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TEORIAS

CRI MINOLÓGICAS
O Q U E FA Z A S
P E S S OA S
COMETEREM
CRIMES?

NOSSO OBJETIVO AQUI HOJE É


DISCUTIR MODELOS QUE
EXPLICAM A CAUSAÇÃO DO
C O M P O R TA M E N T O C R I M I N O S O
TEORIAS DO CRIME E POLÍTICAS PÚBLICAS

Do ponto de vista da intervenção pública, para


manutenção da paz, não importa conhecer a verdade.
Importa antes de mais nada, reconhecer se uma
determinada região tem alguma regularidade
estatística quanto a fatores criminogênicos concretos
(presença de armas de fogo, drogas, etc.), ou
imaginários (supervisão familiar, reconhecimento, etc.),
e, além disso, saber se o Estado possui instrumentos
suficientes e adequados para intervir, direto ou
indiretamente, nessa sociedade.
A QUEM SERVE A TEORIA DO
CRIME?

As teorias do crime lança luzes sobre determinadas


variáveis e sua epidemiologia, permitindo que o planejador
de Estado escolha dentre as inúmeras variáveis aquela que,
supostamente, devem ser as mais importantes ou
influentes sobre o fenômeno criminoso. Teorias do crime
não são meras abstrações especulativas, elas prescrevem
onde e como o Estado deve centralizar suas ações e onde e
como aplicar escassos recursos públicos.
É PRECISO ESCOLHER UMA
TEORIA?

Definitivamente, o administrador público ou o agente de


segurança que acredita em um único modelo de causação
criminal para tomada de decisão e orientação de suas ações
está fadado ao fracasso ou a uma espécie de gestão
ideológica do problema, mais orientada por perspectivas
pessoais, do que por dados objetivos.
Estudos orientados por motivações
individuais
EVOLUÇÃO
DOS Estudos orientados pela análise dos
ESTUDOS processos e configurações sociais
SOBRE S
CAUSAS DO
CRIME Estudos orientados pela relação entre
crimes e variações culturais e
organizacionais
O QUE DEVEMOS PROCURAR NUMA
TEORIA DO CRIME OU DO
COMPORTAMENTO CRIMINOSO?

• Devemos procurar entender como a teoria compreende as motivações


do comportamento criminoso individual.
• Devemos buscar a epidemiologia associada àquela teoria, ou seja, como
ela trata as dinâmicas comportamentais e como ela compreende seus
deslocamento e/ou movimento espacial e temporal.
Teorias focadas nas patologias individuais

Teorias centradas no homo economicus PRINCIPAIS


ABORDAGENS
Teorias que tomam o crime como um SOBRE AS
subproduto de um sistema social perverso
ou deficiente
CAUSAS DA
VIOLÊNCIA E
Teorias que entendem o crime como uma DA
consequência da perda de controle e CRIMINALIDAD
desorganização social
E
Teorias que explicam o crime em função
de fatores situacionais e de oportunidades
TEORIAS
FOCADAS EM
PATOLOGIAS
INDIVIDUAIS
TEORIAS FOCADAS EM PATOLOGIAS
INDIVIDUAIS
• Aqui agrupamos 3 tipos de teorias: de natureza biológica,
psicológica e psiquiátrica;
• Abordagem clássica dessa tradição é a perspectiva lombrosiana;
• O crime como uma patologia individual, uma “doença”;
• A “baixa inteligência” seria uma causa importante da criminalidade;
• As teorias lombrosianas são “abandonadas” após a Segunda Guerra
em função do seu caráter racista;
• Separa criminosos e não-criminosos por traços psicológicos, graus
de inteligência e aspectos fenotípicos;
• As teorias lombrosianas & as teorias biopsicológicas do crime.
TEORIA DA
DESORGANIZAÇÃO
SOCIAL
TEORIA DA DESORGANIZAÇÃO
SOCIAL
• Trata-se de uma abordagem sistêmica, com foco sobre comunidades
locais, que são entendidas como um complexo sistema de redes de
associações formais e informais, de relações de amizade,
parentesco, entre outras, que, de alguma forma, contribuem para o
processo de socialização e aculturação do indivíduo;
• As relações entre os indivíduos seriam condicionadas por fatores
estruturais como status econômico, heterogeneidade étnica,
mobilidade residencial, desagregação familiar e urbanização;
TEORIA DA DESORGANIZAÇÃO
SOCIAL
• Para essa teoria, a organização social e a desorganização social
constituem laços inextricáveis de redes sistêmicas para facilitar ou
inibir o controle social. Aqui, o crime é consequência de efeitos
indesejáveis na organização das relações sociais comunitárias e de
vizinhança;
• Questão: é a desorganização social que causa o crime ou é o crime
que causa a desorganização social?
• Uma conclusão que se pode extrair dessa teoria é a relação negativa
que há entre crime e coesão social.
TEORIA DO
ESTILO DE
VIDA
TEORIA DO ESTILO DE VIDA

• Essa abordagem teórica começa perguntando por que algumas


pessoas se abstêm de cometer crimes?
• A teoria se pergunta: quais são as razões que levam o indivíduo a ser
desestimulado de trilhar o caminho do crime?
• A teoria baseia-se na ideia de controle social, a partir do sentido de
ligação que a pessoa tem com a sociedade ou a partir da crença
dessa pessoa no trato ou acordo social;
• A teoria pressupõe que quanto maior o envolvimento do indivíduo
com o sistema social, quanto maior forem os elos com comunidade,
maiores os graus de concordância com os valores vigentes.
TEORIA DO ESTILO DE VIDA

• A relação de solidariedade (interdependente) do indivíduo com a


comunidade explica seu grau de “liberdade” em tornar-se criminoso;
• A teoria do estilo de vida é bastante utilizada para pensar os
fenômenos relacionados à delinquência juvenil;
• A teoria explora a necessidade de discutir o que é controle social e
que relação ela tem com coesão social.
TEORIA DO
AUTOCONTROLE
TEORIA DO AUTOCONTROLE

• Para essa teoria, o que diferencia os indivíduos que têm


comportamento desviante ou vícios (jogos de azar, promiscuidade
sexual, drogas, álcool, etc.), de outros, é o fato de que os primeiros
teriam desenvolvido mecanismos psicológicos de autocontrole na
fase entre os 2 ou 3 anos de idade até a adolescência;
• A teoria foca atenção no processo de socialização de crianças,
observando o quanto possíveis deformações desse processo (má
conduta educacional ministrada pelos pais, falta de supervisão mais
próxima, ausência de punição, etc.), seriam responsáveis pelo
endosso do comportamento egoísta e a disposição para o desvio.
TEORIA DA
ANOMIA
SOCIAL
TEORIA DA ANOMIA SOCIAL

• Essa é uma das explicações mais tradicionais do campo. Para essa


teoria, a motivação para o crime de correria da impossibilidade do
indivíduo atingir as metas desejadas por ele, como, por exemplo, o
sucesso econômico. Nesse sentido, a teoria reforça 3 perspectivas
distinta para explicar o comportamento criminoso:
a) As diferenças entre as aspirações individuais e os meios
econômicos disponíveis;
b) Oportunidades bloqueadas;
c) Privação relativa.
TEORIA DA ANOMIA SOCIAL

• As diferenças entre as aspirações individuais e as reais


possibilidades de realização das mesmas;
• A divergência entre as normas institucionais e o entendimento do
indivíduo de que seu insucesso depende de causas externas à sua
vontade;
• A distância entre o ideal de sucesso da sociedade (vivido só por
alguns) e as situações específicas onde o indivíduo se encontra;
• A teoria apela para explicação do comportamento criminoso a partir
da discordância ou divergência a que as pessoas são constantemente
confrontadas, o que tende a engendrar as ações de desvio.
TEORIA
INTERACIONAL
OU
INTERACIONISTA
TEORIA INTERACIONAL

• A teoria compreende que o comportamento desviante ocorre em um


processo interacional dinâmico. A questão aqui não é compreender a
delinquência como consequência de um conjunto de fatos e
processos sociais, mas entende-la, simultaneamente, como causa e
consequência de uma variedade de relações recíprocas,
desenvolvidas ao longo do tempo;
• A teoria chama atenção para perspectiva evolucionária e os efeitos
recíprocos. Essa primeira dedução parte da ideia de que o crime não
é uma constante na vida do indivíduo, mas um processo que a
pessoa inicia em torno dos 12 ou 13 anos, aumenta o envolvimento
por volta dos 16 ou 17, e finalizada por volta dos 30 anos.
TEORIA INTERACIONAL

• Os efeitos recíprocos da teoria dizem respeito à endogeneidade das


variáveis explicativas entre si e delas em relação a quem se deseja
explicar;
• Essa teoria se inspira na chamada Teoria da Associação Diferencial e do
Controle Social, que sugerem as variáveis a serem utilizados (ligação
com os pais, notas de escola, envolvimento escolar, grupos de amizade,
punição paterna para desvios, ligações com grupos de outros jovens
delinquentes, etc.);
• Como se constrói o etiquetamento do desviante?
• A teoria não olha nem o crime, nem o criminoso, isoladamente, mas o
processo de rotulação que se dá pela própria sociedade em interação.
TEORIA
ECONÔMICA DA
ESCOLHA
RACIONAL
TEORIA ECONÔMICA DA ESCOLHA
RACIONAL
• Trata-se de um modelo formal da explicação do comportamento
criminoso, que para a teoria, decorreria de uma avaliação racional
do indivíduo em relação aos benefícios e custos esperados pela ação
criminosa, comparado com os resultados da alocação do seu tempo
no mercado de trabalho;
• A decisão por conter ou não crimes, para a teoria, resultaria de um
processo de maximização de utilidade esperada, em que o indivíduo
confrontaria, de um lado, os potenciais ganhos resultantes da ação
criminosa, o valor da punição e as probabilidades de detenção e
aprisionamento e, do outro lado, os custos de oportunidade de
cometer um crime, traduzido pelo salário alternativo.
Teorias do crime focalizam fatores
particulares do comportamento criminoso.
Melhor do que entender cada uma dessas
teorias como uma panaceia para explicar
situações tão díspares ou modelos que deem
conta da generalidade do mundo criminal,
é interpretá-las como matizes que ajudam a
compor um quadro.

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