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da delinquência e
da sociopatia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Historiadores sociais e antropólogos referem não haver cultura onde não
haja registro de violência, de modo que esta parece ser uma característica
que perpassa todas as culturas. Na procura por uma explicação para as
causas da violência e da delinquência, diversas áreas do conhecimento
formularam teorias importantes. Evidenciando o aspecto grave e com-
plexo da busca de compreensão, resolução e prevenção da criminalidade,
emerge a necessidade de integração multifatorial das diversas vertentes
que abordam esse tema, tais como a sociológica, a antropológica, a
psiquiátrica, a psicológica, a religiosa e a biológica.
Neste capítulo, você vai estudar sobre os modelos psicológicos e
sociológicos que pretendem explicar a delinquência e a sociopatia. Além
disso, você vai estabelecer relações entre as patologias e o ordenamento
penal e vai verificar as contribuições da Escola de Chicago e da teoria do
conflito para a compreensão da delinquência e da sociopatia.
2 Modelos para a compreensão da delinquência e da sociopatia
Delinquência e a sociopatia
Historicamente, a criminologia científica justificava o crime como sendo
cometido por pessoas com alguma psicopatologia médica ou psicológica,
com o foco no indivíduo. Com o passar do tempo, conforme Semedo (2005
apud SOUZA, 2010), percebeu-se a necessidade de considerar outros fatores
que viriam a interferir no comportamento desviante, como as influências
ambientais, sociais e culturais, dessa vez, externas ao indivíduo.
Na literatura, existem diferentes teorias que tentam explicar a origem da
criminalidade. Acriminologia estuda a delinquência, que, por sua natureza,
é associada ao comportamento desviante, isto é, às ações que transgridem o
código penal. Essa ciência, portanto, abrange diversas áreas de conhecimento,
como o Direito, a Medicina, a Sociologia, a Psicologia, a Filosofia e a An-
tropologia, segundo Souza (2010). Alguns dos principais modelos científicos
usados na criminologia centram seus estudos nos modelos psicológicos e
sociológicos para a ocorrência da delinquência e da sociopatia.
Nos modelos com bases psicológicas, podemos destacar três subáreas, sendo
elas referentes ao modelo psicodinâmico (psicanálise criminal), ao modelo
psiquiátrico (psicopatologias) e ao modelo psicológico. Já nos modelos com
bases sociológicas, podemos identificar algumas teorias, como a ecológica
ou da desordem social, a teoria da ação diferencial, a teoria da subcultura
delinquente e a teoria da anomia.
Segundo Souza (2010), esse modelo propõe uma análise introspectiva na busca
de motivos internos ocultos para a delinquência. O modelo psicodinâmico
busca uma reflexão sobre os impulsos instintivos agressivos dos indivíduos
e defende que, por meio do contato com a cultura, esses indivíduospodem
moldar e/ou conter esses impulsos para terem uma convivência pacífica na
sociedade. Segundo Carvalho (2008, p. 91):
Modelos psicológicos
Teoria da anomia
metas impostas por ela não são alcançadas, por não serem realidades objetivas
de vida. Quando as metas culturais desejadas e as oportunidades estruturais
para seu alcance são limitadas, pode se desenvolver uma tensão. Essa situação
seria o motivo para o comportamento delitivo dos indivíduos, ocasionando
uma situação de anomia, como explica Souza (2010).
Para reagirem à situação de anomia, os membros de uma sociedade podem
agir de quatro formas diferentes, além do conformismo, de acordo com Souza
(2010). São elas:
Segundo Merton (1968 apud SOUZA, 2010), autor dessa teoria, os compor-
tamentos antissociais são um fenômeno normal e necessário para o equilíbrio
e o desenvolvimento sociocultural, desde que sejam mantidas proporções
razoáveis.
Retardo mental
É um prejuízo da inteligência, uma condição de desenvolvimento incompleto
da mente caracterizada pelo comprometimento de habilidades para resolver
problemas. No Direito é discutida a inimputabilidade e culpabilidade diminuída
em condições associadas à delinquência. Além disso, por se tratar de um trans-
torno cognitivo, nas questões legais, importa saber a capacidade do agente de
querer realizar e compreender seu ato. Há vários níveis de comprometimento
cognitivo, que pode ser considerado leve, moderado, grave ou profundo.
Transtorno delirante
Esse transtorno tem grande relevância para o Direito, pois pode ser causa
de inimputabilidade ou culpabilidade diminuída. O transtorno delirante é
responsável por diversos comportamentos penalmente típicos, de diversas
gradações, envolvendo desde uma ameaça de homicídio até o homicídio,
de fato. É caracterizado pela presença de delírios (sem outros sintomas que
levariam a um diagnóstico de esquizofrenia), irritação ou mau humor e alu-
cinações (relacionadas com a ilusão). Os delírios desse transtorno envolvem
situações que poderiam ocorrer na vida real; por isso, o indivíduo, em geral,
Modelos para a compreensão da delinquência e da sociopatia 9
Transtornos sexuais
São diversos os transtornos sexuais descritos no DSM-IV. Para fins jurídicos,
é importante destacar a parafilia. Ela se caracteriza por anseios, fantasias ou
comportamentos sexuais recorrentes e intensos que envolvem objetos, ativida-
des ou situações incomuns e causam sofrimentos clinicamente significativos
ou prejuízos no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas
importantes. A pedofilia é um dos tipos mais comuns de parafilias, sendo de
difícil identificação dos praticantes e de difícil proteção às vítimas, porque
muitas vezes ocorre dentro da própria casa do indivíduo.
Demência
Doença caracterizada por perda das funções cognitivas, incluindo inteligên-
cia, aprendizagem, memória, linguagem, orientação, percepção, atenção,
concentração, habilidades sociais, etc. Tem importância para o Direito pois,
dependendo do grau, pode causar incapacidade do agente e interdição para
a prática de atos civis.
Transtornos da personalidade
Os transtornos de personalidade consistem em um padrão persistente de
comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura
do indivíduo. Quem possui transtorno de personalidade apresenta padrões
rígidos e mal-ajustados de relacionamento e de percepção do ambiente e de
si mesmo. Esses transtornossão subdivididos em:
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