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ESTUDO de CASO

Liliana Andreia tem 39 anos, pertence a fratria de três irmãos, com


os quais não tem qualquer relacionamento. É a filha mais nova.
Refere ainda não ter ligação com os seus pais “... eles são frios ...
até parece que nunca fui filha deles ...” (sic).
Descreve a sua infância como “...triste e negra ...” tendo por várias
vezes tentado por termo a vida. Teve acompanhamento das
especialidades de pedopsiquiatria e psicologia.
Na adolescência embora afastada dos seus familiares de referência,
tem na sua tia paterna uma figura securizante.
Sendo esta tia ainda hoje uma figura importante.
No que concerne aos relacionamentos, a utente refere nunca ter
conseguido encontrar nenhum que lhe desse a estabilidade que
sempre procurou “...nenhum dos homens com quem me relacionei
eram boas pessoas ... só queriam aproveitar - se de mim para ter
relações sexuais ...” (sic).
A utente refere que foi casada durante cerca de 4 anos e fruto desse
relacionamento nasceu uma menina que atualmente tem 13 anos de
idade (Beatriz).
Divorciou-se em março de 2015, sendo que o ex-marido acabou por
se suicidar nesse mesmo ano.
Após um da sua separação a utente iniciou novo relacionamento com
Teófilo de 48 anos, durante cerca de 3 anos.
Segunda Andreia o seu namorado, pouco tempo depois, acabou por
se mudar para a sua casa. Refere a utente que desde o início
demostrou ser violento, ciumento e muito possessivo. Houve várias
agressões físicas, algumas delas em frente à filha menor.
Reiteradamente, a utente era insultada “... sua puta, vaca, cabra, um
dia vais ver o que te acontece ...” (sic), “...sua vaca, um dia mato-te
...” (sic).
No dia 01 de junho de 2018, a utente foi violentamente agredida com
murros e estalos pelo Sr. Teófilo, tendo ficado com o maxilar
partido. As agressões ocorreram dentro do carro do agressor e
na presença de um amigo do agressor. Fruto desta agressão a utente
necessitou de tratamento médico que lhe foi prestado no Hospital
local. A utente apresentou queixa-crime por violência doméstica.
No dia 14 de junho de 2018, o agressor entra na habitação da utente
(sem a permissão desta) e cortou todas as suas roupas e calçado,
deixando posteriormente as chaves da residência na caixa de correio
da utente. Segundo a utente, o agressor é uma pessoa
extremamente perigosa, tem antecedentes criminais, e cumpriu
pena de prisão efetiva durante 12 anos.
A utente sempre teve muito medo do agressor, pelo que a
mesma e sua filha integraram resposta de acolhimento de
emergência para vítimas de violência doméstica em 30 de outubro
de 2018. Nesta altura, foi decretado medida de coação ao
agressor - a aplicação de pulseira eletrónica.
Desta forma, a utente regressou ao meio de origem a 13 de
novembro de 2018, por considerar que estaria salvaguardada a sua
segurança, bem como a da sua filha.
Andreia é doente oncológica, tendo sido necessário efetuar
mastectomia, o que era do conhecimento do agressor, e mesmo
assim humilhava-a.
Atualmente, a utente vive sozinha com a filha em habitação social,
efetuando o pagamento da renda mensal no valor de €5. A mesma é
beneficiária do Rendimento Social de Inserção, no valor de 116,54
euros e do abono de família da filha Beatriz, no valor de 50,57
euros/mensais.
A utente desde a saída da Resposta de acolhimento de emergência
que o agressor envia-lhe sms com ameaças “... um dia vou – te
matar, ou mando alguém sua puta ... tem cuidado com a tua sombra
....” (sic).
Andreia sempre considerou estranho não ter qualquer contato com
outros profissionais.
Ao nível da saúde a Andreia refere fazer medicação do âmbito da
saúde mental não sabendo o nome “...olhe nem sei o que faço, um é
para a depressão, outros é para dormir e os outros não sei ...
desculpe ...” (sic).
A sua filha também faz medicação, mas também não sabe “... ela é
muito irrequieta, não para nem um segundo, mas foi do que viu
(chora), ela chegou a ver ele abrigar – me a ter relações com os
amigos ... isso não podia ser .... não presto para nada, nem consegui
protege-la ...” (sic).

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