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SAÚDE MENTAL

Aula: Saúde Mental


Prof. Natale Souza 1. Teoria em tópicos + esquemas;
2. Questões comentadas ao longo do texto;
Natale Oliveira de Souza, enfermeira, Mestre em
Saúde Coletiva. Graduada pela UEFS – Universidade 3. Lista das questões gabaritadas;
Estadual de Feira de Santana – em 1999, pós- 4. Referências bibliográficas.
graduada em Saúde Coletiva pela UESC –
Universidade Estadual de Santa Cruz – em 2001, em
Direito Sanitário pela FIOCRUZ em 2004.
Atualmente sou funcionária pública da Prefeitura
Municipal de Salvador e atuo há 14 anos na docência
em cursos de pós-graduação e preparatórios de
concursos, ministrando as disciplinas: Legislação do
SUS, Políticas de Saúde, Programas de Saúde
Pública e Específicas de Enfermagem. Sou autora de
05 livros na área de concursos públicos.

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1. SAÚDE MENTAL

Fonte: Google Imagem

A atual política de saúde mental brasileira é resultado da mobilização de usuários,


familiares e trabalhadores da Saúde iniciada na década de 1980 com o objetivo
de mudar a realidade dos manicômios onde viviam mais de 100 mil pessoas com
transtornos mentais. O movimento foi impulsionado pela importância que o tema
dos direitos humanos adquiriu no combate à ditadura militar e alimentou-se das
experiências exitosas de países europeus na substituição de um modelo de saúde
mental baseado no hospital psiquiátrico por um modelo de serviços comunitários
com forte inserção territorial. Nas últimas décadas, esse processo de mudança se
expressa especialmente por meio do Movimento Social da Luta Antimanicomial e
de um projeto coletivamente produzido de mudança do modelo de atenção e de
gestão do cuidado:
REFORMA PSIQUIÁTRICA.

Ainda na década de 1980, experiências municipais iniciaram a


desinstitucionalização de moradores de manicômios criando serviços de atenção
psicossocial para realizar a (re)inserção de usuários em seus territórios
existenciais. Foram fechados hospitais psiquiátricos à medida que se expandiam

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serviços diversificados de cuidado tanto longitudinal quanto intensivo para os
períodos de crise. A atenção aos portadores de transtornos mentais passa a ter
como objetivo o pleno exercício de sua cidadania, e não somente o controle de
sua sintomatologia. Isso implica em organizar serviços abertos, com a
participação ativa dos usuários e formando redes com outras políticas públicas
(educação, moradia, trabalho, cultura etc).
Consoante Brasil (2013), em 2001, após mais de dez anos de tramitação no
Congresso Nacional, é sancionada a Lei nº 10.216 que afirma os direitos das
pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo
assistencial em saúde mental. Os princípios do movimento iniciado na década
de 1980 tornam-se uma política de estado. Na década de 2000, com
financiamento e regulação tripartite, amplia-se fortemente a rede de atenção
psicossocial (Raps), que passa a integrar, a partir do Decreto Presidencial nº
7508/2011, o conjunto das redes indispensáveis na constituição das regiões
de saúde.

Conforme a Lei nº 10.216/ 2001 são direitos da pessoa portadora de


transtorno mental:

I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às


suas necessidades;

II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de


beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na
família, no trabalho e na comunidade;

III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;

IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;

V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a


necessidade ou não de sua hospitalização involuntária;

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VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;

VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de


seu tratamento;

VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos


possíveis;

IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde


mental.

Entre os EQUIPAMENTOS SUBSTITUTIVOS ao modelo manicomial


podemos citar:

Centros de Atenção Psicossocial (Caps);

Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT);

Centros de Convivência (Cecos);

Enfermarias de Saúde Mental em hospitais gerais;

Oficinas de geração de renda, entre outros.

As Unidades Básicas de Saúde cumprem também uma importante função na


composição dessa rede comunitária de assistência em saúde mental.

O cuidado em saúde mental não é algo de outro mundo ou para além do trabalho
cotidiano na Atenção Básica. Pelo contrário, as intervenções são concebidas na
realidade do dia a dia do território, com as singularidades dos pacientes e de suas
comunidades.

Ações terapêuticas comuns aos profissionais da Atenção Básica


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Veja algumas ações que podem ser realizadas por todos os profissionais da
Atenção Básica, nos mais diversos dispositivos de cuidado (CHIAVERINI, 2011).

Proporcionar ao usuário um momento para pensar/refletir.

Exercer boa comunicação.

Exercitar a habilidade da empatia.

Lembrar-se de escutar o que o usuário precisa dizer.

Acolher o usuário e suas queixas emocionais como legítimas.

Oferecer suporte na medida certa; uma medida que não torne o usuário
dependente e nem gere no profissional uma sobrecarga.

Reconhecer os modelos de entendimento do usuário.

As intervenções em saúde mental devem promover novas possibilidades de


modificar e qualificar as condições e modos de vida, orientando-se pela produção
de vida e de saúde e não se restringindo à cura de doenças. Isso significa acreditar
que a vida pode ter várias formas de ser percebida, experimentada e vivida. Para
tanto, é necessário olhar o sujeito em suas múltiplas dimensões, com seus
desejos, anseios, valores e escolhas. Na Atenção Básica, o desenvolvimento
de intervenções em saúde mental é construído no cotidiano dos encontros entre
profissionais e usuários, em que ambos criam novas ferramentas e estratégias
para compartilhar e construir juntos o cuidado em saúde.

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O que é o sofrimento?

Sofrimento não é o mesmo que dor, embora a dor possa levar a um sofrimento,
mas não é qualquer dor que nos faz sofrer. Da mesma forma, o sofrimento não
equivale a uma perda, embora as perdas possam, ocasionalmente, nos fazer
sofrer.

O que é cuidado?

Tendo em vista que cada pessoa é um conjunto de dimensões diferentes com


relações distintas entre cada esfera, devemos em cada encontro com a pessoa
que sofre dar atenção ao conjunto dessas esferas, em uma abordagem integral,
e assim identificar quais transformações ocorreram, como cada mudança influiu
em cada uma das esferas, quais correlações estão estagnadas ou ameaçadas,
enfim, o que está provocando adoecimento e o que está em vias de causar
adoecimento. Da mesma forma, devemos identificar que esferas ou relações
propiciam mais movimento, estabilidade e coesão ao conjunto. Poderemos então
elaborar estratégias de intervenção em algumas ou várias dessas esferas, dentro
de uma sequência temporal, e buscando reintroduzir uma dinâmica de dissipação
das forças entrópicas para reduzir o sofrimento e promover a retomada da vida.
O esforço em realizar esse exercício com os usuários e os familiares pode se
chamar de Projeto Terapêutico Singular.

ATENÇÃO!
E O QUE É PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR – PTS?

Um projeto terapêutico é um plano de ação compartilhado


composto por um conjunto de intervenções que seguem uma
intencionalidade de cuidado integral à pessoa. Neste projeto,

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tratar das doenças não é menos importante, mas é apenas uma
das ações que visam ao cuidado integral. Um Projeto
Terapêutico Singular deve ser elaborado com o usuário, a
partir de uma primeira análise do profissional sobre as múltiplas
dimensões do sujeito. Cabe ressaltar que esse é um processo
dinâmico, devendo manter sempre no seu horizonte o caráter
provisório dessa construção, uma vez que a própria relação entre
o profissional e o usuário está em constante transformação.

A construção da Rede de Cuidados Compartilhados

Adotamos a ideia de que uma rede de cuidados no âmbito da micropolítica se


forma por fluxos entre os próprios trabalhadores, que no ambiente de trabalho
estabelecem conexões entre si.
Estas redes são ativadas e se mantêm funcionando pelos trabalhadores, e seu
funcionamento acontece mediante um determinado projeto terapêutico (FRANCO,
2006).

As redes em intensa atividade exige um permanente esforço de construção, com


fóruns de discussão permanente entre trabalhadores destas entidades, o que as
alimentam e as mantêm ativas e produtivas. Esta atividade de permanente
conversa entre as equipes considera que os projetos terapêuticos devem ser
singulares, tendo sempre um gestor, ou seja, algum técnico de referência que faz
a sua gestão e acompanha cada passo, aciona outros trabalhadores, garante
encaminhamentos e busca apoio. Isto é uma função extremamente importante
para a sua eficácia, sobretudo em situações de extrema complexidade, como é o
caso.

A importância do PTS no cuidado em saúde mental

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O PTS pode ser definido como uma estratégia de cuidado que articula um
conjunto de ações resultantes da discussão e da construção coletiva de uma
equipe multidisciplinar e leva em conta as necessidades, as expectativas, as
crenças e o contexto social da pessoa ou do coletivo para o qual está dirigido
(BRASIL, 2007). A noção de singularidade advém da especificidade irreprodutível
da situação sobre a qual o PTS atua, relacionada ao problema de uma
determinada pessoa, uma família, um grupo ou um coletivo.

A utilização do PTS como dispositivo de intervenção desafia a organização


tradicional do processo de trabalho em saúde, pois pressupõe a necessidade
de maior articulação interprofissional e a utilização das reuniões de equipe
como um espaço coletivo sistemático de encontro, reflexão, discussão,
compartilhamento e corresponsabilização das ações com a horizontalização
dos poderes e conhecimentos.

A utilização de um roteiro norteador pode ajudar na organização de um PTS,


estabelecendo momentos sobrepostos, são eles:

O diagnóstico situacional; A definição de objetivos e metas;

A divisão de tarefas e
A reavaliação do PTS.
responsabilidades;

Fonte: (BRASIL, 2007; OLIVEIRA, 2008).

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1. Na etapa do diagnóstico situacional é importante identificar as
necessidades, demandas, vulnerabilidades e potencialidades mais
relevantes de quem busca ajuda. Valorizar as potencialidades permite a
ativação de recursos terapêuticos que deslocam respostas estereotipadas,
favorecendo a emergência de novos territórios existenciais e a
reconfiguração daqueles já vigentes.

2. A definição de objetivos e metas envolve definir as questões sobre as


quais se pretende intervir. Aspectos oriundos do ideário ético-político
psicossocial visando a uma maior inserção social, a ampliação de
autonomia e a ativação da rede de suporte social da pessoa, família, grupo
ou coletivo são balizas norteadoras das ações. A operacionalização deste
processo se dá por meio de uma comunicação culturalmente sensível e da
negociação pactuada entre o técnico de referência e a equipe por um lado,
e da equipe ou do próprio técnico de referência com a pessoa, a família, o
grupo ou o coletivo por outro. Neste momento do PTS também é
importante fazer projeções de curto, médio e longo prazo.

3. A divisão de tarefas e responsabilidades envolve a definição clara e a


atuação do técnico de referência por meio do esclarecimento do que vai
ser feito, por quem e em que prazos. O dispositivo do técnico de referência
é fundamental na organização do cuidado de casos complexos em saúde
mental. Esta posição geralmente é assumida pelo trabalhador que
estabelece maior vínculo com a pessoa em sofrimento. O técnico de
referência tem a responsabilidade de coordenar o PTS, suas tarefas,
metas e prazos por meio do acompanhamento, articulação, negociação
pactuada e reavaliação do processo com a pessoa, seus familiares, a
equipe de Saúde e outras instâncias que sejam necessárias.

4. A reavaliação do PTS, conduzida pelo técnico de referência, deve ser


sistemática, agendada com a equipe e a pessoa cuidada. A revisão de
prazos, expectativas, tarefas, objetivos, metas e resultados esperados e
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obtidos podem ajudar a manter o PTS ou introduzir e redirecionar as
intervenções conforme as necessidades (MÂNGIA; BARROS, 2009). A
reavaliação deve ser feita em diversos momentos que incluem encontros
entre a pessoa cuidada, seus familiares e o técnico de referência; reuniões
de equipe e reuniões ampliadas com outros serviços e instituições
implicados no PTS.

Família

O tema Família refere-se a uma realidade muito próxima a cada um de nós. O


significado, o sentido, os sentimentos despertados são diferentes de acordo com
a experiência de cada um e sua história familiar. Isso, muitas vezes, dificulta a
percepção e o entendimento dos profissionais de Saúde em relação às
configurações familiares dos usuários, pois suas referências individuais, culturais
e sociais são diferentes. O olhar, o escutar, o observar, o perceber e o entender
a diversidade da forma de viver em família são fortemente influenciados pelas
concepções de família, pelas crenças e valores de cada profissional, mas essas
barreiras culturais e de comunicação podem ser enfrentadas a partir de uma
abordagem que favoreça a reflexão, o diálogo, a escuta e o acolhimento do
usuário.

Família e sofrimento psíquico: o desafio do protagonismo familiar

A reforma psiquiátrica brasileira traz imensas contribuições na forma de conceber


e perceber a família no contexto do cuidado em saúde mental. Antes de sua
implementação, a forma de tratamento disponível para as pessoas em sofrimento
psíquico era baseada no isolamento e na exclusão, sendo os sujeitos privados do
contato com sua família e com a sociedade. Não havia investimentos na
mobilização das famílias como participantes importantes no tratamento, já que o
indivíduo era visto de maneira isolada e como doente.

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ATENÇÃO!
A principal diretriz da Política Nacional de Saúde Mental, inspirada
na reforma psiquiátrica brasileira, consiste na redução gradual e
planejada de leitos em hospitais psiquiátricos, priorizando
concomitantemente a implantação de serviços e ações de saúde
mental de base comunitária, capazes de atender com
resolubilidade os pacientes que necessitem de atenção (BRASIL,
2005).

Dentro dessa perspectiva, a família é requisitada como parceira dos novos


serviços e reafirmada como um dos possíveis espaços do provimento de cuidado
(ROSA, 2004), passando a ser concebida como necessária e aliada no cuidado
de seu familiar em sofrimento psíquico.

Abordagem familiar: ferramentas e recomendações

Para uma abordagem familiar é importante aliar conhecimentos científicos e


tecnológicos às habilidades de observação, comunicação, empatia e intervenção,
o que requer aperfeiçoamento de competências profissionais. Na abordagem
familiar, considera-se que a saúde da família vai além da soma da saúde dos
indivíduos. Sendo assim, espera-se que a equipe de Atenção Básica à Saúde seja
capaz de identificar e desenvolver as seguintes especificidades:

– Conceituar família e considerar sua complexidade.

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– Cuidar com base na experiência da família ao longo do tempo, ou seja, sua
história pregressa, atual e perspectivas futuras.
– Trabalhar com todos da família, tanto doentes como sadios.
– Que a família enquanto um sistema é afetada pela mudança de qualquer um
de seus membros.
– Reconhecer que a pessoa mais sintomática (doente) da família também pode
mudar com o tempo.
– Promover apoio mútuo e compreensão entre os membros da família sempre
que possível.
– Levar em conta o contexto social e cultural da família na facilitação de suas
relações com a comunidade.

Algumas recomendações para o trabalho com família

Solymos, Maricondi e Soares (2009) apontam que o profissional que trabalha com
família precisa aperfeiçoar em si mesmo os seguintes aspectos fundamentais:

Uma existência sem preconceitos;

A disponibilidade para os outros;

Capacidade de se desfocar do
problema.

 Uma existência sem preconceitos consiste em saber agir diante dos


acontecimentos da vida. Esta postura exige saber reconhecer e valorizar o

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que ocorre em detrimento daquilo que se deseja; interessar-se pelo
cotidiano e modo de vida das pessoas e não unicamente por suas
fraquezas ou doenças; acolhê-las respeitando seu ritmo e o ritmo dos
acontecimentos.
 Uma disponibilidade para os outros significa uma flexibilidade pessoal
em relação aos modos, tempos e lugares das pessoas e suas famílias.
 Uma habilidade para se desfocar do problema significa não se restringir
a ele. Vale dizer, significa centrar a atenção nas possibilidades de vida que
as pessoas e as famílias também têm. Desse modo nasce a percepção de
que as dificuldades podem ser equacionadas paulatinamente e que a
melhor intervenção é aquela que permite que a própria família assuma a
responsabilidade de encontrar os meios para o seu enfrentamento.

Além desses três aspectos, cabe também ressaltar algumas dicas práticas
para o trabalho com família:

 Pense em suas próprias experiências com sua família (família atual e


família de origem) e rememore histórias de sofrimento psíquico e/ou uso
de álcool e drogas de parentes, amigos e vizinhos, identificando quais são
seus valores, crenças e mitos sobre tudo isso... Faça essa reflexão
individualmente e depois com a sua equipe de Saúde.
 Evite julgamentos baseados em qualquer tipo de preconceito. Só será
possível conversar com uma família em prol do seu desenvolvimento se
você puder ouvi-la sem julgar ou recriminar.
 Priorize atendimento mais imediato às famílias com maiores dificuldades
psicossociais.
 Identifique pessoas que podem auxiliar no cuidado em saúde mental. Pode
ocorrer que essas pessoas não pertençam ao grupo familiar de origem.
 Observe como a família se coloca no espaço físico de atendimento, ou seja,
onde cada pessoa senta ou se distribui no local onde é atendida. Essa
observação lhe permitirá perceber alguns aspectos dos papéis familiares.

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Por exemplo, um filho adulto ao se colocar ao lado da mãe e não permitir
seu pai ali se situar, pode indicar uma relação simbiótica entre mãe e filho
e um pai com dificuldade de ocupar o seu lugar. Perguntas muito simples
podem auxiliar muito. No exemplo, a pergunta poderia ser: “como é para o
senhor ceder seu lugar ao seu filho?”.
 Observe como a família se comunica, se as mensagens são claras ou
obscuras, e busque auxiliar na comunicação.
 Auxilie a família na diminuição da culpa, do desamparo e da desesperança
diante das crises e das dificuldades enfrentadas no dia a dia com a pessoa
em sofrimento psíquico. Permita que tais sentimentos sejam expressos.
 Reconheça e valorize os saberes e os recursos encontrados pela família
na convivência diária com o sujeito em sofrimento psíquico.
 Fique atento (a) aos movimentos saudáveis, ainda que sejam mínimos, e
discuta-os com a família. Muitas vezes, a convivência diária não permite
perceber tais mudanças.
 Construa com as famílias alternativas de mudança e de promoção dos
cuidados familiares da pessoa com sofrimento psíquico e/ou uso de álcool
e drogas. Há um saber acumulado sobre este assunto que poderá ajudá-
lo(a) muito na compreensão dos modos de ser, viver e conviver em família.
 Promova sempre o diálogo e a troca de experiências entre todos, nas
reuniões com a(s) família(s), nas consultas e visitas domiciliares. Desse
modo, todos terão a oportunidade de se expor a mudanças e compreender
o que está acontecendo. Isso amplia possibilidades de obtenção de
resultados eficazes.
 Crie o hábito de fazer anotações sobre cada atendimento realizado e,
sempre que possível, discuta seu trabalho com seus colegas de equipe,
compartilhando dúvidas, certezas, limites e possibilidades. Registros
escritos preservam histórias, constroem histórias...
 Não se assuste, nem reaja com base em fortes sentimentos, positivos ou
negativos, que determinadas pessoas e famílias mobilizam. Nessas

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situações, melhor será adiar uma resposta ou conduta clínica e buscar
ajuda de sua equipe de Saúde ou supervisão especializada.
 Caso seu município possua Centros de Atenção Psicossocial (Caps), Nasf
ou equipes de Saúde Mental, busque discutir situações em que você tem
mais dificuldade de manejo clínico. As equipes desses serviços, além de
auxiliar na conduta clínica, também podem apoiar na organização e na
realização de ações de saúde mental envolvendo a família no território.

As visitas domiciliares são ferramentas fundamentais para o cuidado à família.


Entre as questões importantes de se trabalhar nas visitas domiciliares, é
importante que o profissional:

Identifique quem são os cuidadores da pessoa com sofrimento psíquico e/ou


uso de álcool e drogas, procurando envolvê-los na conversa.

Faça com eles uma lista dos cuidados que a pessoa com sofrimento psíquico
e/ou uso de álcool e drogas recebe deles.

Organize essa lista de cuidados classificando-os de acordo com prioridades


discutidas e consensuadas entre todos: membros da equipe de Saúde e
cuidadores familiares.

Observe e registre quais cuidados estão faltando.

Converse com os cuidadores familiares para, juntos, identificarem as causas


das dificuldades e buscarem soluções alternativas.

Faça uma lista das pessoas, grupos e instituições que compõem a rede social
da família, definindo metas para a sua ampliação, se for o caso.

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Situações de saúde mental comuns na Atenção Básica

• Pessoas que sofrem. Em primeiro lugar porque, como já dissemos


anteriormente, tomar a pessoa, e não a doença, como ponto de partida enriquece
a compreensão do que a motiva a procurar ajuda e, portanto, permite um cuidado
que se adapta à diversidade de todas as pessoas e, ao mesmo tempo, dá conta
da integralidade de cada pessoa. As pessoas procuram ajuda na AB porque
sofrem, e não porque tem uma doença. Muitos dos que sofrem e procuram
atendimento, estão de fato doentes, mas dificilmente a doença explica todo seu
sofrimento. O maior desafio dos serviços de Saúde, no entanto, é cuidar daqueles
que estão doentes sem sofrer e dos que sofrem sem estar doentes. São os que
estão doentes sem sofrer que fazem do diabetes mellitus, da hipertensão e da
obesidade os fatores de risco mais comuns para as doenças cárdio e
cerebrovasculares. São os que sofrem sem estar doentes que lotam as agendas
da AB e inflam as estatísticas de prevalência de depressão e de ansiedade.

• Sofrimento não é doença. Em segundo lugar, as formas de expressão mais


frequentes do sofrimento (mental) na AB não podem ser facilmente categorizadas
como doenças. O que sabemos da sua fenomenologia indica que não há definição
clara do que é patológico e que essas formas são diversas e complexas demais
para caberem em meia dúzia de categorias diagnósticas. Além disso, não há um
único marcador biológico com utilidade clínica para essas formas de sofrimento.
Por fim, toda investigação causal, seja ela biológica, psicológica ou sociológica
sobre essas formas mais comuns de sofrimento mental aponta para um grande
número de fatores de vulnerabilidade, que interagem de forma dinâmica ao longo
da história de vida de cada pessoa, sem que nenhum deles seja determinante.

• Estigma e sofrimento. Em terceiro lugar porque o estigma da expressão doença


mental (ou mesmo o eufemismo transtorno mental) é grande e significa um
sofrimento adicional para quem o carrega. Portanto, ainda que entre profissionais
de saúde seja útil usar no cotidiano expressões que condensem informação,

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precisamos nos interrogar sobre o sentido que essas expressões carregam na
comunidade.

O que chamamos de sofrimento mental comum?

Quem trabalha ou estuda o sofrimento mental na AB sabe que tristeza, desânimo,


perda do prazer de viver, irritabilidade, dificuldade de concentração, ansiedade e
medo (às vezes na forma de crises) são queixas comuns dos usuários. Com
frequência, quem se queixa de uma delas, também se queixa de muitas das
outras. Ou seja, são queixas que costumam estar associadas. Por outro lado,
muitos desses mesmos usuários que relatam os fenômenos acima, também
apresentam queixas como mudança no sono e apetite (por vezes para mais, por
vezes para menos), dores (frequentemente crônicas e difusas), cansaço,
palpitações, tontura ou mesmo alterações gástricas e intestinais (GOLDBERG,
2005).
A essa altura, vocês já terão reconhecido que estamos falando aqui daquilo que
conhecemos como sintomas depressivos, ansiosos e de somatização. De fato, as
síndromes mais frequentes na AB são a depressiva, ansiosa e de somatização
(as chamadas queixas físicas sem explicação médica).
Ocorre que na AB, a maioria dos usuários que apresenta uma dessas três
síndromes também apresenta uma ou mesmo duas das outras síndromes. Ou
seja, existem mais quadros mistos do que puros. Mas ainda, os pesquisadores
observaram que essas três síndromes também compartilham fatores de risco e
tem um curso clínico semelhante (GOLDBERG, 2005). Por fim, muitas pessoas
têm episódios intermitentes de intensificação dessas síndromes, alternando
períodos com pouca ou nenhuma sintomatologia, com períodos de mais
intensidade (que fecham diagnóstico) e de menos intensidade (os chamados
quadros subclínicos) (NICE, 2011).

Portanto, há razões suficientes para defender que as manifestações mais


comuns do sofrimento mental na AB fazem parte de uma única síndrome clínica

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com três grupos ou dimensões de sintomas que se combinam:
tristeza/desânimo, ansiedade e sintomas físicos (somatização).

Compreendendo a pessoa que sofre em seu contexto de vida

Epidemiologistas e clínicos procuram compreender, ainda que usando métodos


diferentes, em que contexto se produz o sofrimento mental comum de populações,
para uns, e pessoas para outros. Estudos populacionais no Brasil e no mundo
identificaram uma série de características individuais que estão mais associadas
a essa forma de sofrimento. Essas características interagem e se combinam com
outras, ainda não identificadas, para determinar o grau de vulnerabilidade de cada
pessoa a essa forma de manifestação de sofrimento. A seguir, vamos discutir os
principais aspectos do contexto de vida de uma pessoa que estão associados ao
sofrimento mental comum.

Vulnerabilidade: gênero, pobreza, cor da pele e desigualdade

Mulheres têm cerca de duas vezes mais chance de apresentar essa forma
de sofrimento do que os homens. Essa diferença está mais provavelmente
relacionada à diferença de gênero (papéis sociais da mulher e do homem) do que
à diferença biológica de sexo. Há também que se considerar que as diferenças de
gênero influenciam não apenas a vulnerabilidade ao sofrimento como também
suas formas de expressão. Isto é, podem haver formas socialmente melhores
aceitas de sofrimento para cada gênero. Homens, por exemplo, têm muito mais
problemas relacionados ao uso de substâncias psicoativas do que mulheres.
A pobreza também está relacionada a um risco mais elevado de sofrimento mental
comum.
No Brasil, estudos apontaram baixa escolaridade e menor renda como
fatores de risco (PATEL, 2003; LORANT, 2003). A inserção das pessoas no
mundo do trabalho também está relacionada ao sofrimento mental. As pesquisas

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mostram, como era de se esperar, que o desemprego aumenta a vulnerabilidade
ao sofrimento mental. E entre os empregados, aqueles que descrevem sua
inserção no trabalho como exigindo alto desempenho com pouca autonomia ou
que sentem um desequilíbrio pronunciado entre esforço e reconhecimento relatam
mais sofrimento do que o restante dos empregados (STANSFELD, 2006).
Uma importante pesquisa feita no Brasil mostrou ainda que a vulnerabilidade das
mulheres ao sofrimento mental comum é ainda maior entre as que se identificam
como negras e pardas (segundo o IBGE) e entre aquelas com menor renda.

Desestabilização: eventos de vida e seus significados

Além de fatores estruturais como gênero, cor da pele, renda, escolaridade e


trabalho, fatores conjunturais também aumentam o risco de sofrimento mental. É
muito frequente que as pessoas relatem que algum acontecimento marcante em
suas vidas tenha precedido o aparecimento do sofrimento.

Resiliência: temperamento e apoio social

Se for verdade que a grande maioria do sofrimento mental comum está


relacionada a algum evento de vida marcante, nem todos os que passam por
situações como as descritas acima sofrem a ponto de buscar ajuda no sistema de
saúde. As pesquisas também mostram que traços que podem ser descritos como
fazendo parte do temperamento ou personalidade de uma pessoa, somados aos
fatores estruturais (gênero, pobreza etc.) já mencionados, podem combinar-se
para atenuar ou intensificar, prolongar ou encurtar o sofrimento de alguém que
passa por um evento de vida desestabilizador. É provável que essas
características de personalidade tenham diferentes graus de determinação
genética, ainda que sempre modulados por fatores ambientais, principalmente no
período de desenvolvimento da criança (KENDLER; PRESCOTT, 2006).
O traço de temperamento mais mencionado está relacionado à autoestima.
Autoestima elevada é um protetor do sofrimento mental comum. Já a baixa

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autoestima é um sentimento que pode colorir diversas situações e cuja origem é
frequentemente relacionada tanto às primeiras experiências de vinculação
afetivas na infância quanto à qualidade das principais relações afetivas no
presente (BROWN, 2002).

Impacto do sofrimento mental comum na saúde

Há evidências sólidas que o sofrimento mental comum tem um impacto


significativo em alguns dos mais prevalentes agravos à saúde. Seja como fator de
risco, seja piorando a aderência ao tratamento, ou ainda piorando o prognóstico,
pesquisas que estudaram sintomas depressivos e ansiosos mostraram que esses
estão relacionados à doença cárdio e cerebrovascular e também ao diabetes. E
isso ocorre mesmo quando esses sintomas não são suficientes para fechar
diagnóstico de acordo com critérios padronizados de pesquisa. A dependência de
substâncias psicoativas também se revelou associada ao curso de doenças
infecciosas, principalmente no que se refere à aderência ao tratamento. Muito
significativos são os estudos que associam problemas mais graves de saúde
mental, como depressão e psicose puerperal a prejuízos na saúde dos bebês. O
quadro a seguir mostra uma síntese dos resultados de diversos estudos
relacionando problemas de saúde mental a problemas de saúde física.

Associação entre problemas de saúde mental e outros agravos à saúde

T. Mental é fator T. Mental piora T. Mental piora


de risco aderência ao prognóstico
tratamento
Doenças não
infecciosas
Depressão/ansiedade 4 2 3
e doença
coronariana
Depressão e AVC 3 0 3
Depressão/ansiedade 1 3 3
e diabetes

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Doenças infecciosas
Dependência química 2 3 3
e HIV/aids
Alcoolismo e 2 3 3
tuberculose
Depressão/ansiedade 0 3 0
e tuberculose
Saúde materno-
infantil
Depressão puerperal e 3 0 0
déficit no
desenvolvimento do
bebê
Psicose puerperal e 4 Nd Nd
mortalidade
Infantil

Fonte: Caderno da AB nº 34

Diagnóstico precoce e intervenção na crise

Quadros psicóticos primários em jovens, principalmente a esquizofrenia, podem


se iniciar com períodos de retração social e queda do rendimento escolar. Esse
comportamento deve estar acompanhado de delírios ou alucinações. Lembrando
que delírios são crenças, verossímeis ou não, que apesar de se basearem em
evidências ambíguas, ou até mesmo bizarras, são mantidas pela pessoa com uma
convicção que não é compartilhada pelos seus próximos. As alucinações, que por
vezes estão na raiz dos delírios, são alterações do senso percepção do real,
vividas como reais pela pessoa. As alucinações mais frequentes são auditivas. As
pessoas também podem apresentar desorganização ou infantilização do discurso
e do comportamento. Esses sintomas aparecem no espaço de semanas ou
poucos meses. Às vezes, a pessoa esconde os sintomas, o que exige criar uma
relação de confiança e investigar em detalhes os relatos. Para confirmação ou
exclusão do diagnóstico é necessário apoio de profissionais de saúde mental.

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As situações de crise na saúde mental

Algumas das características mais facilmente associadas a situações de crise na


saúde mental.

Comportamento
Alvoroço Desorganização
violento

Algumas das expressões que igualmente denotam que algo não vai bem com o
sujeito, e que o fazem merecedor da atenção daqueles que convivem com ele.

Choro Isolamento Tristeza Apatia Insegurança

Alguns dos sentimentos que podem fazer-se presentes nessas situações de crise,
tanto para o sujeito dito em crise quanto para os que convivem com ele,
produzindo uma configuração social, marcada por severas dificuldades de
comunicação e expressão entre os envolvidos, o que termina por amplificar o
problema e gera uma sensação de urgência profundamente mobilizadora.

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Incerteza

Ameaça

Insegurança

Medo

Assim, como em uma bola de neve, familiares, vizinhos, amigos, transeuntes e


inclusive os profissionais que são chamados a prestar socorro nessas situações
podem ser arrastados a emitirem respostas e comportamentos automáticos que
nem sempre são os mais adequados para fazer face aos problemas a serem
enfrentados.

O que é crise afinal?

A palavra crise vem do grego krísis, que significava, na sua origem, momento de
decisão, de mudança súbita; separar, decidir, julgar. Na história da Medicina,
segundo antigas concepções,constituía um momento decisivo para evolução de
uma doença para cura ou para morte. Para os chineses significa, ao mesmo
tempo, risco e oportunidade.

No caso das crises psíquicas, o desarranjo, o desespero, as vozes, visões ou a


eclosão psicótica expressam também uma tentativa de cura ou de resolução de
problemas e sofrimentos cruciais na vida da pessoa, de um núcleo familiar e
comunitário. Em saúde mental os sintomas não necessariamente devem ser
suprimidos, muitas vezes eles devem ser acolhidos e suportados – considerando
aqui ofertas de suporte adequadas.

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As crises psíquicas são suportadas, muitas vezes, por igrejas, terreiros e outras
formas culturais. Somente parte delas é tratada pela Psiquiatria. Muitos atores
podem ser acolhedores de pessoas em crise: médicos de família, agentes de
Saúde, enfermeiros, vizinhos ou outros.

É preciso ampliar conceitos e superar o olhar apenas episódico garantindo um


cuidado continuado. A crise faz parte do cotidiano dos sujeitos que estão
constantemente lidando com momentos que geram desorganização em sua
vida.

O que fazer?
Discutir crise requer considerar vários elementos que perpassam pelas
dimensões da clínica, da cultura, das histórias singulares dos sujeitos e dos
recursos disponíveis no seu contexto familiar e social. A atenção à crise está
associada prioritariamente à oferta de uma atenção longitudinal nos contextos de
vida das pessoas.
Contudo, alguns pressupostos devem ser considerados como norteadores para
fundamentar a organização da rede na perspectiva de acolher, abordar e cuidar
de pessoas em situação de crise no território:

 Evitar a internação psiquiátrica e sustentar o usuário no seu contexto de


vida com o apoio da Rede de Atenção Psicossocial (Raps).
 Potencializar e qualificar todos os pontos da Rede de Atenção Psicossocial
para desenvolver intervenção nas situações de urgência/ emergência e no
cuidado longitudinal.
 A exclusão de hospital psiquiátrico do circuito assistencial, anulando a
oferta de leitos e a valorização da existência de serviços de urgência e
emergência psiquiátrica nesta instituição.
 A internação precisa ser considerada como último recurso e quando
necessária, como instrumento do Projeto Terapêutico Singular (PTS) e não
como resposta a uma situação específica. Devendo também, quando

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necessário, ser realizada prioritariamente nos Caps, com a lógica do
acolhimento integral, e nos hospitais gerais de forma articulada com a rede.

É de suma importância lembrar que ao acolher uma pessoa em situação limite


deve-se ter em mente que a crise não deve ser compreendida como condição
pessoal, localizada no interior da pessoa que a manifesta, mas ela é produzida
nas relações e contextos de vida do usuário.

É fundamental a compreensão da crise como um fenômeno constituído entre os


sujeitos, costumeiramente em cenários de conflitos exacerbados, ruptura de
consensos, esgarçamento das relações e busca ineficaz de comunicação. Diante
disto, a intervenção terapêutica deve dirigir-se não somente para o usuário, mas
também para a produção de consensos possíveis entre as partes envolvidas, a
partir do reconhecimento de interesses singulares. O profissional deve investir na
mediação entre o usuário e seu conjunto de relações, visando à inclusão, à
legitimação e à corresponsabilização dos envolvidos na produção de novas
pactuações, ainda que provisórias. Reinstaurar o diálogo, coloca-se
simultaneamente como objetivo e ação terapêutica.

MEDICAMENTOS DA SAÚDE MENTAL NA APS

Os psicofármacos são um recurso entre outros para o tratamento em Saúde


Mental, entretanto, o seu uso só faz sentido quando dentro de um contexto de
vínculo e de escuta. É a partir do momento em que o usuário compreende e se
corresponsabiliza pelo uso da medicação que passará a não somente demandar
“troca de receitas”, mas poderá se implicar um pouco diante das queixas que traz.
Para o profissional, diante de alguém em sofrimento, é importante considerar a
perigosa ideia de que o remédio possa representar uma solução rápida, uma
resposta para uma angústia que sente diante da impotência e da vontade de
extirpar o problema. “Muita calma nessa hora”. Uma escuta atenta e mesmo adiar

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a prescrição para o próximo encontro podem ser peças fundamentais no vínculo
que vai sustentar a gestão compartilhada do uso daquela medicação.
As medicações utilizadas em Saúde Mental apresentam certas peculiaridades
quando utilizadas em crianças e idosos. No primeiro grupo, é fundamental
problematizar a indicação. Quando bem indicadas, é importante saber que as
crianças costumam ter uma metabolização hepática mais eficiente, o que sugere
fragmentação das doses ao longo do dia, além da necessidade de checar a dose
por quilo de peso (que pode ser até maior que de adultos). Nos idosos, é
recomendável utilizar doses mais baixas que as de adulto, considerando
metabolização mais lenta e maior sensibilidade aos efeitos sedativos, o que pode
elevar consideravelmente o risco de quedas e suas consequências. Esses grupos
etários também estão particularmente propensos a respostas paradoxais.

AS PRINCIPAIS CLASSES DE MEDICAMENTOS QUE AGEM SOBRE O


SISTEMA NERVOSO CENTRAL

• Neurolépticos - Os neurolépticos mais antigos são conhecidos como típicos


ou convencionais. Têm um perfil de efeitos indesejados mais proeminentes que
serão comentados mais adiante. Entretanto, eles são bastante eficazes (tanto
quanto os mais modernos) no tratamento do que chamamos sintomas psicóticos
positivos (delírios e alucinações). Podem ser de alta, média e baixa potência. Os
de alta potência (ex.: haloperidol) causam mais efeitos motores (impregnação); os
de baixa potência (ex.: clorpromazina, levomepromazina, tioridazina), tendem a
ser mais sedativos e a provocar maior ganho de peso, entre outros problemas.
Ação sobre sintomas psicóticos (delírios e alucinações) primários ou secundários
ao uso de substâncias. Cabe aqui uma ressalva: nem todo “escutar vozes” ou “ver
vultos” é sintoma psicótico e precisa automaticamente de uma prescrição. Os
sintomas psicóticos que respondem à medicação geralmente vêm acompanhados
de uma série de mudanças “atípicas” na vida da pessoa e raramente ocorrem
isolados. Estes sintomas também dificilmente encontram uma explicação em
eventos recentes.

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Como tranquilizador rápido nas situações de crise grave: os neurolépticos são
muito efetivos e seguros no manejo das situações de agitação grave.

• Benzodiazepínicos - os benzodiazepínicos podem se configurar como


ferramentas úteis e confiáveis como indutor de sono em situações de adaptação
a estresse, por exemplo. Mas é preciso ter o máximo cuidado na hora de iniciar o
uso dessas medicações, colocando sempre um prazo limite de algumas semanas,
negociando com o usuário a redução gradual. Outra estratégia muito interessante
é optar por formulações em gotas (no Brasil temos o clonazepam e o
bromazepam) que permitem titulações lentas e praticamente imperceptíveis nos
“degraus”. Por exemplo, reduzir uma gota (equivalente a 0,12mg de clonazepam)
a cada duas ou mais semanas, parece colocar a redução da medicação em um
patamar viável para o usuário.
Todos os benzodiazepínicos agem de maneira idêntica: eles ativam o sistema
Gaba, que é um sistema inibitório da função neuronal.
Seu sintoma-alvo principal é a ansiedade, seja por reação aguda ao estresse, em
crises psicóticas ou em quadros “primários” de transtorno de ansiedade. Por seu
efeito sedativo e relaxante, também são muito utilizados para insônia. Também
podem ser úteis na síndrome de abstinência tanto de álcool quanto de cocaína ou
crack. Os riscos dos benzodiazepínicos, além da dependência, estão
relacionados à sedação secundária (acidentes) e à depressão respiratória quando
utilizados em associação com outras drogas sedativas
• “Antidepressivos” - São medicações de uso relativamente simples e seguro,
sobretudo nos episódios depressivos em pacientes neuróticos, sempre
observando se há alterações importantes e persistentes do humor ou sentimento
vitais, que não responderam à outra abordagem, e com prejuízos significativos
para a vida do usuário.

Os critérios para escolha da melhor indicação envolvem diferenças quanto à ação


em outros grupos sintomáticos (ansiedade, sintomas obsessivos etc.),

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características químicas (metabolização, excreção etc.), custo financeiro e,
sobretudo, o perfil de efeitos indesejados:
• Para uma resposta adequada é fundamental utilizar dosagens dentro da faixa
terapêutica e respeitar tempo mínimo de uso.
• Os efeitos antidepressivos desses fármacos só se iniciam após cerca de duas
semanas de uso (período de latência).
• Em caso de insônia, utilizar um “antidepressivo” com perfil mais sedativo, ou
associar hipnóticos temporariamente.

Tricíclicos (ADT) São os “antidepressivos” mais antigos, bastante eficazes,


porém menos tolerados sobretudo pelos efeitos anticolinérgicos (boca seca,
constipação), sedativos e tonturas. Um dado importante: para a imipramina e a
amitriptilina, os efeitos antidepressivos só são observados em doses acima de
100mg/dia, podendo a dose máxima girar em torno de 200-250mg/dia,
considerando o risco cardiovascular.
Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS)
São os “antidepressivos” mais recentes, com o destaque para a fluoxetina. São
substâncias mais “limpas”, ou seja, agem sobre poucos sistemas de
neurotransmissão, basicamente inibindo seletivamente a recaptação da
serotonina. Representaram uma grande explosão de prescrição. Agem sobre a
serotonina, entretanto, paira ainda um tensionamento sobre qual o real papel da
serotonina nos sintomas depressivos. Este acaba sendo um discurso ainda
bastante divulgado e repetido: “depressão é causada por falta de serotonina no
cérebro”. O efeito placebo não pode ser desconsiderado no uso dessas
medicações.

• “Estabilizadores de humor” - Reiterando a questão das classificações dos


psicotrópicos, esta “classe” sequer tem um mecanismo de ação comum. Ela
agrupa algumas medicações que foram descobertas como capazes de evitar os
ciclos de elevações e depressões patológicas do humor, características nos
transtornos bipolares. Infelizmente, vivemos em um tempo onde há uma explosão

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de “autodiagnósticos” de transtorno bipolar... essa tendência ao abuso do
diagnóstico de transtorno bipolar leva à prescrição também abusiva de
estabilizadores de humor.
Basicamente temos o carbonato de lítio, com características bem peculiares, e
alguns anticonvulsivantes. O carbonato de lítio permanece como droga padrão,
tratando de forma eficaz episódios de mania, hipomania e depressão em
pacientes bipolares. Seu uso nas intercrises é reconhecidamente capaz de
prevenir novos episódios, principalmente de elevação do humor.

NÃO PODEMOS ESQUECER...

LEI No 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001.

Dispõe sobre a proteção e os direitos das


pessoas portadoras de transtornos mentais
e redireciona o modelo assistencial em
saúde mental.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional


decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de


que trata esta Lei, são assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto
à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política, nacionalidade, idade,
família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de evolução de
seu transtorno, ou qualquer outra.

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Art. 2o Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e
seus familiares ou responsáveis serão formalmente cientificados dos direitos
enumerados no parágrafo único deste artigo.

Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:

I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas


necessidades;

II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar


sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no
trabalho e na comunidade;

III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;

IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;

V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a


necessidade ou não de sua hospitalização involuntária;

VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;

VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu


tratamento;

VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;

IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.

Art. 3o É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde


mental, a assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de
transtornos mentais, com a devida participação da sociedade e da família, a qual
será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as
instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde aos portadores de
transtornos mentais.

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Art. 4o A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando
os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.

§ 1o O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do


paciente em seu meio.

§ 2o O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer


assistência integral à pessoa portadora de transtornos mentais, incluindo serviços
médicos, de assistência social, psicológicos, ocupacionais, de lazer, e outros.

§ 3o É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em


instituições com características asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos
recursos mencionados no § 2o e que não assegurem aos pacientes os direitos
enumerados no parágrafo único do art. 2o.

Art. 5o O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize


situação de grave dependência institucional, decorrente de seu quadro clínico ou
de ausência de suporte social, será objeto de política específica de alta planejada
e reabilitação psicossocial assistida, sob responsabilidade da autoridade sanitária
competente e supervisão de instância a ser definida pelo Poder Executivo,
assegurada a continuidade do tratamento, quando necessário.

Art. 6o A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico


circunstanciado que caracterize os seus motivos.

Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica:

I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário;

II - internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a


pedido de terceiro; e

III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça.

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Art. 7o A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a consente,
deve assinar, no momento da admissão, uma declaração de que optou por esse
regime de tratamento.

Parágrafo único. O término da internação voluntária dar-se-á por solicitação


escrita do paciente ou por determinação do médico assistente.

Art. 8o A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por médico


devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde
se localize o estabelecimento.

§ 1o A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas


horas, ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do
estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser
adotado quando da respectiva alta.

§ 2o O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do


familiar, ou responsável legal, ou quando estabelecido pelo especialista
responsável pelo tratamento.

Art. 9o A internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação


vigente, pelo juiz competente, que levará em conta as condições de segurança do
estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais internados e
funcionários.

Art. 10. Evasão, transferência, acidente, intercorrência clínica grave e falecimento


serão comunicados pela direção do estabelecimento de saúde mental aos
familiares, ou ao representante legal do paciente, bem como à autoridade sanitária
responsável, no prazo máximo de vinte e quatro horas da data da ocorrência.

Art. 11. Pesquisas científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos não poderão
ser realizadas sem o consentimento expresso do paciente, ou de seu

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representante legal, e sem a devida comunicação aos conselhos profissionais
competentes e ao Conselho Nacional de Saúde.

Art. 12. O Conselho Nacional de Saúde, no âmbito de sua atuação, criará


comissão nacional para acompanhar a implementação desta Lei.

Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

PRATICANDO...

1.(IADES - Bahia- 2014) De acordo com a Lei nº 10.216/2001, Lei da Reforma


Psiquiátrica no Brasil, é correto afirmar que

(A) a internação, em qualquer de suas modalidades, será indicada mesmo nos


casos em que os recursos extra-hospitalares se mostrem suficientes.

(B) a internação involuntária é aquela determinada pela Justiça.

(C) a internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de 72 horas, ser


comunicada ao Ministério Público Estadual, pelo responsável técnico do
estabelecimento, no qual tenha ocorrido devendo esse mesmo procedimento ser
adotado quando da respectiva alta.

(D) não constitui direito da pessoa portadora de transtorno mental ter acesso à
presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de
sua hospitalização involuntária.

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(E) as pesquisas científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos podem ser
realizadas sem o consentimento expresso do paciente ou de seu representante
legal.

COMENTÁRIOS:

ASSERTIVA A. INCORRETA. VEJAMOS O QUE DIZ O ARTIGO 4º DA


REFERIDA LEI:

Art. 4o A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando


os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.

ASSERTIVA B. INCORRETA. A BANCA TROCA OS CONCEITOS DE


INTERNAÇÃO INVOLUNTÁRIA E COMPULSÓRIA, VEJAM O QUE DIZ OS
INCISOS II E III DO ART. 6º:

II - internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a


pedido de terceiro; e

III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça.

O ARTIGO 8º DA LEI EM QUESTÃO QUE TRATA SOBRE INTERNAÇÃO


VOLUNTÁRIA OU INVOLUNTÁRIA. VEJAM QUE A BANCA TRANSCREVE
TODO O PARÁGRAFO 1º:

§ 1o A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas


horas, ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do
estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser
adotado quando da respectiva alta.

ASSERTIVA D. INCORRETA. A ASSERTIVA NEGA UM DOS DIREITOS QUE


É ASSEGURADO AO CIDADÃO NO ART. 2º:

V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a


necessidade ou não de sua hospitalização involuntária;

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ASSERTIVA E. INCORRETA. A BANCA EM UMA TENTATIVA DE CONFUNDIR
O CONCURSANDO, TROCA APENAS O SENTIDO DO ARTIGO:

Art. 11. Pesquisas científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos não poderão
ser realizadas sem o consentimento expresso do paciente, ou de seu
representante legal, e sem a devida comunicação aos conselhos profissionais
competentes e ao Conselho Nacional de Saúde.

GABARITO: C

2. (AOCP- HUCAM-UFES-2014) Qual Lei Federal redireciona a assistência em


saúde mental, privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de
base comunitária e dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com
transtornos mentais?

(A) 224 de 1992.

(B) 336 de 2002.

(C) 10.216 de 2001.

(D) 3.088 de 2011.

(E) 10.708 de 2003.

COMENTÁRIOS:

NÃO HÁ MUITO O COMENTAR NÃO É PESSOAL?

LEI 10.216/2001 Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas


portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em
saúde mental.

GABARITO: C

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3. (AOCP- HUCAM-UFES-2014) No Brasil, em 1989, dá entrada no Congresso
Nacional um projeto de Lei que inicia as lutas do movimento da Reforma
Psiquiátrica nos campos legislativos e normativos, e propõe a
regulamentação dos direitos da pessoa com transtornos mentais e a
extinção progressiva dos manicômios no país. Esse projeto é denominado

(A) Projeto de Lei Paulo Delgado.

(B) Projeto de Lei Roberto Delgado.

(C) Projeto de Lei Paulo Amarante.

(D) Projeto de Lei Roberto Amarante.

(E) Projeto de Lei Pedro Amaral.

COMENTÁRIOS:

Um pouco de história:

A reforma psiquiátrica e suas demandas

Inicialmente intitulado como um movimento contestador da visão médica


tradicional sobre a doença mental, o processo de reforma psiquiátrica instituiu-se
fomentando tal discussão e lançando propostas alternativas em relação aos
manicômios, cujo arcabouço explicita-se por meio dos seguintes propósitos:
dissolver a barreira entre assistentes e assistidos; abolir a reclusão e repressão
imposta aos pacientes e promover a liberdade com responsabilidade dos mesmos
e a prática de discussão em grupo, envolvendo uma postura essencialmente
interdisciplinar.

No Brasil o “Projeto de Lei “Paulo Delgado” propõe a extinção progressiva do


modelo psiquiátrico clássico, inclusive de hospitais especializados, propondo a
sua substituição por outras modalidades assistenciais. Após 12 anos de

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tramitação no Congresso Nacional, a Lei n. 10.216 foi sancionada pelo Presidente
da República em 6 de abril de 2001. Esta Lei dispõe sobre a proteção e os direitos
das pessoas portadoras de transtornos mentais e sobre a reinserção social do
doente mental em seu meio, além de proibir a construção de novos hospitais
psiquiátricos e a contratação pelo serviço público de leitos e unidades particulares
deste tipo. Desta forma, a internação só será indicada quando os recursos extra-
hospitalares se mostrarem insuficientes.

Dica: o PROJETO DE LEI PAULO DELGADO CRIA, APÓS APROVAÇÃO A


LEI 10.216/01.

GABARITO: A

4. (IADES - Bahia-2014) Acerca dos transtornos psíquicos, assinale a


alternativa correta.

(A) O transtorno da personalidade histriônica caracteriza-se pela necessidade


constante em ser o centro das atenções e pelo comportamento sedutor,
manipulador, exibicionista, fútil, exigente e lábil.

(B) Os indivíduos diagnosticados com transtorno de personalidade paranoide


apresentam reduzida capacidade para relacionamentos íntimos, além de
distorções cognitivas ou perceptivas e comportamento excêntrico, muitas vezes
acreditando possuírem poderes especiais, como o de ler pensamentos.

(C) O transtorno de personalidade dependente caracteriza-se pelo padrão de


comportamento inibido e ansioso com autoestima baixa. São indivíduos
hipersensíveis a críticas e rejeições, com dificuldades sociais.

(D) A tendência ao perfeccionismo é o traço marcante dos indivíduos que


apresentam o transtorno de personalidade Boderline. São pessoas que não
possuem claramente uma identidade de si mesmos e apresentam uma intensa
instabilidade emocional.

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(E) A hostilidade, a irritabilidade e a ansiedade são sentimentos frequentes entre
os pacientes com transtorno da personalidade esquiva. Eles possuem tendência
à desconfiança, acreditando que sempre estão sendo explorados ou que foram
prejudicados de forma profunda e irreversível por outras pessoas.

COMENTÁRIOS:

ASSERTIVA A. CORRETA. Transtorno de personalidade histriônica:


necessidade constante de ser o centro das atenções, por vezes apresentando
comportamentos de autoexposição e, com frequência, sintomas
pseudoneurológicos, comportamento sedutor, etc.

ASSERTIVA B. INCORRETA. Com relação à dificuldade de manter


relacionamento é correto, pois a sensação de infidelidade do parceiro é muito
significativa, mas não há relatos nesse tipo de personalidade sobre o indivíduo
acreditar ler pensamentos e possuir poderes especiais.

ASSERTIVA C. INCORRETA. Com relação a personalidade dependente, seus


portadores são pessoas com extrema incapacidade para a vida independente,
estando sempre sob a necessidade de outrem para tomar suas decisões ou
mesmo realizar tarefas simples

ASSERTIVA D. INCORRETA. O traço marcante desse tipo de personalidade é a


instabilidade de emoções.

ASSERTIVA E. INCORRETA. Aqueles que possuem a personalidade esquiva


são indivíduos tímidos (exageradamente), muito sensíveis a críticas, evitando
atividades sociais ou relacionamentos com outros, reservados e preocupados
com críticas e rejeição. Geralmente não se envolvem em novas atividades, vendo
a si mesmos como inadequados ou sem atrativos e capacidades.

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GABARITO A

5. (AOCP- HUCAM-UFES-2014) A prevenção primária dos transtornos


mentais envolve a redução da incidência da doença na comunidade,
alterando os fatores causadores que possam representar perigo. As
atividades diretas dos cuidados de enfermagem nessa área incluem as
seguintes ações, EXCETO

(A) ensino sobre princípios de saúde mental.

(B) atividades na comunidade, relacionadas à saúde mental.

(C) trabalho com as famílias para o apoio aos seus membros.

(D) efetivação de mudanças nas condições de vida, níveis de pobreza e


educação.

(E) oferta de opções de hospitalização parcial.

COMENTÁRIOS:

Observem que basta lembrar o conceito de prevenção primária! A questão solicita


as ações de prevenção de problemas na comunidade... Qual deles não se
enquadra em prevenção? Logicamente a OFERTA DE HOSPITALIZAÇÃO.
Observem que todas as outras assertivas perpassam por ações educativas, de
promoção e proteção.

GABARITO: E

6. (AOCP-2014-BAHIA) Um padrão abrangente de grandiosidade,


necessidade de ser admirado e ausência de empatia, começando no início

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da idade adulta e presente em uma variedade de contextos. O enunciado
refere-se a qual transtorno de personalidade?

(A) Transtorno de personalidade esquiva.

(B) Transtorno de personalidade narcisista.

(C) Transtorno de personalidade dependente.

(D) Transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva.

(E) Transtorno de personalidade histriônica.

COMENTÁRIOS:

Transtorno de Personalidade Narcisista: Indivíduos que se julgam grandiosos,


com necessidade de admiração e que desprezam os outros, acreditando serem
especiais e explorando os outros em suas relações sociais, tornando-se
arrogantes. Gostam de falar de si mesmos, ressaltando sempre suas qualidades
e por vezes contando vantagens de situações. Não se importam com o sofrimento
que causam nas outras pessoas e muitas vezes precisam rebaixar e humilhar os
outros para que se sintam melhor.

GABARITO: B

Resumo dos transtornos mentais graves

Transtornos psicóticos

Caracterizados pela perda de contato com a realidade, delírios (pensamentos não


compartilhados), alucinações (percepções sem objeto), comportamentos bizarros
e, por vezes, isolamento social. São eles:

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Esquizofrenia: quadro psicótico crônico sem preponderância de sintomas
afetivos.
Transtorno delirante persistente: destacam-se sintomas isolados ou
acompanhados de outros poucos sintomas psicóticos.
Transtorno psicótico breve: quadros com recuperação relativamente
rápida; é difícil definir, no início, se um quadro psicótico terá esse tipo de
resolução ou não.
Transtorno esquizoafetivo: misto de um quadro esquizofrênico
concorrente com sintomas afetivos.

Outras psicoses:

Transtornos afetivos graves

Transtorno afetivo bipolar: alternância entre quadros de depressão e de


aceleração (euforia ou irritabilidade)

tipo I: alternância afetiva com a presença de pelo menos um quadro psicótico

tipo II: alternância afetiva sem sintomas psicóticos

Depressão recorrente grave: quadro depressivo cíclico, frequentemente


sem desencadeante psicossocial evidente (antigamente chamada
“depressão endógena”).

• não psicótica

• psicótico

Transtornos do espectro impulsivo-compulsivo

Transtornos mentais ligados ao controle de obsessões, impulsos e/ou compulsões


(habitualmente classificados em diversas categorias nas nosografias psiquiátricas
oficiais). São eles:

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Transtorno obsessivo compulsivo:

Classificado como transtorno ansioso, pode ser leve, mas habitualmente


necessita de cuidados especializados pelas frequentes perdas sociais.
Caracterizado por ideias obsessivas sobre as quais o indivíduo não tem controle
e pelas compulsões que ele tem de realizar diante das obsessões

Transtornos alimentares:

Comportamentos alimentares restritivos e/ou purgativos com ou sem episódios de


ingesta alimentar exagerada (episódios bulímicos)

Outros transtornos de controle dos impulsos

Transtornos de personalidade – BREVE RESUMO!

Conjunto de alterações comportamentais que afetam o estilo de funcionamento


completo do indivíduo (personalidade), estabelecido desde o início da vida adulta,
com resposta modesta ao uso da medicação; em geral são de diagnóstico difícil
e necessitam de avaliação abrangente para o seu diagnóstico. Citamos alguns
dos transtornos de personalidade mais conhecidos.

Transtorno de personalidade emocionalmente instável:

Traços de personalidade instável, episódios “micropsicóticos”, explosões de


disforia e comportamentos.

Transtorno de personalidade histriônica:

Necessidade constante de ser o centro das atenções, por vezes apresentando


comportamentos de auto exposição e, com frequência, sintomas
pseudoneurológicos.

Transtorno de personalidade dependente:

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Seus portadores são pessoas com extrema incapacidade para a vida
independente, estando sempre sob a necessidade de outrem para tomar suas
decisões ou mesmo realizar tarefas simples.

Transtorno de personalidade antissocial:

Caracterizado pela impossibilidade de sentir empatia ou pena pelos semelhantes,


muitas vezes levando a comportamentos sociopáticos.

Outros transtornos de personalidade

Transtorno de Personalidade Borderline:

Indivíduos instáveis em suas emoções e muito impulsivos, com esforços incríveis


para evitar abandono (até tentativas de suicídio). Têm rompantes de raiva
inadequada. As pessoas a sua volta são consideradas ótimas, mas frente a
recusas tornam-se péssimas rapidamente, sendo desconsideradas as qualidades
anteriormente valorizadas. Costumam apresentar uma hiper reatividade afetiva,
em que as situações boas são ótimas ou excelentes, e as ruins ou desfavoráveis
são péssimas ou catastróficas.

Transtorno de Personalidade Paranóide:

Indivíduos desconfiados, que se sentem enganados pelos outros, com dúvidas a


respeito da lealdade dos outros, interpretando ações ou observações dos outros
como ameaçadoras. São rancorosos e percebem ataques a seu caráter ou
reputação, muitas vezes ciumentos e com desconfianças infundadas sobre a
fidelidade dos seus parceiros e amigos.

Transtorno de Personalidade Esquizoide:

Indivíduos distanciados das relações sociais, que não desejam ou não gostam de
relacionamentos íntimos, realizando atividades solitárias, de preferência. Pouco
ou nenhum interesse em relações sexuais com outra pessoa, e pouco ou nenhum

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prazer em suas atividades. Não têm amigos íntimos ou confidentes, não se
importam com elogios ou críticas, sendo frios emocionalmente e distantes.

Transtorno de Personalidade Esquizotípica:

Indivíduos excêntricos e estranhos, que têm crenças bizarras, com experiências


de ilusões e pensamento e discurso extravagante. Falta de amigos e muita
ansiedade no convívio social.

Transtorno de Personalidade Narcisista:

Indivíduos que se julgam grandiosos, com necessidade de admiração e que


desprezam os outros, acreditando serem especiais e explorando os outros em
suas relações sociais, tornando-se arrogantes. Gostam de falar de si mesmos,
ressaltando sempre suas qualidades e por vezes contando vantagens de
situações. Não se importam com o sofrimento que causam nas outras pessoas e
muitas vezes precisam rebaixar e humilhar os outros para que se sintam melhor.

Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsiva:

Indivíduos preocupados com organização, perfeccionismo e controle, sempre


atento a detalhes, listas, regras, ordem e horários. Dedicação excessiva ao
trabalho, dão pouca importância ao lazer. Teimosos, não jogam nada fora ("pão-
duro") e não conseguem deixar tarefas para outras pessoas.

Transtorno de Personalidade Esquiva:

Indivíduos tímidos (exageradamente), muito sensíveis a críticas, evitando


atividades sociais ou relacionamentos com outros, reservados e preocupados
com críticas e rejeição. Geralmente não se envolvem em novas atividades, vendo
a si mesmos como inadequados ou sem atrativos e capacidades.

Os Centros de Atenção Psicossocial – CAPS

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São serviços da Rede de Atenção Psicossocial - RAPS abertos destinados a
prestar atenção diária a pessoas com transtornos mentais.

Portaria MS nº 336-02 - Estabelece CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPS i II e


CAPS ad II

Art.1º Estabelecer que os Centros de Atenção Psicossocial poderão constituir-se


nas seguintes modalidades de serviços: CAPS I, CAPS II e CAPS III, definidos
por ordem crescente de porte/complexidade e abrangência populacional,
conforme disposto nesta Portaria;

§ 1º As três modalidades de serviços cumprem a mesma função no atendimento


público em saúde mental, distinguindo-se pelas características descritas no Artigo
3 o desta Portaria, e deverão estar capacitadas para realizar prioritariamente o
atendimento de pacientes com transtornos mentais severos e persistentes em sua
área territorial, em regime de tratamento intensivo, semi-intensivo e não-intensivo,
conforme definido adiante.

§ 2º Os CAPS deverão constituir-se em serviço ambulatorial de atenção diária que


funcione segundo a lógica do território;

Art. 2º Definir que somente os serviços de natureza jurídica pública poderão


executar as atribuições de supervisão e de regulação da rede de serviços de
saúde mental.

Art. 3º Estabelecer que os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) só poderão


funcionar em área física específica e independente de qualquer estrutura
hospitalar.

Parágrafo único. Os CAPS poderão localizar-se dentro dos limites da área física
de uma unidade hospitalar geral, ou dentro do conjunto arquitetônico de
instituições universitárias de saúde, desde que independentes de sua estrutura
física, com acesso privativo e equipe profissional própria.

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Art. 4º Definir, que as modalidades de serviços estabelecidas pelo Artigo 1º desta
Portaria correspondem às características abaixo discriminadas:

4.1 - CAPS I – Serviço de atenção psicossocial com capacidade operacional para


atendimento em municípios com população entre 20.000 e 70.000 habitantes, com
as seguintes características:

a - responsabilizar-se, sob coordenação do gestor local, pela organização da


demanda e da rede de cuidados em saúde mental no âmbito do seu território;

b - possuir capacidade técnica para desempenhar o papel de regulador da porta


de entrada da rede assistencial no âmbito do seu território e/ou do módulo
assistencial, definido na Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS), de
acordo com a determinação do gestor local;

c - coordenar, por delegação do gestor local, as atividades de supervisão de


unidades hospitalares psiquiátricas no âmbito do seu território;

d - supervisionar e capacitar as equipes de atenção básica, serviços e programas


de saúde mental no âmbito do seu território e/ou do módulo assistencial;

e - realizar, e manter atualizado, o cadastramento dos pacientes que utilizam


medicamentos essenciais para a área de saúde mental regulamentados pela
Portaria/GM/MS nº 1077 de 24 de agosto de 1999 e medicamentos excepcionais,
regulamentados pela Portaria/SAS/MS nº 341 de 22 de agosto de 2001, dentro de
sua área assistencial;

f - funcionar no período de 08 às 18 horas, em 02 (dois) turnos, durante os cinco


dias úteis da semana;

4.1.1 - A assistência prestada ao paciente no CAPS I inclui as seguintes


atividades:

a - atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre


outros);

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b - atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte
social, entre outras);

c - atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível


superior ou nível médio;

d - visitas domiciliares;

e - atendimento à família;

f - atividades comunitárias enfocando a integração do paciente na comunidade e


sua inserção familiar e social;

g - os pacientes assistidos em um turno (04 horas) receberão uma refeição diária,


os assistidos em dois turnos (08 horas) receberão duas refeições diárias.

4.2 - CAPS II – Serviço de atenção psicossocial com capacidade operacional para


atendimento em municípios com população entre 70.000 e 200.000 habitantes,
com as seguintes características:

a - responsabilizar-se, sob coordenação do gestor local, pela organização da


demanda e da rede de cuidados em saúde mental no âmbito do seu território;

b - possuir capacidade técnica para desempenhar o papel de regulador da porta


de entrada da rede assistencial no âmbito do seu território e/ou do módulo
assistencial, definido na Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS), por
determinação do gestor local;

c - coordenar, por delegação do gestor local, as atividades de supervisão de


unidades hospitalares psiquiátricas no âmbito do seu território;

d - supervisionar e capacitar as equipes de atenção básica, serviços e programas


de saúde mental no âmbito do seu território e/ou do módulo assistencial;

e - realizar, e manter atualizado, o cadastramento dos pacientes que utilizam


medicamentos essenciais para a área de saúde mental regulamentados pela
Portaria/GM/MS nº 1077 de 24 de agosto de 1999 e medicamentos excepcionais,

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regulamentados pela Portaria/SAS/MS nº 341 de 22 de agosto de 2001, dentro de
sua área assistencial;

f - funcionar de 8:00 às 18:00 horas, em 02 (dois) turnos, durante os cinco dias


úteis da semana, podendo comportar um terceiro turno funcionando até às 21:00
horas.

4.2.1 - A assistência prestada ao paciente no CAPS II inclui as seguintes


atividades:

a - atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre


outros);

b - atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte


social, entre outras);

c - atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível


superior ou nível médio;

d - visitas domiciliares;

e - atendimento à família;

f - atividades comunitárias enfocando a integração do doente mental na


comunidade e sua inserção familiar e social;

g - os pacientes assistidos em um turno (04 horas) receberão uma refeição diária:


os assistidos em dois turnos (08 horas) receberão duas refeições diárias.

4.3 - CAPS III – Serviço de atenção psicossocial com capacidade operacional para
atendimento em municípios com população acima de 200.000 habitantes, com as
seguintes características:

a - constituir-se em serviço ambulatorial de atenção contínua, durante 24 horas


diariamente, incluindo feriados e finais de semana;

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b - responsabilizar-se, sob coordenação do gestor local, pela organização da
demanda e da rede de cuidados em saúde mental no âmbito do seu território;

c - possuir capacidade técnica para desempenhar o papel de regulador da porta


de entrada da rede assistencial no âmbito do seu território e/ou do módulo
assistencial, definido na Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS), por
determinação do gestor local;

d - coordenar, por delegação do gestor local, as atividades de supervisão de


unidades hospitalares psiquiátricas no âmbito do seu território;

e - supervisionar e capacitar as equipes de atenção básica, serviços e programas


de saúde mental no âmbito do seu território e/ou do módulo assistencial;

f - realizar, e manter atualizado, o cadastramento dos pacientes que utilizam


medicamentos essenciais para a área de saúde mental regulamentados pela
Portaria/GM/MS nº 1077 de 24 de agosto de 1999 e medicamentos excepcionais,
regulamentados pela Portaria/SAS/MS nº 341 de 22 de agosto de 2001, dentro de
sua área assistencial;

g - estar referenciado a um serviço de atendimento de urgência/emergência geral


de sua região, que fará o suporte de atenção médica.

4.3.1 - A assistência prestada ao paciente no CAPS III inclui as seguintes


atividades:

a - atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, orientação, entre


outros);

b - atendimento grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte


social, entre outras);

c - atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível


superior ou nível médio;

d - visitas e atendimentos domiciliares;

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e - atendimento à família;

f - atividades comunitárias enfocando a integração do doente mental na


comunidade e sua inserção familiar e social;

g - acolhimento noturno, nos feriados e finais de semana, com no máximo 05


(cinco) leitos, para eventual repouso e/ou observação;

h - os pacientes assistidos em um turno (04 horas) receberão uma refeição diária;


os assistidos em dois turnos (08 horas) receberão duas refeições diárias, e os que
permanecerem no serviço durante 24 horas contínuas receberão 04 (quatro)
refeições diárias;

i - a permanência de um mesmo paciente no acolhimento noturno fica limitada a


07 (sete) dias corridos ou 10 (dez) dias intercalados em um período de 30 (trinta)
dias.

4.4 – CAPS i II – Serviço de atenção psicossocial para atendimentos a crianças e


adolescentes, constituindo-se na referência para uma população de cerca de
200.000 habitantes, ou outro parâmetro populacional a ser definido pelo gestor
local, atendendo a critérios epidemiológicos, com as seguintes características:

a - constituir-se em serviço ambulatorial de atenção diária destinado a crianças e


adolescentes com transtornos mentais;

b - possuir capacidade técnica para desempenhar o papel de regulador da porta


de entrada da rede assistencial no âmbito do seu território e/ou do módulo
assistencial, definido na Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS), de
acordo com a determinação do gestor local;

c - responsabilizar-se, sob coordenação do gestor local, pela organização da


demanda e da rede de cuidados em saúde mental de crianças e adolescentes no
âmbito do seu território;

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d - coordenar, por delegação do gestor local, as atividades de supervisão de
unidades de atendimento psiquiátrico a crianças e adolescentes no âmbito do seu
território

e - supervisionar e capacitar as equipes de atenção básica, serviços e programas


de saúde mental no âmbito do seu território e/ou do módulo assistencial, na
atenção à infância e adolescência;

f - realizar, e manter atualizado, o cadastramento dos pacientes que utilizam


medicamentos essenciais para a área de saúde mental regulamentados pela
Portaria/GM/MS nº 1077 de 24 de agosto de 1999 e medicamentos excepcionais,
regulamentados pela Portaria/SAS/MS nº 341 de 22 de agosto de 2001, dentro de
sua área assistencial;

g - funcionar de 8:00 às 18:00 horas, em 02 (dois) turnos, durante os cinco dias


úteis da semana, podendo comportar um terceiro turno que funcione até às 21:00
horas.

4.4.1- A assistência prestada ao paciente no CAPS i II inclui as seguintes


atividades:

a - atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre


outros);

b - atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte


social, entre outros);

c - atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível


superior ou nível médio;

d - visitas e atendimentos domiciliares;

e - atendimento à família;

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f - atividades comunitárias enfocando a integração da criança e do adolescente
na família, na escola, na comunidade ou quaisquer outras formas de inserção
social;

g - desenvolvimento de ações inter-setoriais, principalmente com as áreas


de assistência social, educação e justiça;

h - os pacientes assistidos em um turno (04 horas) receberão uma refeição diária,


os assistidos em dois turnos (08 horas) receberão duas refeições diárias;

4.5 – CAPS ad II – Serviço de atenção psicossocial para atendimento de pacientes


com transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas,
com capacidade operacional para atendimento em municípios com população
superior a 70.000, com as seguintes características:

a - constituir-se em serviço ambulatorial de atenção diária, de referência para


área de abrangência populacional definida pelo gestor local;

b - sob coordenação do gestor local, responsabilizar-se pela organização da


demanda e da rede de instituições de atenção a usuários de álcool e drogas, no
âmbito de seu território;

c - possuir capacidade técnica para desempenhar o papel de regulador da porta


de entrada da rede assistencial local no âmbito de seu território e/ou do módulo
assistencial, definido na Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS), de
acordo com a determinação do gestor local;

d - coordenar, no âmbito de sua área de abrangência e por delegação do gestor


local, a atividades de supervisão de serviços de atenção a usuários de drogas, em
articulação com o Conselho Municipal de Entorpecentes;

e - supervisionar e capacitar as equipes de atenção básica, serviços e programas


de saúde mental local no âmbito do seu território e/ou do módulo assistencial;

f - realizar, e manter atualizado, o cadastramento dos pacientes que utilizam


medicamentos essenciais para a área de saúde mental regulamentados pela

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Portaria/GM/MS nº 1077 de 24 de agosto de 1999 e medicamentos excepcionais,
regulamentados pela Portaria/SAS/MS nº 341 de 22 de agosto de 2001, dentro de
sua área assistencial;

g - funcionar de 8:00 às 18:00 horas, em 02 (dois) turnos, durante os cinco dias


úteis da semana, podendo comportar um terceiro turno funcionando até às 21:00
horas.

h - manter de 02 (dois) a 04 (quatro) leitos para desintoxicação e repouso.

4.5.1. A assistência prestada ao paciente no CAPS ad II para pacientes com


transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas inclui
as seguintes atividades:

a - atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre


outros);

b - atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte


social, entre outras);

c - atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível


superior ou nível médio;

d - visitas e atendimentos domiciliares;

e - atendimento à família;

f - atividades comunitárias enfocando a integração do dependente químico na


comunidade e sua inserção familiar e social;

g - os pacientes assistidos em um turno (04 horas) receberão uma refeição diária;


os assistidos em dois turnos (08 horas) receberão duas refeições diárias.

h - atendimento de desintoxicação.

4.5.2 - Recursos Humanos:

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A equipe técnica mínima para atuação no CAPS ad II para atendimento de 25
(vinte e cinco) pacientes por turno, tendo como limite máximo 45 (quarenta e
cinco) pacientes/dia, será composta por:

a - 01 (um) médico psiquiatra;

b - 01 (um) enfermeiro com formação em saúde mental;

c - 01 (um) médico clínico, responsável pela triagem, avaliação e


acompanhamento das intercorrências clínicas;

d - 04 (quatro) profissionais de nível superior entre as seguintes categorias


profissionais: psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional,
pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico;

e - 06 (seis) profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem,


técnico administrativo, técnico educacional e artesão.

A portaria completa encontra-se disponível em:


http://www.mpba.mp.br/atuacao/cidadania/legislacao/saude/mental/portaria_336
_02.asp

Segundo a PORTARIA Nº 3.088, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2011, O Centro de


Atenção Psicossocial é constituído por equipe multiprofissional que atua sob a
ótica interdisciplinar e realiza atendimento às pessoas com transtornos mentais
graves e persistentes e às pessoas com necessidades decorrentes do uso de
crack, álcool e outras drogas, em sua área territorial, em regime de tratamento
intensivo, semi-intensivo, e não intensivo.

A referida portaria traz em seu art. 7° parágrafo § 2º que: As atividades no


Centro de Atenção Psicossocial são realizadas prioritariamente em espaços
coletivos (grupos, assembleias de usuários, reunião diária de equipe), de forma
articulada com os outros pontos de atenção da rede de saúde e das demais redes.

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De acordo com o artigo 7° parágrafo § 3º da Portaria Nº 3.088/11 - O cuidado,
no âmbito do Centro de Atenção Psicossocial, é desenvolvido por intermédio de
Projeto Terapêutico Individual, envolvendo em sua construção a equipe, o usuário
e sua família, e a ordenação do cuidado estará sob a responsabilidade do Centro
de Atenção Psicossocial ou da Atenção Básica, garantindo permanente processo
de cogestão e acompanhamento longitudinal do caso.

Os Centros de Atenção Psicossocial estão organizados nas seguintes


modalidades:

I - CAPS I: atende pessoas com transtornos mentais graves e persistentes


e também com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras
drogas de todas as faixas etárias; indicado para Municípios com população
acima de vinte mil habitantes;

II - CAPS II: atende pessoas com transtornos mentais graves e


persistentes, podendo também atender pessoas com necessidades
decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, conforme a
organização da rede de saúde local, indicado para Municípios com
população acima de setenta mil habitantes;

III - CAPS III: atende pessoas com transtornos mentais graves e


persistentes. Proporciona serviços de atenção contínua, com
funcionamento vinte e quatro horas, incluindo feriados e finais de semana,
ofertando retaguarda clínica e acolhimento noturno a outros serviços de
saúde mental, inclusive CAPS Ad, indicado para Municípios ou regiões
com população acima de duzentos mil habitantes;

IV - CAPS AD: atende adultos ou crianças e adolescentes, considerando


as normativas do Estatuto da Criança e do Adolescente, com necessidades
decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. Serviço de saúde
mental aberto e de caráter comunitário, indicado para Municípios ou
regiões com população acima de setenta mil habitantes;

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V - CAPS AD III: atende adultos ou crianças e adolescentes, considerando
as normativas do Estatuto da Criança e do Adolescente, com necessidades
de cuidados clínicos contínuos. Serviço com no máximo doze leitos, leitos
para observação e monitoramento, de funcionamento 24 horas, incluindo
feriados e finais de semana; indicado para Municípios ou regiões com
população acima de duzentos mil habitantes; e

VI - CAPS I: atende crianças e adolescentes com transtornos mentais


graves e persistentes e os que fazem uso de crack, álcool e outras drogas.
Serviço aberto e de caráter comunitário indicado para municípios ou
regiões com população acima de cento e cinquenta mil habitantes.

Relacionamento Interpessoal Terapêutico Enfermeiro – Paciente

Para Stuart & Laraia (2002), “o relacionamento terapêutico entre enfermeira e


paciente é uma experiência de aprendizado mútuo e uma experiência emocional
corretiva para o paciente. Nessa relação, a enfermeira utiliza a si próprio e as
técnicas clinicas especificadas na trabalho com o paciente para gerar introvisão e
alteração comportamental do paciente”.

Também para Stuart & Laraia os objetivos de um relacionamento terapêutico são


direcionados no sentido do crescimento do cliente e incluem o seguinte.

 Auto – realização, auto – aceitação, e auto – respeito aumentados.


 Senso claro de identidade pessoal e da integração pessoal melhorada.

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 Capacidade de formar relacionamentos íntimos, interdependentes e
interpessoais com capacidade de dar e receber amor.
 Melhoria da função e capacidade aumentada de satisfazer as
necessidades e alcançar objetivos pessoais realistas.

Segundo Taylor (1992), “a enfermeira possui uma ferramenta singular que pode
ter mais influência sobre o cliente do que qualquer medicamento ou terapia: ele
(a) mesmo.” Para tanto, faz-se necessário uma auto-análise que constitui um
aspecto essencial para ser capaz de fornecer os cuidados de enfermagem
terapêuticos, como:

 Autoconsciência
 Esclarecimento dos valores
 Exploração dos sentimentos
 Capacidade de servir como exemplo
 Senso de ética e responsabilidade

Fases do Relacionamento de acordo com Stuart & Laraia (2002)

Há quatro fases seqüênciais do relacionamento entre o (a) enfermeiro (a) e o


cliente:

1. Fase de Pré- interação: explorar seus próprios sentimentos, fantasias e


medos, analisando seus pontos fortes e suas limitações profissionais. Obter dados
sobre o paciente, quando possível. Planejar o primeiro encontro com o
paciente.
2. Fase introdutória ou de orientação:

determinar o motivo pelo qual o cliente procurou ajuda, estabelecer confiança,


aceitação e comunicação franca, explorar os pensamentos, os sentimentos e as
ações do cliente identificando os problemas, definir objetivos com o cliente, bem
como, estabelecer acordo mútuo para incluir nomes, funções, responsabilidades,
expectativas, finalidade, local de encontro, condições para o término e
confidencialidade.

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3. Fase de trabalho:

Investigar os estressores relevantes, promover o desenvolvimento da introvisão


do paciente e o uso de mecanismos de adequação construtivos, discutir e
superar os comportamentos de resistência.

4. Fase de encerramento ou término do trabalho:

Estabelecer a realidade da separação, rever o progresso da terapia e o alcance


dos objetivos, explorar mutuamente os sentimentos de rejeição, perda, tristeza e
raiva ajudá-lo transferir para suas interações com os outros o que aprendeu no
relacionamento, enfermeiro (a) – cliente.

A última fase necessita de um cuidado especial para ser realizada, uma vez
que, ao término do relacionamento pode ser um experiência traumática tanto para
o (a) enfermeiro (a) quanto para o cliente, porque compartilham muitos coisas
pessoais e importantes. Alguns clientes podem ficar deprimidos, e
inconscientemente, acreditar que foram pessoalmente responsáveis pela perda
do (a) enfermeiro (a), outros podem reagir de maneira agressiva ou até mesmo
negar ter conhecimento sobre o término da relação. Assim, o profissional também
experimentará um senso de perda, vista que, investiu muito tempo, energia,
pensamentos e emoções no cliente. Caso não reconheça este sentimento de
perda, ele pode demonstrar uma preocupação indevida com o bem estar futuro
do cliente, encorajando-o a permanecer por mais algumas sessões, ou
estimulando sua dependência. Enfatizando que, tem um efeito muito negativo os
clientes não receberem uma oportunidade para expressar seus sentimentos em
um situação assim ou não obterem auxilio para lidar com os mesmos, com grande
possibilidade de reativar antigos sintomas já manifestados.

Comunicação Facilitadora

Para Stuart & Laraia (2002) a teoria da comunicação é relevante para a prática de
enfermagem psiquiátrica por três motivos principais. Primeiro, a comunicação

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estabelece um relacionamento terapêutico, porque implica na condução de
informações e a troca de pensamentos e sentimentos. Segundo, a comunicação
é um meio pelo qual as pessoas influenciam o comportamento das outras,
tornando assim possível um bom resultado da intervenção de enfermagem
direcionada a promover a alteração comportamental adaptativa. Terceiro, a
comunicação é o próprio relacionamento.

Níveis de Comunicação

Comunicação verbal: ocorre através das palavras, escritas ou faladas, e é


essencial entre o (a) enfermeiro (a) e o cliente.
Comunicação não verbal: ocupa todos os cinco sentidos e engloba tudo que não
envolve a palavra escrita ou falada. As cinco categorias são:

1. Indícios vocais são ruídos e sons para linguísticos ou extra fala.

2. Indícios de ação são todos os movimentos do corpo, incluindo a expressão


facial e postura.

3. Indícios de objeto são o uso, intencional ou não, de objetos por uma pessoa,
como roupas ou outros pertences.

4. Espaço é a distância física entre duas pessoas

5. Toque é o contato físico entre duas pessoas, sendo a comunicação não

verbal mais pessoal.

O processo da comunicação

A comunicação humana é um processo dinâmico que é influenciado pelas


condições psicológicas e fisiológicas dos participantes. São identificados cinco
componentes funcionais:

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1. Emissor: o gerador da mensagem

2. Mensagem: a informação transmitida do emissor para o receptor.

3. Receptor: aquele que recebe a mensagem, cujo comportamento é influenciado


por ela.

4. Retorno: a resposta do receptor para o emissor.


5. Contexto: o local onde a comunicação ocorre.

Para se obter uma comunicação eficaz é necessário que ela seja voltada para a
preservação do auto-respeito do (a) enfermeiro (a) e do cliente e que a
comunicação da aceitação e compreensão precede a quaisquer sugestões de
informações. O quadro abaixo identifica várias técnicas de comunicação
terapêutica com definições, exemplos, valor terapêutico e ameaças não
terapêuticas.

Técnicas de comunicação terapêutica:

Valor Ameaça não


Técnica Definição Exemplo
terapêutico terapêutica

Processo
ativo de Comunicam
Manter o
receber as de modo
contato visual
informações não verbal, o
ea
Ouvir e examinar a interesse e Falha em ouvir.
comunicação
sua própria aceitação do
não verbal
reação às enfermeiro
receptiva.
mensagens ao paciente.
recebidas

“O que você Indica a


Amplas Estimular o
está aceitação Rejeição das
aberturas paciente a
pensando?” pelo resposta,
escolher o
profissional

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tema da e o valor da domínio do
discussão iniciativa do profissional.
paciente

“Você disse Indica que o


Repetir para Falta de
que sua mãe profissional
o paciente o atenção e
te abandonou está
Reafirmação pensamento interpretação
quando você escutando
principal que pelo
tinha 5 anos de atentamente
ele expressou profissional.
idade.” o paciente.

Ajuda a
Tentar pôr “Não estou
esclarecer Falha em
em palavras certa do que
Esclareciment os sondar,
as idéias você quer
o sentimentos, compreensão
vagas do dizer, poderia
idéias e presumida.
paciente. repetir?”
percepções.

Confirma
que o
“Você está profissional
Sentimentos e
Orientar tenso e compreende
respostas
idéias, ansioso, e isso o que o
impróprias à
sentimentos, tem relação paciente
experiência
Reflexão dúvidas e com a está
cultural e ao
satisfação de conversa que dizendo, e
nível de
volta para o você teve com indica
instrução do
paciente sua mãe empatia
paciente.
ontem?” interesse e
respeito por
ele.

Questões ou
afirmações “Acho que Permite o
que ajudem o deveríamos paciente
Focalização paciente a ir falar mais discutir os Mudar de tema.
alem do sobre você e assuntos
assunto de seu pai.” centrais.
interesse.

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“Percebi que
em todos os Permite
Ressaltar os seus melhor
temas ou relacionamento exploração e Fornecer
Identificar os problemas s você foi compreensã aconselhament
temas que surgem ferido por um o dos o, reafirmar,
repetidament homem. Você problemas desaprovar.
e. acha que isso importantes
é um tema do paciente.
fundamental.

Dar tempo ao
Sentar com o paciente para
Falta de paciente e pensar e ter Questionar o
comunicação comunicar de discerniment paciente, falha
Silêncio verbal por modo não o, enquanto em quebrar o
motivo verbal, o transmite silêncio não
terapêutico. interesse e o apoio, terapêutico.
envolvimento. compreensão
e aceitação.

Pode
“Isso dá um
Libera energia promover o
novo significado Subestimar o
por meio de discerniment
geral à palavra paciente, tentar
Humor um comentário o tornando
‘nervoso’, disse evitar intimidade
cômico sobre a conscientes
com ar de não terapêutica;
imperfeição. os temas
brincadeira”.
reprimidos.

Dimensões do relacionamento

Stuart & Laraia (2002), defendem que o profissional enfermeiro deve adquirir
determinadas habilidades e qualidades para iniciar e continuar um relacionamento
terapêutico, dos quais fazem parte em especial a comunicação verbal e não verbal
comentados anteriormente. Em geral, dividem-se da seguinte maneira:

 Dimensões responsivas: implicam autenticidade, respeito, compreensão


empática e senso da realidade. Elas são essenciais na fase de orientação
do relacionamento para estabelecer confiança e uma comunicação franca.

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E continuam a ser úteis em todas as fases do tratamento e término, além
de permitir que o cliente atinja a introvisão.
 Dimensões orientadas pela ação: incluem a confrontação, a proximidade,
a auto revelação do (a) enfermeiro (a), catarse emocional e teatralização.
Favorecem o progresso do relacionamento terapêutico identificando os
obstáculos ao crescimento do cliente e ressaltando a necessidade não só
da compreensão interna, como também da ação externa e alteração do
comportamento.

FONTES:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/comunicacao_terapeutica_relacao_e
nfermeiro_usuario_atencao_basica.pdf

http://www.psiquiatriageral.com.br/enfermagem/relacionamento_interpesso
al_terapeutico_enfermeiro_paciente.htm

1. (AOCP- HUCAM-UFES-2014) O relacionamento terapêutico entre


enfermeiro e paciente é uma experiência de aprendizagem mútua e uma
experiência emocional corretiva para o paciente. Está baseado na
humanidade do enfermeiro e do paciente, com mútuo respeito e aceitação
de diferenças étnicas e culturais. Sobre o relacionamento terapêutico, é
correto afirmar que é constituído das seguintes fases sequenciais:

(A) introdução, pós introdução, trabalho, pré-interação.

(B) pós-interação, trabalho, pré-interação, término do trabalho.

(C) introdução, pré-interação, trabalho, término do trabalho.

(D) pré-interação, introdução, trabalho, término do trabalho.

(E) trabalho, pré-interação, término do trabalho, pós-interação.

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COMENTÁRIOS:

AO INICIAR UM ATENDIMENTO AO PACIENTE COM TRANSTORNO MENTAL,


O PRIMEIRO PASSO É A APROXIMAÇÃO COM CRIAÇÃO DE VÍNCULO – UMA
PRÉ- INTERAÇÃO, NO SENTIDO DE ESCUTAR DE FORMA QUALIFICADA
(ACOLHIMENTO), PERCEBENTO AS NECESSIDADES INDIVIDUAIS DO
SUJEITO! Após essa primeira etapa, é o momento de iniciar as atividades,
direcionadas a cada caso, lembrando que cada sujeito tem o “seu tempo”! Criar
um PTS – iniciar os trabalhos, monitorar com toda equipe e avaliar os resultados
são os passos subsequentes, lembrando dos contextos que envolvem o indivíduo.
Além disso, avaliá-lo no seu contexto social, familiar e trazê-lo para O SEU
PRÓPRIO CUIDADO!

GABARITO: D

2.(AOCP- HUCAM-UFES-2014)A comunicação entre enfermeiro e paciente


pode facilitar a criação de um relacionamento terapêutico ou servir de uma
barreira para seu desenvolvimento. Sobre a comunicação terapêutica,
informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a
alternativa com a sequência correta.

( ) A comunicação ocorre em dois níveis, verbal e não-verbal.

( ) A comunicação verbal é o meio mais eficaz de comunicar sentimentos.

( ) A comunicação não-verbal abrange todos os cinco sentidos.

( ) A comunicação não-verbal indica, com menor precisão, o que uma pessoa quer
dizer.

(A) V – F – F – F.

(B) F – V – F – V.

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(C) F – F – V – F.

(D) V – V – V – F.

(E) V – F – V – F.

COMENTÁRIOS:

PROPOSIÇÃO A. VERDADEIRA. A comunicação ocorre em dois tipos: verbal e


não-verbal.

PROPOSIÇÃO B. FALSA. A comunicação que melhor transmite sentimento é a


não-verbal, por englobar entre as 05 categorias o toque (contato físico)

PROPOSIÇÃO C. VERDADEIRA. A Comunicação não-verbal, engloba 05


sentidos.

PROPOSIÇÃO D. FALSA. Comunicação não-verbal ocupa todos os cinco


sentidos e engloba tudo que não envolve a palavra escrita ou falada. Logo tem
maior precisão naquilo que se deseja transmitir.

GABARITO: E

3. (AOCP- HUCAM-UFES-2014)Na comunicação terapêutica, é necessário


algumas técnicas de comunicação para o sucesso da interação entre
paciente e enfermeiro. Sobre essas técnicas, assinale a alternativa correta.

(A) A reafirmação é uma técnica utilizada que ocorre quando o enfermeiro tenta
colocar em palavras, ideias ou pensamentos vagos que estão implícitos ou
explícitos na fala do paciente.

(B) A clarificação é uma técnica utilizada que consiste na repetição pelo


enfermeiro da última ideia expressa pelo paciente.

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(C) A escuta é uma técnica também denominada de validação que permite que o
paciente ouça e compreenda o que foi dito.

(D) Amplas aberturas como: “Você pode me contar mais sobre isso?” indicam que
o enfermeiro está prestando atenção e acompanhando o paciente, estimulando o
diálogo.

(E) A clarificação pode servir como um reforçador ou para chamar a atenção para
algo importante que possa ter escapado.

COMENTÁRIOS:

ASSERTIVA A. INCORRETA. Reafirmação indica que o profissional está


escutando atentamente o paciente.

ASSERTIVA B. INCORRETA. Clarificação ou esclarecimento: é procurar


entender o que está acontecendo naquele momento, ou seja, compreender uma
ideia, um gesto.

ASSERTIVA C. INCORRETA. É importante atentar que alguns autores usam


escutar e ouvir como sinônimos. Manter uma comunicação não-verbal, sendo
receptivo-ouvindo o paciente.

ASSERTIVA D. CORRETA. Amplas aberturas compreende estimular o paciente


a escolher o tema da discussão com perguntas como: “O que você está
pensando?

Indica que o enfermeiro está atento ao que o paciente está falando e demonstra
interesse.

ASSERTIVA E. INCORRETA. Clarificação como já foi abordado, indica algo que


está acontecendo naquele momento e necessita de entendimento.

GABARITO: D

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4. (AOCP- HUCAM-UFES-2014)Em uma comunicação terapêutica, quando o
enfermeiro diz: “Não tenho certeza do que você quer dizer. Poderia repetir,
por favor?”, ele está utilizando qual técnica de comunicação?

(A) Reflexão.

(B) Clarificação.

(C) Humor.

(D) Identificação do tema.

(E) Silêncio.

COMENTÁRIOS:

EXEMPLOS DE FRASES:

REFLEXÃO: “Você está tenso e ansioso, e isso tem relação com a conversa que
você teve com sua mãe ontem?”

CLARIFICAÇÃO OU ESCLARECIMENTO: “Não estou certa do que você quer


dizer, poderia repetir?”

HUMOR: “Isso dá um novo significado geral à palavra ‘nervoso’, disse com ar de


brincadeira”.

IDENTIFICAÇÃO DO TEMA: “Percebi que em todos os seus relacionamentos


você foi ferido por um homem. Você acha que isso é um tema fundamental.”

SILENCIO: Sentar com o paciente e comunicar de modo não verbal, o interesse


e o envolvimento. Aqui já não se encaixa uma frase, não com palavras!

Diante do exposto ficou “esclarecido” que a resposta é letra B.

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GABARITO: B

5. (AOCP- HUCAM-UFES-2014)“Capacidade para ingressar na vida de outra


pessoa, perceber adequadamente seus sentimentos atuais e seus
significados. Sentir o mundo particular do cliente como se fosse o seu
próprio mundo”. O enunciado refere-se

(A) ao respeito.

(B) à simpatia.

(C) à empatia.

(D) à reflexão.

(E) à reafirmação.

COMENTÁRIOS:

Destacamos, a seguir, os elementos da comunicação terapêutica que pensamos


ter maior influência nas questões éticas na Estratégia Saúde da Família, segundo
estudos que identificam os problemas éticos vividos por enfermeiros e médicos
na Atenção Básica.

Empatia – Ser empático em qualquer situação é se colocar no lugar da outra


pessoa, vai além do respeito e da simpatia e na enfermagem não é diferente. O
enfermeiro demonstra na face e nas palavras que se importa com a situação e as
preocupações trazidas pelo usuário e que está se esforçando para compreendê-
lo.

Respeito – consiste em tratar o usuário como gostaríamos de ser tratados, com


todos os direitos de um ser humano, que é sujeito de sua própria vida e centro do

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sistema de saúde. Minimizar o que o paciente diz, o que vive e como se expressa
é faltar com o respeito a esse paciente.

GABARITO: C

Dimensões responsáveis e de ação para o relacionamento terapêutico entre


enfermeiro e paciente

Dimensão Característica
Dimensões responsivas
Implica que o profissional é uma pessoa aberta
Autenticidade
coerente, autentica e acessível.
Sugere que o paciente seja tratado como uma
Respeito pessoa digna que é valorizada e aceita sem
restrição.

Vê o mundo do paciente a partir da estrutura de


referencia interna do mesmo, com sensibilidade
Compreensão empática para os atuais sentimentos e com a capacidade
verbal de comunicar essa compreensão em
linguagem acessível ao paciente.

Implica o uso de terminologia específica, em vez


Senso da realidade de abstrações, na discussão dos sentimentos,
experiências e comportamentos do paciente.

Dimensões de ação

Expressão pelo (a) enfermeiro (a) das


Confronto discrepâncias percebidas no comportamento do
paciente para expandir sua auto-consciência.

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Quando a atual interação entre o profissional e o
paciente é usado para aprender sobre o conduta
Imediatismo
do paciente em outros relacionamentos
interpessoais.

Quando o profissional dá informações sobre si


Auto revelação do (a) mesmo e sobre suas idéias, valores, sentimentos e
enfermeiro (a) atitudes para facilitar a cooperação, o aprendizado,
a catarse ou o apoio do paciente.

O paciente é estimulado a falar sobre os aspectos


Catarse emocional
mais preocupantes da vida, para efeito terapêutico.

Atuar em uma determinada situação para


aumentar a auto compreensão do paciente nas
relações humanas e aprofundar sua capacidade
Teatralização
de observar uma situação de um outro ponto de
vista, permite que ele experimente um novo
comportamento em um ambiente seguro.
Fonte:http://www.psiquiatriageral.com.br/enfermagem/relacionamento_interpessoal_terapeutico_
enfermeiro_paciente.htm

Já vimos acima os conceitos de reflexão e reafirmação. Logo, podemos afirmar


que a resposta correta é a letra C.

6. (AOCP- HUCAM-UFES-2014)Um impasse terapêutico, diz respeito às


violações de limites que ocorrem quando o enfermeiro ultrapassa os limites
do relacionamento terapêutico e estabelece um relacionamento social,
econômico ou pessoal com o paciente. Uma possível violação de limites
pode ser expressa em qual alternativa?

(A) Enfermeiro tem dificuldade para sentir empatia por um paciente.

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(B) Enfermeiro comparece a uma festa a convite do paciente.

(C) Enfermeiro tem sentimentos de depressão durante a sessão.

(D) Enfermeiro tem sentimentos de impaciência durante a sessão.

(E) Enfermeiro tem ansiedade e desconforto relacionados ao paciente.

COMENTÁRIOS:

Questão simples. Basta atentar para qual atitude fere a terapêutica e ultrapassa
limites! Será que comparecer a uma festa sob convite do paciente faz parte da
terapêutica? Até que ponto podemos confundir a relação pessoal com a
profissional? O mais interessante e ideal para a terapêutica e inclusive a criação
de vínculo é organizar uma atividade festiva entre os profissionais e usuários.

GABARITO: B

Depressão

A depressão é um distúrbio afetivo que acompanha a humanidade ao longo de


sua história. No sentido patológico, há presença de tristeza, pessimismo, baixa
autoestima, que aparecem com frequência e podem combinar-se entre si. É
imprescindível o acompanhamento médico tanto para o diagnóstico quanto para
o tratamento adequado.

Sintomas:

Humor depressivo ou irritabilidade, ansiedade e angústia;


Desânimo, cansaço fácil, necessidade de maior esforço para fazer as
coisas;
Diminuição ou incapacidade de sentir alegria e prazer em atividades
anteriormente consideradas agradáveis;
Desinteresse, falta de motivação e apatia;

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Falta de vontade e indecisão;
Sentimentos de medo, insegurança, desesperança, desespero, desamparo
e vazio;
Pessimismo, ideias frequentes e desproporcionais de culpa, baixa
autoestima, sensação de falta de sentido na vida, inutilidade, ruína,
fracasso, doença ou morte. A pessoa pode desejar morrer, planejar uma
forma de morrer ou tentar suicídio;
Interpretação distorcida e negativa da realidade: tudo é visto sob a ótica
depressiva, um tom “cinzento” para si, os outros e seu mundo;
Dificuldade de concentração, raciocínio mais lento e esquecimento;
Diminuição do desempenho sexual (pode até manter atividade sexual, mas
sem a conotação prazerosa habitual) e da libido;
Perda ou aumento do apetite e do peso;
Insônia (dificuldade de conciliar o sono, múltiplos despertares ou sensação
de sono muito superficial), despertar matinal precoce (geralmente duas
horas antes do horário habitual) ou, menos frequentemente, aumento do
sono (dorme demais e mesmo assim fica com sono a maior parte do
tempo);
Dores e outros sintomas físicos não justificados por problemas médicos,
como dores de barriga, má digestão, azia, diarreia, constipação, flatulência,
tensão na nuca e nos ombros, dor de cabeça ou no corpo, sensação de
corpo pesado ou de pressão no peito, entre outros

Causas:

A depressão é uma doença. Há uma série de evidências que mostram alterações


químicas no cérebro do indivíduo deprimido, principalmente com relação aos
neurotransmissores (serotonina, noradrenalina e, em menor proporção,
dopamina), substâncias que transmitem impulsos nervosos entre as células.
Outros processos que ocorrem dentro das células nervosas também estão
envolvidos. Ao contrário do que normalmente se pensa, os fatores psicológicos e
sociais muitas vezes são consequência e não causa da depressão. Vale ressaltar

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que o estresse pode precipitar a depressão em pessoas com predisposição, que
provavelmente é genética. A prevalência (número de casos numa população) da
depressão é estimada em 19%, o que significa que aproximadamente uma em
cada cinco pessoas no mundo apresentam o problema em algum momento da
vida.

FONTE: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/76depressao.html

O que é ansiedade?

O termo tem várias definições nos dicionários não técnicos: aflição, angústia,
perturbação do espírito causada pela incerteza, relação com qualquer contexto de
perigo, etc.

Levando-se em conta o aspecto técnico, devemos entender ansiedade como um


fenômeno que ora nos beneficia ora nos prejudica, dependendo das
circunstâncias ou intensidade, podendo tornar-se patológica, isto é, prejudicial ao
nosso funcionamento psíquico (mental) e somático (corporal).

A ansiedade estimula o indivíduo a entrar em ação, porém, em excesso, faz


exatamente o contrário, impedindo reações.

Os transtornos de ansiedade são doenças relacionadas ao funcionamento do


corpo e às experiências de vida.

Pode-se sentir ansioso a maior parte do tempo sem nenhuma razão aparente;
pode-se ter ansiedade às vezes, mas tão intensamente que a pessoa se sentirá
imobilizada. A sensação de ansiedade pode ser tão desconfortável que, para
evitá-la, as pessoas deixam de fazer coisas simples (como usar o elevador) por
causa do desconforto que sentem.

Os transtornos da ansiedade têm sintomas muito mais intensos do que aquela


ansiedade normal do dia a dia. Eles aparecem como:

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 Preocupações, tensões ou medos exagerados (a pessoa não
consegue relaxar);
 Sensação contínua de que um desastre ou algo muito ruim vai acontecer;
 Preocupações exageradas com saúde, dinheiro, família ou trabalho;
 Medo extremo de algum objeto ou situação em particular;
 Medo exagerado de ser humilhado publicamente;
 Falta de controle sobre os pensamentos, imagens ou atitudes, que se
repetem independentemente da vontade;
 Pavor depois de uma situação muito difícil.

FONTE: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/224_ansiedade.html

ESQUIZOFRENIA

Os transtornos esquizofrênicos são distúrbios mentais graves e persistentes,


caracterizados por distorções do pensamento e da percepção, por inadequação e
embotamento do afeto por ausência de prejuízo no sensório e na capacidade
intelectual (embora ao longo do tempo possam aparecer déficits cognitivos). Seu
curso é variável, com cerca de 30% dos casos apresentando recuperação
completa ou quase completa, 30% com remissão incompleta e prejuízo parcial de
funcionamento e 30 % com deterioração importante e persistente da capacidade
de funcionamento profissional, social e afetivo.

SINTOMAS DA ESQUIZOFRENIA

O distúrbio é essencialmente definido pela presença de diversos sintomas entre


um grupo de sintomas característicos, acompanhados por uma deterioração
funcional significativa durante um período de tempo relativamente longo e
constante (variando de 1 a 6 meses, dependendo da definição que está sendo
usada). Em geral, os sintomas característicos permanecem por muito mais tempo
e, muitas vezes, alguns persistem pelo resto da vida da pessoa. A combinação de

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incapacitação significativa, que começa cedo na vida, com a cronicidade da
doença tornam a esquizofrenia um distúrbio particularmente trágico para muitas
pessoas. Ademais, ela é bastante comum, ocorrendo entre 0,5 a 1% da
população. Esta combinação de características – comum, severa e pervasiva em
seus efeitos – torna a esquizofrenia “o câncer da psiquiatria”.

Às vezes, é útil pensar na esquizofrenia como uma doença que afeta sistemas
múltiplos de emoção, personalidade e cognição. Neste sentido, ela é semelhante
a outros distúrbios multi-sistema na medicina, tais como lúpus eritematoso
sistêmico, esclerose múltipla ou sífilis.

Considera-se que a doença “causa os sintomas de insanidade”. Eu admito que


esta doença apenas produz sintomas mentais negativos, em resposta à
dissolução e que todos os sintomas mentais positivos elaborados (ilusões,
alucinações, delírios e conduta extravagante) são decorrentes da atividade de
elementos nervosos não afetados por qualquer processo patológico; eles surgem
durante a atividade no nível mais baixo da evolução remanescente.

Comumente, os sintomas positivos incluem delírios, alucinações, fala


desorganizada e comportamento desorganizado e bizarro. Estes sintomas
representam distorções ou exageros das funções cognitivas ou emocionais
normais.

 Alucinações são alterações na percepção (ou seja, ouvir vozes sem um


estímulo);

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 Delírios são uma distorção no pensamento inferencial (ou seja,
interpretação errônea das informações, muitas vezes de modo a sugerir
perigo ou dano);

 A fala desorganizada é uma ruptura na linguagem e na comunicação,


refletindo uma desorganização subjacente no pensamento;

 O comportamento desorganizado é uma ruptura no controle e na


monitoração motor ou comportamental.

Estes sintomas positivos às vezes são ainda subdivididos em dois grupos. Os


delírios e alucinações são classificados como representantes de um
contexto psicótico, enquanto a fala e o comportamento desorganizados ou
bizarros são considerados como representantes de um contexto desorganizado.
Segundo a grande maioria das definições correntes, alguns sintomas positivos
estão sempre presentes na esquizofrenia. O padrão, porém, pode variar. Um
paciente pode, por exemplo, estar psicótico e ouvir vozes e sentir-se perseguido.
Outro paciente pode estar mais desorganizado, falando de um modo incoerente e
exibindo alterações do comportamento, tais como agitação, usar roupas
estranhas ou fazer propostas sexuais claramente inapropriadas.

Os sintomas negativos da esquizofrenia refletem uma perda ou diminuição de


funções que, em condições normais, encontram-se presentes. Os sintomas
negativos incluem:

 Alogia (marcante pobreza de fala e fala vazia de conteúdo), embotamento


afetivo (diminuição na habilidade de expressar-se emocionalmente);

 Anedonia (inabilidade de experimentar prazer, perda de interesse pela


interação social);

 Avolição (incapacidade de iniciar ou persistir na busca de um objetivo).

 Enquanto os sintomas positivos da esquizofrenia são, muitas vezes,


exuberantes e atraem a atenção para a doença do paciente, os sintomas
negativos tendem a prejudicar a capacidade da pessoa de levar uma vida

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cotidiana normal. Estes sintomas tendem a impedir que os pacientes
esquizofrênicos mantenham relacionamentos familiares normais,
frequentem escolas, mantenham um emprego ou formem amizades e
relacionamentos íntimos.

Além destes sintomas “clássicos” envolvendo dimensões psicóticas,


desorganizadas e negativas, uma variedade de outros sintomas também são
frequentemente observados. Estes incluem deficiência na atenção, falta de
discernimento e comportamento motor catatônico. Além disso, muitos dos
sintomas mais comuns, como os delírios, podem manifestar-se de formas
totalmente diferentes. Os delírios podem, por exemplo, manifestar-se
diferentemente como perseguição, inveja, megalomania e religiosidade. As
alucinações podem apresentar muitas modalidades, incluindo auditiva, visual, tátil
ou olfativa. As alucinações auditivas, no entanto, são de longe, o tipo mais comum.

1. Qual dos sintomas a seguir pode ser considerado um sintoma positivo da


esquizofrenia?

(A) Anedonia.

(B) Alogia.

(C) Delírios.

(D) Embotamento afetivo.

(E) Déficit de atenção.


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COMENTÁRIOS:

ANEDONIA é a perda da capacidade de sentir qualquer tipo de prazer.

ALOGIA pode ser conceituada como falta de lógica, bom censo... (não pode ser
considerado um sintoma positivo).

DELÍRIOS é a criação de uma realidade fantasiosa, na qual o indivíduo acredita


plenamente, duvidando do mundo e das pessoas ao redor. O delírio pode ter
diversas temáticas, inclusive num mesmo surto. As mais comuns são a ideia de
estar sendo perseguida por alguém, de ser observada ou de que as pessoas falam
dela ou sabem de tudo que se passa na sua vida. Outras ideias fantasiosas, como
de cunho religioso, místico ou grandioso também podem ocorrer. Menos
frequentemente ocorrem delírios de culpa e de ciúme. Na esquizofrenia é
considerado como um dos sintomas positivos.

EMBOTAMENTO AFETIVO o indivíduo não expressa sentimento, fieza


emocional.

DÉFICIT NA ATENÇÃO está enquadrado na esquizofrenia na classe de outros


sintomas.

GABARITO: C

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HORA DO TREINO

1. (FEPESE - 2016 - Prefeitura de Lages – SC) Integrando a Atenção Básica,


a Política Nacional de Saúde Mental tem como diretriz principal a redução
gradual e planejada de leitos em hospitais psiquiátricos, com a
desinstitucionalização de pessoas com longo histórico de internações. Essa
diretriz vem sendo cumprida com a criação de:

a. ( ) Núcleos de Apoio à Saúde da Família.


b. ( ) Centros de Atenção Psicossocial (Caps).
c. ( ) Centros de Referência em Saúde do Trabalhador.
d. ( ) Equipes de Saúde da Família ampliada com saúde mental.
e. ( ) Políticas Nacionais de Saúde da Pessoa com Deficiência

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2. (Prefeitura de Fortaleza - CE – 2016) A política nacional de saúde mental,
regida pela Lei 10.216, enfatiza que são direitos da pessoa portadora de
transtorno mental:
(A) receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu
tratamento.
(B) ser tratada sempre em serviços comunitários de saúde mental.
(C) ter acesso à internação em instituições com características asilares.
(D) ter uma sala específica para atendimento aos portadores de transtornos
mentais na unidade básica de saúde.

3. (FAUEL - 2016 - CISMEPAR – PR) O Projeto Terapêutico Singular (PTS)


pode ser definido como uma estratégia de cuidado que articula um conjunto
de ações resultantes da discussão e da construção coletiva de uma equipe
multidisciplinar e leva em conta as necessidades, as expectativas, as
crenças e o contexto social da pessoa ou do coletivo para o qual está
dirigido. A noção de singularidade advém da especificidade irreprodutível
da situação sobre a qual o PTS atua, relacionada ao problema de uma
determinada pessoa, uma família, um grupo ou um coletivo. Sobre o PTS,
assinale a alternativa INCORRETA:
a) A utilização do PTS como dispositivo de intervenção desafia a organização
tradicional do processo de trabalho em saúde, pois pressupõe a necessidade de
maior articulação interprofissional e a utilização das reuniões de equipe como um
espaço coletivo sistemático de encontro, reflexão, discussão, compartilhamento e
corresponsabilização das ações com a horizontalização dos poderes e
conhecimentos.
b) O diagnóstico situacional pressupõe o contato com uma pessoa, família, grupo
ou coletivo em que o acolhimento empático e a escuta cuidadosa e sensível
favorecem o vínculo. O acolhimento representa a disponibilidade de receber e
ofertar em qualquer momento ao longo do processo de cuidado. Uma escuta

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cuidadosa e sensível pressupõe dar a voz à pessoa, à família, ao grupo ou ao
coletivo.
c) No PTS, é importante caracterizar também o que é possível realizar dessas
expectativas e objetivos. A caracterização do que é possível deve levar em
consideração o quanto a realização das expectativas e metas para a resolução do
problema depende do técnico de referência e da equipe de saúde.
d) Embora o PTS possa ser utilizado como analisador qualitativo e apregoado
para todos os usuários dos serviços estratégicos de Saúde Mental, como os Caps,
na Atenção Básica é importante estabelecer critérios de seleção dos casos que
exigirão a construção de um PTS. Não é viável nem necessário elaborar um PTS
para todas as pessoas atendidas em um serviço de Atenção Básica.

4. (FAFIPA - 2014 - Prefeitura de Pinhais – PR) Em Saúde Mental, qual é o


nome do projeto que pode ser definido como uma estratégia de cuidado que
articula um conjunto de ações resultantes da discussão e da construção
coletiva de uma equipe multidisciplinar e leva em conta as necessidades, as
expectativas, as crenças e o contexto social da pessoa ou do coletivo para
o qual está dirigido?
(A) Projeto da Atenção Básica.
(B) Projeto das Necessidades Básicas.
(C) Projeto Primário Terapêutico.
(D) Projeto Terapêutico Singular.

5. (IBFC - 2016 – EBSERH) Caracterizam-se por humor triste, perda do


interesse e prazer nas atividades cotidianas, sendo comum uma sensação
de fadiga aumentada. O paciente pode se queixar de dificuldade de
concentração, pode apresentar baixa autoestima e autoconfiança,
desesperança, ideias de culpa e inutilidade; visões desoladas e pessimistas
do futuro, ideias ou atos suicidas. Assinale a alteração de saúde mental que
melhor corresponde à descrição acima:
a) Transtorno da ansiedade

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b) Síndrome de pânico
c) Disfunção cognitiva leve
d) Depressão
e) Demência

6. (Prefeitura de Fortaleza - CE – 2016) Um paciente apresenta delírios e


alucinações: constantes. Esses são sintomas característicos de
(A) depressão.
(B) esquizofrenia.
(C) transtorno obsessivo compulsivo.
(D) fobia.

7. (Prefeitura de Fortaleza - CE – 2016) A Portaria nº 336/GM, de 19 de


fevereiro de 2002, dispõe sobre os procedimentos a serem realizados pelos
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). No que se refere às
características, aos recursos humanos e à assistência prestada inerente ao
CAPS I, marque a alternativa correta.
(A) Serviço de atenção psicossocial com capacidade operacional para
atendimento em municípios com população entre 70.000 e 200.000 habitantes.
(B) No mínimo 06 profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de
enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão.
(C) Atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte
social, entre outras).
(D) Acolhimento noturno, nos feriados e fins de semana, com no máximo cinco
leitos, para eventual repouso e/ou observação.

8. (Prefeitura de Fortaleza - CE – 2016) O CAPSad visa ao atendimento


específico para:
(A) criança e adolescente.
(B) transtornos mentais graves.

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(C) atendimento domiciliar.
(D) adultos usuários de álcool e outras drogas.

9. (Prefeitura de Fortaleza - CE – 2016) A política nacional de saúde mental,


regida pela Lei 10.216, enfatiza que são direitos da pessoa portadora de
transtorno mental:
(A) receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu
tratamento.
(B) ser tratada sempre em serviços comunitários de saúde mental.
(C) ter acesso à internação em instituições com características asilares.
(D) ter uma sala específica para atendimento aos portadores de transtornos
mentais na unidade básica de saúde.

10. (FAUEL – 2016) Os psicofármacos são um recurso, dentre outros, para o


tratamento em saúde mental. Entretanto, o seu uso só faz sentido em um
contexto de vínculo e de escuta entre o paciente e o profissional de saúde.
É importante que as equipes da Atenção Básica possam ter uma expectativa
realista de que tipo de problema de saúde mental pode ou não responder a
uma determinada medicação. Sobre os psicofármacos, assinale a alternativa
INCORRETA:
a) Os benzodiazepínicos ativam o sistema Gaba, que é um sistema inibitório da
função neuronal. Daí os seus efeitos sedativos, relaxantes musculares e mesmo
anticonvulsivantes. O uso continuado provoca fenômenos de tolerância e
dependência.
b) Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) são os
“antidepressivos” mais recentes, com o destaque para a fluoxetina. São
substâncias mais “limpas”, ou seja, agem sobre poucos sistemas de
neurotransmissão.
c) Os sintomas psicóticos que respondem à medicação geralmente vêm
acompanhados de uma série de mudanças “atípicas” na vida da pessoa e

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raramente ocorrem isolados. São considerados medicamento neurolépticos:
Diazepam, Clonazepam, Bromazepam e Alprazolam.
d) Os neurolépticos agem bloqueando a transmissão da dopamina no cérebro,
com efeitos motores (contenção química), hormonais e sobre o pensamento.
Alguns dos neurolépticos apresentam formulação injetável de depósito.

GABARITO:

1 B
2 A
3 C
4 D
5 D
6 B
7 C
8 D
9 A
10 C

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REFERÊNCIA:

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Atenção Básica. Saúde mental / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à
Saúde, Departamento de Atenção Básica, Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013. 176 p. : il. (Cadernos de
Atenção Básica, n. 34) ISBN 978-85-334-2019-9 1. Saúde mental. 2. Atenção
básica. 3. Atenção em saúde mental no SUS. I. Título. Disponível em:
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_34.pdf. Acesso
em 17 Març 2017
______, Ministério da Saúde. Coordenação Nacional de DST e AIDS. A POLÍTICA
DO MINISTÉRIO DA SAÚDE PARA A ATENÇÃO INTEGRAL A USUÁRIOS DE
ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS, 2003. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pns_alcool_drogas.pdf. Acesso: 17
Març 2017
_______, Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Caderno da
Atenção Básica – Estratégia do Cuidado para Pessoas com Doenças Crônicas,
2014. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategias_cuidado_pessoa_doenca
_cronica_cab35.pdf. Acesso: 17 Març 2017

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