O documento discute teorias criminológicas, dividindo-as entre teorias individuais e sociológicas. Apresenta as teorias do consenso e do conflito, sendo que as teorias do consenso acreditam que a sociedade é formada por acordo entre indivíduos e as teorias do conflito veem a sociedade como formada pela coerção. Discute especificamente a Escola de Chicago e suas teorias ecológicas e das zonas concêntricas.
O documento discute teorias criminológicas, dividindo-as entre teorias individuais e sociológicas. Apresenta as teorias do consenso e do conflito, sendo que as teorias do consenso acreditam que a sociedade é formada por acordo entre indivíduos e as teorias do conflito veem a sociedade como formada pela coerção. Discute especificamente a Escola de Chicago e suas teorias ecológicas e das zonas concêntricas.
O documento discute teorias criminológicas, dividindo-as entre teorias individuais e sociológicas. Apresenta as teorias do consenso e do conflito, sendo que as teorias do consenso acreditam que a sociedade é formada por acordo entre indivíduos e as teorias do conflito veem a sociedade como formada pela coerção. Discute especificamente a Escola de Chicago e suas teorias ecológicas e das zonas concêntricas.
1.1 – TEORIAS DE NÍVEL INDIVIDUAL E TEORIAS SOCIOLÓGICAS Os estudos dos modelos teóricos explicativos podem ser vistos a partir de dois paradigmas, o individual e o sociológico. → Individual: essas teorias visam fornecer uma explicação das causas individuais do crime. → Sociológico: essas teorias tentam compreender a criminalidade a partir de um fenômeno social. Adota-se, portanto, uma terminologia muito adotada em prova: sociedade criminógena. Além disso, para os autores, os paradigmas se subdividem, o que podemos resumir a partir do seguinte quadro sinóptico:
Isso significa que as teorias
que têm o objetivo de explicar as causas individuais do fenômeno criminal acrescentam; → Se biológica ou bioantropológicas, a intenção de localizar e identificar em alguma parte do funcionamento do organismo o que possa justificar a sua conduta criminosa. Isso significa que, para essas teorias, o crime é uma consequência patológica ou disfuncional do indivíduo. Para Lima Júnior, a prática do crime está associada a variáveis congênitas do indivíduo, ou melhor, a sua própria estrutura orgânica. O delinquente é um ser organicamente distinto dos demais cidadãos. → Se psicológicas, tentam explicar o comportamento criminoso a partir dos processos psíquicos do indivíduo, supervalorizando o mundo anímico. Noutras palavras, a explicação do crime está no comportamento criminoso que se justifica nas vivências subconscientes do criminoso, assim como, em seus processos de socialização e aprendizagem. Noutro giro, as teorias de cunho sociológico, se subdividem em: → Etiológicas: quando propõem compreender e explicar a criminalidade como um fenômeno social nas perspectivas etiológicas (causas); ou → Interacionistas: quando propõem compreender e explicar a criminalidade a partir das (reações sociais). 1.2 –TEORIAS CRIMINOLÓGICAS CRIMINOLÓGICAS SOCIOLÓGICAS ETIOLÓGICAS E TEORIAS Embora a conceituação seja a mesma e até complementada pela divisão de Peluzo e Lima Júnior, os autores Eduardo Fontes e Henrique Hoffmann, preferem apenas duas divisões como clássicas: as Teorias Criminológicas Etiológicas e Teorias Criminológicas Sociológicas. Teorias Criminológicas Etiológicas: são aquelas que pertencem a uma criminologia tradicional, cujo foco está na pessoa do criminoso (perceba que este é o nível individual de Peluzo, trabalhado acima), no entanto, valoriza-se apenas as causas do crime, atribuindo-as à pessoa do delinquente. Os autores citam como exemplo dessa Criminologia Tradicional: 1) Escola Clássica; 2) Escola Positiva Teorias Criminológicas Sociológicas ou Macrossociológicas: aquelas que surgiram pós período da Lutas das Escolas, ou seja, posteriores à Escola Clássica e Positiva e, por isso, as chamam de teorias modernas. De acordo com os doutrinadores, essas teorias se importam com o contexto social em que o criminoso está inserido, sendo que, o delito ocorre por múltiplos fatores. Até porque, o foco é o contexto social que envolve o criminoso. Os autores vão dizer que essas teorias de cunho sociológico causam uma ruptura trazendo uma virada sociológica ou giro sociológico. Isso porque, elas rompem com o mito da causalidade, discutido pelo modelo etiológico, aceitando que a explicação criminológica não se subordina à determinismos e previsibilidade, mas apenas ao da probabilidade, por isso, ciência. Para os autores, estão inseridas neste modelo moderno, as: → Teorias do consenso: acredita-se que a sociedade foi formada por um consenso entre indivíduos e, todo elemento, indivíduo, possui importância na estrutura social. → Teorias do conflito: A sociedade não é formada por um consenso e sim pela coerção, imposição de membros dessa sociedade sobre os demais. 3 – TEORIAS SOCIOLÓGICAS Conforme dissemos acima, as teorias de cunho sociológico analisam o contexto social que o indivíduo está inserido, bem como esse contexto tem o poder de influenciar, ou não, no cometimento de crimes. Nesse sentido, majoritariamente, a doutrina clássica dividirá as teorias sociológicas em dois grandes grupos, quais sejam: teorias sociológicas do consenso e teorias sociológicas do conflito. 3.1 – TEORIAS DO CONSENSO As TEORIAS DO CONSENSO são aquelas que, de acordo com Paulo Sumariva (2017, p.65), concentram suas análises nas consequências do delito e defendem a tese de que a finalidade da sociedade é atingida quando as pessoas partilham objetivos comuns e aceitam normas vigentes na sociedade, havendo o perfeito funcionalismo das instituições. 3.2 – TEORIAS DO CONFLITO As TEORIAS DO CONFLITO, são de cunho argumentativo e sustém que a sociedade não se limita ao modelo de consenso, pois está em contínuas mudanças. Sendo assim, consequentemente, os elementos de uma sociedade cooperam para a dissolução e não cooperação ou consenso, de forma que cabe ao controle social, a partir da coerção, do uso da força, quando da não voluntariedade dos indivíduos que habitam nessa sociedade, promover a harmonia social. Diga-se de passagem, o controle social é representado pela família, escola, vizinhos, opinião pública, mídia, - modelo (IN)formal - e pela Polícia, Ministério Público, Magistratura e Administração Penitenciária, em seu modelo Formal. 4 – TEORIAS SOCIOLÓGICAS : CONSENSUAIS 4.1 – ESCOLA DE CHICAGO Como veremos, a maioria das teorias da Escola de Chicago, em regra, possui fundamentação na ecologia, tendo a arquitetura da cidade, quando não planejada para receber tantos habitantes e não preparada para um crescimento demográfico, é forte formadora do comportamento delinquente. Dessa forma, a doutrina destaca como principal tese da Escola a chamada ZONAS DE DELINQUÊNCIA. Ou seja, para eles, os espaços geográficos com características determinadas, não só explicam o crime como também a sua própria distribuição. A partir desse cenário radical, surge a ideologia do mellting pot, no qual os elementos mais heterógenos e conflitivos devem fundir-se para criar uma nova sociedade, um novo mundo para viver. Objeto e Método: O marco social da Escola de Chicago é alicerçado em um objeto de investigação ligado às condições sociais para levar adiante suas pesquisas. Por esta razão, fala- se que os métodos utilizados são os empíricos, com recurso às técnicas estatísticas. 4.1.1 – Teoria Ecológica ou da Desorganização Social Trata-se de uma teoria de Thomas, com viés completamente ecológico. Eduarda Viana vai dizer: De Thomas, para além da utilização da metodologia estatística, a Escola de Chicago retira seu conceito fundamental de desorganização social, compreendido, segundo ele, como impossibilidade de definir modelos e padrões de condutas coletivas, decorrendo daí a ausência de limites para o indivíduo expressar suas inclinações. A teoria Ecológica ou de desorganização social, atribuiu o aumento de criminalidade à debilidade do controle social (IN)formal, ou seja, às famílias, escola, vizinhos, opinião pública, mídia, etc., pois de acordo com ela, à desordem justifica-se pela falta de integração e sentimento de solidariedade entre membros de uma sociedade. É que, numa cidade grande por exemplo, é impossível que indivíduos estejam próximos e mantenham laços e contatos como em cidades pequenas ou pequenos interiores. A rotina de trabalho e agitação diária, impede a criação de laços e afinidades, fazendo com que essa ausência de solidariedade e laços, causem uma deficiência no controle social informal que surge no seio de uma sociedade, logo, tal debilidade, gera um aumento na sociedade. 4.1.2 – Teorias das zonas Concêntricas Enerst explica que a cidade se expande radialmente, de dentro para fora, ou seja, do centro para fora, formando zonas concêntricas, sendo assim estruturadas: Veja a imagem ilustrativa:
a. Zona 1 – LOOP: Também conhecida por Loop, é o centro da cidade. O coração
comercial, onde se situam os principais bancos e lojas, no LOOP estão localizados à parte central da cidade, cujas atividades financeiras e profissionais estão situadas. b. Zona 2 – ZONA DE TRANSIÇÃO: Geralmente a parte mais antiga e degradada da cidade, forma a chamada Zona de Transição, essencialmente habitada pela população mais pobre, que não pode adquirir moradias melhores. c. Zona 3: É formada pela população de trabalhadores que possui melhores condições financeiras e, por isso mesmo, afasta-se do deteriorado centro para moradias e apartamentos mais modestos. d. Zona 4 - SUBURBIA: Corresponde à chamada zona de residências, habitada pela classe média, a qual é integrada por melhores moradias. e. Zona 5 - EXURBIA: Finalmente, áreas mais afastadas e até mesmo fora das cidades, local que contempla os subúrbios e as cidades satélites, ocupadas pelas classes altas. 4.1.3 – Delinquency Areas Nas primeiras investigações estatísticas, as quais também tiveram como base as Zonas concêntricas, constatou-se a correlação entre a localização da residência em cada uma daquelas áreas e o respectivo índice de criminalidade. Recolhendo dados entre os anos 1900 e 1940, verificaram que a zona II apresentava o maior índice de criminalidade; mais ainda, quanto mais afastada dos centros, menor o índice de criminalidade. Essas áreas, na caracterização de Dias e Andrade, são fisicamente degradadas, segregadas economicamente, eticamente e racialmente, bem como sujeita à doenças. Correlacionando-se com as características traçadas por Shaw e Mackey com o índice de criminalidade, nesse âmbito sociológico, é inversamente proporcional ao ótimo IDH, ou seja, regiões com o IDH baixos têm maiores taxas de criminalidade; regiões com IDH ótimo, menores índices de criminalidade. Nas áreas criminais, a opinião pública, ou seja, o controle informal possui débil eficiência na formação do controlo dos jovens. Familiares e vizinhos geralmente aprovam o comportamento jovem. Alguns bairros oferecem oportunidades à delinquência, como por exemplo, pessoas dispostas a adquirir bens roubados; As atividades delinquenciais começam muito cedo, como parte de um jogo das ruas. As taxas de delinquência são mais elevadas na zona de transição. Contudo, mais do que entender a etiologia criminal, Shaw se preocupava com a prevenção do crime, de modo que criou programas de políticas criminais tendentes à prevenção delitiva, entre os quais os mais destacados foi Chicago Area Project (CAP) em 1932. Projetos semelhantes ao de Shaw são aplicados nas comunidades brasileiras. Com o apoio de entidades e das pessoas da própria comunidade, buscam difundir a inclusão digital e cultural, as práticas esportivas e de lazer. Desse modo, tem por objetivo controlar e, se possível, diminuir a violência. 4.1.4 – Teoria Espacial Desenvolvida por Oscar Newman, foi ele quem escreveu a obra Defensible Space Crime Prevention Through Urban Design, em 1972. Para o autor, a estrutura física e arquitetônica das cidades é fato relevante na incidência das práticas delitivas, pois o isolamento das pessoas em relação aos vizinhos e inexistência de vigilância facilitam a ocorrência dos crimes. Com isso, ele argumenta que uma área se tornará mais segura a partir do momento em que os propósitos residentes daquela comunidade assumirem o senso de responsabilidade e dever de cuidado. Se o criminoso percebe que determinado local está sob intensa vigilância, certamente se sentirá menos seguro para cometer uma infração penal. Em suma, essa teoria trabalha com as hipóteses de diminuição do delito através do design ambiental 4.1.5 – Teoria das Janelas Quebradas A teoria foi pensada numa situação de ausência estatal e proliferação do crime por causa dessa falta, ainda dentro da sistemática dos três círculos concêntricos, em que a periferia teria a grande concentração de práticas criminosas. Como se verá a seguir, a relação conceitual que se faz é entre ordem e desordem. Seja como for, prevalece que estimula o crime é a ausência de força policial e, consequentemente, a inexistência do Estado nas regiões mais pobres. – Estudo de Caso: Caos no Brasil! Paralisação da PMES: O que estimula o crime é a ausência de força policial. E é sob essa perspectiva de que o crime é a ausência de força policial e, consequentemente, a inexistência do Estado nas regiões mais pobres, que podemos subsidiar boa parte da explicação para a última paralisação geral da PM que ocorreu no Brasil, especificamente no Estado do Espírito Santo. Amplamente divulgado nas mídias, as imagens eram assustadoras. Lojas sendo invadidas por pessoas comuns, da sociedade. E aqui não estamos falando de criminosos (embora criminosos “tradicionais” como: traficantes, homicidas e estupradores sempre fizeram crimes e intensificaram a atividade criminosa nesse período de ausência estatal), mas de pessoas comuns subtraindo eletrodomésticos. O vandalismo era nítido. Isso chamou a atenção de todo o mundo para aquele Estado. Se tratava de pessoas que, até então, nunca praticaram condutas ilícitas, mas, naquele momento especificamente foram estimuladas. Nas palavras do Professor Christiano Gonzaga, o estímulo se deu e subsidiou os inúmeros furtos e outras condutas pelo simples fato de não terem o risco de serem presas, uma vez que a greve da polícia sinalizava que o Estado nada faria contra elas. 4.1.6 – Teoria da Tolerância Zero Ao menor sinal de prática criminosa, como um simples furto ou uso de maconha, a ordem era prender e punir, de forma a impedir o encorajamento de outros crimes mais graves. A ideia era a de que se os crimes mais simples fossem punidos a sociedade estaria ciente de que o Estado está presente e vai punir qualquer conduta praticada às margens da lei. Isso significa que, à luz da Política de Tolerância Zero todas as condutas contrárias ao ordenamento jurídico, por menor que sejam, devem ser punidas, sob pena de crimes básicos como de furto e uso de drogas eclodirem em crimes de roubo e de tráfico de drogas. Ao que parece, não é exagero afirmar que se trata de uma aplicação nítida do Direito Penal Máximo, em total contraposição ao chamado Direito Penal Mínimo. 4.1.7 – Teoria dos Testículos despedaçados ou Testículos quebrados ou Breaking Balls Teory Trata-se de uma teoria que também surgiu nos Estados Unidos, cuja ideia central está vinculada às exposições apresentadas pela Teoria das Janelas Quebradas. Isso porque, de acordo com ela, criminosos ao serem perseguidos de forma eficaz pela polícia, são repelidos, em forma de fuga, para outras localidades mais distantes, oportunidade em que, via de regra, darão continuidade às práticas criminosas, livre do controle estatal. 4.2 – TEORIAS DA APRENDIZAGEM SOCIAL OU SOCIAL LEARNING As teorias referentes à aprendizagem social, são de cunho consensuais uma vez que também vislumbram o meio social como influente fator na formação criminológica do indivíduo. No entanto, a repercussão teórica da aprendizagem social na formação do crime, está diretamente associado com a negação da correlação do crime com a pobreza. Para esta tese, indivíduos de classe média e classe alta também estão sujeitos ao cometimento do crime. Eles podem delinquir se seus processos de interação com instituições sociais forem deficitários. Traduzindo: o indivíduo aprende a ser criminoso. É que o nosso comportamento é modelado por experiências de vida, somos fruto daquilo que vimos ou fazemos repetidamente e que nos parece familiar. Logo, a desvio nada tem de anormal, mas apenas um comportamento, como outro qualquer, consequente de um processo de aprendizagem. A doutrina classifica como teorias de aprendizagem: a Teoria da Associação Diferencial, Reforço Diferencial, Identificação referencial e Neutralização. 4.2.1 – Teoria da Associação diferencial A Teoria da Associação Diferencial vai dizer que o delito está estabelecido com base nos valores dominante de um grupo e um indivíduo torna-se delinquente ao aprender o comportamento criminoso e se associar a conduta desviante, por julgar que as considerações favoráveis superam as considerações desfavoráveis à prática criminosa. Tudo começou quando Gabriel Tarde elaborou uma obra em 1890 chamada As leis da Imitação, e nela sustentou a transmissão de dogmas, sentimentos, moral e costumes pela imitação. Nesse sentido, o autor formulou 03 leis gerais da imitação, quais sejam: 1. A imitação é desenvolvida proporcional à intensidade do contrato e inversamente Proporcional à distância; 2. indivíduos de classes inferiores necessitam de indivíduos de classe superiores, assim, o aluno precisa do professor e os indivíduos rural da área urbana, por exemplo; 3. em casos de conflito entre modelos comportamentais, o novo sobrepõe ao antigo. Mais tarde, Sutherland, inspirado nos pensamentos de Tarde, amadurece a teoria da associação diferencial. Ao reformular essa teoria, Sutherland, abandona o termo desorganização social em atenção a diversidade da cultural, e passa a adotar o termo organização social diferenciada. - Organização social diferenciada Compreendendo o fenômeno criminal a partir de uma perspectiva social, essa teoria sustenta que ninguém nasce criminoso, resultando a delinquência de um processo de socialização diferencial, em que há aprendizado do comportamento desviante, assim como é possível o aprendizado do comportamento conforme o Direito, mediante a interação e comunicação com outras pessoas, sendo a influência criminógena proporcional ao grau de intimidade do contato interpessoal. Dessa forma, rechaça a decorrência do comportamento criminoso de fatores biológicos hereditários, atribuindo-lhe uma origem social. É com o amadurecimento dessa visão que não limita o crime às classes menos favorecidas, ao contrário, entende que as classes nobres também estão sujeitas ao crime é que surge a expressão White-Collar Crime – ou Crimes do colarinho branco. - White-Collar Crime ou Crimes do Colarinho Branco Pelo que se percebe, claramente, os executivos sempre estão bem alinhados em ternos caríssimos e com camisas com colarinho-branco impecável, daí surgindo a expressão white-collar. De outro lado, os operários braçais que trabalham no chão da fábrica, bem como motoristas de ônibus e pessoas de baixa renda, usam uniformes azuis com colarinhos da mesma cor, o que se convencionou chamar de blue-collar. Em sua obra, Sutherland destaca dois pontos como alicerces de sua análise, a saber: 1. Evidenciar que as pessoas de classe socioeconômica alta cometem muitos delitos e estas condutas deveriam ser incluídas no campo das teorias gerais do delito; e, face às evidências; 2. Apresentar hipóteses que possam explicar tanto os crimes de colarinho-branco como os demais ilícitos. A conduta criminosa pode ser aprendida como qualquer comportamento. A conduta criminosa é aprendida mediante um processo de comunicação com outras pessoas, o que requer um comportamento ativo por parte do agente. Isso significa que o simples fato de o indivíduo viver em um ambiente criminógeno não irá necessariamente torná-lo num infrator. A parte decisiva da aprendizagem da conduta criminosa ocorre no seio familiar e no círculo de amizade íntimas. Durante o processo de aprendizagem também são transmitidas as técnicas para a execução do delito, e até as justificativas para a conduta delituosa. Os impulsos criminosos são aprendidos a partir de do ponto de vista que os contatos diferenciais apresentam sobre a lei e o sistema de valores vigente. O indivíduo se torna um delinquente quando aprendeu com seus contatos diferenciais mais sobre crimes que sobre leis. Os contatos diferenciais poder ter duração, intensidade influencia diferentes. 4.2.2 – Teoria da Identificação Diferencial Ao contrário da Teoria da Associação Diferencial, a Teoria da Identificação Diferencial indicava a conduta delitiva não a partir da interação ou comunicação, mas sim, a partir da identificação diferencial com criminosos tomados como referência. Daniel Glaser, o defensor da teoria acrescentou ao conceito de aprendizagem a teoria dos papéis indicando a responsabilidade dos meios de comunicação de massa sobre a conduta do indivíduo. Sendo assim, Glaser vai dizer que a identificação pode se dar com indivíduos reais ou fictícios, próximos ou distantes, mas sempre por intermédio de uma relação positiva com os papéis representados pelos delinquentes ou uma reação negativa contra as forças que se opõem à criminalidade. 4.2.3 – Teoria do Condicionamento Operante A Teoria do Condicionamento operante foi fruto dos estudos de Ronald Akers e Robert Burgess. Ambos defendiam a tese de que a conduta criminosa deriva de uma série de estímulos que o indivíduo recebe em sua vida, sendo portanto, fruto de suas experiências passadas. Neste caso, cita exemplo de pessoas que sofreram abusos na adolescência como pessoas mais propensas a praticar abusos. Logo, o que se pode concluir é que, para a Teoria do Condicionamento Operante, condutas são reforçadas mediante estímulos positivos ou negativos, como recompensas e castigos. 4.2.4 – Teoria do Reforço Diferencial Trata-se de uma teoria que justifica o comportamento delitivo como operante e que está em processo contínuo de interação com o meio, norteado pelo condicionamento, em especial, pelas ideias de privação e saciedade, de modo que, as pessoas privadas de algo respondem de forma diferente ao crime, daquelas saciadas. 4.2.5 – Teoria da Neutralização A Teoria da Neutralização compreende três palavras chaves, quais sejam: racionalização neutralização e autojustificação. A partir dos estudos de delinquência juvenil a teoria abrange a racionalização da conduta delitiva pelo emprego de técnicas de neutralização pelo para justificar sua conduta desviante, momento que ocorre a autojustificação. Da mesma forma, digo, o comportamento criminoso também deriva de um processo de aprendizagem a partir de uma interação social, em que o criminoso, comungando dos valores dominantes na sociedade, utiliza técnicas capazes de racionalizar e justificar sua violação, neutralizando a sua culpa. Como bem disse Lima Júnior, o criminoso se vê como vítima e não criminoso. Assim, entende que a vítima é merecedora do mal a que é submetida, razão pela qual, é culpada pelo delito, de forma que os meios de controle social formais são veemente criticados, enquanto os grupos marginais a que a “vítima” pertence, são enaltecidos. 4.3 – TEORIAS SUBCULTURA SUBCULTURAIS O temo subcultura tem sido amplamente estendido para referir-se à minoria, precisamente, a uma cultura inferior, que, nas teorias de cunho sociológicos, estão associadas à jovens e adolescentes das classes mais baixas. Exatamente por isso, por referir-se à reação de minorias, fala-se em subcultura. Nesse sentido, a subcultura, especificamente, da delinquência juvenil, é trabalhada a partir de uma perspectiva de rebeldia e reação de minorias desfavorecidas contra valores oficiais da classe média. É um verdadeiro sistema que se opõe. 4.3.1 – Delinquent Boys: Teoria da Subcultura Delinquente A teoria da subcultura delinquente é uma criação de Albert Cohen, em sua obra chamada de Delinquent Boys de 1955. A obra de Albert Cohen verificou a existência de subculturas criminosas nas gangues de delinquentes juvenis ao investigar o motivo de elevadas taxas de criminalidade nos jovens de classes baixas que residiam em bairros mais pobres. De acordo com o autor, isso ocorre pois, nesses bairros mais periféricos, existe uma estrutura delinquente que elabora códigos de condutas e valores diversos, evidentemente, daqueles professados pela classe média. Isso só ocorre, pois a classe baixa sofre uma limitação aos valores adotados pela classe média, na verdade, pode-se dizer que ela não tem esse acesso. Daí porque, surge um natural estado de frustração que vai impelir o jovem a aderir uma subcultura (de grupo). Consequentemente, o comportamento criminoso, segundo Cohen, é uma rebelião contra o sistema, norma e valores estabelecidos pela classe média. Evidentemente, o conceito da teoria da subcultura pode ser aplicado ainda nos dias de hoje, veja que, de fato, alguns grupos de excluídos socialmente aglutinam-se e formam verdadeiros Estados Paralelos, a exemplo: Comando Vermelho (CV), Primeiro Comando da Capital (PCC) e Família do Norte (FDN). No entanto, é importante destacar que há a teoria da Contracultura que não pode ser confundida com a teoria da subcultura. Subcultura Contracultura Leva a ideia de uma cultura dentro de outra Cria-se apenas uma aversão ao que é tido cultura, o que gera dificuldade, uma vez como socialmente aceito, numa forma de que se deve definir o que vem a ser cultura. rebeldia sem causa. Os seus integrantes simplesmente não concordam com o establishment e opõem-se a tudo que é tido como tradicional. Trata-se de uma espécie de anarquia. 4.3.2 – Teoria da Oportunidade diferencial Criada por Richard Cloward e Lloyd Ohlin, pode ser sintetizada nos seguintes termos, de acordo com os próprios autores: O defasamento entre o que os jovens das classes inferiores são levados a querer e o que lhes é efetivamente acessível origina um grave problema de ajustamento. Os adolescentes que forma as subculturas delinquentes interiorizam uma grande ênfase nos objetivos e incapazes de reduzir o teor das suas aspirações, experimentam uma intensa frustração. O resultado poderá ser a exploração de alternativas não conformistas. Assim, diz-se que como é variável a oportunidade de ser bem-sucedido por meios legítimos, a forma ilegítima de sucesso também é variável. Tudo na mesma proporção. 4.3.3 – Cultura da classe inferior Walter B. Miller foi o autor da teoria, pela qual tentou explicar a subcultura da classe baixa, ou, conforme o nome, da classe inferior. No entanto, diferentemente das outras culturas que trabalham a subcultura, esta em especial, não concorda, tampouco, seus fundamentos não estão orientados no teor econômico das classes, mas com o conformismo cultural que cada classe prega. Explico. Miller acreditava sim, que americanos da faixa social mais baixa desenvolviam uma subcultura a partir de seus próprios valores e tradições, mas que esses valores são, de certa forma, passados de geração à geração. Por isso, a realidade completamente diferente da classe média e, de acordo com ele, isso nada tem a ver com rebeldia de valores como defendia Cohen, mas sim, porque o delinquente é um conformista com os valores que sua própria classe social, a classe baixa, lhe transmitiu. 4.4 – TEORIA DA ANOMIA A sociedade é vislumbrada como um organismo humano, que necessita realizar certas funções vitais para manter a própria sobrevivência. Quando isso não ocorre, surge a disfunção, falha no sistema de funcionamento da sociedade. Nesse caso deve a sociedade reagir para saná-la. Caso os mecanismos reguladores da vida em sociedade não consigam cumprir sua função, instala-se a anomia, ou seja, a ausência ou decomposição das normas sociais. Noutras palavras, a anomia em Merton seria esse desequilíbrio entre os meios disponíveis para poucos e as metas culturais estabelecidas para todos, o que geraria uma ausência de oportunidades (desigualdade material) para a consecução dos fins tidos como essenciais (fortuna, sucesso e poder). Para sistematizar essa abordagem, no trabalho de Merton, pode ser destacado o que ele chamou de modos de adaptação (citados acima), consubstanciados em cinco formas: conformidade, inovação, ritualismo, evasão/retraimento e rebelião. São modos relacionados à forma com que os cidadãos reagem perante as metas culturais existentes, tendo em vista os recursos disponíveis para obtê-las: a conformidade, inovação, ritualismo, evasão ou retraimento e a rebelião. → Conformidade Há uma adesão total e não ocorre comportamento desviante, tendo em vista a aceitação daquilo que está disponível para alcançar o estabelecido socialmente. → Inovação Os indivíduos aceitam as metas culturais previamente estabelecidas, mas não se alinham com os meios institucionalizados disponíveis para obtê-las. Quando constatam que nem todos os meios estão disponíveis para eles, rompem com o sistema e buscam atingir as metas culturais por meio do caminho fácil do comportamento desviado, isto é, por meio do crime. → Ritualismo Renunciam às metas culturais preestabelecidas por entender que são incapazes de alcançá-las, numa clara alusão ao comportamento depressivo de que elas são elevadas demais para a sua capacidade diminuída, restando apenas fugir delas e viver no seu mundo ínfimo e sem maiores pretensões. → Evasão ou retraimento Na evasão ou retraimento os indivíduos abrem mão tanto das metas culturais quanto dos meios institucionalizados. Aqui se acham os excluídos sociais, como mendigos, hippies e toda a sorte de pessoas que preferem viver às margens da sociedade por terem a real certeza de que as metas e os meios culturais não são relevantes. → Rebelião Por derradeiro, cita-se a rebelião, caracterizada pelo inconformismo e revolta, em que os indivíduos rejeitam as metas e os meios estabelecidos socialmente (establishment), lutando pela criação de novos paradigmas ou uma nova ordem social.