Você está na página 1de 13

TUTELA DA FAUNA

Prof. Saulo Barroso

Legislação nacional sobre o tema:

Lei nº 5.179/67 – Código de caça;


Lei nº 9.605/98 – Crimes ambientais;
Lei nº 7.173/83 - Zoológicos;
Lei nº 10.519/02 – Defesa sanitária animal (rodeios);
Leis nº 7.679/88; e 7.643/87 - Pesca
Lei nº 11.794/08 – Uso científico de animais;
Resolução CONAMA nº 384/06 – Depósito doméstico provisório de
animais silvestres;
Lei de contravenções penais, entre outras.

1. CONCEITOS

Define-se a FAUNA, de forma sucinta, como o conjunto de animais


estabelecidos em uma região. A legislação ambiental, por sua vez, traz em seu
bojo uma série de conceitos legais, os quais detalharemos a seguir:

1.1. Código de Caça - Lei 5.179/67: Art. 1º. “Os animais de quaisquer
espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente
fora do cativeiro, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são
propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição,
destruição, caça ou apanha.”

Esse conceito restringe-se à fauna silvestre, posteriormente ampliado pela


CF/88, bem como pela lei 9.605/98, abrangendo outros animais, como os
domesticados, exóticos, etc.

1.2. Lei dos Crimes Ambientais - 9.605/98: Art. 29, § 3º. “São espécimes da
fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e
quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou em parte de seu
ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas
jurisdicionais brasileiras.”

1.3. A Portaria IBAMA 93/98, em exercício de seu poder normativo


regulamentar, conceitua animal silvestre, animal exótico, animal doméstico:

I - Animal Silvestre: são aqueles pertencentes às espécies nativas,


migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham a sua
vida ou parte dela ocorrendo naturalmente dentro dos limites do Território
Brasileiro e suas águas juridicionais.

Exemplos:, mico, morcego, quati, onça, tamanduá, ema, papagaio, arara,


canário-da-terra, tico-tico, galo-da-campina, teiú, jibóia, jacaré, jabuti,
tartaruga-da-amazônia, abelha sem ferrão, vespa, borboleta, aranha e
outros cujo acesso, uso e comércio é controlado pelo IBAMA.

II - Animal exótico: são aqueles cuja a distribuição geográfica não inclui o


Território Brasileiro. As espécies ou subespécies introduzidas pelo homem,
inclusive domésticas, em estado selvagem, também são consideradas
exóticas. Outras espécies consideradas exóticas são aquelas que tenham
sido introduzidas fora das fronteiras brasileiras e suas águas juridicionais e
que tenham entrado expontaneamente em Território Brasileiro.

Exemplos: leão, zebra, elefante, urso, ferret, javali, esquilo-da-mongólia,


tartatuga-japonesa, tartaruga-mordedora, tartaruga-tigre-d'água, cacatua,
entre outros.

III - Animal doméstico: são aqueles animais que através de processos


tradicionais e sistematizados de manejo e melhoramento zootécnico
tornaram-se domésticas, possuindo características biológicas e
comportamentais em estreita dependência do homem, podendo inclusive
apresentar aparência diferente da espécie silvestre que os originou.

Exemplos: gato, cachorro, cavalo, vaca, porco, galinha, pato, peru, avestruz,
codorna-chinesa, periquito-australiano.

2. NATUREZA JURÍDICA DA FAUNA

No direito brasileiro, com o advento da Carta Magna de 1988, a fauna passou


de res nullius a bem de uso comum do povo. Assim, apesar das controvérsias
doutrinárias, notadamente das associações de defesa dos animais, o conjunto
de animais (Fauna) não são sujeitos de direitos, e sim, bens de uso comum do
povo não passíveis de apropriação enquanto dotados de função ecológica.

Em razão das suas características e funções ambientais, abandonou-se o


tratamento jurídico de propriedade privada. Porém, há casos em que os
animais não têm o caráter de bem difuso, e sim, de bem particular (apenas no
âmbito do direito civil), a exemplo do animal doméstico em sua singularidade.

Cumpre salientar que, no tocante à responsabilidade penal, a lei dos crimes


ambientais tutela todas as formas animais.

3. MANUTENÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES EM CATIVEIRO

A Lei de Crimes Ambientais (lei 9.605/98), em seu art. 29, III, e § 2º, considera
fato típico a guarda (bem como outras condutas semelhantes) de animais
silvestres em cativeiro sem a devida permissão, licença ou autorização da
autoridade competente. Essa conduta não é passível de regularização, pois a
possibilidade de se ter um exemplar silvestre em casa é um estímulo a
atividade criminosa de traficantes. Vejamos o que preceitua a lei:

Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, UTILIZAR espécimes da


fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida
permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em
desacordo com a obtida:
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas:
(...)
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em
cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes
da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e
objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou
sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade
competente.
§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não
considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as
circunstâncias, deixar de aplicar a pena. (Grifos nossos)
(...)
Assim, a manutenção de animais silvestres em cativeiro é considerada crime se
a origem dos bichos não estiver devidamente documentada através de nota
fiscal emitida pelo comerciante, ou pelo criadouro que tenha autorização para
reproduzi-los em cativeiro. Nessa nota fiscal deve constar o nome cientifico e
popular do bicho, o tipo e número de identificação (anilha e/ou micro-chip)
individual do espécime.

Em casos de ilegalidade na posse do animal, as denúncias podem ser feitas em


uma delegacia de polícia ou junto ao Ministério Público, a autoridade policial é
obrigada a proceder à investigação de fatos que, em tese, configuram crime
ambiental, e o flagrante pode ser feito a qualquer momento, pois se trata de
crime permanente.

Na seara administrativa, o infrator também está sujeito à aplicação de multa,


por cada animal. No caso específico de assuntos relacionados à fauna silvestre,
até o ano de 2012, entendeu-se como autoridade competente o IBAMA. Porém,
uma das principais inovações trazidas pela Lei Complementar nº 140/11, foi a
distribuição com os estados das competências administrativas referentes à
fauna. Vejamos:

Art. 8o São ações administrativas dos Estados:


(...)
XVII - elaborar a relação de espécies da fauna e da flora ameaçadas de
extinção no respectivo território, mediante laudos e estudos técnico -
científicos, fomentando as atividades que conservem essas espécies in
situ;
XVIII - controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e larvas
destinadas à implantação de criadouros e à pesquisa científica,
ressalvado o disposto no inciso XX do art. 7 o;
XIX - aprovar o funcionamento de criadouros da fauna silvestre;

Animais como macacos, papagaios, araras e curiós só podem ser mantidos fora
de seu habitat natural por criadores devidamente legalizados e controlados pelo
órgão ambiental competente. Hoje existem diversos tipos de criadores
cadastrados (comerciais, amadores, conservacionistas, zoológicos e entidades
com fins científicos).

4. FUNÇÕES DA FAUNA

A tutela da Fauna se justifica por diversas finalidades, pois, além de ser parte
integrante do meio ambiente, os animais também possuem diversas outras
funções. Tais como:

4.1. Função ecológica: se apresenta nas diversas formas de interação dos


animais com os ecossistemas, sendo importantes na manutenção da
biodiversidade (difusão de sementes), controle de pragas, manutenção do
equilíbrio ecológico, etc.

4.2. Finalidade científica: diversos medicamentos são desenvolvidos à partir


de substâncias produzidas naturalmente por animais e insetos, tais como soro
antiofídico, vacinas, antibióticos, etc.

4.3. Finalidade recreativa: os animais, desde que foram domesticados,


mantiveram uma estreita relação com a sociedade, apresentando-se como
grandes companheiros da humanidade, como os cães, gatos e aves. Ademais,
existem também outras formas polêmicas de uso recreativo dos animais , como
os Clubes de caça e os espetáculos circenses.

OBS.: existe ainda a modalidade de criação em Jardins Zoológicos, prevista e


regulamentada pela lei nº 7.173/83, que os conceitua como qualquer coleção
de animais silvestres mantidos vivos em cativeiro ou em semi liberdade, e
expostos à visitação pública. Argumenta-se que não é vedada a exibição de
animais que não se submetam a maus tratos, desde que não tenham função
ecológica.

4.4. Finalidade cultural: como já relatamos anteriormente, no momento do


estudo da tutela do patrimônio cultural, algumas práticas são mantidas
atualmente em virtude de sua relevância histórica e cultural, em virtude da
ponderação de princípios constitucionais. A exemplo da farra do boi, da
vaquejada, dos riruais do candomblé, e do rodeiro (este último tem previsão
legal - leis 10.220/01 e 10.519/02).

Cumpre salientar que, inexistindo valores culturais de identificação de uma


população ou povo com alguma prática que utilize animais, deixa de existir o
aparente conflito entre o meio ambiente cultural e o ambiente cultural natural,
pois não existem valores culturais a serem preservados pela questionada
prática.

Neste sentido, o STF já se manifestou pela inconstitucionalidade do esporte


conhecido como “tourada”, por não ser patrimônio cultural brasileiro. Também
houve manifestação da suprema corte no sentido de declaração de
inconstitucionalidade da “briga de galos” (ADI 1.856).

5. CRUELDADE

De acordo com o dicionário Aurélio, crueldade “significa aquilo que se satisfaz


em fazer mal, submeter o animal a um mal além do necessário”.

Neste sentido, a Lei de Contravenções Penais (Dec-lei nº 3.688/41) traz em seu


art. 64 a previsão típica de crueldade. Vejamos:

Art. 64. Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a trabalho excessivo:


Pena – prisão simples, de dez dias a um mês, ou multa, de cem a
quinhentos mil réis.
§ 1º Na mesma pena incorre aquele que, embora para fins didáticos ou
científicos, realiza em lugar público ou exposto ao publico, experiência
dolorosa ou cruel em animal vivo.
§ 2º Aplica-se a pena com aumento de metade, se o animal é submetido a
trabalho excessivo ou tratado com crueldade, em exibição ou espetáculo
público.

O dispositivo supramencionado atualmente não prevalece em face dos preceitos


contidos na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº. 9.605/98), que tipifica como
crime as condutas assemelhadas. Vejamos:
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais
silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel
em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando
existirem recursos alternativos.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do
animal.

Neste tópico fazemos questão de ressaltar o entendimento antropocêntrico da


tutela da fauna, haja vista que, em nossa sociedade, a maioria das pessoas são
consumidoras de carne, bem como de outros produtos de origem animal, que
são, obviamente, mortos para a satisfação das necessidades humanas.

Em matéria ambiental, a crueldade só estará caracterizada se a prática contra


o animal não tiver por finalidade proporcionar ao homem uma sadia
qualidade de vida, ou, se os meios necessários não forem os adequados e
necessários á atividade.

Assim, não configura crime o abate de animais (domesticados) para consumo


humano, desde que criados e abatidos conforme o padrão normativo de
vigilância sanitária, ou seja, de forma higiênica, e sem causar sofrimento
desnecessário aos animais.

6. TUTELA DA CAÇA

Os atos de caça são definidos no art. 7º da lei n. 5.179/67 como “A utilização,


perseguição, destruição, caça ou apanha de espécimes da fauna silvestre (...)”.
Assim, trata-se de uma atividade permitida e regulamentada em nosso
ordenamento, desde que exercida conforme a lei, de maneira controlada por
autorização do poder público e dentro de um critério de sustentabilidade.
Além dos dispositivos contidos no Código de Caça, a lei dos crimes ambientais
(lei 9.605/98) também prevê algumas possibilidades de atipicidade da conduta,
a seguir:

Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado:


I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua
família;
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou
destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela
autoridade competente;
III – (VETADO)
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão
competente.

A prática da caça é dividida em duas principais formas: a PREDATÓRIA, que é


proibida; e a caça NÃO PREDATÓRIA, permitida e regulamentada pela lei. Por
sua vez, ambas as formas de caça são subdivididas em diversas outras
modalidades, as quais detalharemos a seguir:

6.1. CAÇA PREDATÓRIA

É a modalidade realizada para fins comerciais ou por mero deleite. Vedada


expressamente pela lei nº 5.179/67, subdivide-se em caça profissional e caça
sanguinária. Vejamos:

6.1.1. A Caça Profissional é aquela praticada com o intuito de obtenção do


lucro com a venda de produto ou subproduto extraído do animal silvestre. Art.
2º da lei nº 5.179/67.

6.1.2. A Caça sanguinária se caracteriza por ser praticada visando apenas o


puro prazer do abate, uma ilusória sensação de poder, deixando o animal
morto no local, sem nenhuma utilidade.
6.2. CAÇA NÃO PREDATÓRIA

Esta forma de caça legalmente prevista, regulamentada e permitida, por sua


vez, é aquela praticada com finalidades específicas, que determinam as
modalidades conforme a necessidade. As modalidades legalmente permitidas
serão explanadas a seguir, e são definidas como caça de controle, de
subsistência, científica e esportiva:

6.2.1. A Caça de Controle destina-se ao reequilíbrio de um ecossistema, em


decorrência do aumento populacional de alguns animais, bem como à proteção
da agricultura e da saúde pública, mediante licença da autoridade competente ,
indicando a espécie do animal, o perigo, o espaço e a duração da licença. O
aumento da espécie pode decorrer da ação do homem ou de alterações no
quadro natural em que vivem. Independentemente da causa, desde que
verificadas as possibilidades de manejo e estudos ambientais, a caça de
controle deve ser permitida, mas o seu produto não pode ser comercializado.

6.2.2. A Caça Esportiva ou Amadorista é destinada aos que possuem


autorização para esse esporte amador, normalmente integrante de algum clube
ou associação de caça ou tiro ao vôo (arts. 6º, e 12 da lei 5.179/67), e não se
confunde com a caça sanguinária, que é irresponsável e desautorizada.

Com fundamento no direito ao lazer, necessário à sadia qualidade de vida, e


diante de um critério de sustentabilidade, a caça amadorista é aceita, e a
licença poderá ser concedida quando houver superpopulação de animais
silvestres em determinada região.

OBS.: uma Ação civil pública proposta no Rio Grande do Sul (EI n.
2004.71.00.021481-2) resultou em julgamento de inconstitucionalidade dessa
prática pelo tribunal gaúcho, porém, sobre este tema o STF ainda não se
manifestou.
6.2.3. A Caça de Subsistência é aquela praticada com o intuito de manter a
subsistência do caçador e de sua família (art. 37, I, lei 9.605/98). Não se
permite a comercialização do produto da caça, apenas o consumo.

6.2.4. A Caça Científica é a modalidade exercida mediante permissão


concedida à cientistas para coleta de material (animais e insetos), utilização e
constatação da eficácia de novos remédios com a finalidade de descobrir a cura
de doenças ou novos tratamentos (art. 14 da lei 5.179/67). A captura de
animais deve ocorrer na exata medida da autorização concedida, sendo vedada
a coleta em épocas de reprodução, bem como não se permite a utilização para
fins comerciais ou esportivos. Ver também lei que regulamenta o uso científico
de animais – lei n. 11.794/08.

7. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

A Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção é


um dos mais importantes instrumentos utilizado pelo governo para a
conservação da biodiversidade, onde são apontadas as espécies que, de alguma
forma, estão ameaçadas quanto à sua existência.

As listas são publicadas sob a forma de Instruções Normativas do Ministério do


Meio Ambiente, e são constantemente revisadas, devido às alterações
populacionais decorrentes de intervenções conservacionistas e outras ações do
Poder Público e de ONGs, visando a preservação das espécies. Atualmente, as
listas em vigor são as seguintes:

Instrução Normativa MMA nº 03, de 27 de maio de 2003 - Lista Oficial das


Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (considerando apenas os
seguintes grupos de animais: anfíbios, aves, invertebrados terrestres,
mamíferoes e répteis);

Instrução Normativa MMA nº 05, de 21 de maio de 2004 - Lista Oficial das


Espécies de Invertebrados Aquáticos e Peixes Ameaçados de Extinção;

Instrução Normativa MMA nº 52, de 08 de novembro de 2005 - Altera os


anexos I e II da Instrução Normativa MMA nº 05, de 21 de maio de 2004.
TUTELA DA PESCA

Relacionamos abaixo a legislação nacional sobre o tema:

Decreto -lei nº 221/67 - Código de Pesca;


Lei nº 7.643/87– Pesca de Cetáceo;
Lei nº 11.380/06 – Embarcações de Pesca Estrangeiras;
Lei nº 11.699/08 – Colônias, Federações e Confederação Nacional dos
Pescadores;
Lei nº 11.959/09 – Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da
Aqüicultura e da Pesca.

1. CONCEITO

O conceito legal de pesca pode ser extraído da lei dos crimes ambientais, que
em seu art. 36 a define como sendo “todo ato tendente a retirar, extrair,
coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes,
crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de
aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção,
constantes nas listas oficiais de fauna e flora.”

A atividade pesqueira ainda é classificada em: pesca artesanal e industrial; e


não comercial. A pesca comercial subdivide-se em pesca científica, amadora e
de subsistência.

2. REGULAMENTAÇÃO

O Decreto - lei nº 221/67 preceitua que a pesca poderá ser exercida por
empresas pesqueiras e por amadores, nacionais ou estrangeiros, mediante
autorização anual. A licença é dispensada para pescadores que usem linha de
mão, desde que não exerçam atividade comercial.
Para as empresas estrangeiras, há ainda a necessidade de registro de suas
embarcações de pesca, na forma prevista pela lei nº 11.380/06. O DL nº
221/67 prevê ainda a proibição do uso de determinadas embarcações, bem
como também veda o uso de alguns instrumentos para a pesca, tais como:

Lei nº 11.959/09, art. 6º, § 1o Sem prejuízo do disposto no caput deste


artigo, o exercício da atividade pesqueira é proibido:
I – em épocas e nos locais definidos pelo órgão competente;
II – em relação às espécies que devam ser preservadas ou espécimes com
tamanhos não permitidos pelo órgão competente;
III – sem licença, permissão, concessão, autorização ou registro expedido
pelo órgão competente;
IV – em quantidade superior à permitida pelo órgão competente;
V – em locais próximos às áreas de lançamento de esgoto nas águas, com
distância estabelecida em norma específica;
VI – em locais que causem embaraço à navegação;
VII – mediante a utilização de:
a) explosivos;
b) processos, técnicas ou substâncias que, em contato com a água,
produzam efeito semelhante ao de explosivos;
c) substâncias tóxicas ou químicas que alterem as condições naturais da
água;
d) petrechos, técnicas e métodos não permitidos ou predatórios.

A norma mais atual e relevante sobre a tutela da pesca é a lei nº 11.959/09,


que institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aqüicultura
e da Pesca, trazendo vários conceitos e prevendo diversos instrumentos que
visam incentivar a atividade de forma sustentável.

3. TUTELA PENAL DA PESCA

A lei nº 7.643/87 proíbe a pesca ou qualquer forma de molestamento de toda


espécie de Cetáceo nas águas jurisdicionais brasileiras, atribuindo para tal
conduta a sanção de reclusão por 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Ainda em matéria penal, a lei dos crimes ambientais também traz uma norma
heterogênea sobre a pesca, ou seja, aquela que depende de complemento por
outra espécie normativa diversa da lei. Vejamos:

Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares


interditados por órgão competente:
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:
I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos
inferiores aos permitidos;
II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização
de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos;
III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes
provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas.
Art. 35. Pescar mediante a utilização de:
I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito
semelhante;
II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade
competente:
Pena - reclusão de um ano a cinco anos.

Cumpre ressaltar que boa parte da regulamentação sobre a pesca é fixada por
meio de atos normativos, emanados por autoridades administrativas
competentes, e determinam os períodos de proibição da pesca ou os lugares
interditados, observando as peculiaridades regionais.

Você também pode gostar