios emocionais e mentais, criar alternativas de cuidado para uma
intervenção específica para cada caso e com isso, identificar quais indivíduos necessita apenas da
ferramenta da escuta e intervenções simplificadas, e quais indivíduos necessita de uma
intervenção maior, através do Caps.
O psicólogo, junto à ESF, pode atuar de diversas maneiras para intervir nesse caso. Ele pode
oferecer suporte emocional e psicológico tanto para Dona Gerismar quanto para os demais
membros da família, identificar e tratar possíveis transtornos mentais, promover a
conscientização sobre saúde mental na comunidade, desenvolver estratégias de prevenção e
promoção da saúde mental e orientar a equipe de saúde sobre como lidar com as "doenças
emocionais" relatadas. O objetivo é melhorar o bem-estar emocional e a qualidade de vida dos
moradores do Conjunto Iracema.
Além disso, o psicólogo pode trabalhar em parceria com outros profissionais da ESF para
implementar ações de promoção da saúde, como grupos terapêuticos, atividades de lazer para os
jovens, capacitação da equipe de saúde para lidar com questões emocionais e oferecer orientação
sobre o uso adequado de medicamentos psicotrópicos. O foco é abordar as necessidades
específicas da comunidade e promover uma abordagem integral de saúde, realizar avaliações
psicológicas individuais e em grupo, oferecer terapia cognitivo-comportamental para ajudar os
moradores a desenvolver habilidades de enfrentamento e resiliência, promover a conscientização
sobre a importância da saúde mental e buscar parcerias com instituições locais para ampliar o
acesso a serviços de saúde mental na comunidade.
O psicólogo também pode realizar atividades de educação em saúde mental, como palestras e
workshops, para informar a comunidade sobre os sinais e sintomas de transtornos mentais,
reduzir o estigma associado a eles e promover a busca por ajuda profissional. Podendo auxiliar
na articulação com serviços sociais e organizações comunitárias para fornecer suporte e recursos
adicionais aos moradores do Conjunto Iracema.

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