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CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DO 37º EXAME DA ORDEM DOS

ADVOGADOS DO BRASIL (OAB)


Direito Ambiental
2 Rubens Vaz Júnior

APRESENTAÇÃO

Estimados Guerreiros e Guerreiras!

É com muita alegria que apresentamos o módulo de Direito Ambiental do preparatório para o 37º
exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Sejam todos muito bem-vindos!

Preparei esse roteiro pensando no seu exame e sabendo da importância desses temas para sua prova,
então, valerá a pena o nosso esforço durante essas aulas!

Nosso módulo não dispensa suas anotações pessoais e, principalmente, a leitura e os grifos dos
dispositivos específicos de cada assunto que abordaremos. Utilize, portanto, o seu Vade Mecum (1ª Fase
da OAB e Concursos) e vamos juntos!

Espero que vocês tenham um excelente proveito!

Receba o nosso sincero abraço!

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EVOLUÇÃO HISTÓRICA

▪ 1605 – Surge a primeira lei de cunho ambiental no País: o Regimento do Pau-Brasil, voltado à
proteção das florestas.

▪ 1797 – Carta régia afirma a necessidade de proteção a rios, nascentes e encostas, que passam a ser
declarados propriedades da Coroa.

▪ 1799 – É criado o Regimento de Cortes de Madeiras, cujo teor estabelece rigorosas regras para a
derrubada de árvores.

▪ 1850 – É promulgada a Lei nº 601/1850, primeira Lei de Terras do Brasil. Ela disciplina a ocupação
do solo e estabelece sanções para atividades predatórias.

▪ 1911 – É expedido o Decreto nº 8.843, que cria a primeira reserva florestal do Brasil, no antigo
Território do Acre.

▪ 1916 – Surge o Código Civil Brasileiro, que elenca várias disposições de natureza ecológica. A
maioria, no entanto, reflete uma visão patrimonial, de cunho individualista.

▪ 1934 – São sancionados o Código Florestal, que impõe limites ao exercício do direito de
propriedade, e o Código de Águas. Eles contêm o embrião do que viria a constituir, décadas depois,
a atual legislação ambiental brasileira.

▪ 1964 – É promulgada a Lei 4.504, que trata do Estatuto da Terra. A lei surge como resposta a
reivindicações de movimentos sociais, que exigiam mudanças estruturais na propriedade e no uso
da terra no Brasil.

▪ 1965 – Passa a vigorar uma nova versão do Código Florestal, ampliando políticas de proteção e
conservação da flora. Inovador, estabelece a proteção das áreas de preservação permanente.

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▪ 1967 – São editados os Códigos de Caça, de Pesca e de Mineração, bem como a Lei de Proteção a
Fauna. Uma nova Constituição atribui à União competência para legislar sobre jazidas, florestas,
caça, pesca e águas, cabendo aos Estados tratar de matéria florestal.

▪ 1975 – Inicia-se o controle da poluição provocada por atividades industriais. Por meio do Decreto-
Lei 1.413, empresas poluidoras ficam obrigadas a prevenir e corrigir os prejuízos da contaminação
do meio ambiente.

▪ 1977 – É promulgada a Lei 6.453, que estabelece a responsabilidade civil em casos de danos
provenientes de atividades nucleares.

▪ 1981 – É editada a Lei 6.938, que estabelece a Política Nacional de Meio Ambiente. A lei inova ao
apresentar o meio ambiente como objeto específico de proteção.

▪ 1985 – É editada a Lei 7.347, que disciplina a ação civil pública como instrumento processual
específico para a defesa do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.

▪ 1988 – É promulgada a Constituição de 1988, a primeira a dedicar capítulo específico ao meio


ambiente. Avançada, impõe ao Poder Público e à coletividade, em seu art. 225, o dever de defender
e preservar o meio ambiente para as gerações presentes e futuras.

▪ 1991 – O Brasil passa a dispor da Lei de Política Agrícola (Lei 8.171). Com um capítulo
especialmente dedicado à proteção ambiental, o texto obriga o proprietário rural a recompor sua
propriedade com reserva florestal obrigatória.

▪ 1998 – É publicada a Lei 9.605, que dispõe sobre crimes ambientais. A lei prevê sanções penais e
administrativas para condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

▪ 2000 – Surge a Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei nº 9.985/00), que prevê
mecanismos para a defesa dos ecossistemas naturais e de preservação dos recursos naturais neles
contidos.

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▪ 2001 – É sancionado o Estatuto das Cidades (Lei 10.257), que dota o ente municipal de mecanismos
visando permitir que seu desenvolvimento não ocorra em detrimento do meio ambiente.

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GENERALIDADES

❖ Direito ambiental é um ramo do direito, constituindo um conjunto de princípios jurídicos e de


normas jurídicas voltado à proteção jurídica da qualidade do meio ambiente.
❖ Para alguns, trata-se de um direito "transversal" ou "horizontal", que tem por base as teorias
geopolíticas ou de política ambiental transpostas em leis específicas, pois abrange todos os ramos
do direito.
❖ Considerado como ramo do direito que visa a proteção não somente dos bens vistos de uma forma
unitária, como se fosse microbens isolados, tais como rios, ar, fauna, flora (ambiente natural),
paisagem, etc, mas como um macrobem, incorpóreo, que englobaria todos os microbens em
conjunto bem como as suas relações e interações.
❖ Direito que visa tutelar a flora, fauna, água, solo, subsolo e ar atmosférico.
o O solo ganha destaque dentro do direito ambiental, vez que, o direito a propriedade pode ser
relativizado.
❖ Em regra, o direito ambiental é de competência da União.

Natureza Jurídica de Direito Ambiental – Divergência teórica sobre o tema, tornando-se claro, não
obstante, que sua natureza jurídica é de direito difuso, haja vista ser o meio ambiente de cada indivíduo
e de todos simultaneamente.

Sujeitos do Direito Ambiental – O meio ambiente é ubíquo e, por estar em todos os lugares, acaba por
vincular-se a um número indeterminado de pessoas.

Finalidade do Direito Ambiental – Esse ramo do direito envolve um conjunto de normas jurídicas,
que tem por função, a defesa do meio ambiente ecologicamente equilibrado, voltado para a sadia
qualidade de vida e à preservação de todas as espécies vivas existentes no planeta > O direito ambiental
ocupa-se da tutela jurídica do meio ambiente (fauna, flora, água, subsolo, etc).

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▪ Preservação > proteção ambiental à longo prazo > visando as gerações futuras.
▪ Restauração > restituir um ecossistema ou população silvestre > se a restituição não for possível,
caberá a indenização.
▪ Manejo > gestão adequada dos ecossistemas, pelo poder público.
▪ Patrimônio genético > informação de origem genética contida em amostras > regulado pela Lei de
Biossegurança (Lei 11.105/05).

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A Educação Ambiental é a construção de valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para conservação do meio ambiente. > art. 225, p. 1, inciso VI, CF/88.

A Lei 9795 de 1999 dispõe sobre a educação


ambiental, institui a Política Nacional de Educação
Ambiental e dá outras providências.

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FONTES DO DIREITO AMBIENTAL

As fontes de proteção do meio ambiente são as leis, os


princípios gerais de direito, o costume, a jurisprudência e a
doutrina. Em alguns casos, a analogia e a equidade.

❖ Encontramos fontes criadas pelos poderes legislativos dos Estados, como fontes criadas pelos
Estados durante as conferências internacionais.
❖ A preservação do meio ambiente é princípio da atividade econômica do Estado brasileiro,
conforme disciplina o artigo 170 da Constituição Federal.
❖ As leis, como as principais fontes de Direito são elaboradas em níveis federal, estadual, distrital e
municipal, que devem ser compatíveis com os princípios constitucionais que as norteiam. A Política
Nacional de Proteção do Meio Ambiente está definida na Lei n. 6938/81, que define meio ambiente
como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica,
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”, nos termos do artigo 3º.
❖ A doutrina é também fonte do direito ambiental e contribui para a construção de conceitos, de
valores mal definidos nos diversos instrumentos jurídicos. A hermenêutica jurídica pode contribuir
para interpretar as normas internas e internacionais mais favoráveis aos interesses coletivos e não
individuais.

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TIPOLOGIA DO MEIO AMBIENTE

O MEIO AMBIENTE PODERÁ SER:

I. Artificial: Quando há intervenção do homem (antrópicas).


Ex.: espaços urbanos.

II. Cultural: Integrado ao aspecto histórico, arquitetônico, artístico,


paisagístico e turístico.
Ex.: patrimônio ambiental rico.

III. Natural: Elementos da biosfera.


Ex.: ar, água, solo, fauna, flora, etc.

IV. Trabalho: Vinculado à saúde do trabalhador (art. 200, VIII, CF/88).


Ex.: protocolos contra covid-19 (máscara, distanciamento, álcool em gel), etc.

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PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL

I. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana – O homem tem o direito fundamental à liberdade, à


igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas, em um meio ambiente de qualidade tal que
permita levar uma vida digna, gozar de bem-estar e é portador solene da obrigação de proteger e
melhorar o meio ambiente, para as gerações presentes e futuras.

II. Princípio do Direito Humano Fundamental ao Meio Ambiente Sadio (Art. 225, caput, CF) –
Busca garantir a utilização contínua e sustentável dos recursos naturais que, apesar de poderem ser
utilizados, carecem de proteção para que também estejam disponíveis às futuras gerações. Para tanto é
necessário que as atuais gerações tenham o direito de não serem postas em situações de total
desarmonia ambiental.

III. Princípio do Desenvolvimento Sustentável – O princípio do desenvolvimento sustentável foi


desenvolvido inicialmente na Conferência de Estocolmo de 1972, e repetido inúmeras vezes nas
conferências mundiais que se sucederam, segundo o qual se baseia a noção da necessidade da
coexistência harmônica do desenvolvimento econômico com os limites ambientais, para que estes não
se esgotem, mas que fiquem preservados para as futuras gerações.
o Crescimento econômico, preservação ambiental e equidade social, de forma simultânea.
o O desenvolvimento econômico na CRFB/88, em relação ao crescimento econômico, divide-
se:
a) Princípio da ordem econômica: Harmonização entre atividade econômica e
preservação ambiental (art. 170, VI).
b) Propriedade privada: Valor constitutivo da sociedade brasileira, fundada no
modo capitalista de produção, visando incentivar o crescimento econômico
(art. 170, II).
c) Princípio da função social da propriedade: Para evitar abusos na utilização da
propriedade em prejuízo da coletividade (art. 170, III).

IV. Princípio da Prevenção – Objetiva impedir que ocorram danos ao meio ambiente, concretizando-
se, portanto, pela adoção de cautelas, antes da efetiva execução de atividades potencialmente
poluidoras e/ou utilizadoras de recursos naturais. Aplica-se o Princípio da Prevenção naquelas
hipóteses onde os riscos são conhecidos e previsíveis, de modo a se exigir do responsável pela atividade
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impactante a adoção de providências visando, senão eliminar, minimizar os danos causados ao meio
ambiente. Os riscos são conhecidos e previsíveis.

V. Princípio da Precaução – Possui âmbito de aplicação diverso, embora o objetivo seja idêntico ao do
Princípio da Prevenção, qual seja, antecipar-se à ocorrência das agressões ambientais. Hipóteses em
que os riscos são desconhecidos e imprevisíveis, impondo à Administração Pública um comportamento
muito mais restritivo quanto às atribuições de fiscalização e de licenciamento das atividades
potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos naturais.

VI. Princípio do Poluidor Pagador – instrumento econômico e também ambiental, que exige do
poluidor, uma vez identificado, suportar os custos das medidas preventivas e/ou das medidas cabíveis
para, senão a eliminação pelo menos a neutralização dos danos ambientais. É oportuno detalhar que
este princípio não permite a poluição e nem pagar para poluir, pelo contrário, procura assegurar a
reparação econômica de um dano ambiental quando não for possível evitar o dano ao meio ambiente,
através das medidas de precaução.
o O custo resultante da poluição deve ser assumido pelos empreendedores de atividades
potencialmente poluidoras, nos custos da produção.

VII. Princípio da Função Socioambiental da Propriedade – O princípio da função ambiental da


propriedade é o fundamento constitucional para a imposição coativa ao proprietário de exercer seu
direito de propriedade em consonância com as diretrizes de proteção do meio ambiente.
o Art. 170, III, CRFB/88.
o Conforme o art. 5º, XXII e XXIII, da CRFB/88, a Constituição condicionou o direito de propriedade
ao cumprimento de sua função social, de sorte que, ausente a função ambiental, o proprietário
se vê impedido do pleno exercício de sua propriedade.

VIII. Princípio da Participação Comunitária – O princípio da participação comunitária, que não é


exclusivo do Direito Ambiental, expressa a ideia de que para a resolução dos problemas do ambiente
deve ser dada especial ênfase à cooperação entre o Estado e a sociedade, através da participação dos
diferentes grupos sociais na formulação e na execução da política ambiental.
o A sociedade atua diretamente.
o Os cidadãos têm o direito (e dever) de participar da tomada de decisões que possam vir a afetar
o equilíbrio ambiental.
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IX. Princípio da Responsabilidade Comum, mas Diferenciada – Os estados são responsáveis pela
conservação, proteção e recuperação do ecossistema, mas analisando individualmente qual a
contribuição e grau de cada um dos envolvidos para o dano.

X. Princípio do Ambiente Ecologicamente Equilibrado OU Princípio Intergeracional – O Estado é


o curador das gerações futuras, tendo a responsabilidade de garantir condições adequadas de qualidade
de vida para as gerações futuras.

XI. Princípio do Usuário Pagador – É a evolução do princípio do poluidor-pagador. Esse princípio


estabelece que o usuário de recursos naturais deve pagar por sua utilização.
o Visa uma compensação financeira revertida em benefício da própria coletividade, sendo
irrelevante averiguar se houve, ou não, efetivo dano ao meio ambiente.

XII. Princípio da Natureza Pública da Proteção Ambiental – O Estado tem atuação obrigatória para
proteger o meio ambiente, os espaços públicos e os materiais genéticos. O Estado é agente normativo
regulador (art. 174, CRFB/88), que fiscaliza, incentiva e planeja, atuando para:
a) Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das
espécies e ecossistemas;
b) Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do país;
c) Definir espaços que devem ser protegidos, em todas as unidades da federação;
d) Exigir o estudo prévio sobre impacto ambiental.

XIII. Princípio da Função Socioambiental da Propriedade Rural – Essa função tem o dever de
aproveitar o uso racional e adequado da propriedade, utilizar adequadamente os recursos naturais
disponíveis, preservar o meio ambiente, observar as disposições que regulam as relações de trabalho e
a exploração que favoreça o bem estar dos proprietários e dos trabalhadores.
o Art. 186, CRFB/88.

XIX. Princípio da Cooperação entre os Povos – Repasse dos conhecimentos de tecnologia e de


proteção do ambiente, obtidos por países mais avançados e que têm possibilidade econômica de
investir e obter resultados nas pesquisas ambientais.
o Art. 4º, IX, CRFB/88.
o Fenômenos poluidores, geralmente, ultrapassam a barreira de uma nação.
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XV. Princípio da Vedação do Retrocesso Ecológico (efeito cliquet ambiental) – Tem por escopo
obstar medidas legislativas e executivas que implementem um efeito cliquet (termo francês, com
acepção de não retrocesso), ou um efeito catraca, em relação ao direito ambiental.
o As garantias de proteção ambiental, uma vez conquistadas, não podem retroagir.
o Matriz de fundamentação do Código Florestal.

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COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL EM
MATÉRIA AMBIENTAL

A Constituição Federal de 1988 foi o primeiro diploma constitucional a


inserir em seu texto um capítulo destinado à defesa do meio ambiente,
fundamentado no artigo 225, dos artigos 21 ao 25, e no artigo 30.

 A Constituição Federal traz três níveis de governo, quais sejam:


I) Federal;
II) Estadual; e
III) Municipal.

 A competência divide-se em:


I) Matéria de legislação (legislar); e
II) Execução de políticas ambientais (administrar).

 Ainda, a competência poderá ser privativa, concorrente ou suplementar.


o Geram incertezas práticas e obstáculos de difícil transposição no campo processual.

Observação: Um sistema processual confuso pode gerar graves danos para


o meio ambiente.

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA DA UNIÃO


(art. 22, CRFB/88)
→ O artigo 22, da CRFB/88, previu a competência legislativa privativa da União Federal em relação
ao direito ambiental, como verificamos nos incisos:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;
II - desapropriação;
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IV - águas, energia, informática, telecomunicações


e radiodifusão;
VIII - comércio exterior e interestadual;
IX - diretrizes da política nacional de transportes;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;
XI - trânsito e transporte;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV - populações indígenas;
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária
federais;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões
específicas das matérias relacionadas neste artigo.
→ Não existindo norma federal, aos Estados e o Distrito Federal poderão exercer a competência
legislativa plena. Todavia, a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a
eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE DA UNIÃO


(art. 24, CRFB/88)
→ O artigo 24, da CRFB/88, dispõe que compete concorrentemente União, Estados e DF.
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos
recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
- o controle de poluição está relacionado ao poder de polícia.
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
→ Nota-se a omissão em relação aos Municípios.
→ A União estabelece a norma geral, sem excluir a competência suplementar dos Estados.
→ A superveniência da lei federal suspende a eficácia da estadual, no que for contrário, conforme
o art. 24, § 4, CRFB/88.

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→ Os Estados, DF e Município só poderão legislar em conformidade


com o preceito fundamental, e em matérias específicas, de implementação e eficácia da norma
geral.

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA ADMINISTRATIVA


→ É o poder de polícia que pode ser exercido por qualquer um dos entes.
→ Art. 23 da CF/88 > proteger documentos, proteger o meio ambiente, combater a poluição,
preservar o ecossistema, etc. > competência suplementar!
→ Segundo Edis Milaré, é a execução de tarefas que confere ao poder público o desempenho de
atividades concretas, através do exercício do poder de polícia.

COMPETÊNCIA MATERIAL
→ O artigo 21, em seus incisos IX, XVIII, XIX, XX e XXIII determinou exclusivamente à União elaborar
e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento
econômico e social; planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas,
especialmente as secas e as inundações; instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos
hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; instituir diretrizes para o
desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos; e
explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer o monopólio estatal
sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio
de minérios nucleares e seus derivados. São matérias eminentemente de caráter federal.
→ Por outro lado, o artigo 23 da Constituição Federal, estabeleceu competência material comum
aos entes federados para proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico,
artístico e cultural, etc.

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POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

 Instituída pela Lei 6.938/1981.


 A legislação ambiental, via de regra, é bem explicada e detalhada.
 O art. 3º, da Lei 6.938/1981, define alguns conceitos, como:
a) Meio ambiente: Conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física,
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;
b) Degradação da qualidade ambiental: A alteração adversa das características do meio
ambiente;
c) Poluição: A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que, direta ou
indiretamente, prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; criem
condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a biota;
afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e lancem matérias ou energia
em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;
d) Poluidor: A pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; e
e) Recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os
estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.

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ANÁLISE DO ARTIGO 225, CRFB/88

Art. 225, CRFB/88. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:


I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico
das espécies e ecossistemas;
o Preservação: Métodos, procedimentos e políticas que visem proteção das
espécies, habitats e ecossistemas à longo prazo.
o Restauração: Restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre
degradada, o mais próximo possível da sua situação original.
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
o Mudança por conta dos transgênicos.
o O patrimônio genético é definido pela Medida Provisória 2.186-16/2001.
o A clonagem humana é proibida.
o A competência para abertura de laboratório de manipulação genética é da
União.
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes
a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente
através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos
que justifiquem sua proteção;
o Alteração e supressão somente são permitidas através de Lei.
- A criação é mais favorável ao meio ambiente, podendo ser feita por
decreto.
- A supressão ou redução só poderá ser feita por lei específica (processo
legislativo).
o O poder público institui espaços territoriais protegidos, materializados através
das Leis 12.651/2012 (Código Florestal) e 9.985/2000 (SNUC).

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IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou


atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
o Trata do estudo prévio de impacto ambiental (EIA).
o Subsidiar o procedimento de licenciamento ambiental de atividades
consideradas efetiva ou potencialmente causadora de significativa degradação
ambiental.
- Não se pede EIA/RIMA para tudo, por receio de prejudicar o empresário.
o Obras de impacto significativo necessitam de estudo prévio de impacto
ambiental, feito por uma equipe multidisciplinar e com linguagem técnica.
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
o Gestão de riscos.
o Cabe ao Estado o exercício do poder de polícia, de fiscalização e orientação dos
particulares quanto aos limites em usufruir do meio ambiente, bem como,
promoção de termos de ajuste de condutas, visando colocar termo às
atividades nocivas.
o O Estado é o curador das gerações futuras.
o Aplicação do “princípio do controle do poluidor pelo poder público” ou
“princípio do limite”.
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização
pública para a preservação do meio ambiente;
o Trata da educação ambiental, que deve ser instituída em todos os níveis.
o A Lei 9.795/99 dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional
de Educação Ambiental e dá outras providências.
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em
risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a
crueldade.
o Trata dos cuidados com os animais.
o Proteção da fauna e da flora, na forma da Lei.
o Regulamentos: Lei 12.651/12 (Código Florestal), Lei 9.985/00 (SNUC) e a Lei
9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais).

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§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a


recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei.
o Esse princípio traduz-se na obrigação de reparar os danos e prejuízos, inclusive, sendo
chamado de “princípio da reparação” ou “princípio da responsabilidade”.

§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,


pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados.
o Tríplice responsabilização (penal, administrativa e civil).
o As responsabilidades ambientais são autônomas.
o Na responsabilidade ambiental não há incidência do bis in idem, ou seja, o poluidor
pode ser responsabilizado em esferas diferentes pelo mesmo fato gerador.
o A CRFB/88 prevê a possibilidade de responsabilização do poluidor, em decorrência
do dano ambiental, nas três esferas.
- As responsabilidades penal e administrativa possuem prazo prescricional de 5
anos, além de serem subjetivas.
- A responsabilidade civil é imprescritível, além de ser objetiva.

§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-


Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei,
dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso
dos recursos naturais.
o Trata dos patrimônios nacionais.
o Utilização na forma da Lei.
o Condições que assegurem a preservação dos seus atributos biológicos.

§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações


discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
o Bens dominicais, que se tornam bens de uso especial se fizerem preservação
ambiental.

§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal,
sem o que não poderão ser instaladas.
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o Atividade que é monopólio da União.

§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram
cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais,
conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza
imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei
específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.
o Incluído pela emenda constitucional nº 96/2017.
o Práticas de manifestações culturais não são passiveis de alegação de crueldade.

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SISNAMA – SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

 Conglomerado de órgãos ambientais, que formam esse sistema, e dentre eles:


I) Conselho do Governo: Função de assessorar o Presidente da República, reunindo-se
mediante convocação. Até o presente momento, não teve qualquer atuação concreta na
formulação de diretrizes da ação governamental relacionada ao meio ambiente.
o Na prática, é substituído pelo CONAMA.
II) Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA): É o maior órgão do sistema, com função
precípua de ser consultivo e deliberativo. Atende de forma colegiada representativo dos
órgãos federais, estaduais e municipais do setor empresarial e da sociedade civil.
o Também tem função normativa, por meio de edição das Resoluções do CONAMA.
III) Ministério do Meio Ambiente (MMA): É o órgão central do sistema, com função de planejar,
impor políticas públicas, função diretiva, com apresentação de princípios, etc.
IV) IBAMA e ICMBIO: São órgãos com função executiva. O IBAMA trata das questões mais
complexas, e o ICMBIO do dia a dia. Os dois são autarquias federais, com autonomia.
V) Estado: São órgãos estaduais, com função executiva, visando fazer valer o controle ambiental
no Estado. Ex.: INEMA.
VI) Município: São os órgãos com função local. Ex.: Secretaria de Cidades Sustentáveis.

 O SISNAMA é instituído com finalidade de distribuir as responsabilidades entre municípios,


estados e a União.
o Modelo descentralizado de gestão ambiental, criando uma rede articulada de organizações,
nos diferentes âmbitos da federação.
 No SISNAMA, os órgãos federais têm a função de coordenar e emitir normas gerais para a
aplicação da legislação ambiental em todo o país. também são responsáveis, dentre outras
atividades, pela troca de informações, a formação de consciência ambiental, a fiscalização e o
licenciamento ambiental de atividades cujos impactos afetem dois ou mais estados.
 Aos órgãos estaduais cabem as mesmas atribuições, só que no âmbito do estado: criação de
leis e normas complementares (podendo ser mais restritivas) que as existentes em nível federal,
estímulo ao crescimento da consciência ambiental, fiscalização e licenciamento de obras que possam
causar impacto em dois ou mais municípios. O modelo se repete para os órgãos municipais.

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 O modelo de gestão definido pela política Nacional de meio


Ambiente baseia-se no princípio do compartilhamento e da descentralização das
responsabilidades pela proteção ambiental entre os entes federados e com os diversos setores
da sociedade.

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SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES CONSERVAÇÃO - SNUC

 Regulado pela Lei 9.985/2000.


 Conjunto de unidades de conservação federais, estaduais e municipais (visando maior alcance).
As modalidades de cada uma dividem-se considerando os objetivos específicos quanto à forma de
proteção e usos permitidos.
o Planejado, gerenciado e manejado, como um todo, será capaz de viabilizar os objetivos
nacionais de conservação.
o Manutenção de espaços protegidos para as futuras gerações.

 O SNUC tem os seguintes objetivos:


o Contribuir para a conservação das variedades de espécies biológicas e dos recursos
genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais;
o Proteger as espécies ameaçadas de extinção;
o Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais;
o Promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;
o Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo
de desenvolvimento;
o Proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;
o Proteger as características relevantes de natureza geológica, morfológica,
geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;
o Recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
o Proporcionar meio e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e
monitoramento ambiental;
o Valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;
o Favorecer condições e promover a educação e a interpretação ambiental e a recreação
em contato com a natureza; e
o Proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais,
respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e
economicamente.

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 Gestão feita com a participação das três esferas do poder público (federal, estadual e
municipal). As competências dos órgãos para a gestão do sistema vão desde a coordenação e
acompanhamento do sistema, até a sua implementação propriamente dita.

 O SNUC é gerido pelos seguintes órgãos, com as respectivas atribuições:


o Órgão consultivo e deliberativo: representado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), tem a função de acompanhar a implementação do SNUC;
o Órgão central: representado pelo Ministério do Meio Ambiente, tem a finalidade de
coordenar o SNUC;
o Órgãos executores: representados na esfera federal, pelo Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e IBAMA, em caráter supletivo, e nas esferas
estadual e municipal, pelos órgãos estaduais e municipais de meio ambiente. Os órgãos
executores do SNUC têm a função de implementá-lo, subsidiar as propostas de criação e
administrar as unidades de conservação federais, estaduais e municipais, mas nas
respectivas esferas de atuação.

 As Unidades de Conservação, além de conservar os ecossistemas e a biodiversidade, integradas a


esse sistema, geram renda, emprego, desenvolvimento e propiciem uma efetiva melhora na
qualidade de vida das populações locais e do Brasil como um todo. São unidade espaços territoriais
e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais
relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites
definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de
proteção (art. 2º, inciso I, da Lei 9.985/2000).
o São áreas geográficas públicas ou privadas, com atributos ambientais.
o Possuem regime jurídico de interesse público que implique sua relativa
imodificabilidade.
- A unidade de conservação pode ser modificada, mediante lei específica.
o Utilização sustentada, tendo em vista a preservação e a integridade dos recursos naturais.
o A gestão das Unidades de Conservação, em regra, é feita através do plano de manejo
(artigos 27 e 28, da Lei 9.985/2000).

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 Alguns detalhes sobre as Unidades de Conservação:


I) Criadas por decreto do Chefe do Executivo – Federal, Estadual e Municipal. Para
suprimir ou alterar, é feito somente mediante lei específica.
II) Rigor para alteração/redução dos limites da Unidade de Conservação – a ideia era
dificultar as mudanças – processo legislativo.
III) A criação da Unidade de Conservação – estudos técnicos (art. 22) e consulta pública –
(exceto Estação Ecológica e Reserva Biológica – art. 22).
IV) A ampliação dos limites das Unidades de Conservação pode ser via decreto.

 O plano de manejo é o documento técnico que tem por finalidade traçar os objetivos gerais da
Unidade de Conservação.
o Em regra, o plano de manejo deve abranger não apenas a área da Unidade de
Conservação, mas também a Zona de Amortecimento e os Corredores Ecológicos.
- Zona de amortecimento: O entorno de uma unidade de conservação, onde as
atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o
propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade.
- Corredor ecológico: Porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando
unidades de conservação – possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento
da biota.
o O uso do fogo é autorizado quando for, expressamente, previsto no plano de manejo.
- A queimada controlada pode existir, desde que se tenha autorização no plano de
manejo e no órgão ambiental.
o Manejo conservacionista – cerrrado – o fogo contribui na germinação das sementes.

 As Unidades de Conservação podem ser:


I) Unidades de Proteção Integral: Manutenção dos ecossistemas livres de alterações
causadas por interferência humana, admitindo apenas o uso indireto dos seus
atributos naturais. Aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou desnutrição dos
recursos naturais.
a) Estação ecológica (art. 9): Objetiva a preservação da natureza
(condicionada a autorização prévia do órgão que administra) e a realização
de pesquisas científicas (autorizadas no plano e manejo). Posse e domínio
públicos. As áreas particulares serão desapropriadas.
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b) Reserva biológica (art. 10): Objetiva a


preservação integral da biota, atributos naturais, sem interferência
humana, direta ou modificações ambientais. Posse e domínio públicos. As
áreas particulares serão desapropriadas.
c) Parque integral (art. 11): Pode ser nacional, estadual ou municipal (órgão
executor). Objetiva preservar ecossistemas naturais de grande relevância
ecológica e beleza cênica, realizar pesquisas científicas, promover a
educação ambiental, recreação e turismo ecológico. Posse e domínio
públicos. As áreas particulares serão desapropriadas. A visitação pública
sofre normas e restrições no regimento ou no plano de manejo. O Brasil
possui 71 parques.
d) Monumento natural integral (art. 12): Objetiva preservar sítios naturais
raros, singulares ou de grande beleza cênica. Natureza da posse pública
(não precisa de desapropriação) ou privada (sofre limitação da área, além
de estar condicionada a autorização pública, fornecida pelo órgão
responsável pela administração da unidade). A visitação pública sofre
normas e restrições no regimento ou no plano de manejo. Temos 3
monumentos naturais.
e) Refúgio da vida silvestre (art. 13): Objetiva proteger ambientes naturais
onde se asseguram condições para a existência, produção de espécies ou
comunidades da flora local e da fauna. Pode ser constituído também por
áreas particulares, desde que seja passível compatibilizar os objetivos da
unidade, a utilização da terra e dos recursos naturais. A visitação pública
sofre normas e restrições no regimento ou no plano de manejo. Temos 7
unidades.

a) Estação Ecológica Podem ser desapropriados


b) Reserva Biológica
c) Parque Nacional
d) Monumento Natural Podem ser compatibilizados
e) Refúgio da Vida Silvestre público e privado

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II) Unidades de Uso Sustentável: Cujo objetivo é


compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus
recursos naturais. A lei admite uso de parcela do recurso natural.
a) Área de proteção ambiental - APA (art. 14): Objetiva proteger a
diversidade biológica, seres abióticos, estéticos, culturais, disciplinar o
processo de ocupação humana e econômico, e assegurar a
sustentabilidade do uso dos recursos naturais. Posso de domínio
público ou privado, sendo que as áreas particulares incluídas em seus
limites poderão sofrer limitações quanto à sua utilização. Precisam ter
um conselho consultivo e deliberativo. O projeto TAMAR é um exemplo
de APA.
b) Área de relevante interesse ecológico - ARIE (art. 16): Objetiva
pouco ou nenhuma ocupação humana. Há importância regional/local.
Regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibiliza-lo com
os objetivos de conservação da natureza. Posse de domínio público ou
privado, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites
poderão sofrer limitações quanto à sua utilização.
c) Floresta nacional (art. 17): Objetiva promover o uso múltiplo
sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase
em métodos para exploração sustentável de florestas nativas. Posse de
domínio público. As áreas particulares incluídas em seus limites serão
desapropriadas. Permanência de comunidade tradicionais. 75
existentes.
d) Reserva extrativista (art. 18 / 23): Objetiva proteger os meios de vida
e a cultura das populações extrativistas (na agricultura de subsistência
e na criação de animais de pequeno porte) e assegurar o uso sustentável
dos recursos naturais da unidade. Posse e domínio públicos (poder
público concede as populações extrativistas e tradicionais). As áreas
particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, com uso
concedido as populações extrativistas, através de contrato de concessão
de direito real de uso. A visitação pública sofre normas e restrições no
regimento ou no plano de manejo.
e) Reserva de fauna (art. 19): Objetiva promover estudos técnicos-
científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos
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faunísticos. Posse e domínio públicos.


As áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas. A
visitação pública sofre normas e restrições no regimento ou no plano de
manejo.
f) Reserva de desenvolvimento sustentável – RDS (art. 20): Objetiva
preservar a natureza, assegurar as condições e os meios necessários
para reprodução, a melhora dos modos, qualidade de vida e exploração
dos recursos naturais das populações tradicionais, bem como, valorizar,
conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do
ambiente desenvolvidas por essas populações. Posse e domínio público.
As áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas.
g) Reserva particular do patrimônio natural - RPPN (art. 21): Objetiva
conservar a diversidade biológica. Posse e domínio privados. O gravame
de que trata este artigo constará de termo de compromisso assinado
perante o órgão ambiental, que verificara a existência de interesse
público, e será averbado à margem da inscrição no registro público de
imóveis. À luz dessa certidão, há possibilidade de obter incentivo fiscal
(ITR) e crédito rural para unidade.

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ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA/RIMA

 Regulado pelo art. 225, p. 1, inciso IV, da CRFB/88 + Resolução n° 001 de 23/01/1986 do
CONAMA.
 O EIA/RIMA é uma sigla para Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental,
respectivamente > ambos são documentos direcionados à sustentabilidade, visando avaliar e
precisar a intensidade e dimensão do impacto no meio ambiente.
 O Estudo apresenta detalhes minuciosos de levantamentos técnicos que se trata de um conjunto de
estudos realizados por especialistas em áreas correspondentes ao projeto e ao meio ambiente.
 O Relatório de Impacto Ambiental – RIMA é, basicamente, o relatório desse estudo, e é visto como
a apresentação da conclusão do estudo referido em uma linguagem mais acessível.
 Documentos distintos que possuem o mesmo grau de importância, e são fundamentais no
processo de licenciamento ambiental.

A ideia inicial da implementação da lei que obriga esses documentos era de controlar e medir o
impacto ambiental. Porém, com o passar dos anos, a premissa principal se tornou minimizar ao
máximo esse impacto.

 O EIA/RIMA pode ser traduzido como documento que viabiliza ou não a implantação de um
empreendimento próximo de áreas naturais com paisagens ainda conservadas como rios, lagos, mar
e unidades de conservação. No entanto, o mesmo ainda pode ser solicitado em grandes
empreendimentos urbanos, que emitam um grande volume de gás ou que seja necessária a
escavação.
Observação:
→ O EIA/RIMA e o licenciamento ambiental são institutos
distintos!
→ O licenciamento ambiental é exigido em qualquer obra, já o
EIA/RIMA só é exigível para aquelas obras ou
empreendimento de maior nocividade ao meio ambiente.

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 Qual a diferença entre EIA/RIMA?


o O EIA é responsável pela coleta de material, análise do mesmo, bibliografia que respalda o
estudo e pelo estudo que prevê as possíveis e prováveis consequências ambientais que
podem ser causadas com a obra no local em questão.
o O RIMA é um relatório simplificado, que tem como objetivo esclarecer os termos técnicos.

 Atividades técnicas desenvolvidas pelo EIA/RIMA:


 O EIA/RIMA está vinculado diretamente à Licença Prévia, visto que se trata de um estudo
prévio dos impactos que poderão vir a ocorrer com a operação e/ou instalação de um dado
empreendimento.

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LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Conceito de Licenciamento Ambiental – Licenciamento ambiental é o procedimento pelo qual o órgão


competente licencia a localização, instalação, ampliação ou a operação de atividades que possam, de
qualquer forma, causar danos/impactos ambientais. O licenciamento ambiental é uma das
manifestações do chamado poder de polícia ambiental, que consiste na atividade do Estado que limita
e regula direitos individuais em favor do interesse público relacionado às questões do meio ambiente.
o A utilização dos recursos naturais são essenciais a qualidade de vida – depende do
consentimento (licenciamento ambiental) dado pelo Poder Público.
o Pode ser considerado uma tutela preventiva do meio ambiente – restrição do uso e gozo da
liberdade e da propriedade em favor do interesse coletivo – limitando o uso dos recursos
naturais.

Objetivo do Licenciamento Ambiental – Expedir um ato administrativo chamado de licença


ambiental, através da qual o órgão competente estabelece as condições, restrições e medidas de
controle que deverão ser obedecidas pelo realizador da atividade (art. 225 da CF).

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Resolução CONAMA 237/1997 – “Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental


competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades
utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras.”

Quais os casos que exigem licenciamento ambiental? – Segundo o artigo 1º da Resolução n° 187 do
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, qualquer atividade considerada potencialmente
poluidora ou que cause degradação ambiental de qualquer forma, exige licenciamento ambiental.
o A licença deve indicar quem poderá usar o recurso natural e as medidas mitigatórias
implementadas, visando eliminar ou reduzir os impactos ambientais.
o Ainda que seja no mesmo ramo, a licença não pode ser aproveitada para outra situação ou
ramo. Cada licença é única!
o Os padrões de qualidade devem ser informados antes da licença.

TIPOS DE LICENÇA AMBIENTAL – As licenças ambientais são concedidas com base na atividade
pretendida e na fase em que o empreendimento se encontra. Os diferentes tipos de licença ambiental
previstos na Resolução n° 187 do CONAMA são:
I. Licença Prévia (LP): concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou
atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e
estabelecendo os requisitos básicos e condições a serem atendidas nas próximas fases da
implementação.
o Não podendo ser superior a 5 anos.
II. Licença de Instalação (LI): autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo
com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as
medidas de controle ambiental e demais condições.
o Não podendo ser superior a 6 anos.
III. Licença de Operação (LO): autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a
verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de
controle ambiental e condições determinadas para a operação.
o Prazo mínimo de 4 anos, e máximo de 10 anos.

Observação: A renovação da licença deve ser requerida 120 dias antes da


expiração do seu prazo.

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A Resolução n° 350 do CONAMA prevê ainda outro tipo de licença:


IV. Licença de Pesquisa Sísmica (LPS): Autoriza pesquisas sísmicas marítimas e em zonas de
transição, estabelecendo todas as condições a serem observadas pelo realizador da atividade.

Caráter Preventivo do Licenciamento Ambiental – O licenciamento ambiental é um instrumento


preventivo da Política Nacional do Meio Ambiente que deve ser observado quando alguma obra puder
causar poluição ou degradação ambiental. Nossa lei qualifica o Meio Ambiente como patrimônio público
que deve ser assegurado e protegido para uso da coletividade.

Natureza Jurídica do Licenciamento Ambiental – O licenciamento ambiental é um ato vinculado,


mesmo que alguns doutrinadores mais conservadores ainda insistam em encará-lo como autorização.
Esse entendimento vem caindo por terra, considerando o fato de que tratando-se de licença, claro que
obedecidas as exigências legais, não pode a autoridade administrativa recusar a sua concessão, sob pena
de sujeitar-se à correção judicial.

Quem processa o licenciamento ambiental? – A competência para processar o licenciamento


ambiental é determinada pelo critério da extensão do impacto ambiental.
o Competência comum (art. 23, VI e VII, da CRFB/88), com o objetivo do equilíbrio do
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
o A Lei 6.938/81 – regra geral – competências administrativas – licenciamento ambiental que
é o Estadual.
o Em caráter supletivo, competência do IBAMA.
o A competência da União será em casos específicos.
a) Localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe;
b) Localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou
na zona econômica exclusiva;
c) Localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;
d) Localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela
União, exceto em áreas de proteção ambiental (APAs);
e) Localizados ou desenvolvidos em dois ou mais Estados.
o A competência dos Estados e Municípios ocorrerão:
a) Licenciamento ambiental de propriedades rurais;
b) Licenciamento de desmatamento;
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c) Licenciamento do manejo florestal para


produção de madeira ou produtos não-madeireiros;
d) Licenciamento para plantio e corte (reflorestamentos).

Conforme as necessidades específicas dos casos, outros órgãos podem intervir no licenciamento para
estabelecer condições ou emitir pareceres. Alguns exemplos desses órgãos são:
FUNAI – Fundação Nacional do Índio
INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
ICMBio - Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade
DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
MS – Ministério da Saúde

Etapas do Licenciamento Ambiental –


1. Definição pelo órgão ambiental competente dos documentos, projetos e estudos ambientais
necessários ao início do processo;
2. Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos,
projetos e estudos ambientais pertinentes;
3. Análise pelo órgão ambiental competente dos documentos, projetos e estudos ambientais
apresentados;
4. Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente;
5. Audiência pública, quando couber;
6. Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente,
decorrentes de audiências públicas;
7. Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico;
8. Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade.
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Observação: O procedimento poderá ser simplificado nos casos de


atividades com pequeno potencial de impacto ambiental.

Finalidade do Licenciamento Ambiental – Instrumento utilizado para exercer controle prévio e de


realizar o acompanhamento de atividades que utilizem recursos naturais, que sejam poluidoras ou que
possam causar degradação do meio ambiente.

Fiscalização X Licenciamento – A competência para o exercício do Poder de Polícia – ente que fez o
licenciamento ambiental.
o Não impede o exercício de outro ente federal na fiscalização – competência comum
material (qualquer órgão poderá fiscalizar).
o Tese STJ.Resp.1.479.316/SE.

Modificação, Suspensão ou Cancelamento da Licença –


Modificação Suspensão Cancelamento
Surgimento de uma Até que o empreendedor Desfazimento de ato volitivo do
situação que era se adeque às ato/cassação – violação de
imprevisível (teoria condicionantes ambientais normas legais de proteção
da imprevisão das determinadas pelo órgão ambiental ou de falsa descrição
licenças). competente. de informações relevantes.

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CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO


Trata dos espaços especialmente protegidos, e da
necessidade de ter-se:
→ Manejo florestal sustentável
→ Adoção de mecanismos de proteção
→ Rico patrimônio
→ Proteção nacional e internacional
→ Intocabilidade
→ Vedação do uso econômico direito

O CÓDIGO FLORESTAL TROUXE ALGUMAS INOVAÇÕES, COMO:


→ Benefício a produção na pequena propriedade ou posse rural familiar (aquela explorada mediante
o trabalho pessoal do agricultor familiar).
→ Prática de agricultura (nas matas ciliares e nas áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais dos
imóveis rurais com 15 módulos fiscais).

A COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL É:
→ A competência material (administrativa) é comum (art. 23, VII, CRFB/88), com finalidade de
preservar a floresta, a fauna e a flora.
→ A norma geral (Lei 12.651/12) deve ser respeitada por todos os entes da Federação.
→ O Estado e o Município poderão suplementar, naquilo que não for contrário à norma geral
(competência legislativa concorrente – art. 24, CRFB/88).

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ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE – APP


→ Área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas (art. 3).
→ Áreas instituídas por Lei, em função da sua localização (art. 4).
o A alteração se dá, somente, mediante Lei, ou seja, sendo submetido ao devido processo
legislativo constitucional.
o A supressão da área (art. 8) é excepcionalmente permitida, mediante autorização do órgão
ambiental, caso se tenha utilidade pública, interesse social e baixo impacto ambiental.
→ O proprietário, possuidor ou ocupante da área, pessoa física ou jurídica (direito público ou privado),
responde pelo regime de proteção da APP e pela manutenção da vegetação, na forma da Lei.
→ Áreas fundamentais contra erosão do solo, assoreamento, proteção do curso do rio e das nascentes,
como, por exemplo, as matas ciliares.
→ A desapropriação da APP dá-se por utilidade pública, devendo computar-se no valor final a
indenização pela área desapropriada.
o Impossibilidade de juros compensatórios no caso de APP (RESP 519.365 STJ).
o Matas ciliares de rios navegantes são excluídas da indenização.
o STF 479.

ÁREA DE RESERVA LEGAL – RL


→ Parte da área destacada para proteção ambiental.
→ Área localizada no interior de uma propriedade de posse rural, delimitada nos termos do art. 12,
com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel
rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da
biodiversidade, bem como, o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa.

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39 Rubens Vaz Júnior

o Art. 17, § 1º. Admite-se a exploração econômica da Reserva


Legal mediante manejo sustentável, previamente aprovado pelo órgão competente do
Sisnama, de acordo com as modalidades previstas no art. 20 (termo de compromisso firmado
com o órgão ambiental).
o Art. 20. No manejo sustentável da vegetação florestal da Reserva Legal, serão adotadas
práticas de exploração seletiva nas modalidades de manejo sustentável sem propósito
comercial para consumo na propriedade e manejo sustentável para exploração florestal com
propósito comercial.
o Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de
Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação
Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel,
excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei: (Redação dada pela Lei nº 12.727, de
2012).
I - localizado na Amazônia Legal:
a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas;
b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado;
c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais;
II - localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento).

CADASTRO DE ÁREA RURAL – CAR


→ Registro público eletrônico de âmbito nacional compondo uma base de dados de controle,
monitoramento, planejamento ambiental e econômico de combate ao desmatamento.
→ Inscrição obrigatória para todas as propriedades e posses rurais, com prazo indeterminado (art. 29,
§ 3º, Código Florestal).
→ Possui efeito declaratório e não constitutivo.

Observação:
A RL registrada via CAR –
➢ Art. 18, § 4º. O registro da Reserva Legal no CAR desobriga a averbação no
Cartório de Registro de Imóveis, sendo que, no período entre a data da
publicação desta Lei e o registro no CAR, o proprietário ou possuidor rural
que desejar fazer a averbação terá direito à gratuidade deste ato.
➢ Art. 30. Nos casos em que a Reserva Legal já tenha sido averbada na
matrícula do imóvel e em que essa averbação identifique o perímetro e a
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40 Rubens Vaz Júnior

localização da reserva, o proprietário não


será obrigado a fornecer ao órgão ambiental as informações relativas à
Reserva Legal previstas no inciso III do § 1º do art. 29.
Parágrafo único. Para que o proprietário se desobrigue nos termos
do caput, deverá apresentar ao órgão ambiental competente a
certidão de registro de imóveis onde conste a averbação da Reserva
Legal ou termo de compromisso já firmado nos casos de posse.

O USO DO FOGO E A QUEIMADA CONTROLADA


→ O fogo é permitido, desde que dentro das delimitações legais e aprovação do órgão competente.
→ Art. 38. É proibido o uso de fogo na vegetação, exceto nas seguintes situações:
I - em locais ou regiões cujas peculiaridades justifiquem o emprego do fogo em práticas
agropastoris ou florestais, mediante prévia aprovação do órgão estadual ambiental competente
do Sisnama, para cada imóvel rural ou de forma regionalizada, que estabelecerá os critérios de
monitoramento e controle;
II - emprego da queima controlada em Unidades de Conservação, em conformidade com o
respectivo plano de manejo e mediante prévia aprovação do órgão gestor da Unidade de
Conservação, visando ao manejo conservacionista da vegetação nativa, cujas características
ecológicas estejam associadas evolutivamente à ocorrência do fogo;
III - atividades de pesquisa científica vinculada a projeto de pesquisa devidamente aprovado
pelos órgãos competentes e realizada por instituição de pesquisa reconhecida, mediante prévia
aprovação do órgão ambiental competente do Sisnama.

JURISPRUDÊNCIA SOBRE O TEMA


→ Súmula 479, do STF. As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de
expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização.
→ Súmula 613, do STJ. Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito
Ambiental.
→ Súmula 623, do STJ. As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível
cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor.

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RESPONSABILIDADE POR DANOS AMBIENTAIS

Sabe-se que grande parte dos danos ambientais causados não é passível de recuperação, tendo em
vista a improbabilidade de se restabelecer, na natureza, o status quo anterior. Contudo, os danos,
sejam diretos ou indiretos, são passíveis de mitigação e de compensação, in natura ou em pecúnia.

A responsabilidade ambiental (art. 225, p. 3, CRFB/88) pode ser penal, civil e administrativa,
sem “bis in idem”. A responsabilidade penal e administrativa é subjetiva, com prazo de prescrição
de 5 anos. Enquanto que, a responsabilidade civil é objetiva, de forma imprescritível.

AÇÃO CIVIL
 A responsabilidade civil por lesões ambientais é objetiva, dispensando a demonstração de dolo
ou culpa, conforme restou consagrado no art. 14 da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei
n. 6.938/81). O que importa, para fins de responsabilização civil, é a demonstração da autoria, do
dano e do nexo de causalidade. Assim, resulta cristalino que o IBAMA e o Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade, como entidades ambientais da administração pública federal
indireta, possuem legitimação ativa para ingressar com ação civil pública com vistas a exigir do
poluidor a reparação do dano ou o pagamento de indenização. O ajuizamento da ação civil pública
figura como poder-dever da Administração que deverá manejar a ação caso presentes os seus
pressupostos.

AÇÃO PENAL
 O art. 26 da Lei n. 9.605/98 preceitua que nos crimes ambientais, a ação penal é pública
incondicionada. Desta feita, cabe aos órgãos e entidades administrativos que detém o exercício do
poder de polícia ambiental, proceder à notificação de crime ambiental quando este seja constatado
em concomitância com infração administrativa ambiental. Importa esclarecer que os tipos penais
encontram correspondente nas infrações administrativas, ao menos no âmbito federal. No entanto,
em vista do princípio da intervenção mínima, nem sempre os tipos infracionais administrativos
encontram similar tipificação penal.

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42 Rubens Vaz Júnior

RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
 A responsabilidade administrativa ambiental apresenta caráter subjetivo, exigindo dolo ou
culpa para sua configuração. Assim, adota-se a sistemática da teoria da culpabilidade, ou seja, deverá
ser comprovado o elemento subjetivo do agressor, além da demonstração do nexo causal entre a
conduta e o dano.

CONCLUSÃO
 À Administração Pública e demais atores envolvidos compete a adoção de medidas visando à
identificação do responsável pelo dano ambiental e ao manejo das ações pertinentes a
materializar a reparação, seja in natura ou em pecúnia. A dificuldade de restituição ao status quo
ante aponta para a necessidade de fortalecer os mecanismos de prevenção do dano, através de ações
educativas e de conscientização, de fiscalização e do amadurecimento dos procedimentos de
autorizações ambientais.

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CRIMES AMBIENTAIS
Lei 9.605/98 – Lei de Crimes
Ambientais

 Utilização da norma penal em branco, necessitando que complementação.


o Exemplo: Art. 29, da Lei 9.605/98, que trata dos animais em extinção e é complementado
pela portaria do IBAMA.

 A previsão legal trata de crimes de forma abstrata, como simples constatação de perigo (princípio
da prevenção).

 Art. 2º. Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas
penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o
membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa
jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando
podia agir para evitá-la.

 A responsabilidade é diferente da esfera cível.


o Nesta seara, a apuração do agente causador é imprescindível.
o Para que seja apurada a responsabilidade do diretor/administrador, devem ser preenchidos
dois requisitos, quais sejam:
i. A pessoa deve ter ciência da existência da conduta criminosa de outrem; e
ii. A pessoa deve poder agir para impedir o resultado (a omissão é penalmente
relevante).

 Aplicação da pena base (art. 59, CP): O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à
conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime,
bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
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44 Rubens Vaz Júnior

IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada,


por outra espécie de pena, se cabível.

 As atenuantes e agravantes são definidas caso a caso.


o Para individualização da pena, será necessário:
a) Gravidade do fato, para o meio ambiente e para saúde pública;
b) Antecedentes ambientais do infrator (descumprimento de normas
ambientais); e
c) Situação econômica do infrator (nos casos de pena de multa).

 São circunstâncias que atenuam a pena:


a) Baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
b) Arrependimento do infrator, manifestando pela espontânea reparação do dano
ou limitação significativa da degradação ambiental causada;
c) Comunicação previa pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental;
d) Colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle
ambiental.
o As circunstâncias que agravam a pena estão descritas no art. 15, da Lei de Crimes Ambientais.
- Portanto, o criminoso ambiental só é reincidente se houver condenação definitiva
anterior, por outro crime ambiental.

 As penas restritivas de direito aplicáveis estão listadas do art. 9 ao 13:


a) Prestação de serviço a comunidade (parques ou jardins);
b) Pena de interdição temporária de direito (proibição de contratar com o poder
público);
c) Prestação pecuniária (pagamento à vítima ou a administração pública);
d) Recolhimento domiciliar.

 A apreensão do produto e do instrumento de infração administrativa ou de crime ambiental


(art. 25): Apreensão dos instrumentos é fruto da condenação.
o Tratando-se de animais, produtos perecíveis ou madeira, o termo de infração precisará
informar a destinação desses produtos.
o No momento da apreensão do material, o técnico que instituir o termo precisa informar o
valor de mercado da mercadoria apreendida.
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 A ação penal é pública incondicionada, com propositura cabível pelo Ministério Público.
o O art. 27, da Lei 9.605/98, trata da transação penal (prévia composição do dano ambiental).

 Os CRIMES AMBIENTAIS EM ESPÉCIE são:


a) Contra a fauna (art. 27 ao 37);
b) Contra a flora (art. 38 ao 53);
c) Poluição e outros crimes ambientais (art. 54 ao 61);
d) Contra o ordenamento urbano e cultural (art. 62 ao 65);
e) Administração ambiental (art. 66 ao 69-A).

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46 Rubens Vaz Júnior

DIREITO INTERNACIONAL AMBIENTAL

 A questão ambiental é elemento central das políticas públicas e do desenvolvimento de


sistemas legais que lidam com os temas ambientais atuais que explicitam um dramático ponto
limite.
o Mudanças climáticas, desmatamento, desertificação, drama urbano, extinção de espécies,
biodiversidade, produção de resíduos, delicada situação da água, questão nuclear e
acidentes ambientais.

 Necessidade de regulamentação internacional de questões voltadas à preservação do meio


ambiente para as futuras gerações, inclusive tendo em foco a própria perpetuação da raça humana
em um planeta, ao menos, razoavelmente conservado.

 O Brasil utiliza a teoria dualista moderada, superando as teorias dualista e monista radicais,
segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal.

 Vislumbra-se, então, que os princípios gerais de direito devem ser entendidos como princípios
gerais do direito internacional, sendo aplicáveis ao direito ambiental, demonstrando a existência
de sua própria principiologia, consolidando-se como ramo autônomo, o Direito Ambiental
Internacional.

 A CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO (1972) foi a primeira reunião organizada formalmente no


mundo para tratar do meio ambiente.
o Temática ambiental pautada como um problema.
o O documento formal dessa reunião é a “Declaração do Meio Ambiente.
o Plano de ações para o meio ambiente, composto por 109 recomendações.
o Pontos tratados: Tutela ambiental nas constituições, garantia da proteção do meio
ambiente para gerações futuras e o desenvolvimento socioeconômico em harmonia com
a proteção ambiental.

 CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE objetiva a promoção da


conservação e uso eficiente dos recursos naturais.

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o Criação do programa das Nações Unidas para o Meio


Ambiente (PNUMA) – é uma agência da ONU.
o Comissão lança um documento preparatório para essa reunião, chamado de Relatório
Brundtland (1987).

 A “ECO 92”, “RIO 92” ou “Cúpula da Terra” dizem respeito ao mesmo movimento.
o Estabelecer aliança mundial, com a participação de 179 países (nem todos assinaram).
o Princípio da cooperação e da democracia.
o Diálogo entre os Estados e os setores chaves (ex.: instagram da prefeitura).
o Objetiva maximizar o conceito de desenvolvimento sustentável, harmonia com a
preservação ambiental, e o crescimento econômico, preservação ambiental e equidade
social.
o A ECO 92 gerou diversos resultados, como a Agenda 21, Convenção sobre Biodiversidade,
Declaração de Florestas, etc.
▪ A ECO 92 criou o instrumento de planejamento chamado de “Agenda 21”.
• Construção de sociedades sustentáveis, conforme suas bases geográficas.
▪ A Agenda 21 concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência
econômica.

 O PROTOCOLO DE KYOTO (1997) visava reduzir significativamente em 5% o CO².


o Utilizou como mecanismos os incentivos fiscais, isenções tributárias e subsídios para
setores de emissores de gases do efeito estufa.

 A CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (Johanesburgo –


2002) surgiu 10 anos após a ECO 92, objetivando reavaliar os princípios da ECO 92 e investigar a
implementação dos princípios da Agenda 21 pelo Estado.
o Não foi bem assimilada pela população.
o Surgiu 5 anos após o Protocolo de Kyoto, na expectativa de que os Estados Unidos
aceitassem a pressão mundial.

 O ACORDO DE PARIS (COP21) (2016) objetivava erradicar a pobreza.


o É o principal e mais atualizado tratado internacional contra as mudanças climáticas.
o Seu principal objetivo é combater o aumento da temperatura terrestre provocada pelo
aquecimento global.
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48 Rubens Vaz Júnior

 O RIO+20 (2012) reafirma o princípio da responsabilidade comum, mas diferenciada entre os


Estados.
o Trata-se da economia verde e da erradicação da pobreza.

QUESTÕES PARA TREINO:

1) Em decorrência de grave dano ambiental em uma Unidade de Conservação, devido ao rompimento


de barragem de contenção de sedimentos minerais, a Defensoria Pública estadual ingressa com Ação
Civil Pública em face do causador do dano. Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta.
A) A Ação Civil Pública não deve prosseguir, uma vez que a Defensoria Pública não é legitimada
a propor a referida ação judicial.
B) A Defensoria Pública pode pedir a recomposição do meio ambiente cumulativamente ao
pedido de indenizar, sem que isso configure bis in idem.
C) Tendo em vista que a conduta configura crime ambiental, a ação penal deve anteceder a Ação
Civil Pública, vinculando o resultado desta.
D) A Ação Civil Pública não deve prosseguir, uma vez que apenas o IBAMA possui competência
para propor Ação Civil Pública quando o dano ambiental é causado em Unidade de Conservação.

2) A sociedade empresária Foice Ltda., dá início à construção de galpão de armazenamento de ferro-


velho. Com isso, dá início a Estudo de Impacto Ambiental - EIA. No curso do EIA, verificou-se que a
construção atingiria área verde da Comunidade de Flores, de modo que 60 (sessenta) cidadãos da
referida Comunidade solicitaram à autoridade competente que fosse realizada, no âmbito do EIA,
audiência pública. Sobre a situação, assinale a afirmativa correta.
A) A audiência pública não é necessária, uma vez que apenas deve ser instalada quando houver
solicitação do Ministério Público.
B) A audiência pública não é necessária, uma vez que apenas deve ser instalada quando houver
solicitação de associação civil legalmente constituída há pelo menos 1 (um) ano.
C) A audiência pública é necessária, e, caso não realizada, a eventual licença ambiental concedida
não terá validade.
D) A audiência pública é necessária, salvo quando celebrado Termo de Ajustamento de Conduta
com o Ministério Público.

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49 Rubens Vaz Júnior

3) Renato, proprietário de terra rural inserida no Município X, pretende promover a queimada da


vegetação existente para o cultivo de cana-de-açúcar. Assim, consulta seu advogado, indagando sobre a
possibilidade da realização da queimada. Sobre o caso narrado, assinale a afirmativa correta.
A) A queimada poderá ser autorizada pelo órgão estadual ambiental competente do SISNAMA,
caso as peculiaridades dos locais justifiquem o emprego do fogo em práticas agropastoris ou
florestais.
B) A queimada poderá ser autorizada pelo órgão municipal ambiental competente, após
audiência pública realizada pelo Município X no âmbito do SISNAMA.
C) A queimada não pode ser realizada, constituindo, ainda, ato tipificado como crime ambiental
caso a área esteja inserida em Unidade de Conservação.
D) A queimada não dependerá de autorização, caso Renato comprove a manutenção da área
mínima de cobertura de vegetação nativa, a título de reserva legal.

4) Tendo em vista a elevação da temperatura do meio ambiente urbano, bem como a elevação do nível
dos oceanos, a União deverá implementar e estruturar um mercado de carbono, em que serão
negociados títulos mobiliários representativos de emissões de gases de efeito estufa evitadas. Sobre o
caso, assinale a afirmativa correta
A) É possível a criação de mercado de carbono, tendo como atores, exclusivamente, a União, os
Estados, os Municípios e o Distrito Federal.
B) Não é constitucional a criação de mercado de carbono no Brasil, tendo em vista a natureza
indisponível e inalienável de bens ambientais.
C) A criação de mercado de carbono é válida, inclusive sendo operacionalizado em bolsa de
valores aberta a atores privados.
D) A implementação de mercado de carbono pela União é cogente, tendo o Brasil a obrigação de
reduzir a emissão de gases de efeito estufa, estabelecida em compromissos internacionais.

5) O Ministro do Meio Ambiente recomenda ao Presidente da República a criação de uma Unidade de


Conservação em área que possui relevante ecossistema aquático e grande diversidade biológica. Porém,
em razão da grave crise financeira, o Presidente pretende que a União não seja compelida a pagar
indenização aos proprietários dos imóveis inseridos na área da Unidade de Conservação a ser criada.
Considerando o caso, assinale a opção que indica a Unidade de Conservação que deverá ser criada.
A) Estação Ecológica.
B) Reserva Biológica.
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C) Parque Nacional.
D) Área de Proteção Ambiental.

GABARITO
1. B 2. C 3. A 4. C 5. D

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BIOSSEGURANÇA – LEI 11.105/2005

 Visa amparar o § 1º, inciso II, do art. 225, da CRFB/88, com finalidade de proteger o patrimônio
genético.
o Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente;

 Alguns conceitos são:


o Organismo Geneticamente Modificado (OGM): Organismo que teve seu material genético
modificado por técnica de engenharia genética.
o Organismo: Toda entidade biológica capaz de reproduzir ou transferir material genético,
inclusive, vírus e outras classes que venham a ser reconhecidas.
o Atividade de pesquisa: Realizada em laboratório, regime de concentração ou campo, como
parte do processo de obtenção do OGM.

 As pesquisas com células-tronco embrionárias:


o Art. 5º. É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco
embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não
utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições:
I - sejam embriões inviáveis; ou
II - sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação
desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de
completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento.
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52 Rubens Vaz Júnior

§ 1. Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos


genitores.
§ 2. Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou terapia com
células-tronco embrionárias humanas deverão submeter seus projetos à apreciação e
aprovação dos respectivos comitês de ética em pesquisa.
§ 3. É vedada a comercialização do material biológico a que se refere este artigo e sua
prática implica o crime tipificado no art. 15 da Lei no 9.434, de 4 de fevereiro de 1997.

 A Lei veda, expressamente, a comercialização do material biológico.


o Art. 15, da Lei 9.434/1997. Comprar ou vender tecidos, órgãos ou partes do corpo humano:
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa, de 200 a 360 dias-multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem promove, intermedeia, facilita ou aufere
qualquer vantagem com a transação.

 A Lei veda a clonagem humana.


o Art. 6º. Fica proibido:
I – implementação de projeto relativo a OGM sem a manutenção de registro de seu
acompanhamento individual;
II – engenharia genética em organismo vivo ou o manejo in vitro de ADN/ARN
natural ou recombinante, realizado em desacordo com as normas previstas nesta
Lei;
III – engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e embrião
humano;
IV – clonagem humana;
V – destruição ou descarte no meio ambiente de OGM e seus derivados em
desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio, pelos órgãos e entidades de
registro e fiscalização, referidos no art. 16 desta Lei, e as constantes desta Lei e de
sua regulamentação;
VI – liberação no meio ambiente de OGM ou seus derivados, no âmbito de
atividades de pesquisa, sem a decisão técnica favorável da CTNBio e, nos casos de
liberação comercial, sem o parecer técnico favorável da CTNBio, ou sem o
licenciamento do órgão ou entidade ambiental responsável, quando a CTNBio
considerar a atividade como potencialmente causadora de degradação ambiental,

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53 Rubens Vaz Júnior

ou sem a aprovação do Conselho Nacional de


Biossegurança – CNBS, quando o processo tenha sido por ele avocado, na forma
desta Lei e de sua regulamentação;
VII – a utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o licenciamento
de tecnologias genéticas de restrição do uso.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, entende-se por tecnologias genéticas de
restrição do uso qualquer processo de intervenção humana para geração ou multiplicação
de plantas geneticamente modificadas para produzir estruturas reprodutivas estéreis,
bem como qualquer forma de manipulação genética que vise à ativação ou desativação de
genes relacionados à fertilidade das plantas por indutores químicos externos.
o E se houver clonagem humana, há responsabilização.

 O Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) é o órgão superior de assessoramento do


Presidente da República, responsável por fixar princípios e diretrizes, órgãos e entidades federais
com competência sobre a matéria.
o Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CNBS: Instância colegiada
multidisciplinar de caráter consultivo e deliberativo. Apoio técnico para implementação da
Política Nacional de Biossegurança – PNB (normas técnicas de segurança e de pareceres
técnicos).

 Responsabilidade Civil, Administrativa e Penal:


o Responsabilidade civil (art. 20, da Lei 11.105/2005): Sem prejuízo da aplicação das
penas previstas nesta Lei, os responsáveis pelos danos ao meio ambiente e a terceiros
responderão, solidariamente, por sua indenização ou reparação integral,
independentemente da existência de culpa.
- Responsabilidade civil objetiva e solidária.
o Responsabilidade penal: A responsabilidade penal ambiental da pessoa jurídica é
intransferível, já que prevalece, em direito penal, em tese, o princípio da responsabilidade
pessoal, veiculado por meio do artigo 5º, XLV, da CRFB/88.
- A eventual responsabilidade criminal das pessoas jurídicas não afeta a
responsabilidade pessoal e direta das pessoas físicas que participaram de alguma
maneira para a consecução do dano ambiental. Isso porque, os sócios e/ou
administradores responderiam neste caso em nome próprio.
- Artigos 24, 25 e 26.
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54 Rubens Vaz Júnior

o Responsabilidade administrativa (art. 21, da Lei


11.105/2005): Considera-se infração administrativa toda ação ou omissão que viole as
normas previstas nesta Lei e demais disposições legais pertinentes.
Parágrafo único. As infrações administrativas serão punidas na forma estabelecida no
regulamento desta Lei, independentemente das medidas cautelares de apreensão de
produtos, suspensão de venda de produto e embargos de atividades, com as seguintes
sanções:
I – advertência;
II – multa;
III – apreensão de OGM e seus derivados;
IV – suspensão da venda de OGM e seus derivados;
V – embargo da atividade;
VI – interdição parcial ou total do estabelecimento, atividade ou empreendimento;
VII – suspensão de registro, licença ou autorização;
VIII – cancelamento de registro, licença ou autorização;
IX – perda ou restrição de incentivo e benefício fiscal concedidos pelo governo;
X – perda ou suspensão da participação em linha de financiamento em
estabelecimento oficial de crédito;
XI – intervenção no estabelecimento;
XII – proibição de contratar com a administração pública, por período de até 5
(cinco) anos.

 Art. 27, da Lei 11.101/2005. Liberar ou descartar OGM no meio ambiente, em desacordo com as
normas estabelecidas pela CTNBio e pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização.
o Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
o O STJ já decidiu que cabe a Justiça Federal julgar os crimes de liberação ilegal de organismos
geneticamente modificados.

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SISTEMA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS – LEI 9.433/97

 Art. 20, CRFB/88. São bens da União:


o III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem
mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território
estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
o VIII - os potenciais de energia hidráulica;

 Art. 26, CRFB/88. Incluem-se entre os bens dos Estados:


o I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas,
neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
o A União, o Estado e os Municípios fazem a gerência dos recursos naturais.

 Art. 1º, da Lei 9.433/1997. A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes
fundamentos:
I - a água é um bem de domínio público;
II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a
dessedentação de animais;
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas;
V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de
Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder
Público, dos usuários e das comunidades.

 A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) é uma autarquia sob o regime especial,
com autonomia financeira e administrativa, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, com
finalidade de:
a) implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos;
b) regular o uso de recursos hídricos;
c) prestação dos serviços públicos de irrigação;
d) adução de água bruta;
e) segurança de barragens; e
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Direito Ambiental
56 Rubens Vaz Júnior

f) pela instituição de normas de referência para a


regulação dos serviços públicos de saneamento básico.
o Visa garantir a segurança hídrica para o desenvolvimento sustentável no País e atua:
a) em articulação com setores e esferas de governo;
b) na produção e disseminação de informações e conhecimentos; e
c) no estabelecimento de normas que visam garantir o direito ao uso da água,
minimizar os efeitos de eventos críticos (secas e inundações) e dar referência
para a regulação dos serviços públicos de saneamento básico.

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57 Rubens Vaz Júnior

RESPONSABILIDADE CIVIL E ADMINISTRATIVA POR DANOS AO


MEIO AMBIENTE

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações.
§ 3º. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.

 A responsabilidade civil por dano ambiental está disposta no art. 4º, inciso VII, da Lei 6.938/81.
o Temos a chamada imprescritibilidade.
o A política nacional do meio ambiente visará à imposição, ao poluidor e ao predador, da
obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela
utilização de recursos ambientais com fins econômicos.
o Responsabilidade civil objetiva (art. 14, § 1º): Sem obstar a aplicação das penalidades
previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a
indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de
responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.

 A responsabilidade administrativa por dano ambiental está disposta no art. 70, da Lei
9.605/1998.
o Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras
jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.
o A infração administrativa ambiental tem prazo prescritivo de 5 anos, contados a partir da
prática do ato infracional (Súmula 467, STJ).
- Há possibilidade da prescrição intercorrente.
o A responsabilidade administrativa é subjetiva, por conta do julgado no Resp 1.401.500/PR –
13.9.16, mas não há pacificidade da doutrina neste tema.
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58 Rubens Vaz Júnior

- Necessidade de comprovação do elemento subjetivo


(dolo/culpa), além dos elementos dano e nexo causal.
o São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo
administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de
Meio Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, bem como os
agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.
o Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigir representação às
autoridades relacionadas no parágrafo anterior, para efeito do exercício do seu poder de
polícia.
o A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a
promover a sua apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de
corresponsabilidade.
o As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo próprio, assegurado o
direito de ampla defesa e o contraditório, observadas as disposições desta Lei.

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DIREITO URBANÍSTICO

 A Lei 10.257/2001 estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências.

 Art. 182, da CRFB/88. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público
municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de
vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão
urbana.
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais
de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em
dinheiro.
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado,
subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão
previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros
legais.

 O processo de Urbanização está ligado ao processo de industrialização e a ausência de


planejamento urbano.

 Art. 2º, da Lei 10.257/2001. A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento
das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:
I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à
moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços
públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações;
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II – gestão democrática por meio da participação da população e de associações


representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e
acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;
III – cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade no
processo de urbanização, em atendimento ao interesse social;
IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e
das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de influência, de modo a
evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio
ambiente;
V – oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos
adequados aos interesses e necessidades da população e às características locais;
VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:
a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos;
b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;
c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à
infra-estrutura urbana;
d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos
geradores de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente;
e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não
utilização;
f) a deterioração das áreas urbanizadas;
g) a poluição e a degradação ambiental;
h) a exposição da população a riscos de desastres.
XIII – audiência do Poder Público municipal e da população interessada nos processos de
implantação de empreendimentos ou atividades com efeitos potencialmente negativos sobre o
meio ambiente natural ou construído, o conforto ou a segurança da população;
XIV – regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa
renda mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e ocupação do solo
e edificação, consideradas a situação socioeconômica da população e as normas ambientais;

 Art. 4º, da Lei 10.257/2001. Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento
econômico e social;
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II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;


III – planejamento municipal, em especial:
a) plano diretor;
- objetiva disciplinar a ocupação do solo.
- cidades acima de 20 mil habitantes necessitam do plano diretor, efetivamente.
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
c) zoneamento ambiental;
d) plano plurianual;
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
f) gestão orçamentária participativa;
g) planos, programas e projetos setoriais;
h) planos de desenvolvimento econômico e social;
IV – institutos tributários e financeiros:
a) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana - IPTU;
b) contribuição de melhoria;
c) incentivos e benefícios fiscais e financeiros;
V – institutos jurídicos e políticos:
a) desapropriação;
b) servidão administrativa;
c) limitações administrativas;
d) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano;
e) instituição de unidades de conservação;
f) instituição de zonas especiais de interesse social;
g) concessão de direito real de uso;
h) concessão de uso especial para fins de moradia;
i) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios;
j) usucapião especial de imóvel urbano;
l) direito de superfície;
m) direito de preempção;
n) outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso;
o) transferência do direito de construir;
p) operações urbanas consorciadas;
q) regularização fundiária;
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PARABÉNS PELO EMPENHO!

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