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AS ATRIBUIÇÕES LEGAIS

DO ESTADO ACERCA DOS ANIMAIS


Anne Mirelly G. A. F. Formiga

Advogada Presidente da Comissão de Direito Animal da OAB


Subseção Campina Grande - PB. Membro do Núcleo de
Justiça Animal da Universidade Federal da Paraíba.
Extensionista do Programa de Direito Animal da Universidade
Federal do Paraná.
A responsabilidade Estatal

1) Plano Jurídico e Judicial;


2) Plano Executivo;
3) Plano Legislativo.
1 PLANO JURÍDICO: A LEGISLAÇÃO
1) Plano Jurídico
Os animais têm direitos
1.1 Constituição Federal de 1988;
1.2 Legislação Federal;
1.3 Legislação Estadual;
1.4 Direito Comparado.
1.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
1.1 Constituição Federal de 1988
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que


coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies
ou submetam os animais a crueldade.
1.1 Constituição Federal de 1988
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (DIREITO AMBIENTAL)

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que


coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies
ou submetam os animais a crueldade. (DIREITO ANIMAL)
1.1 Constituição Federal de 1988

Regra da Proibição da Crueldade (art. 225, § 1º, VII, CRFB/88);


Princípio da Dignidade Animal (art. 225, § 1º, VII, CRFB/88);
Princípio da Universalidade (art. 225, § 1º, VII, CRFB/88);
Mandado de Criminalização (art. 225, § 1º, VII, CRFB/88);
Princípio do Acesso à Justiça (art. 5º, XXXV, CRFB/88).
1.1 Constituição Federal de 1988
Conceito de Direito Animal:

O Direito Animal é o conjunto de regras e princípios que estabelece os


direitos dos animais não-humanos, considerados em si mesmos,
independentemente da sua função ambiental ou ecológica.”

(ATAIDE JUNIOR, Vicente de Paula. Introdução ao Direito Animal Brasileiro. 2018, p. 3)


1.1 Constituição Federal de 1988
Competência Legislativa Concorrente:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre:

VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do


solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da
poluição;
1.2 LEGISLAÇÃO FEDERAL
1.2 Legislação Federal
Decreto Lei n.º 24.645/1934 – Capacidade Processual
Art. 1º. Todos os animais existentes no País são tutelados pelo Estado.
Art. 2º. Aquele que, em lugar público ou privado, aplicar ou fizer aplicar maus
tratos aos animais, incorrerá em multa (...) sem prejuízo da ação civil que
possa caber. (...)
§ 3º. Os animais serão assistidos em juízo pelos representantes do
Ministério Público, seus substitutos legais e pelos membros das sociedades
protetoras de animais.
1.2 Legislação Federal
Lei Federal n.º 9.605/1998 – Lei de Crimes Ambientais
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,
domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a
um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal
vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos
alternativos.
§ 1º- A Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas descritas no
caput deste artigo será de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e
proibição da guarda. (Incluído pela Lei nº 14.064, de 2020) PL 1095/2019
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
1.2 Legislação Federal
Lei Federal n.º 13.426/2017 – Controle de Natalidade
Art. 1º O controle de natalidade de cães e gatos em todo o território nacional será regido de
acordo com o estabelecido nesta Lei, mediante esterilização permanente por cirurgia, ou por
outro procedimento que garanta eficiência, segurança e bem-estar ao animal.
Art. 2º A esterilização de animais de que trata o art. 1º desta Lei será executada mediante
programa em que seja levado em conta:
I - o estudo das localidades ou regiões que apontem para a necessidade de atendimento
prioritário ou emergencial, em face da superpopulação, ou quadro epidemiológico;
II - o quantitativo de animais a serem esterilizados, por localidade, necessário à redução da
taxa populacional em níveis satisfatórios, inclusive os não domiciliados; e
III - o tratamento prioritário aos animais pertencentes ou localizados nas comunidades
de baixa renda.
1.2 Legislação Federal
Lei Federal n.º 13.426/2017 – Controle de Natalidade

Art. 3º O programa desencadeará campanhas educativas pelos meios


de comunicação adequados, que propiciem a assimilação pelo público de
noções de ética sobre a posse responsável de animais domésticos.
1.2 Legislação Federal
Lei Federal n.º 13.426/2017 – Controle de Natalidade

Art. 3º O programa desencadeará campanhas educativas pelos meios


de comunicação adequados, que propiciem a assimilação pelo público de
noções de ética sobre a posse responsável de animais domésticos.

EDUCAÇÃO ANIMALISTA
1.2 Legislação Federal
Código Civil Brasileiro

Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção


por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.
Art. 1.313. O proprietário ou ocupante do imóvel é obrigado a tolerar que o vizinho
entre no prédio, mediante prévio aviso, para:
II - apoderar-se de coisas suas, inclusive animais que aí se encontrem
casualmente.
Art. 1.442. Podem ser objeto de penhor
V - animais do serviço ordinário de estabelecimento agrícola.
1.2 Legislação Federal
Código Civil Brasileiro

INCONSTITUCIONALIDADE
1.2 Legislação Federal
Código Civil Brasileiro

INCONSTITUCIONALIDADE

Animais não são coisas, são indivíduos sujeitos de


direitos com dignidade própria.
1.3 LEGISLAÇÃO ESTADUAL
1.3 Legislação Estadual
Lei Estadual 12.854/2003 (Código Estadual de Proteção
Animal de Santa Catarina)

Art. 34 - A. Para os fins desta Lei, cães, gatos e cavalos ficam reconhecidos
como seres sencientes, sujeitos de direito, que sentem dor e angústia, o que
constitui o reconhecimento da sua especificidade e das suas características face
a outros seres vivos. (Artigo acrescido pela Lei Estadual 17.485/2018; “cavalos”
suprimido do texto pela Lei Estadual 17.526/2018.)
1.3 Legislação Estadual
Lei Estadual 15.434/2020 (Código Estadual do Meio Ambiente
do Rio Grande do Sul)
Art. 216. É instituído regime jurídico especial para os animais domésticos de estimação e
reconhecida a sua natureza biológica e emocional como seres sencientes, capazes de
sentir sensações e sentimentos de forma consciente.
Parágrafo único. Os animais domésticos de estimação, e não sejam utilizados em
atividades agropecuárias e de manifestações culturais reconhecidas em lei como
patrimônio cultural do Estado, possuem natureza jurídica sui generis e são sujeitos de
direitos despersonificados, devendo gozar e obter tutela jurisdicional em caso de violação,
vedado o seu tratamento como coisa.
1.3 Legislação Estadual
Lei Estadual 22.231/2016 (Dispõe sobre os Maus-Tratos em
Minas Gerais)

Art. 1º. (...) Parágrafo único – Para os fins desta lei, os animais são
reconhecidos como seres sencientes, sujeitos de direito
despersonificados, fazendo jus a tutela jurisdicional em caso de violação
de seus direitos, ressalvadas as exceções previstas na legislação específica.
(Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei 23.724, de 18/12/2020.)
1.3 Legislação Estadual
Lei Estadual 11.140/2018 (Código de Direito e Bem-Estar
Animal da Paraíba)
Art. 5° Todo animal tem o direito:

I - de ter as suas existências física e psíquica respeitadas;


II - de receber tratamento digno e essencial à sadia qualidade de vida;
III - a um abrigo capaz de protegê-lo da chuva, do frio, do vento e do sol, com espaço
suficiente para se deitar e se virar;
IV - de receber cuidados veterinários em caso de doença, ferimento ou danos psíquicos
experimentados;
V - a um limite razoável de tempo e intensidade de trabalho, a uma alimentação adequada
e a um repouso reparador.
1.3 Legislação Estadual
Lei Estadual 11.140/2018 (Código de Direito e Bem-Estar
Animal da Paraíba)

LEGISLAÇÃO ANIMALISTA MAIS AVANÇADA


DO BRASIL E DO MUNDO.
1.3 Legislação Estadual
Lei Estadual 11.140/2018 (Código de Direito e Bem-Estar
Animal da Paraíba)

“Código de bem-estar animal da Paraíba deve servir de


modelo para o Brasil”.

(ATAIDE JUNIOR, Vicente de Paula. Consultor Jurídico. 2018.)


1.3 Legislação Estadual
Lei Estadual 11.140/2018 (Código de Direito e Bem-Estar
Animal da Paraíba)

“Comentários ao Código de Direito e


Bem-Estar Animal do Estado da
Paraíba: a positivação dos direitos
fundamentais animais.” Coordenação
por Vicente de Paula Ataide Junior.
Curitiba: Juruá, 2019
1.4 Direito Comparado
Declaração Universal dos Dos Direitos dos Animais
(UNESCO, 1978)

ARTIGO 1: Todos os animais nascem iguais diante da vida, e têm o mesmo


direito à existência.

ARTIGO 14: b) Os direitos dos animais devem ser defendidos por leis, como
os direitos dos homens.
1.4 Direito Comparado
Declaração de Cambridge sobre Consciência (2012)
“A ausência de um neocórtex não parece impedir que um organismo experimente
estados afetivos. Evidências convergentes indicam que os animais não humanos
têm os substratos neuroanatômicos, neuroquímicos e neurofisiológicos de
estados de consciência juntamente com a capacidade de exibir comportamentos
intencionais. Consequentemente, o peso das evidências indica que os humanos
não são os únicos a possuir os substratos neurológicos que geram a
consciência. Animais não humanos, incluindo todos os mamíferos e as
aves, e muitas outras criaturas, incluindo polvos, também possuem esses
substratos neurológicos.”
1 PLANO JUDICIAL: DECISÕES DOS TRIBUNAIS
1) Plano Judicial
Decisões dos Tribunais
1.1 Supremo Tribunal Federal;
1.2 Superior Tribunal de Justiça;
1.3 Justiça Federal;
1.4 Tribunais de Justiça Estaduais.
1.1 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – STF
1.1 Supremo Tribunal Federal

Proibição da prática “Farra do Boi” em Santa Catarina.

STF, 2ª Turma, Relator Ministro Francisco Rezek, acórdão lavrado pelo Ministro
Marco Aurélio, j. em 03/6/1997, pub. em 13/3/1998);
1.1 Supremo Tribunal Federal
ADI’s declararam a inconstitucionalidade de Leis Estaduais que autorizavam
e regulamentavam as “Rinhas de Galo”.

STF, Pleno, ADIn 2514-7/SC, Relator Ministro Eros Grau, j. em 29/6/2005, pub.
em 9/12/2005;
STF, Pleno, ADIn 3776-5/RN, Relator Ministro Cézar Peluso, j. em 14/6/2007, pub.
em 29/6/2007;
STF, Pleno, ADIn 1856/RJ, Relator Ministro Celso de Mello, j. em 26/5/2011, pub.
em 14/10/2011.
1.1 Supremo Tribunal Federal
ADI 4983 (MARCO JURISPRIDENCIAL DO DIREITO ANIMAL)

VAQUEJADA– MANIFESTAÇÃO CULTURAL – ANIMAIS – CRUELDADE


MANIFESTA – PRESERVAÇÃO DA FAUNA E DA
FLORA–INCONSTITUCIONALIDADE. A obrigação de o Estado garantir a
todos o pleno exercício de direitos culturais, incentivando a valorização e a
difusão das manifestações, não prescinde da observância do disposto no
inciso VII do artigo 225 da Carta Federal, o qual veda prática que acabe por
submeter os animais à crueldade. Discrepa da norma constitucional a
denominada vaquejada. (STF, Pleno, ADI 4983, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, j.
em 06/10/2016, pub. em 27/04/2017)
1.1 Supremo Tribunal Federal
Voto do Min. Luis Roberto Barroso:
“A vedação da crueldade contra animais na Constituição Federal deve ser
considerada uma norma autônoma, de modo que sua proteção não se dê
unicamente em razão de uma função ecológica ou preservacionista, e a fim de
que os animais não sejam reduzidos à mera condição de elementos do meio
ambiente. Só assim reconheceremos a essa vedação o valor eminentemente
moral que o constituinte lhe conferiu ao propô-la em benefício dos animais
sencientes. Esse valor moral está na declaração de que o sofrimento animal
importa por si só, independentemente do equilíbrio do meio ambiente, da sua
função ecológica ou de sua importância para a preservação de sua espécie.”
1.1 Supremo Tribunal Federal
Voto da Min. Rosa Weber:

“A Constituição, no seu artigo 225, § 1º, VII, acompanha o nível de esclarecimento


alcançado pela humanidade no sentido de superação da limitação
antropocêntrica que coloca o homem no centro de tudo e todo o resto como
instrumento a seu serviço, em prol do reconhecimento de que os animais
possuem uma dignidade própria que deve ser respeitada.”
1.2 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ
1.2 Superior Tribunal de Justiça
Política pública de controle de zoonoses utilizando eutanásia de cães e gatos por gás
asfixiante em Minas Gerais.

“Não há como se entender que seres, como cães e gatos, que possuem um sistema
nervoso desenvolvido e que por isso sentem dor, que demonstram ter afeto, ou seja, que
possuem vida biológica e psicológica, possam ser considerados como coisas, como
objetos materiais desprovidos de sinais vitais. Essa característica dos animais mais
desenvolvidos é a principal causa da crescente conscientização da humanidade contra a
prática de atividades que possam ensejar maus tratos e crueldade contra tais seres. A
condenação dos atos cruéis não possui origem na necessidade do equilíbrio ambiental, mas
sim no reconhecimento de que os animais são dotados de uma estrutura orgânica que
lhes permite sofrer e sentir dor.” (STJ, 2ª Turma, REsp 1.115.916/MG, Relator Ministro
HUMBERTO MARTINS, j. em 01/09/2009, pub. em 18/09/2009).
1.2 Superior Tribunal de Justiça
Domesticação de Animal Silvestre, apreendido pelo IBAMA. (Recorrente buscava a
guarda).

“Segundo a doutrina especializada, a própria ideia de um tratamento não cruel dos animais
deve buscar o seu fundamento não mais na dignidade humana ou na compaixão
humana, mas sim na própria dignidade inerente às existências dos animais não
humanos.” “Sendo assim, torna-se essencial refletir, no bojo do ordenamento jurídico, em
busca de caminhos para o amadurecimento da problemática e a concretização da
dignidade dos animais não humanos, reconhecendo os respectivos direitos e
ocasionando mudança na forma como as pessoas convivem entre si e com os demais
animais não humanos.” (REsp 1797175/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 21/03/2019, REPDJe 13/05/2019, DJe 28/03/2019)
1.3 JUSTIÇA FEDERAL - TRFs
1.3 Justiça Federal
Proibição da Caça Amadora no RS.

“Com razão a sentença ao proibir, no condão do art. 225 da Constituição Federal, bem
como na exegese constitucional da Lei n.º 5.197/67, a caça amadorista, uma vez carente
de finalidade social relevante que lhe legitime (...). Ademais: 1). proibição da crueldade
contra animais - art. 225, § 1° , VII, da Constituição - e a sua prevalência quando
ponderada com o direito fundamental ao lazer, 2). incidência, no caso concreto, do art.
11 da Declaração Universal dos Direitos dos Animais, proclamada em 1978 pela
Assembléia da UNESCO, o qual dispõe que o ato que leva à morte de um animal sem
necessidade é um biocídio, ou seja, um crime contra a vida (...). 4. Embargos infringentes
providos.” (TRF4, EINF 2004.71.00.021481-2, SEGUNDA SEÇÃO, Relator CARLOS
EDUARDO THOMPSON FLORES LENZ, D.E. 02/04/2008)
1.3 Justiça Federal
Tratamento de Cães com Leishmanionse. O autor, médico veterinário, após vários processos
disciplinares, ajuizou a ação originária de "obrigação de não-fazer" contra o CRMV/MS com o escopo de
ver reconhecido seu direito de proceder ao tratamento de cães com sorologia positiva para leishmaniose
canina, afastando-se a aplicação da Portaria Interministerial nº 1.426/2008”.

“O sacrifício indiscriminado de cães, animais obviamente inocentes, afetados pela


Leishmaniose Visceral Canina, é uma das indecências que o ser humano comete em
"nome" de uma suposta preocupação com a saúde pública, quando se sabe que
existem tratamentos que podem acabar com os sinais clínicos e epidemiológicos
dessa zoonose, da qual o pobre animal é apenas um dos vetores (a raposa, o cavalo e os
seres humanos são outros, mas ninguém pensa, ainda e felizmente, em exterminá-los...) da
moléstia que é transmitida por meio da picada de um mosquito infectado por um
protozoário; (...)”
1.3 Justiça Federal
Tratamento de Cães com Leishmanionse.

“(...) na verdade a CAUSA maior dessa zoonose é a incúria, o descaso, a incompetência


do próprio Poder Público em erradicar as áreas de sujeira que infestam nossas
cidades - em detrimento das populações mais pobres - , sendo que o Poder Público
tenta "disfarçar" sua inépcia no setor do saneamento básico autorizando e
acoroçoando o holocausto dos pobre animais que são apenas vítimas da doença. “Os
veterinários que se opõe a esse holocausto inútil são objeto de processos administrativos
disciplinares com imposição de sanções, supostamente legitimadas em "portaria
interministerial" (PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 1.426) oriunda do Poder Público que
se omite em buscar a verdadeira solução para o problema, o qual se radica na deficiência
do saneamento básico e do recolhimento do lixo urbano de nossas cidades. (...)”
1.4 TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DOS ESTADOS – TJs
1.4 Tribunais de Justiça dos Estados
Judicialização terciária no Brasil: animais como sujeitos do processo

1. Caso Diego e outros vs. Barcino: 23 gatos autores de ação de reparação de danos
(jan. 2020 – Salvador/BA) 2. Caso Jack vs. Mello: cão, representado por ONG, demanda
seu próprio tutor por maus-tratos (jan. 2020 – Cascavel/PR) 3. Caso Boss e outros vs. BP
Pet Shop: cão, representado por seus tutores, processa o Pet Shop que lhe causou danos
físicos e morais (julho 2020 – Porto Alegre/RS) 4. Caso Pipoca e outro vs. Vieira: cão “de
rua”, representado por ONG, demanda pessoa que lhe efetuou disparos de arma de fogo,
pedido inclusive pensão mensal (ago. 2020 – Cascavel/PR) 5. Caso Aladim vs. Município
de Caruaru: cão, representado pelo seu tutor, pleiteia assistência à saúde para realizar
cirurgia de emergência que o tutor não tem como pagar (ago. 2020 – Caruaru/PE).
2 PLANO EXECUTIVO: AS POLÍTICAS PÚBLICAS
2) Plano Executivo
Políticas Públicas de atendimento aos animais

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público


municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar
de seus habitantes. (CRFB/88)
2) Plano Executivo
Políticas Públicas de atendimento aos animais
2.1 Educação;

2.2 Saúde Animal;

2.3 Segurança Pública;

2.4 Rede Integrada;

2.5 Política de Assistência à Proteção Independente;

2.6 Conselho Tutelar Animal;


2.1 Educação
Políticas Públicas de atendimento aos animais

A) Educação Animalista;
B) Educação Ambiental honesta;
C) Capacitação dos servidores Estaduais e Municipais
(Secretarias da Educação, Meio Ambiente, Saúde, Transporte,
Polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros, Guarda Municipal,
etc)
2.2 Saúde Animal
Políticas Públicas de atendimento aos animais

A) Construção de Hospitais Públicos Veterinários;


B) Controle Populacional;
C) Superação da ideia antropocêntrica dos Centros de Controle de
Zoonoses (Centros de Bem-Estar Animal);
D) Superação dos Veículos de Tração Animal (VTA’s), com
oportunidade de trabalho carroceiros, veículos de lata;
2.3 Segurança Pública
Políticas Públicas de atendimento aos animais

A) Polícia Militar e Polícia Civil devidamente capacitadas e atuantes;


A) Corpo de Bombeiros atuante;
B) Capacitação de Fiscais e Servidores dos Órgãos Ambientais
(Secretarias Estadual e Municipal do Meio Ambiente); (Ex: Estado
Paraíba: SUDEMA | Campina Grande/PB: SESUMA)
C) Capacitação dos Fiscais, Servidores dos Órgãos Sanitários Agentes
Comunitários de Saúde (Secretarias Estadual e Municipal de Saúde);
2.4 Rede Integrada
Políticas Públicas de atendimento aos animais

Articulação de Rede Integrada envolvendo o Estado, Clínicas


Veterinárias, ONG’s e Universidades no combate aos
maus-tratos.
2.5 Política de Assistência à Proteção
Independente
Políticas Públicas de atendimento aos animais
Desenvolvimento de política de assistência aos (às) Protetores (as)
Independentes, envolvendo:

A) Atendimento psicológico;
B) Cestas básicas, quando for o caso;
C) Alimento e medicação para os animais sob sua proteção,
sejam os domésticos, sejam os comunitários.
2.6 Conselho Tutelar Animal
Políticas Públicas de atendimento aos animais
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
I - atender os animais não-humanos nas hipóteses previstas em Lei;
II - atender e aconselhar os pais ou responsável;
III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social (...) trabalho e
segurança;
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de
suas deliberações.
2.6 Conselho Tutelar Animal
Políticas Públicas de atendimento aos animais
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou
penal contra os direitos da criança ou adolescente;
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para
planos e programas de atendimento dos direitos dos animais;
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos dos animais;
2.6 Conselho Tutelar Animal
Políticas Públicas de atendimento aos animais
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do
poder familiar, após esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do
adolescente junto à família natural.
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais, ações de divulgação
e treinamento para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em animais
não-humanos.
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender
necessário o afastamento do convívio familiar, comunicará o fato ao Ministério Público,
prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento e as providências tomadas
para a orientação, o apoio e a promoção social da família.
3 PLANO LEGISLATIVO: A CRIAÇÃO DE LEIS
ANIMALISTAS
3) Plano Legislativo
Criação de Leis Animalistas

3.1 Congresso Nacional;

3.2 Assembleias Legislativas;

3.3 Câmaras Municipais;


3.1 Congresso Nacional
Criação de Leis Animalistas

A) PL 6.054/2019;
B) PL 145/2021.
3.1 Congresso Nacional
PL 6.054/2019 - Animais não são coisas
Art. 3º Os animais não humanos possuem natureza jurídica sui generis e são
sujeitos com direitos despersonificados, dos quais devem gozar e, em caso
de violação, obter tutela jurisdicional, vedado o seu tratamento como coisa.

Parágrafo único. A tutela jurisdicional referida no caput não se aplica ao uso e à


disposição dos animais empregados na produção agropecuária e na pesquisa
científica nem aos animais que participam de manifestações culturais registradas
como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro,
resguardada a sua dignidade.
3.1 Congresso Nacional
PL 145/2021 - Capacidade Processual dos animais
Art. 1º. Os animais não-humanos têm capacidade de ser parte em processos
judiciais para a tutela jurisdicional de seus direitos. Parágrafo único. A tutela
jurisdicional individual dos animais prevista no caput deste artigo não exclui a sua
tutela jurisdicional coletiva. Art. 2º. O art. 75 da Lei n.º 13.105, de 16 de março de
2015 – Código de Processo Civil passa a vigorar acrescido do inciso XII, com a
seguinte redação:
“Art. 75………………………………………………………..
XII – os animais não-humanos, pelo Ministério Público, pela Defensoria
Pública, pelas associações de proteção dos animais ou por aqueles que
detenham sua tutela ou guarda.”
Dicas de Documentários

INSTITUTO NINA ROSA. A carne é fraca. (YOUTUBE)


ANDERSEN, Kip; KUHN, Keegan. Cowspiracy. 2014. (NETFLIX)

BONG, Joon-Ho. Okja. Coreia do Sul/EUA. 2017 (NETFLIX)

TABRIZI, Ali. Seaspiracy. 2021 (NETFLIX)


“Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde
houver ódio, que eu leve o amor, onde houver
ofensa, que eu leve o perdão, onde houver
discórdia, que eu leve a união, onde houver dúvida,
que eu leve a fé. Onde houver erro, que eu leve a
verdade, onde houver desespero, que eu leve a
esperança, onde houver tristeza, que eu leve a
alegria, onde houver trevas, que eu leve a luz. Ó
Mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser
consolado; compreender que ser compreendido,
amar que ser amado, pois é dando que se recebe, é
perdoando que se é perdoado e é morrendo que se
nasce para a vida eterna”

Imagem: São Francisco de Assis com o


lobo feroz que acolheu, na cidade de
Gúbio, na Úmbria, Itália.
contatoanneformiga@gmail.com
@nejaufpb

Muito obrigada!

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