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TEORIA GERAL DO DIREITO PRIVADO

Discentes:
Adrieni Brasil
Fernanda Dovale
Gilmara Borges Ferreira
Helio Carneiro Silva Filho
Ivania Vitória
Jediael Araujo
Lucas Rangel
Lucas Brasil
Naiane Souza
Otávio Carneiro

Feira de Santana, 09 de novembro 2022



A definição de família tem mudado com o passar do tempo e se adequado às pluralidades sociais;
ainda que seu significado se mantenha o mesmo, a composição familiar tem ficado cada vez mais diversa,
dentre as mudanças está a adoção de animais que em muitos casos são tratados como parte da família.
Historicamente os animais desempenhavam diversas funções, os cachorros poderiam auxiliar na
caça, na vigilância da propriedade, os gatos no controle de pragas, mas com o avanço do processo de
domesticação esses animais passaram a ser vistos como importante companhia, e até auxiliar os seres
humanos em algumas tarefas, a exemplo de cães farejadores, cães guias desempenham trabalhos
importantes enquanto acompanhantes. As mudanças em relação a criação de laços afetivos entre os seres
humanos e os animais, tem levado a sociedade para um debate mais profundo, principalmente para os
operadores do direito; no término de uma relação conjugal, em que não há acordo em relação a tutela do
animal, esse animal pode ser objeto de guarda?.
Quando um casal se separa existem uma série de leis e regras que acabam regulamentando a
partilha dos bens e também a guarda dos filhos. Geralmente existe um processo que corre na justiça, que
pode se prolongar por alguns anos ou então ser resolvido rapidamente com um acordo amigável. Porém,
hoje é natural da vida moderna diminuir o âmbito familiar, e as pessoas têm optado pelos animais. No
Brasil, o Projeto de Lei do Senado n° 542/2018, aberto para consulta pública, dispõe sobre “a custódia
compartilhada dos animais de estimação nos casos de dissolução do casamento ou da união estável”, mas
está parado desde março de 2019. Embora a guarda compartilhada de pets ainda não seja regulamentada, já
é possível recorrer à Vara da Família quando não há acordo entre os dois lados.
E não havendo uma regulamentação na legislação, referente a guarda dos animais de estimação e
de como proceder quando o casal se separa, dessa forma será realizada uma pesquisa bibliográfica em que
traremos parecer técnicos em casos similares que podem ser utilizados como exemplo. Para MOREIRA
(2021) quando não tem uma lei que trate da guarda dos animais de estimação quanto há a dissolução da
união, é função do poder judiciário avaliar da melhor forma para solucionar o conflito; dentre as estratégias
está os magistrados se valerem das mesmas regras utilizadas para guarda das crianças, que segundo o Art
5583 do
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. (Redação dada pela Lei nº 11.698,
de 2008).
§ 1º Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém
que o substitua ( art. 1.584, § 5 o ) e, por guarda compartilhada a responsabilização
conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo
teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. (Incluído pela Lei nº 11.698, de
2008).

Dito isso, podemos observar que apesar de termos um Direito estruturalmente positivado no
Brasil, em que se segue os preceitos estabelecidos em lei, podemos observar que existem interpretações
jurídicas que possuem uma natureza diferente daquilo que é comumente visto no sistema jurídico,
interpretações estas que, formada por maioria nos tribunais, sentenciam casos que escapam do cotidiano.
Essa interpretação é dada como a norma, que é aquilo que é entendido pelos operadores do Direito
envolvidos nas diversas ações que acontecem diariamente no território brasileiro.

Os animais têm os seus direitos protegidos pela nossa CF e são enquadrados no nosso Código
Civil no artigo 82° como “Coisas móveis semoventes” (ou seja que possuem movimento próprio) só tendo
seu “direito garantido” se devidamente representado por um terceiro, a CF diz que os animais são sujeitos
de direito desde que estejam assistidos por uma pessoa capaz – representante, ONG, Ministério Público ou
Defensoria Pública. Eles podem estar como parte de um processo, no entanto há uma divergência entre
alguns juristas se os animais podem ou não ser autores (e não apenas tutelados por alguém) de um
processo, já que teoricamente só humanos poderiam fazer,
O principal argumento de que os animais são sujeitos de direito se dá conforme a norma
constitucional no artigo 2º, §3º do Decreto 24.645/1934 onde diz que os animais têm direito fundamental à
existência digna e podem ir a juízo, podendo assim defender um direito próprio e ser autor de um processo
no poder judiciário, na prática se um animal for o autor do processo todo o dinheiro e outros
acompanhamentos serão destinados exclusivamente ao animal de forma que o tutor/dono deverá prestar
contas sobre o uso destes, caso o animal for apenas representado o dinheiro terá como destino o seu tutor
onde não se teria a certeza se o uso do dinheiro foi ou não em benefício do animal.
Baseado na norma constitucional e no texto da lei, animais são sujeitos de direito, como caso
concreto ocorrido em 2021 que confirma tal entendimento temos o Tribunal de Justiça do Paraná publicou a
primeira decisão que reconheceu os animais como sujeitos de direito no país. Na ocasião, o órgão votou a
favor dos cães Spike e Rambo – vítimas de maus tratos por parte de antigos donos – representados pela
ONG Sou Amigo, da cidade de Cascavel. Na petição, relatou-se que os cães estavam sozinhos há 29 dias
em um imóvel e que alguns vizinhos, preocupados com a situação, chamaram a ONG e a Polícia Militar
para verificar o caso.
Os dois cachorros foram resgatados e levados a uma clínica veterinária, onde foi constatado que
Spike apresentava lesões e feridas. Diante dos fatos, a ONG solicitou que os cães fossem reconhecidos
como parte autora do processo. Pediram, também, o ressarcimento dos valores gastos, além da condenação
dos réus ao pagamento de indenização por danos morais e uma pensão mensal aos animais até que eles
passassem para a guarda definitiva da organização.
REFERÊNCIA UTILIZADA:
https://www.ufsm.br/midias/arco/animais-sujeitos-de-direito-legislacao-brasileira

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