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DIREITO CONSTITUCIONAL (JURIS 2020)

Ordem Social – Meio Ambiente


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ORDEM SOCIAL – MEIO AMBIENTE

MEIO AMBIENTE

O tema meio ambiente está em apenas um artigo da Constituição: o art. 225. O texto
constitucional é enxuto, mas a quantidade de temas da doutrina e da jurisprudência parece
infindável.
O meio ambiente é um direito de terceira geração/dimensão e está baseado no princípio
da fraternidade ou solidariedade. O meio ambiente deve ser preservado para as gerações
presentes e futuras.

Quando se fala sobre o meio ambiente, também se fala sobre os animais. Além disso,
destaca-se que será feito um entrelaçamento entre o assunto “meio ambiente” e o assunto
“família”. A família multiespécie tem ganhado cada vez mais espaço na doutrina.

Na parte geral do Código Civil, existem os seguintes tópicos: pessoas (naturais ou jurí-
dicas), bens e negócios jurídicos. Os animais precisam ser encaixados em alguma dessas
categorias. Ocorre que os animais não são pessoas naturais ou jurídicas e não são negócios
jurídicos. Sobram apenas os bens. Assim, será que eles são coisas? Será que eles são titu-
lares de direitos ou objetos de direitos?

Cada vez mais, na doutrina, fala-se na discussão da família multiespécie (composta por
humanos e por animais de estimação). Hoje, não é incomum existirem estabelecimentos que
aceitam animais (lojas pet friendly).

Quando se fala em meio ambiente, a família multiespécie traz consequências, inclusive,


em casos de desfazimentos da família. É aí que nasce a percepção de como ficará o animal
de estimação. Será que essa discussão cabe à Vara de Família ou à Vara Cível?
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Direito de Terceira Geração/Dimensão


Vários doutrinadores podem trazer uma concepção muito mais consentânea com aquilo
que devemos seguir do que o alcance que a norma constitucional pretende aplicar.
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Reserva Ambiental: Criação ou Delimitação (Lei ou Decreto) x Alteração ou


Supressão (Lei)
Há uma clara preocupação com a ação do Poder Público e com as reservas ambientais.
Caso deseje-se estabelecer a proteção, pode-se valer, inclusive, de um ato administrativo
(decreto ou lei). Para alterar ou suprimir uma reserva ambiental, não se pode se valer de ato
administrativo. Ou seja, é necessária a edição de lei.

Princípio da Precaução x Prevenção


Princípio da precaução: riscos conhecidos e previsíveis;
Princípio da prevenção: riscos desconhecidos e imprevisíveis.
Há uma discussão acerca da obrigação de a concessionária reduzir o campo eletromag-
nético nas linhas de transmissão elétrica. O Supremo Tribunal Federal entendeu que o regra-
mento já existente no âmbito nacional também estava de acordo com a legislação internacio-
nal. Nesse caso, reduzir o campo eletromagnético além dos limites estabelecidos na seara
internacional, utilizando o princípio da prevenção, não faria sentido.
Hoje, no cenário atual em que nos encontramos, dentro da ciência, a regulação dos
campos eletromagnéticos já se encontra suficientemente adequada à necessidade humana.

Amianto: Legislação Federal x Estadual


A discussão sobre a ação cancerígena do amianto é atual e chegou ao Supremo Tribunal
Federal em um julgado que tem grande repercussão no controle de constitucionalidade.
Existem vários tipos de amianto e a norma federal vedava a sua comercialização, por
saber que se trata de uma substância altamente cancerígena, salvo no tipo crisotila (o tipo
que fazia as telhas).
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Ressalta-se que, hoje, existem outros materiais que substituem com tranquilidade a
necessidade do amianto. E isso foi o motivo determinante para se validar a lei estadual de
São Paulo, a qual proibia a comercialização do amianto em todas as suas formas.
Perceba que há um claro embate entre norma federal e norma estadual, ambas incidindo
sobre questões ambientais. Qual há de prevalecer? O Supremo Tribunal Federal fez preva-
lecer a norma mais protetiva à questão ambiental. Logo, a consequência natural foi incidir a
inconstitucionalidade da norma federal.
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Vale destacar que a lei estadual de São Paulo também é replicada em outros estados da
federação. Assim, foi adotada a tese da Teoria da Abstratização do Controle Difuso. Ou seja,
foi feita a mutação constitucional do art. 52, X.
A tese da Abstratização do Controle Difuso foi levantada pelo professor Gilmar Mendes,
no campo de vista doutrinário, no passado. No primeiro momento em que foi trazida para a
jurisprudência do tribunal, ela não foi acolhida. Mas, com o passar do tempo, diante do julga-
mento do caso do amianto, o Supremo acabou acolhendo a tese da Teoria da Abstratização
do Controle Difuso, afirmando que, quando o Plenário do Supremo Tribunal Federal, mesmo
em controle difuso, declara a inconstitucionalidade, os efeitos são erga omnes.
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Práticas Desportivas que Envolvam Animal


Dentro do art. 225, existem dois pontos a serem tratados. Dentro do § 7º, consta a Emenda
n. 96/2017. Todavia, o § 7º remete a outro dispositivo da Constituição:
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua
função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade.

É dentro desse cenário do § 1º, que o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucio-
nalidade de norma estadual que regulamentava a Farra do Boi. Passa algum tempo: incons-
titucionalidade da norma que regulamentava a rinha de galo. Passa mais tempo: o Supremo
"mete a mão" em um vespeiro. Qual vespeiro? Lei do Estado do Ceará que regulamentava a
prática de vaquejada. O Supremo Tribunal Federal entende que a vaquejada poderia trazer
crueldade aos animais.
O questionamento não se restringia à vaquejada; também havia questionamento a res-
peito da prática do rodeio.
Antes de julgar a questão do rodeio, o Congresso Nacional já se antecipa e afirma que a
vaquejada faz parte da cultura do nosso povo. E, em reação à decisão do Supremo Tribunal
Federal (reação legislativa, ativismo congressual ou efeito backlash), o Congresso edita, de
um lado, a Emenda Constitucional n. 96/2017, afirmando que, se a prática, na forma da lei,
for reconhecida como patrimônio cultural nacional, ela não é vedada. Observe:
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis
as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o
§ 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante
do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o
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bem-estar dos animais envolvidos.

No próprio ano de 2016, sai uma lei elevando à condição de patrimônio cultural nacional a
vaquejada e o rodeio. Depois, em 2019, também é colocado como patrimônio cultural nacio-
nal a prática do laço.
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Então, o rodeio, a vaquejada e o laço, na condição de patrimônios culturais nacionais,
não são considerados práticas cruéis. Portanto, são permitidos em nosso ordenamento.
A emenda e a lei podem ser declaradas inconstitucionais depois? Sim!

Sacrifício de Animais em Rituais Religiosos


Foi uma decisão que gerou polêmica no âmbito das redes sociais. Mas, no âmbito do
Supremo Tribunal Federal não houve polêmicas. O placar foi de 11 a 0. O Supremo entendeu
que, por conta da liberdade de crença, pode haver o sacrifício de animais em rituais religio-
sos, independente da natureza do ritual (a origem).

Tripla Responsabilidade da PJ: Penal, Civil e Administrativa


Se a responsabilidade penal da PJ está na Constituição, ela deve ser aplicada. Mas, do
ponto de vista teórico, é difícil admitir a responsabilidade penal da PJ.
Destaca-se que, dentro do conceito tripartido de crime (fato típico, antijurídico e culpável),
a conduta é uma ação humana voluntária. Então, como encaixar a PJ? Utiliza-se a Teoria da
Dupla Imputação: para colocar uma PJ dentro de uma ação, deve-se colocar, pelo menos,
mais uma pessoa natural, que é quem teria a conduta.
Então, é possível apontar a responsabilidade penal da pessoa jurídica, desde que, junto,
esteja a pessoa natural.
Ao Superior Tribunal de Justiça, chega a seguinte situação em que havia 3 réus (2 sócios
(pessoas naturais e uma PJ). Acontece que o Superior Tribunal de Justiça tranca a ação
penal em relação às duas pessoas naturais. PJ não pode ser paciente em HC, pois não
possui direito de locomoção.
No caso em tela, sobrou apenas a PJ. Diante disso, não faz sentido continuar só contra
a PJ e extingue-se a ação penal.
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Insatisfeito, o Ministério Público vai ao Supremo Tribunal Federal, o qual relativiza a
ideia da Teoria da Dupla Imputação e admite a continuidade da persecução penal apenas
contra a PJ.
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Ecossistemas Nacionais
Quais são os ecossistemas nacionais? Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Pantanal,
Serra do Mar e Zona Costeira.
O imóvel situado dentro de um ecossistema nacional é um bem público? Não. O fato de o
imóvel estar situado dentro de um ecossistema nacional não o transforma em um bem público.

Resolução CONAMA e Controle Concentrado de Constitucionalidade


O Supremo Tribunal Federal entende que a Resolução do CONAMA pode ser objeto de
controle concentrado de constitucionalidade. Trata-se de um ato normativo primário dotado
de generalidade e abstração. Nesse caso, ela pode ser desafiada mediante ação direta de
inconstitucionalidade ou mediante arguição de descumprimento de preceito fundamental.

Liberação Tácita de Agrotóxicos


Se não houver manifestação do órgão competente dentro do prazo, o agrotóxico está libe-
rado. Acolhendo a argumentação dos princípios da prevenção e da precaução, o Supremo
Tribunal Federal entendeu que não é válida a norma que estabelece a liberação tácita do
agrotóxico, se não houver apreciação dentro do prazo pelo órgão competente.

Amazônia: inconstitucionalidade de lei federal que preveja regularização das terras


remanescentes de comunidades quilombolas e das demais comunidades tradicionais
amazônicas
Foi declarada a inconstitucionalidade de lei federal que previa regularização das terras
remanescentes de comunidades quilombolas e comunidades tradicionais da Amazônia. Essa
norma feria a proteção que deve ser dada pelo ordenamento jurídico brasileiro aos quilombo-
las e aos povos ocupantes de terras tradicionais da área da Amazônia.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Aragonê Nunes Fernandes.
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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