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brasileira: objetos ou
sujeitos de direito?
LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002
(CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO).
• “A Constituição diz que os animais são sujeitos de direito desde que estejam assistidos por uma
pessoa capaz – representante, ONG, Ministério Público ou Defensoria Pública. Eles podem estar
como partes de um processo”, explica Edenise Andrade. A consequência dessa divergência de
ideias entre o Código Civil e a interpretação dos juristas animalistas da Constituição está na
dificuldade de ações com animais enquanto autores serem acolhidas pelo juizado, porque,
segundo os estudiosos que não concordam com a tese de que animais são sujeitos de direitos,
somente humanos poderiam fazer isso.
• Além disso, conforme a norma constitucional da proibição da crueldade, os animais têm direito
fundamental à existência digna e podem ir a juízo, conforme o art. 2º, §3º do Decreto 24.645/1934,
ou seja, podem defender um direito próprio no judiciário por meio de ação – uma das principais
argumentações de que animais são sujeitos de direito.
Nem coisas, nem pessoas: animais de
estimação seriam um "terceiro gênero"
OS ANIMAIS PODEM SER PARTE EM
PROCESSOS JUDICAIS?
• “[...] inexistindo a titularidade de direitos por parte dos animais, inexiste a capacidade de ser parte, qualidade essa
umbilicalmente ligada à possibilidade de titular direitos e contrair obrigações, ainda que representado ou assistido.
• [...] a conclusão a chegamos decorre, em última instância — nada obstante o emprego da doutrina e da
jurisprudência —, da lei. Basta a vontade do legislador para que se necessite de novo estudo, pois aí os textos
normativos serão outros, e, por consequência, igualmente outras serão as opiniões doutrinárias e jurisprudenciais.
Afinal, já dizia Ihering, “o direito não é pura teoria, mas uma força viva”, e como força viva, está em constante
mudança. Por ora, no entanto, o sistema jurídico brasileiro nega aos animais a capacidade de ser parte, e isso não
significa necessariamente uma menor importância à tutela desses direitos”.
• DE OLIVEIRA ALVES, Pedro; MENDES DA SILVA, Iuri. ANIMAIS COMO PARTES NO PROCESSO: UMA IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA?. Direito. UnB - Revista de
Direito da Universidade de Brasília, [S. l.], v. 7, n. 1, p. 121–151, 2023. Disponível em:
https://periodicos.unb.br/index.php/revistadedireitounb/article/view/43518. Acesso em: 21 mar. 2024.
Decisões judiciais reconhecem a capacidade
de ser parte dos animais em âmbito jurídico
• Em diversas ocasiões, o Supremo Tribunal Federal reafirmou sua jurisprudência, reconhecendo dignidade aos animais e
considerando ultrapassado e insuficiente o conceito civilista que os define como coisa/bem. O Superior Tribunal de Justiça (STJ)
também rejeitou o tratamento jurídico dos animais como simples "coisas", apontando para "a incongruência entre o regime
jurídico dos animais não-humanos no Código Civil de 2002 com a Constituição".
• Todo animal é sujeito de direitos fundamentais porque a própria Constituição Federal, no artigo 225, parágrafo 1º, lhe
reconhece dignidade. O reconhecimento, pois, da dignidade própria dos animais gera também efeitos processuais,
possibilitando o acesso à justiça para a defesa de direitos subjetivos e a ampliação da proteção animal por vias, até então, pouco
reguladas e conhecidas pelo Direito.
• Desde o ano de 1934, o Decreto Federal nº 25.645 reconhece a capacidade processual dos animais ao dispor que "os animais
serão assistidos em juízo pelos representantes do Ministério Público, seus substitutos legais e pelos membros das sociedades
protetoras de animais". Em que pese alguma discussão quanto à vigência do Decreto, o normativo foi validado pelo STJ, que o
considerou compatível com a Declaração Universal dos Direitos dos Animais.
• GONZAGA, Henrique de Araújo & PAVLOVSKY, Rebeca Stefanin. Decisões judiciais reconhecem a capacidade de ser parte dos
animais em âmbito jurídico. Migalhas, 9 de junho de 2022. Disponível em:
https://www.migalhas.com.br/depeso/367655/capacidade-de-ser-parte-dos-animais-em-ambito-jurídico.
PROPOSTA DE REFORMA DO CÓDIGO
CIVIL BRASILEIRO
• Dos Bens Móveis e Animais
•
(…)
Art. 82-A Os animais, que são objeto de direito, são considerados seres vivos dotados de
sensibilidade e passíveis de proteção jurídica, em virtude da sua natureza especial.
§ 1º A proteção jurídica prevista no caput será regulada por lei especial, a qual disporá sobre
o tratamento ético adequado aos animais;
§ 2º Até que sobrevenha lei especial, são aplicáveis subsidiariamente aos animais as
disposições relativas aos bens, desde que não sejam incompatíveis com a sua natureza e
sejam aplicadas considerando a sua sensibilidade;
§ 3º Da relação afetiva entre humanos e animais pode derivar legitimidade para a tutela
correspondente de interesses, bem como pretensão indenizatória por perdas e danos
sofridos.
Projeto de Lei nº de 2023 (Do Sr. Matheus Laiola)
Reconhece a família multiespécie como entidade familiar e dá outras
providências (PL nº 179/2023).