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LGBTQ+ Family: An Interdisciplinary Journal

Sexual Violence against LGBT People in


Portugal: Experiences of Portuguese Victims
of Domestic Violence
Autores: Sofia Neves, Mafalda Ferreira, Edgar Sousa, Rodrigo Costa, Helena Rocha, Joana Topa,
Cristina Pereira Vieira, Janete Borges, André Lira, Lourenço Silva, Paula Allen, Ivo Resende

Universidade de São Paulo


Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto
Diversidade, Zero Discriminação e ODS
Carolina Bardivia e Gilberto Leal
Roteiro de apresentação

- Contextualizando o tema
- Revista escolhida: público e impacto
- Sobre os autores
- Objetivo do estudo
- Metodologia
- Resultados e discussão
- Dados relevantes
- Onde estamos (Brasil)?
- Conclusão
Contextualizando o tema
O que é a violência?

Segundo a OMS pode ser entendida como o "uso intencional da força ou poder em uma
forma de ameaça ou efetivamente, contra si mesmo, outra pessoa ou grupo ou
comunidade, que ocasiona ou tem grandes probabilidades de ocasionar lesão, morte, dano
psíquico, alterações do desenvolvimento ou privações” (WHO, 2002).

A violência se constitui em fenômeno complexo, polissêmico e multifatorial, podendo


resultar em uma miríade de consequências à saúde física e mental da vítima (PINTO et al.,
2020).

É uma questão social, ou seja, não pertence a um único setor. Contudo, é fortemente ligada
à saúde por se relacionar com a qualidade de vida (MINAYO, 2004).
Contextualizando o tema
Violência e a população LGBT+

Dados do "DISQUE 100" revelaram que entre 2011 e 2017 houve 12.477 denúncias
envolvendo 22.899 violações cometidas contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e
transexuais no Brasil (PINTO et al., 2020).

Caráter brutal da violência contra LGBT+: esquartejamento, mutilação e dilaceração


(EFREM-FILHO, 2016).

O Brasil lidera o ranking dos países que mais matam LGBT+. De acordo com levantamento
do Grupo Gay da Bahia, ao menos 256 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros
foram vítimas de morte violenta em 2022 (GGB, 2022).
Revista escolhida: público e impacto
LGBTQ+ Family: An Interdisciplinary Journal Métricas

É o primeiro periódico a abordar as experiências


únicas de indivíduos lésbicas, gays, bissexuais,
transgêneros e queer no contexto da família.

A revista publica pesquisas originais, artigos


teóricos e de revisão sobre tópicos que
exploram o impacto da orientação sexual e da
identidade de gênero em todos os aspectos da
Publication office: Taylor & Francis, Inc., 530
experiência familiar. Walnut Street, Suite 850, Philadelphia, PA 19106
Sobre os autores
➢ Sofia Neves - licenciada em psicologia e doutora em psicologia social
➢ Mafalda Ferreira - criminologista e doutora em ciências forenses
➢ Edgar Sousa - licenciado em educação social e pós-graduado em mediação familiar
➢ Rodrigo Costa - bacharel em psicologia e mestre em psicologia forense
➢ Helena Rocha - bacharela em psicologia e mestre em psicologia clínica forense
➢ Joana Topa - bacharela em psicologia e doutora em psicologia social
➢ Cristina Pereira Vieira - licenciada em serviço social e doutora em sociologia
➢ Janete Borges - doutora em educação
➢ André Lira - *
➢ Lourenço Silva - licenciado em psicologia e mestrando em psicologia
➢ Paula Allen - licenciada em psicologia
➢ Ivo Resende - licenciado em psicologia e mestre em psicologia da justiça
Objetivo do estudo
O estudo visa caracterizar as
trajetórias de vida de pessoas
LGBT vítimas de violência
doméstica em Portugal.
Metodologia
Tipo de estudo

Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa.

Dados e coletas

Foram feitas 50 entrevistas com vítimas (ou ex-vítimas) LGBT de violência doméstica.

- Os dados foram coletados entre fevereiro de 2020 e maio de 2021.


Metodologia
Recrutamento

Os pesquisadores entraram em contato com instituições portuguesas que prestam apoio a


pessoas LGBTI e vítimas de violência doméstica para alcançar respondentes voluntátários.

Os voluntários deveriam preencheer, inicialmente, um formulário contendo questões


associadas a dados sociodemográficos (idade, gênero, identidade de gênero etc)

Critérios de seleção

Os critérios foram: 1. ser pessoa autoidentificada como LGBT; 2. ser ou ter sido vítima de
violência doméstica; 3. ausência de comprometimento cognitivo ou transtorno mental que
impeça a participação; 4. ter 18 anos ou mais e 5. falar ou compreender português.
Metodologia
Das 50 entrevistas, 16 foram para analisadas por se enquandarem como experiências de
vítimas de violência sexual por familiares e/ou parceiros ou ex-parceiros.

Caracterização dos participantes

Nacionalidade: entre os 16 entrevistados, 11 eram portugueses, 3 eram brasileiros, 1 era


venezuelano e 1 não identificou a nacionalidade.

Idade: a média dos participantes foi de 31,4 anos.

Quanto a identidade de gênero: 9 dos 16 participantes identificaram-se como mulheres, 5


como homens e 2 como não binários.
Metodologia
Caracterização dos participantes

Quanto a orientação sexual: 4 eram gays, 4 eram lésbicas, 3 eram pansexuais, 2 eram
bissexuais, 2 eram heterossexuais e 1 participante não definiu sua orientação sexual. Desse
total, 13 se declararam como solteiros, 2 como casados e 1 vivia em união de facto.

Escolaridade: 5 participantes concluíram o ensino fundamental, 8 o ensino médio, 2


possuíam ensino superior e um 1 possuía mestrado.

Ocupação: 7 participantes estavam desempregados no momento da coleta, 2 eram


estudantes e os demais participantes eram: 1 enfermeira, 1 auxiliar de asilo, 1 empregada de
quarto, 1 ator e músico freelancer, 1 vendedor comercial, 1 transportador e 1 bartender.
Metodologia
Sobre as entrevistas
O roteiro de entrevista incluiu uma breve apresentação do estudo e foi subdividido em três
partes:

1. uma primeira parte focada na descrição e caracterização de suas trajetórias de vida,


desde os acontecimentos da infância até o momento presente, bem como em todas as
suas trajetórias de vida - experiências como pessoas LGBT - nos mais diversos contextos;

2. uma segunda focada no seu histórico de vitimização, e

3. uma terceira parte focada no sistema de proteção às vítimas de violência doméstica


LGBT.
Metodologia
Sobre as entrevistas
Ocorreram de forma semiestruturada, aprofundada e online (pandemia COVID-19)

Ética e bem-estar: foram garantidas intervenções durante e após as entrevistas (crises e


gatilhos).

- Os entrevistadores foram capacitados com curso específico de apoio às vítimas de


violência doméstica e prevenção da vitimização ou revitimização

Todos os dados foram transcritos na íntegra com auxílio do software NVivo Transcription e
posteriormente analisados por toda a equipe por meio da Análise de Conteúdo Temática -
Bardin.
Resultados e discussão
Transcrição de 16 entrevistas de vítimas ou ex-vítimas de violência

A partir da análise foi possível compreender que 4 participantes sofreram violência sexual
na vida adulta, 4 sofreram violência sexual na infância e 2 nas duas fases da vida.

Os trechos de suas respostas foram divididos em cinco temas:

1. violência doméstica;
2. impactos da violência doméstica;
3. dinâmica da violência sexual;
4. memórias traumáticas e episódios de dissociação da violência sexual; e
5. fatores de risco para ocorrência de violência.
Resultados e discussão
Violência doméstica

Por meio da análise das falas, percebe-se que a violência se deu início durante a infância e
adolescência de alguns dos participantes, e que os perpetradores são identificados, em
boa parte, como familiares.

"Minha mãe me colocou em uma escola particular [...]. Então, chamaram meus pais para a escola por causa do meu
comportamento [feminino] [...]. Fui obrigado a... [a participante fica em silêncio por alguns segundos] Minha mãe até me
levou na psicóloga! Pra eu mudar meu comportamento [feminino]... [Mas] a pessoa não muda, não é? [Ri nervosamente]"
(Mulher trans, 43 anos)

"Os últimos seis meses com minha mãe foram muito complicados [...] Primeiro, ela não me deixou ter conta própria no
banco e brigamos por isso. [...] não entendi porque [...] ela queria controlar meu dinheiro (...) saber com o que eu gastava."
(Mulher trans, 18 anos)
Resultados e discussão
Violência doméstica

As manifestações seguiram na vida adulta …

“[...] Sexualmente era quase todo fim de semana, ela me pressionava para... [a participante fica em silêncio e muda de
conversa] [...] Ela tinha nível de caratê então ela tinha uma agilidade imensa e às vezes ela precisava me bater e ela
batia. Sem motivo, cheio de força. [...] aí ela vinha com cara de inocente de «não fiz nada»" (mulher travesti, 18 anos).

"Eu ainda estava em Bragança [uma cidade portuguesa com cerca de 30 mil habitantes] [e] havia certas pessoas que
não sabiam da minha orientação [sexual]. Então, em público evitei demonstrar carinho, também por questões de
segurança ….. E ele até me agarrou pelo braço com força e disse que se eu não lhe desse um beijo de despedida,
nosso relacionamento acabaria. Mais tarde, em casa, ele quis ter relações [sexuais] e eu não [...]. Ele me deu um tapa e
disse que eu era um merda" (não binário, 21 anos).

[...] eu era dependente dele [...] naquela época eu tinha um emprego, mas fui demitido porque não estava bem
psicologicamente, enfim… Eu não tive vontade de sair da cama e ele me machucou por isso [...]. Havia momentos em
que ele ia para Leiria, onde morava a família dele, e eu ficava semanas sem comer porque não tinha dinheiro (mulher
travesti, 24 anos).
Resultados e discussão
Impactos da violência doméstica

Segundo os participantes, a violência exercida pelos familiares deixou neles marcas físicas
(por exemplo, cicatrizes) e psicológicas.
"Acho que nenhum cara passou pelo que passei e... [Começa a chorar] e muitas vezes pergunto por quê!? Por
que eu tive que passar por tudo isso? [Ainda chorando] [...] Olho todos os dias no espelho, para o meu corpo nu, e
fico pensando: «Esse corpo sofreu tanta violência...», ainda tenho algumas marcas aqui [Aponta para algumas
partes do corpo ] que me acompanhará pelo resto da vida, de cinto apertado!" (homem gay, 28 anos).

"[...] eu não sabia que era ruim. Às vezes tinha coisas que eu me sentia mal e era ruim, mas eu não associava isso
a abuso, só veio depois quando eu soube o que era! [...] Certa vez enfiei os dedos numa tomada elétrica, sabendo
que isso poderia me matar... [...] quando criança tive comportamento suicida [risos nervosos]! [...] eu sabia que isso
poderia me matar, mas não me importei, nem pensei nisso [...] [e] esses comportamentos continuaram pelo resto
da minha vida" (mulher transexual, 33 anos).
Resultados e discussão
Impactos da violência doméstica

Quanto aos impactos psicológicos e emocionais, estes se refletem através da dificuldade


em estabelecer relacionamentos com as pessoas, sejam eles de amizade ou amorosos.
Além disso, a depressão é mencionada como um impacto negativo da violência vivenciada
durante um relacionamento íntimo.

"[...] foi muito difícil se reconectar com alguém. [...] Tornei-me uma pessoa muito desapegada, da qual não me
orgulho. Se fosse preciso, hoje estava com uma [pessoa], amanhã estava com outra, e fiquei muito desapegado.
Até que, mais tarde, apareceu uma pessoa na minha vida, [...] [mas] eu nunca desisti, ah… [Faz uma pausa no
discurso e pede desculpas]. Esse meu último relacionamento terminou há dois anos, mas ainda estou
complicado. [...] Nunca consegui me entregar cem por cento" (não binário, 21 anos).

"O que eu sofri, o que mais me doeu foi por dentro, sabe!? [...] Como pode uma pessoa que a gente gosta tanto...
A gente dorme com o seu pior inimigo, né!? Não é pelas marcas, [...] acho que é porque é a pessoa que a gente
mais gosta, não é!? Acho que é isso que faz a gente... Por isso entrei em depressão, não consegui nem discutir
mais com ele, porque... [Depois de uma fala prolongada, o participante para de falar]" (mulher travesti, 29 anos).
Resultados e discussão
Dinâmica da violência sexual

A violência sexual é uma das várias tipologias de violência doméstica que afeta todos os
participantes. Isto foi perpetrado por membros da família.

"Minha mãe nunca me bateu por causa da forma como foi criada. Quando ela cresceu, ela apanhou do pai e por
isso nunca me bateu. Embora [...] ela sempre me apalpasse. [...] Ela nunca tocou na minha genitália, ela apalpou
todo o meu corpo, principalmente as nádegas. Ela tinha uma certa sensação de controle, ela tocava minhas
nádegas e depois fazia alguns comentários [como] «Você tem uma bunda tão boa», coisas desse tipo. E claro,
isso me deixa desconfortável. [...] Até pedi para ela não fazer isso, mas ela disse «Seu corpo é meu, eu quem
manda!»" (mulher travesti, 18 anos).

"Aos domingos eu ia almoçar na casa da minha avó [...] e era lá que morava esse tio. E, à tarde, normalmente, eles
iam para o café ou para passear, [...] e eu ficava lá brincando [com ele] e era nessas horas que ele se aproveitava
[de mim] [...]. Não conversei com ninguém, claro que ele pediu sigilo, mas achei que era uma coisa comum, [...] e
na época eu não tinha ideia do que era" (homem gay, 39 anos).
Resultados e discussão
Dinâmica da violência sexual

Além da violência perpetrada por familiares, alguns participantes vivenciaram violências em


relacionamentos "amorosos".

"[...] ele [referindo-se ao ex-namorado] chegava, tirava o órgão sexual e mandava eu fazer alguma coisa com ele!
Isso começou a me enojar. [...] ele trancava o banheiro e a cozinha para eu não ter acesso e eu tinha que fazer
sexo com ele! Ele queria me privar disso! Fiquei praticamente dois dias sem ir ao banheiro! Teve uma vez que ele
tirou [meu acesso] à internet" (mulher travesti, 24 anos).

"Nas primeiras semanas tudo foi ótimo e então [comecei a ver] começaram os sinais da parte dele. Eu não
conseguia falar com os outros rapazes da escola ou ele perguntava-me: «Porque é que falaste com aquele
rapaz? Você já dormiu com ele?». [...]. E então ele me ameaçou! «Se você não estiver aqui, eu te mato!». [...]
Terminamos porque ele tentou me estuprar no banheiro. Não funcionou porque meus colegas sentiram que
algo [estava errado] no banheiro. Estou sozinho há dez anos!" (homem gay, 28 anos).
Resultados e discussão
Memórias traumáticas e episódios de dissociação da violência sexual

Como já demonstrado, os participantes possuem memórias traumáticas associadas à


vivência da violência sexual. Porém, há trechos em que essas lembranças ficam ainda mais
evidentes.

"[...] quando eu era jovem, presenciei uma coisa muito ruim que foi meu pai forçar minha mãe e eventualmente
estuprá-la. Basicamente, estávamos no quarto e ele começou a tirar a roupa dela e ela não quis porque eu
estava lá. Aí ele começou a arrancar a roupa dela e me disse para fazer isso também porque era uma brincadeira
e eu comecei a pegar a roupa dela. De alguma forma, ele também me tornou cúmplice dessa porcaria! Aí ela
correu para o banheiro, ele foi atrás dela e ela começou a gritar e eu fiquei no quarto ouvindo tudo!" (mulher
travesti, 33 anos).

"Tive episódios de desregulação e dissociação. Fiquei mudo, não senti nada, parecia mesmo que estava
assistindo a um filme e vendo tudo acontecendo. [Eu] não tinha controle sobre meu [próprio] corpo [e nem]
minha mente conseguia me proteger desses momentos..." (mulher transexual, 18 anos).
Resultados e discussão
Fatores de risco

Estão ligados à históricos de violência, uso de droga/medicamentos e álcool

"A relação entre minha mãe e meu pai... Ela também sofreu violência doméstica. [...] Sim, porque meu pai
também bebia, mas só bebia de vez em quando. [...] Às vezes ele batia nela" (mulher travesti, 43 anos).

"Quando ele estava drogado, ele ficava mais calmo. Quando acabou a droga foi uma doença para mim, porque
ele ia mudar. [...] Ele teria alucinações com a droga. [...] ele [diria] que eu estava envolvido com todo mundo. [...]
[Mas] ele [também] mudou completamente quando a droga acabou [...], virou bicho" (mulher travesti, 29 anos).

"[...] minha mãe também bebia de vez em quando e teve um dos piores episódios da minha vida onde minha mãe
basicamente me estuprou por volta dos três, dois e meio, três anos. [...] ela estava me dando banho e, como ela
estava toda chateada, por isso... nunca pensei em fazer reportagem nem nada porque ela provavelmente nem
lembra o que fez!" (mulher travesti, 33 anos).
Dados relevantes
Embora a violência sexual afete desproporcionalmente as mulheres, fatores como o nível
de educação, identidade e/ou expressão de gênero, orientação sexual e etnia podem
aumentar o risco de ser vitimizados sexualmente (NEVES et al., 2023).

Em relação às pessoas trans, o estudo de James et al. (2016 apud NEVES et al., 2023)
descobriu, a partir de uma amostra de 27.715 pessoas trans, que 47% sofreram violência
sexual em suas vidas. Esta percentagem aumenta em pessoas trans que fazem ou fizeram
trabalho sexual, são ou foram sem-abrigo, ou em pessoas com deficiência.

Indivíduos com múltiplas identidades marginalizadas, como negros, trans e LGBQ, tendem
a relatar maiores experiências de vitimização por violência sexual (NEVES et al., 2023).
Dados relevantes
Pessoas trans têm menos probabilidade de procurar e aceder a apoio (por exemplo, aceder
a cuidados médicos, procurar assistência policial ou denunciar violência sexual) devido ao
medo de serem discriminadas com base na sua identidade de gênero (NEVES et al., 2023).

As dinâmicas utilizadas pelos agressores mostram que, para perpetrar a violência sexual,
esperam até estarem a sós com as vítimas e utilizam estratégias de violência psicológica e
emocional para restringir as vítimas e deixá-los se sentindo isolados e indiferente.
Onde estamos (Brasil)?
O Ministério da Saúde implantou o Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA)
com o objetivo de monitorar e dar visibilidade ao tema (PINTO et al., 2020).

Desde 2011, a notificação de violências é compulsória para todos os serviços de saúde em


território nacional (PINTO et al., 2020).

Foram incluídos na ficha de notificação individual de violência interpessoal/


autoprovocada, em 2014: o nome social, a orientação sexual, a identidade de gênero e a
motivação da violência (PINTO et al., 2020).
Conclusão
As pessoas LGBT são mais propensas a sofrer discriminação e violência em diferentes
esferas de suas vidas, especialmente no âmbito privado, onde ocorrem as relações
familiares e íntimas.

Neste estudo, a prevalência da violência sexual entre LGBT vítimas de violência doméstica
foi extremamente evidente, ultrapassando três em cada dez casos.

A violência sexual é uma experiência traumática que resulta em memórias igualmente


traumáticas e que, em muitos casos, deixou sequelas permanentes.

Estudos sugerem a escassez e a irregularidade da coleta dos dados de violência à


população LGBT+ (OHCHR, 2023).
Referências
1. EFREM-FILHO, R. Corpos brutalizados: conflitos e materializações nas mortes de LGBT. Cad Pagu, v. 46, p. 311-340, 2016.
2. OHCHR. Livres e iguais. Nações Unidas pela igualdade LGBT. Violência homofóbica e transfóbica. 2023. Disponível em:
https://www.ohchr.org/sites/default/files/Documents/Issues/Discrimination/LGBT/FactSheets/UNFEFactSheet_Ho
mophobic_and_transphobic_violence_PT.pdf. Acesso em 5 nov. 2023.
3. MINAYO, M.C.S. A difícil e lenta entrada da violência na agenda do setor saúde. Cadernos de Saúde Pública, v. 20, n. 3, p.
646-647, 2004.
4. NEVES, S. et al. Sexual Violence against LGBT People in Portugal: Experiences of Portuguese Victims of Domestic
Violence. LGBTQ+ Family: An interdisciplinary Journal. v. 19, n. 2, p. 145-159, 2023.
5. PINTO, I.V. et al. Perfil das notificações de violências em lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais registradas no
Sistema de Informação de Agravos de Notificação, Brasil, 2015 a 2017. Rev Bras Epidemiol, v. 23, supl. 1, e200006, 2020.
6. WHO. World Health Organization Global consultation on violence and health. Violence: a public health priority. Geneva:
WHO; 2002.
Agradecemos a sua atenção :)

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