Você está na página 1de 2

A partir dos textos trabalhados na disciplina, aponte:

O que fez a psicologia brasileira se aproximar do trabalho em políticas públicas,


quais dificuldades a psicologia brasileira encontrou ao assumir as políticas
públicas como local de atuação
quais consequências que a atuação em políticas públicas trouxe para a psicologia
enquanto ciência.

A psicologia brasileira se aproximou do trabalho em políticas públicas a partir da


idealização de uma reforma psiquiátrica que teve como objetivo combater as práticas
indevidas em saúde mental que estavam associadas á tortura e punição como métodos
que visavam a padronização de comportamentos, a doença e não o doente (sujeito) e
diversos tipos de violência que produziam subjetividades e aspectos traumáticos na
vida do sujeito (muitas vezes com danos cerebrais irreversíveis).

A Constituição de 1988 (BRASIL, 1988) se tornou uma base para a ampliação das
possibilidades e práticas da Psicologia, alcançando grupos que antes estavam
excluídos e eram ignorados pela sociedade e pela classe elitista, formentando a
Psicologia enquanto ciência através da prática de novas intervenções, pesquisas e
novas possibilidades.

2 - O que é a lógica manicomial e por que se entende que ela é “maior” do que o
manicômio ou do que o
hospital psiquiátrico?

A lógica manicomial é um conjunto de ações, olhares e formas de tratar o sujeito e


para o seu sofrimento psíquico nos serviços públicos ou privados de saúde mental,
regulando relações institucionais, interprofissionais e interpessoais, e assim,
tratarem o sujeito a partir da doença, estigmatizando e enxergando o usuário como
doente mental. Entende-se que a lógica manicomial é "maior" que o manicômio ou
hospital psiquiátrico, pelo fato de ultrapassar os limites institucionais,
excluindo o sujeito da convivência com o outro, do direito á propriedade e outros
direitos civis, que todas as pessoas sejam elas portadoras de doenças mentais ou
não, possuem. Toda essa ideia é justificada pelo discurso de solucionar os
problemas destes usuários, e proteger as pessoas que o cercam dos perigos que estes
supostamente apresentam. Como afirma Oliveira (2009, p.55) "O resultado disso é a
perda da autonomia, idéia da incurabilidade, improdutividade e eterna tutela".
A ética da Reforma Psiquiátrica sustenta a mudança de um sistema atenção
mediocêntrico e hospitalocêntrico para um sistema de cuidados em saúde mental, e
assim, o paciente passa a receber um tratamento humanizado, passa ser visto de
forma integral. Tem na sua característica a influência de Franco Rotelli sobre
desinstitucionalização desses usuários alterando os padrões impostos com novas
maneiras de ser, incluindo o sujeito na sociedade, praticando a escuta sem um pré-
conceito e com um olhar de igual para igual, promovendo os direitos de cidadania
aos usuários. (OLIVEIRA, 2009). Já a lógica manicomial difere da Reforma
Psiquiátrica, pois promove a exclusão, a ideia de incurabilidade e anormalidade,
trata o louco como um desvirtuado, e a desrazão como sinônimo de doença, sem olhar
para as barreiras psicossociais existentes na vida destes usuários.

A seguir, serão apresentados dados, coletados de organizações especializadas,


mencionando situações de
violências vivenciadas por certos grupos. Para cada grupo faça uma análise de no
máximo 15 linhas dizendo como se constituem tais situações de violência. Para isso,
use os textos da disciplina os referênciando.
ASSIS, S. et al. Impactos da violência na saúde. 1. Rio de Janeiro: EAD/ENSP, 2013.
420 p.

As situações de violência baseada nas questões de gênero é chamada homofobia, que é


determinada pela discriminação contra pessoas que tem comportamentos sexuais
homossexuais. Os crimes contra homossexuais se dão através da aversão ou ódio
incitados por pessoas que se utilizam desta violência. Podemos destacar o
desrespeito, a violência social, violência física e violência psicológica como os
principais tipos de violência direcionados a este público, até mesmo através das
redes sociais com comentários em tons de ameaça, uso de palavras perjorativas e de
baixo calão.

A partir da leitura do boletim "Direito à segurança pública na Maré" observamos


dados relevantes, coletados no ano de 2021, no que diz respeito á violência em
diferentes níveis na comunidade da Maré, zona norte do Rio de Janeiro. O programa
"De Olho na Maré" fez um registro de pelo menos 94 violações de direitos em 2021,
incluindo violência física, violência psicológica, violência verbal, ameaça,
assédio sexual, tortura, morte e ferimentos por arma de fogo. Percebem-se diversas
formas de violência ocasionadas pelo serviço de segurança pública, que além de
causar danos psicológicos e físicos aos moradores da comunidade, resultam na
interrupção de atividades escolares de crianças e adolescentes, impactando
diretamente no rendimento escolar dos alunos, no rendimento profissional de
professores e funcionários das unidades escolares localizadas na Maré e em seu
entorno. Com o discurso de diminuir a criminalidade e o tráfico de drogas através
das operações policiais, o estado não consegue sanar tais problemas sem que haja
letalidade em suas ações, o que se torna uma prática recorrente a cada ano. Dados
apresentados no ano de 2020, indicam que por conta da suspensão nas operações
policiais em determinação do STF durante 4 meses, houve uma redução de 88% da
letalidade violenta realizada por agentes do estado. Diante desses dados
alarmantes, entende-se que as pessoas que estão envolvidas dentro deste contexto se
tornam reféns da violência, recebendo impactos nos seus direitos à educação, saúde,
de ir e vir, sem nenhum tipo de suporte do estado diante dos resultados provocados
pelas operações policiais.

Redes da maré. Geni - Grupo de estudos dos novos ilegalismos, Rio de Janeiro. n.6,
2021.

Eticas em conflito: reforma psiquiátrica e lógica manicomial,

Você também pode gostar