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Organizador
Walter Ferreira de Oliveira
Presidente da Abrasme
Professor do Departamento de Saúde Pública
Universidade Federal de Santa Catarina
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APRESENTAÇÃO
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sistema de saúde é, portanto, questão central na perspectiva dos direitos dos cidadãos
brasileiros e da defesa de um Estado comprometido com o bem estar da nação.
Dentro do sistema de saúde a área da Saúde Mental tem sido reconhecida como
prioridade, no Brasil, conforme estabelecido no Pacto pela Saúde de 2006. A Organização
Mundial da Saúde estima que questões relativas à saúde mental e ao sofrimento psíquico
estão envolvidas em mais de 70% de todos os atendimentos em saúde em todas as áreas
da saúde. A visão tradicional de saúde mental, ligada exclusivamente aos transtornos
mentais graves, aos problemas vividos no ambiente dos manicômios, às violações
causadas por práticas agressivas e torturas, não descrevem mais a realidade. Hoje, Saúde
Mental é uma área que abrange atenção a toda a população, a todos os
grupos sociais, a todas as pessoas. O bem estar representado por um estado positivo de
saúde inclui inevitavelmente a saúde mental. Por isso evoluímos do conceito tradicional
de saúde mental como atendimento a surtos e crises para um modelo mais
abrangente,dea atenção psicossocial.
Na área da saúde mental e da atenção psicossocial os Direitos Humanos sempre
foram assunto prioritário. As violações praticadas nos manicômios, a vulnerabilidade das
pessoas diagnosticadas com transtornos mentais, o estigma sobre as pessoas em
sofrimento psíquico, chocam a opinião pública e suscitam um movimento vivo de defesa
de direitos. É neste sentido que trazemos, ao Conselho Nacional de Direitos Humanos, um
conjunto de temas que chamam atenção atualmente no campo e que indicam uma pauta
para as discussões pertinentes à área no âmbito deste Conselho.
São apresentados 13 Eixos Temáticos, de forma esquemática, considerados de
forma aberta, admitindo a necessidade de construção continuada das pautas. Alguns eixos
estão mais desenvolvidos que outros, retratando a maneira como foram construídos,
através da convocação de um evento especialmente para este fim, que ocorreu em
Florianópolis em novembro de 2016. Este evento, o Seminário de Direitos Humanos e
Saúde, com entrada franca, teve a presença de cerca de 200 participantes oriundos de
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diversos estados brasileiros, entre eles profissionais de saúde, acadêmicos, usuários do
sistema de saúde, militantes de movimentos sociais e da área de Direitos Humanos.
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Eixo 1 - SUS/RAPS e integralidade do cuidado
Temas a debate
1. Tratamento e cuidado em saúde: pesquisa, epistemologia, política e organização dos
serviços;
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Protagonismo, agência e bem-estar
Preconceito, estigmatização, despersonalização no cuidado
Plano Individual de Atendimento (PIA) e Projeto Terapêutico Singular (PTS): pessoa,
família, comunidade e relacionalidade
Subjetividade; sujeitos de direito
Alternativas terapêuticas.
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Uso da Comissão Bipartite (CIB) e Comissão Tripartite (CIT) para pactuações e aprovação
de portarias que normatizam o fluxo de saúde mental na rede SUS, SUAS, sistema sócio-
educativo, educacional e penitenciário.
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Temas para debate:
1. Estratégias de associativismo e cooperativismo para o fortalecimento das organizações
dos movimentos sociais
2. A legislação e estratégias de financiamento para a garantia de participação dos
movimentos sociais em diferentes colegiados e espaços decisórios, estimulando o
controle social;
3. Fontes e alternativas de financiamento para projetos, oficinas, cooperativas e associações;
4. Construção de redes para denúncias e posicionamentos em relação às violações dos
Direitos Humanos
5. Estratégias de divulgação de experiências exitosas.
6. Movimentos Sociais e o Protagonismo Juvenil: arte e cultura como meios de inserção
social do jovem.
Temas de debate:
1. Trabalho digno e decente. O trabalho é indigno quando não se respeita a subjetividade do
indivíduo. Há condutas invisíveis no ambiente de trabalho. Existe exploração, sofrimento,
expropriação.
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2. Estado mínimo e desresponsabilizado. O cenário político atual está induzindo à ideia de
que o Estado deve ser enxugado, desresponsabilizado e burocratizado. Isso impacta
diretamente nas ações relacionadas à saúde e ao trabalho.
3. Mentalidade produtivista: O trabalho é valorizado pela quantidade do que se produz,
levando as pessoas a trabalharem mais e de forma intensificada.
4. Estresse no trabalho. Os arranjos organizacionais do trabalho demandam que as pessoas
trabalhem mais, por mais tempo e de forma intensificada. Ações de prevenção para
responder a demanda da cultura do adoecimento.
5. Alienação: Os determinantes da alienação. Naturalização das condutas e relações sociais.
O não estranhamento das condutas abusivas.
6. Os sindicatos, os trabalhadores e a “monetarização” da saúde dos trabalhadores:
negociações de benefícios em troca de maior quantidade de trabalho.
7. . O papel da atenção psicossocial, na valorização da subjetividade.
8. Do foco na doença ao foco na prevenção e na promoção da sáude. Na saúde do
trabalhador, ainda trabalha-se com foco na doença. O sujeito deve estar doente para que
seja que lhe seja provida atenção em saúde.
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Atenção à população LGBT;
Violação dos direitos da população privada de liberdade e seus familiares;
Atenção a saúde ocupacional dos trabalhadores do sistema prisional.
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O lugar dos conselhos de categorias profissionais e do Estado na regulamentação,
fiscalização e controle das drogas e de seu uso;
3. As lógicas de cuidado e novas tecnologias.
A necessidade de prceber o usuário como sujeito integral;
Itinerários terapêuticos;
, Co-responsabilização da família;
Judicialização do tratamento – o sujeito: paciente ou réu?
Massificação das internações compulsórias;
Uso de dispositivos de lógica manicomial (Ex.: hospitais psiquiátricos, comunidades
terapêuticas);
A intersetorialidade e intrasetorialidade no cuidado de usuários;
Ampliação intersetoiial dos serviços;
Ações de cultura, lazer, arte, habitação e direitos humanos, entre outros, no cuidado de
usuários de AD.
A falta de diálogos entre políticas, serviços e saberes;
Acompanhamento, qualificação e percepção dos usuários sobre Comunidades
Terapêuticas;
Redução de danos e abstinência: lógicas em conflito.
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Eixo 8 - Crianças e Adolescentes
O PROTAGONISMO DA JUVENTUDE
Como os jovens olham a educação, o sistema político em que vivem, como têm pensado
as cidades e como têm lidado com as mídias sociais, como têm se apropriado de suas vidas
neste contexto. Como a mídia apresenta a juventude brasileira, como se utiliza da infância
e da adolescência para fins mercadológicos, como um nicho de mercado. Midia e
banalização do corp0o, violência, intolerância e misoginia.
Reforma do ensino médio, movimento de ocupação das escolas, escola sem partido,
gênero e diversidade na escola
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Adequação do método avaliativo ao estudante e à diversidade de cursos;
Ensino pesquisa e extensão como dispositivo para agregação entre universidade e
comunidade;
Formação abrangendo conjuntamente a formação humana e artística;
Reformulação curricular; Inclusão de autores negros, mulheres, indígenas e LGBT.
3. Política de permanência.
Compreensão da política de permanência. Benefícios necessários para além das bolsas e
auxílios, para assegurar permanência durante a a graduação;
Aumento de ingresso por políticas afirmativas inversamente proporcional ao número de
bolsas;
Apoio pedagógico a estudantes que apresentam dificuldades nas diferentes áreas de
ensino;
Consideramos “Populações invisíveis”, para fins deste Eixo: Minorias de poder, as que
sofrem racismo, preconceitos de gênero, religião e orientação sexual, indígenas,
populações em situação de rua e quilombolas.
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Temas para debate:
1. Direitos e políticas públicas das minorias de poder. Garantir Política Nacional para Inclusão
Social da População em Situação de Rua, conforme a decreto 7053-09. Tendo como
pontos prioritários de discussão: direitos humanos, trabalho e emprego, desenvolvimento
urbano-habitação, assistência social, educação, segurança alimentar e nutricional, saúde e
cultura. Dentre esses pontos enfatizar aqueles alinhados com a reforma psiquiátrica para
visar o reconhecimento e fortalecimento de serviços como o Caps e consultórios na rua
problematizando o forte investimento nas comunidades terapêuticas. Priorizar a
presença de diferentes atores, dentre eles, a população em situação de rua,
representantes da sociedade civil e representantes governamentais.
2. Judicialização de estilos de vida das minorias. Privação da liberdade e direito de escolha
dos sujeitos. Internações compulsórias e involuntárias, recolhimento de pessoas na rua, o
higienismo nas cidades.
3. Formas e perpetuação do racismo. As diferentes formas e perpetuação do racismo, como
a naturalização da negação de direitos, invisibilidade e exclusão da população negra nos
espaços de poder.
4. Promoção de acessibilidade e inclusão social. Acessibilidade dos diferentes grupos sociais
em espaços de participação e formação dentro das instituições de saúde, educação,
justiça, dentre outras.
5. A promoção da saúde e a construção de propostas a partir da inclusão dos ditos dos
diferentes.
6. Acesso e cuidado à saúde e educação destinados à população indígena. Respeito e
inclusão das formas de cuidado em saúde dos saberes tradicionais dos povos.
7. Direitos linguísticos: Garantia dos direitos lingüísticos dos diversos povos viventes no
território brasileiro.
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8 Violência contra a população LGBT.
9 Patologização e despatologização das pesso
Foram ainda instituídos dois outros eixos, mas como surgirma de desdobramentos, pois
estavam contidos em eixos anteriores, não foram ainda sistematizados seus temas de
discussão:
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