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INTRODUÇÃO
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em
rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou
em desacordo com a obtida:
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas:
I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a
obtida;
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;
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III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito,
utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota
migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não
autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.
§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção,
pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas,
migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo
de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais
brasileiras.
§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:
I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da
infração;
II - em período proibido à caça;
III - durante a noite;
IV - com abuso de licença;
V - em unidade de conservação;
VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa.
§ 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça profissional.
§ 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca.
Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a
autorização da autoridade ambiental competente:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
De acordo com o art. 30, constitui crime exportar para o exterior peles e couros de
anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente. Punível
com reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença
expedida por autoridade competente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Também é crime introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial
favorável e licença expedida por autoridade competente, o qual é punível com detenção, de
três meses a um ano, e multa.
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo,
ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
§ 1º-A Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas descritas no caput deste
artigo será de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e proibição da guarda.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão
competente:
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
De acordo com o art. 34, pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em
lugares interditados por órgão competente é punível com detenção de um ano a três anos ou
multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair,
coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos,
moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas
as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.
Nos termos do art. 36 da lei n. 9.605/98, a pesca está relacionada aos peixes,
crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, não fazendo relação aos mamíferos marinhos.
Assim, a captura sem autorização de baleias e golfinhos configuraria caça e não pesca, senão
vejamos:
Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar,
extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos,
moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas
as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora. No
entanto, deve-se ressaltar que a Lei n. 7.643/87 utiliza a terminologia pesca ao tratar dos
cetáceos (mamíferos marinhos como a baleia e o golfinho). A referida lei proíbe a pesca, ou
qualquer forma de molestamento, de cetáceos nas águas jurisdicionais brasileiras.
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em
formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
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Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da
autoridade competente:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o
art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 1º Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Integral as Estações Ecológicas, as
Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida
Silvestre.
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Art. 40-A
§ 1º Entende-se por Unidades de Conservação de Uso Sustentável as Áreas de Proteção
Ambiental, as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, as Florestas Nacionais, as Reservas
Extrativistas, as Reservas de Fauna, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável e as
Reservas Particulares do Patrimônio Natural.
§ 2º A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades
de Conservação de Uso Sustentável será considerada circunstância agravante para a fixação
da pena.
§ 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
Art. 42 Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas
florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento
humano.
Art. 43 Fazer ou usar fogo, por qualquer modo, em florestas ou nas demais formas de
vegetação, sem tomar as precauções necessárias para evitar a sua propagação (VETADO).
O dispositivo em comento foi vetado, haja vista ter sido a expressão “precauções
necessárias” considerada demasiadamente imprecisa, o que poderia dar ensejo a aplicações
abusivas ou desproporcionais e, consequentemente, causar certa insegurança jurídica.
Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato do Poder
Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou
não, em desacordo com as determinações legais.
Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e
outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada
pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final
beneficiamento.
Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de
ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa.
Traz um tipo penal que pune atos preparatórios (intenção de caça ou exploração),
sendo considerado crime formal (basta o ingresso nas unidades de conservação com os
instrumentos citados). O crime se consuma com o simples ingresso, independente de ocorrer a
caça ou exploração – consumação antecipada. Ocorrendo a caça ou a exploração responderá
pelo crime mais grave (de caça – Art 29 §4º inciso V e dano a unidade de conservação – Art
40), ficando este crime do art. 52 absolvido por ser crime meio.
Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um
terço) se:
I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a modificação do
regime climático;
II - o crime é cometido:
a) no período de queda das sementes;
b) no período de formação de vegetações;
c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a ameaça ocorra somente no
local da infração;
d) em época de seca ou inundação;
e) durante a noite, em domingo ou feriado.
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar
em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição
significativa da flora:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
§ 2º Se o crime:
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;
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II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos
habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;
III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de
água de uma comunidade;
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou
substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando
assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano
ambiental grave ou irreversível.
Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente
autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou
explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do
órgão competente.
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Esse tipo penal busca evitar que atividades potencialmente degradadoras sejam
realizadas sem chancela estatal. Assim, o objetivo é a proteção do meio ambiente, a
preservação da natureza e o desenvolvimento sustentável, de modo a resguardar os direitos
fundamentais da pessoa humana.
O sujeito ativo dessa conduta é amplo, podendo ser pessoa física ou jurídica,
incluindo diretor, administrador, auditor, membros de conselhos e entre outros quando
puderem agir para impedir o comportamento ilícito. Já o sujeito passivo, será toda a coletiva
e, de forma indireta, o proprietário da área explorada, como a União.
Por fim, apesar do aparente conflito do artigo supramencionado com o art. 2º da
Lei nº. 8.176/91, que define crimes contra a ordem econômica e protege o patrimônio da
União, os tribunais entendem que as leis tutelam bens jurídicos distintos e, por conta disso, a
aplicação não configura bis in idem.
Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar,
armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva
à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis
ou nos seus regulamentos:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:
I - abandona os produtos ou substâncias referidos no caput ou os utiliza em desacordo com as
normas ambientais ou de segurança
II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá destinação
final a resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou regulamento.
§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é aumentada de um sexto a
um terço.
§ 3º Se o crime é culposo: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do
território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem
licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e
regulamentares pertinentes:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
potencialmente poluidoras, dado que compete a todos os entes federados a defesa do meio
ambiente, na forma do artigo 23, VI, da CF.
Diante disso, embora as divergências existentes, defendemos, conforme a mais
moderna orientação do STJ, que o crime do artigo 60 da Lei dos Crimes Ambientais é de
mera conduta e de perigo abstrato.
Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à
pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas:Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar: I - bem especialmente protegido por lei, ato
administrativo ou decisão judicial; II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca,
instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção, sem
prejuízo da multa.
Esse artigo prevê que a autorização para proceder a alterações é exigível não
apenas em relação aos bens tombados, levando-se em conta, também, as demais formas de
proteção já referenciadas.
A autorização a que se refere o dispositivo constitui manifestação do poder
discricionário da Administração. A negação da autorização, que, aliás, deverá ser
necessariamente motivada, poderá ser, porém, revista pelo Judiciário, o que elidirá a ilicitude
do fato, com a determinação judicial de expedição da autorização pretendida pelo particular.
Em contrapartida, a autorização do Poder Público suspensa pelo Judiciário por vício de
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ilegalidade, em sede de ação civil pública ou ação popular, p. ex., não tem o condão de afastar
a caracterização do crime, que poderá ser praticado em concurso com o delito de
desobediência à ordem judicial
O tipo penal desenhado neste artigo exige o dolo (na doutrina tradicional, dolo
genérico) para a sua caracterização. A pessoa física ou jurídica que saiba ou esteja em
condições de saber que o bem é alvo de proteção e, ainda assim, procede às alterações nele, à
revelia da autoridade administrativa, deve responder pelo crime. A consumação do delito
dá-se com a efetiva implementação da alteração sem a competente autorização administrativa
ou com a realização da modificação em desacordo com o que fora autorizado. Admite-se
tentativa.
Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim considerado
em razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso,
arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em
desacordo com a concedida:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
O art. 64 da Lei n. 9.605/98, à sua vez, guarda relação com o disposto no art. 18
do Decreto-Lei n. 25/37, segundo o qual, sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (hoje IPHAN), no âmbito federal, não se poderá fazer
construção que impeça ou reduza a visibilidade da coisa tombada. Protege-se, a um só tempo,
o ordenamento urbano e o patrimônio cultural. Agora, além da multa administrativa e da
demolição da obra ali previstas, a construção em área não-edificável, em razão do rol
axiológico do art. 64, ou em seu entorno, constitui crime, se não houver autorização do órgão
incumbido da preservação do patrimônio cultural, ou se a obra for realizada em desacordo
com o que fora autorizado. Note-se que não se exige apenas a figura do tombamento. Assim, a
conduta delitiva pode pressupor tanto o tombamento como outras modalidades de proteção
referenciadas no art. 216, § 1°, da Constituição Federal. O crime pode ser praticado por
qualquer pessoa física ou jurídica, ainda que não seja a proprietária da área. O dolo é essencial
ao aperfeiçoamento do tipo penal. Não há a forma culposa. O crime do art. 64 considera-se
consumado com o mero início da construção, admitindo-se, pois, a tentativa.
Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
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§ 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico,
arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa.
§ 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o
patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo
proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de
bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais
e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e
conservação do patrimônio histórico e artístico nacional.
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e inexistindo, quanto aos crimes
ambientais, dispositivo constitucional ou legal expresso sobre qual a Justiça competente para
o seu julgamento, tem-se que, em regra, o processo e o julgamento dos crimes contra o meio
ambiente é de competência da Justiça Comum Estadual.
faz presente quando existir qualquer lesão direta e imediata a bens, serviços ou interesses da
União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas (artigo 109, IV, da CF).
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Avis atrativada Justiça Federal, como já dito, exerce-se a partir dos três elementos
contidos no inc. IV, do art. 109, da CF: em detrimento de bem, serviço ou interesse da União
ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas. Não é necessário para atrair a
competência federal que os três elementos estejam presentes na mesma infração. Basta que só
um seja tocado pelo crime para a configuração da norma de fixação da competência criminal
geral da Justiça Federal.
Para a incidência da norma constitucional (art. 109, IV), basta a ofensa direta a
conceituar dano ou ofensa a bem como o prejuízo (uma alteração negativa da situação
jurídica, material ou moral) causado a alguém por um terceiro. O dano ambiental, portanto, é
a ofensa jurídica, material ou moral ao titular de um meio ambiente sadio e de qualidade. Na
verdade, o conceito de dano ambiental, assim como o de meio ambiente, é aberto, ou seja,
sujeito a ser preenchido casuisticamente, de acordo com cada realidade concreta que se
apresente ao intérprete.
O conceito de bens de um ente federal transcende a noção privatística de
patrimônio, no sentido do conjunto de relações de créditos e débitos de uma determinada
pessoa. Patrimônio de um ente federal será, por conseguinte, o conjunto de todos os bens,
sejam eles de qualquer natureza, sob domínio público ou privado, afetados a seu próprio uso
ou ao uso direto ou indireto da coletividade. Na prática, pode ser atingido um número
incomensurável de objetos. É irrelevante, portanto, para a configuração do dano a bem da
União, se este é material ou imaterial, se causa ou não efetivo prejuízo.
Não se pode confundir patrimônio nacional com bem (ou patrimônio) da União. O
patrimônio nacional é algo que pertence à população de determinado país indistintamente, de
forma que todos os nacionais se identificam, querem cuidar e preservar, enquanto o
patrimônio federal é aquele atribuído à União, que assume a titularidade do bem, tendo o
dever e a responsabilidade de proteger.
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Não é qualquer interesse que atrai a competência da Justiça Federal. Deve ser um
interesse federal qualificado, ou seja, direto, específico e imediato . É esse interesse jurídico
qualificado, direto ou imediato, a medida verdadeira que torna competente a Justiça Federal
para prestar a tutela penal ambiental.
1. A empresa
2. O Estado
Um debate que não existe mais em alguns países do mundo, como a Alemanha,
que visa integrar o desenvolvimento tecnológico e industrial com a manutenção de áreas
naturais, claro que essa lição foi aprendida a duras penas, porém mostra que é uma tarefa
possível de ser cumprida, cabe às pessoas também se conscientizarem para corrigir seus
governos.
Quanto ao crime da Vale em Brumadinho, o governo de Minas firmou acordo com
a empresa no valor de 37 bilhões, sendo que não há transparência nem participação popular na
definição de destinação desse recurso, não sendo possível garantir que esses recursos serão
destinados à reparação dos danos causados pela Vale. Os recursos foram distribuídos para
todos os Municípios de Minas, em clara política eleitoreira do Zema.