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RECURSOS
AMBIENTAIS
Introdução
A legislação ambiental foi concebida ao longo das necessidades huma-
nas mais aparentes e das prioridades econômicas, principalmente no
Brasil. Nas últimas décadas, com muitos impactos ambientais sentidos
pela sociedade, leis completas e com foco no interesse da coletividade
ganharam força e peso.
Neste capítulo, você será apresentado às principais leis ambientais,
à sua relevância e aos princípios jurídicos nas quais foram embasadas.
É esperado que, após a leitura do material, você entenda a grande res-
ponsabilidade que é realizar a gestão dos recursos naturais, tendo em
vista a legislação e a sustentabilidade, mas que, com certeza, é meritosa.
Como você pode notar, a evolução da legislação foi lenta e atrelada, muitas
vezes, aos interesses de Portugal, que via o Brasil apenas como fonte de riquezas
para exploração. Esse modo de crescimento afetou a natureza nacional e ainda
é presente no país. Com o Brasil independente e republicano, inúmeras leis
surgiram e alteraram, de forma definitiva, a relação da sociedade com o meio
ambiente. A seguir, serão apresentadas importantes leis vigentes que poderão
ser consultadas, na íntegra, no site do Senado Brasileiro.
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Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre,
nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização
da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas:
I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em de-
sacordo com a obtida;
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural.
§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ame-
açada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de
aplicar a pena.
§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies
nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham
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todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território
brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.
§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:
I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que so-
mente no local da infração;
II - em período proibido à caça.
§ 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça
profissional (BRASIL, 1998).
https://goo.gl/FsBVBL
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https://goo.gl/0q4Ou
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Figura 1. O crime para caça e/ou reclusão de animais silvestres, sem permissão, é de
reclusão de até 1 ano e multa.
Fonte: icosha/Shutterstock.com.
Princípio da precaução
Todas as atividades que envolvem o meio ambiente deixam impactos, sejam
eles positivos ou negativos. Estabelecer os riscos da intervenção e avaliar os
prejuízos e o planejamento para contenção é uma questão ética. Na dúvida de
possíveis danos e restrições, até mesmo o impedimento da ação acaba por ser
o mais seguro. De maneira sucinta, o princípio rege a cautela para qualquer
atividade no meio ambiente.
Princípio da responsabilidade
Concomitante ao Art. 225º da Constituição, o princípio da responsabilidade
preconiza que os causadores de prejuízos ambientais sofrerão as devidas penas
(BRASIL, 1988). Estas podem ser sanções penais, cíveis ou administrativas.
Tanto os custos da reparação ou da compensação também são arcados pelos
culpados, que podem ser pessoas físicas ou jurídicas, e até mesmo o erro de
prevenção ou de precaução são cabíveis de penalização. A Figura 2 representa
um caso hipotético que envolve a disposição de rejeitos de forma inadequada.
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Figura 2. Apesar de serem proibidos por lei, os “lixões” ainda são comuns no Brasil.
Fonte: kaband/Shutterstock.com.
Imagine que houve uma denúncia, por parte de uma ONG (Organização Não Gover-
namental) ambiental, relatando que uma fábrica de calçados de determinada cidade
está despejando os resíduos da produção de maneira irregular no antigo “lixão”. A
autoridade ambiental verificou o aterro e identificou uma grande quantidade de couros,
panos, sapatos e plástico, inclusive com a marca do empreendimento estampado, o
que não deixou mais dúvidas.
A indústria, em consonância com o Princípio da Responsabilidade e a Política Nacional
dos Resíduos Sólidos, recebeu a seguinte pena: incinerar os produtos tóxicos, proibição
da produção até apresentar o plano de destino dos resíduos e multa.
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Princípio do equilíbrio
Antes de implementar uma ação sobre o meio ambiente, o responsável precisa
contrabalancear todos os prós e os contras. Caso a iniciativa pese negativamente
para o meio ambiente, há desequilíbrio e necessidade de adaptação. Todas
as possíveis consequências da operação devem ser rastreadas e a escolha
da continuidade da intervenção decidida pelos benefícios que trará, sob os
aspectos econômicos, ambientais e sociais.
Princípio da prevenção
O princípio indica que os riscos e os danos ambientais de conhecimento notório
devem ser devidamente prevenidos. Com base em prejuízos consolidados na
literatura científica ou os apontados pelo Estudo de Impacto Ambiental, estes
necessitam ser estudados e trabalhados com cautela para que as lesões ao meio
ambiente sejam prevenidas.
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Leituras Recomendadas
ALVIM, M. Novo Código Florestal: cinco anos depois. O Globo, 04 jun. 2017. Disponível
em: <https://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/meio-ambiente/novo-codigo-
-florestal-cinco-anos-depois-21432468>. Acesso em: 09 fev. 2018.
SILVA, F. L. P.; FELÍCIA, M. J. Os princípios gerais do direito ambiental. Colloquium
Socialis, Presidente Prudente, v. 1, n. esp., p. 632-640, jan./abr. 2017. Disponível em:
<http://www.unoeste.br/site/enepe/2016/suplementos/area/Socialis/Direito/OS%20
PRINC%C3%8DPIOS%20GERAIS%20DO%20DIREITO%20AMBIENTAL.pdf>. Acesso
em: 09 fev. 2018.
SILVA, G. C. L. Os princípios do direito ambiental. [S.l.]: E-Gov, 2012. Disponível em: <http://
www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/os-princ%C3%ADpios-do-direito-ambiental>.
Acesso em: 09 fev. 2018.