Você está na página 1de 4

INTRODUÇÃO

Em épocas passadas, a mulher era tida como um ser, que deveria ser submissa ao
homem em todos os aspectos, sejam eles conjugais e/ou financeiros. Porto-Cruz e Bucher-
Maluschke (2012) corroboram a informação, quando dizem que as condições socioculturais
do período, permitiam o homem de agir violentamente contra as mulheres e elas, consideradas
mais frágeis física e psicologicamente, não poderiam reagir, pois a sociedade dava aos
homens direitos para agir com agressividade sempre que julgasse necessário.
Já nos dias atuais, a mulher alcançou independência e reconhecimento, mas,
infelizmente, a cultura machista ainda prega o pensamento retrógrado, de que o homem possui
total poder sobre as mulheres. Porto-Cruz e Bucher-Maluschke (2012) afirmam ainda que as
questões econômicas e psíquicas estão diretamente relacionadas com o momento em que a
sociedade persuade as mulheres a depender da figura masculina, seja no sentido financeiro ou
mesmo emocional. Algumas mulheres acreditam que a vida não tem sentido e que não irão
conseguir sustentar suas famílias sem a presença masculina e por isso são submissas a todo
tipo de violência. Aceitar essa condição muitas vezes resulta em anular a si em favor dos
desejos do outro.
A temática, violência contra mulheres, vem sendo bastante discutido no Brasil. Vale
ressaltar que existe vários tipo de violência, nos mais distintos lugares, seja no ambiente de
trabalho, no convívio familiar ou até mesmo nas ruas. E quando se refere à violência
doméstica, o Conselho Nacional de Justiça, nos diz que podem existir duas formas de
violência sofrida pela mulher: a violência física, quando o agressor insulta a saúde corporal ou
a integridade da mulher; já a violência psicológica é a ação que causa consequências
maléficas ao seu emocional, afetando a sua autoestima, comportamento e decisões, através de
intimidação, ameaças, humilhação, perseguição, manipulação, dentre outras práticas que
afetem o seu direito de ir e causem danos à sua saúde mental.
Oliveira e Fonseca (2007) afirmam que, a mulher vítima de violência encontra-se
exposta à impessoalidade ao desconforto e à falta de privacidade. A realidade vivenciada pela
vítima podem causar diversos tipos de agravamento a sua saúde mental e física, esse tipo de
violência prejudica também a sua dignidade, fazendo com que a vítima seja submissa ao
agressor. De acordo com pesquisas feitas pelo Jornal Estadão (2016), a cada sete minutos, há
uma denuncia de violência domestica contra mulheres, logo, tendo como base as pesquisas de
estatísticas, se a incidência da violência contra mulheres é alarmante, à procura por ajuda
psicológica também aumenta, e o que a vítima e seus familiares necessitam, é um acolhimento
humano e integral. Para Timm, Pereira e Gontijo (2011), algumas mulheres no cenário de
violência não dispõem de um acompanhamento adequado e seus familiares nem sempre
conseguem dar o suporte necessário para elas conseguirem superar esse problema.
Seguindo a linha de raciocínio do parágrafo anterior, podemos afirmar que o cuidado
instituído pelo psicólogo, perante a mulher vítima de violência física e/ou psicológica, deve
ser realizado em caráter holístico, ou seja, avaliando a paciente como um todo, levando em
conta todos os parâmetros: biopsicossocial, econômico, cultural e espiritual. É importante
frisar também que, para o profissional de psicologia desenvolver suas ações de maneira
plausível, se faz necessário, conhecimento teórico e cientifico, para enfim alcançar o objetivo
de seu cuidado: a recuperação da saúde mental e a dignidade da paciente assistida.
Salientando a importância dessa pesquisa, pode-se destacar que, discutir sobre a
atuação do profissional de psicologia, frente à mulher vítima violência doméstica, é
importante, pois, possibilita que o profissional seja capaz de criar medidas que possam
facilitar a sua atuação diante da vítima, fazendo com que as intervenções do psicólogo sejam
praticadas de forma inteligente, fornecendo à paciente um cuidado integral.
O presente estudo tem como justificativa, a grande incidência de violência doméstica
contra mulheres no Brasil. De acordo com Gadoni, Zucatti, Dell’aglio (2011); Hanada,
D’oliveira, Dchraiber (2010); Hermel, Drehmer, (2013), mesmo sendo altos os dados
estatísticos sobre o número de casos registrados e não registrados de vítimas desse tipo de
violência, a quantidade de pesquisas sobre o tema é ínfima e a contribuição que a psicologia
pode dar no sentido de apoio às mulheres em situação de violência e a seus familiares, ainda é
mínima tendo em vista a dificuldade de acesso a essas vítimas. E outra justificativa que levou
a optar por esse tema é que, as práticas de psicologia têm grande influência sobre a promoção
do cuidado a mulher vitima de violência domestica física e/ou psicológica, e é preciso ampliar
o pensamento sobre essa temática, pois quando o psicólogo puser em prática as suas
atividades, a falta de conhecimento não delimite a qualidade das suas ações.
Espera-se que esse projeto também ofereça subsídios que proporcionem a melhoria
das práticas de saúde mental, não só dos psicólogos que atuam com mulheres vítimas desse
abuso, mas de todos os profissionais da área de saúde. E que esse estudo possa contribuir para
reflexão sobre as intervenções da psicologia. Na academia espera-se que a pesquisa possa
servir como meio de consulta enquanto trabalho científico sobre o tema.
A pesquisa possui os seguintes objetivos: analisar a literatura científica nacional sobre
o suporte psicológico oferecido a mulheres vítimas de violência doméstica; investigar como o
cuidado de psicologia está sendo empregados frente a essas vítimas; descrever maneiras
diferenciadas de cuidado de psicologia quando se refere a vitima de violência doméstica;
enaltecer a importância da psicologia, como ciência responsável pelo estudo e intervenção
especializada na vida das mulheres que sofrem de algum tipo de violência. E por fim, alertar
as autoridades públicas à promoverem meios que permitam essa intervenção psicológica,
tendo em vista que tanto a violência perceptível quanto a invisível transformam a vida das
vítimas.
REFERÊNCIAS

GADONI-COSTA, Lila Maria; ZUCATTI, Ana Paula Noronha; DELL’AGLIO Débora


Dalbosco. (2011): Violência contra a mulher: levantamento dos casos atendidos no setor
de psicologia de uma delegacia para a mulher. Estudos de Psicologia: Campinas
(Volume 28). Páginas 219-227.
HANADA, Heloisa; D’OLIVEIRA, Ana Flávia Pires Lucas; SCHRAIBER, Lilia Blima
(2010): Os psicólogos na rede de assistência a mulheres em situação de violência.
Estudos Feministas, Florianópolis, (volume 18): 288.
HERMEL, Júlia Schneider; DREHMER, Luciana Balestrin Redivo (2013): Repercussões da
violência intrafamiliar: Um estudo com mulheres em acompanhamento psicológico.
Psicologia Argumento, Curitiba, (volume 31, número 74), p. 437-446.
LUCÂNIA, Eliane Regina; VALÉRIO, Nelson Iguimar; BARISON, Sueli Zocal Paro;
MIYAZAKI, Maria Cristina de Oliveira Santos (2009). Intervenção Cognitivo-
Comportamental em Violência Sexual: Estudo De Caso. Psicologia em Estudo, Maringá,
(volume 14, número 4), p. 817-826.
MOREIRA, Virginia (1999). Grupo de encontro com mulheres vítimas de violência
intrafamiliar. Estudos de Psicologia, (volume 4), p. 616-717.
PORTO-CRUZ, Madge; BUCHER-MALUSCHKE, Júlia S. N. F (2012). Violência, Mulheres
e Atendimento psicológico na Amazônia e no Distrito Federal. Psicologia em Estudo,
Maringá, (volume 17, número 2) p. 297-306.
SANT’ANNA, Paulo Afrânio; BAIMA, Ana Paula da Silva (2008). Indicadores Clínicos em
Psicoterapia com Mulheres Vítimas de Abuso Sexual. Psicologia Ciência e Profissão,
(volume 28, número 4), p. 728-741.
TIMM, Flávia Bascuñán; PEREIRA, Ondina Pena; GONTIJO, Daniela Cabral. (2011).
Revista psicologia política. São Paulo (volume 11, número 22).

Você também pode gostar