Você está na página 1de 16

A construção do espaço histórico ambiental da APA Araripe: Necessidade de

conservação, registro e fomento.

Resumo:

O presente trabalho O presente estudo tem como objetivo fazer uma análise da
construção espaço histórico ambiental da APA ARARIPE, buscando conhecer mais
profundamente as riquezas naturais de tal unidade de conservação a fim de levantar
dados sobre a situação atual da APA com mais de 20 anos de criação. Alguns
questionamentos são abordados quanto as verdadeiras transformações ocorridas após a
criação da unidade através de decreto federal em 04 de agosto de 1997, com a proteção
de uma área de 972.590,45 hectares 1 do bioma caatinga. Busca-se demostrar a
necessidade premente de conservação, registro e fomento das características desse
bioma exclusivo nordeste brasileiro, onde espécies encontradas somente em tais
condições climáticas e geográficas sofrem a constante ameaça de extinção. A pesquisa
tem caráter exploratório e descritivo a partir da revisão literária e da pesquisa
bibliográfica realizada em sites, livros, artigos e outras publicações que tratam do
assunto.

Abaiara  -  Araripe  -  Barbalha  -  Brejo Santo  -  Campos Sales;-  Crato  - 


Jardim >
< Jati  -  Missão Velha  -  Nova Olinda  -  Penaforte  -  Porteiras  -  Potengi >
< Salitre  -  Santana do Cariri >
(CE)
< Araripina  -  Bodocó  -  Cedro  -  Exu  -  Ipubi  -  Serrita  -  Moreilândia  - 
Trindade >
(PE)
< Alegrete do Piuaí  -  Caldeirão Grande do Piauí  -  Caridade do Piauí  -  Curral
Novo do Piuaí >
< Francisco Macedo  -  Fronteiras  -  Marcolândia  -  Padre Marcos  -  São Julião 
1
Ref
-  Simões >
(PI)
Rua Professor Joaquim Fernandes Teles s/Nº  -  Crato (CE)
Superfície
1.063.000 hectares e um perímetro de 2.658 km.

Bioma
Caatinga

Introdução

Em 1962 a bióloga norte americana Rachel Carson (1907) lançaria o livro


Primavera Silenciosa, obra que marcou o nascimento da consciência ambiental da
contemporaneidade e influenciou os grandes movimentos ecológicos da modernidade.
*2

O espaço histórico caririense é extremamente rico tanto em seus aspectos sócios


culturais, quanto ao seu aspecto ambiental.

O Meio ambiente pode ser definido como todo espaço em que o homem habita e
interage, valendo salientar que o mesmo precisa ser preservado de forma a proporcionar
uma vida saudável ao ser humano, fortalecendo assim a garantia dos direitos básicos.
O presente estudo tem como objetivo fazer uma análise da construção espaço
histórico ambiental da APA ARARIPE, buscando conhecer mais profundamente as
riquezas naturais de tal unidade de conservação a fim de levantar dados sobre a situação
atual da APA com mais de 20 anos de criação. Alguns questionamentos são abordados
quanto as verdadeiras transformações ocorridas após a criação da unidade através de
decreto federal em 04 de agosto de 1997, com a proteção de uma área de 972.590,45
hectares3

2
Aluno do curso de .......urca
3
Ref
com o o asvalendo salientar que o texto enfatiza de início considerações sobre a
lei dos crimes ambientais, seguido de outras explanações como: conceitos sobre efeitos
da degradação ambiental;

Considerações Atinentes à Lei dos Crimes Ambientais

A Constituição Federal de 1988 consagrou de forma nova e importante a


existência de um bem que não possui características de bem público e, muito menos,
privado. O instituto está materializado no Art. 225 do texto constitucional,
estabelecendo que o meio ambiente ecologicamente equilibrado é direito de todos,
dando origem assim ao bem ambiental que deve ser defendido pelo poder público e pela
coletividade, sua defesa e preservação estão vinculadas às presentes e futuras gerações
(SUGAHARA, 2009).
A legislação sobre crimes ambientais do Brasil é considerada uma das mais
avançadas do mundo. Condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
passam a ser punida civil, administrativa e criminalmente. Vale dizer: constatada a
degradação ambiental, o poluidor, além de ser obrigado a promover a sua recuperação,
responde com o pagamento de multas pecuniárias e com processos criminais.
Sem entrar em maiores considerações a respeito da culpabilidade na moderna
doutrina brasileira, que parece ser tanto psicológica quanto normativa, importa,
sobretudo, lembrar que os crimes ecológicos tanto podem ser dolosos como culposos,
mas de acordo com a regra do art. 18 do Código Penal, válida também para a legislação
especial, os crimes culposos só serão puníveis quando expressamente forem
mencionados na lei; no silêncio desta, subentende-se terem sido previstos apenas na
forma dolosa, dependendo a sua punição da verificação da consciência e vontade do
agente na sua prática, além, evidentemente, da inexistência de excludentes ou causas de
justificação. Nas contravenções penais, todavia, basta a simples voluntariedade da
conduta, ou seja, a sua espontaneidade, prescindindo-se do dolo e da culpa para a
fixação da responsabilidade, conforme Art. 3º do Decreto-Lei nº 3.688 de 03 de outubro
de 1941.
A Lei nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, Lei dos Crimes Ambientais,
Lei da Natureza ou como é popularmente conhecida, Lei da Vida, fortalecendo a
garantia dos direitos inerentes e essenciais a humanidade em consonância com o
ordenamento jurídico. Cabe, porém, fazer algumas considerações sobre suas inovações,
realizando um comparativo entre o comportamento da legislação anterior, a aprovação
da lei e a atual previsão no ordenamento jurídico pátrio, instituído pela Lei 9.605/98.
A Lei dos de Crimes Ambientais no Brasil só foi aprovada no ano de
1998. Não trata apenas de punições severas: ela incorpora métodos e
possibilidades de não aplicação das penas, desde que o infrator recupere o
dano ou, de outra forma, pague sua dívida à sociedade. Esperou-se com esta
Lei que órgãos ambientais e Ministério Público pudessem contar com um
instrumento a mais que lhes garantiria agilidade e eficácia na punição dos
infratores do meio ambiente. Criada para complementar a Lei nº 6.938, de
31/8/81 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente
(BITTENCOURT,1999).

1.1 Considerações Acerca da Política Nacional do Meio Ambiente

A Política Nacional do Meio Ambiente foi estabelecida mediante a edição da Lei


nº 6.938/81 de 31 de agosto de 1981, criando o Sistema Nacional do Meio Ambiente
(SISNAMA). Seu objetivo é o estabelecimento de padrões que tornem possível o
desenvolvimento sustentável através de mecanismos e instrumentos capazes de conferir
ao meio ambiente uma maior proteção.
As diretrizes desta política são elaboradas através de normas e planos destinados
a orientar entes públicos da federação, em conformidade com os princípios elencados no
Art. 2º da Lei nº 6.938/81:

 I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o


meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e
protegido, tendo em vista o uso coletivo;

 II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

 Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

 IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;

 V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;

 VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso


racional e a proteção dos recursos ambientais;

VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;


VIII - recuperação de áreas degradadas;

IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;

X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da


comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente

Criação das áreas de proteção

Assaré *

3. Altaneira *

4. Farias Brito *

5. Potengi

6. Salitre

7. Araripe
8. Santana do Cariri

9. Nova Olinda

10. Crato

11. Barbalha
12. Missão Velha
13. Abaiara
14. Jardim
15. Porteiras
16. Brejo Santo
17. Jati
18. Penafor
http://www.wikiaves.com.br/areas:apa_chapada_do_araripe:inicio
Visitação
A APA Chapada do Araripe é formada por propriedades particulares e outras Unidades de Co
principais apresentadas como destino para observação de aves. Parte do Parque Estadual Sítio Fu
APA Chapada do Araripe conforme mapa da página do ICMBio, no entanto, o limite urbano da cidad
da criação da APA incluía totalmente a área onde o parque foi posteriormente criado (Lei Municipal d
5 de maio de 1994), portanto, estas Unidades de Conservação não deveriam se sobrepor segundo
da APA. Outras Unidades de Conservação são compreendidas nos perímetros da APA Chapada
algumas que ainda não constam na lista de Áreas de Observação do Wikiaves.

Unidades de Conservação dentro da APA Chapada do Araripe:

 Parque Natural Municipal Luis Roberto Correia Sampaio (Riacho do Meio)


 Monumento Natural Sítio Riacho do Meio
 Monumento Natural Sítio Cana Brava
 Monumento Natural Pontal da Santa Cruz
 Parque Natural Municipal Distrito Brejinho
 Reserva Particular do Patrimônio Natural Arajara Park
 Reserva Particular do Patrimônio Natural Araçá
 Reserva Particular do Patrimônio Natural Oásis Araripe
 Parque Estadual Sítio Fundão (APA lindeira ou em parte sobreposta)
Unidades de Conservação próximas à APA Chapada do Araripe, também propostas para integrar u
protegidas:

 Parque Estadual Sítio Fundão (APA lindeira ou em parte sobreposta)


 Floresta Nacional do Araripe-Apodi (APA cerca integralmente)
 Monumento Natural Cachoeira do Rio Batateira (APA dista cerca de 7 km)
 Parque Natural Municipal Cachoeira de Missão Velha / Bioparque (APA dista cerca de 7 km)
 Parque Natural Municipal Boqueirão (APA dista cerca de 7 a 12 km, dependendo do perímetro ado
 Estação Ecológica de Aiuaba (APA dista cerca de 23 a 27 km, dependendo do perímetro adotado)
 Floresta Nacional de Negreiros (APA dista cerca de 31 km)
 Área de Proteção Ambiental da Ingazeira (APA dista cerca de 40 a 48 km, dependendo do períme

http://www.editorarealize.com.br/revistas/conidis/trabalhos/
TRABALHO_EV064_MD4_SA2_ID1693_22102016000931.pdf

Introdução

No transcorrer das últimas seis décadas, um grande número de cidades


brasileiras, a exemplo dos municípios que compõem a região do Cariri e se integram no
espaço de conservação da Apa Araripe, apresentaram uma intensa urbanização, esta
decorrente do processo evolutivo industrial e também da massificação populacional,
provocando com isso, o surgimento de problemas sociais bem como ambientais.

A forma mais usual de destinação e disposição de resíduos sólidos é, dentre


outas denominações, lixões. E por definição, o lixão é o local em que os resíduos
sólidos são lançados ao solo, sem nenhum estudo prático ou qualquer monitoramento e
inclusive o tratamento. Contudo, essa prática é de caráter reprobatório, pois se sabe que
é a partir do acúmulo de resíduos orgânicos, que advém o chorume 4, capaz de atingir o
solo suprimindo a vegetação e, se porventura atingir o lençol freático, o dano pode ser
de difícil ou impossível reparação.
Barbalha é um município do estado do Ceará, integrante da Região
Metropolitana do Cariri, está a 414 m de altitude e localiza-se a 510 km da capital
Fortaleza, com população aproximada de 56.000 habitantes, onde existe o lixão
localizado na CE 223 km 2.5, estrada que liga a cidade de Barbalha à cidade de Jardim.
Sua localização dentro do perímetro urbano é menos de 1 km de um dos
hospitais de referência na região, Hospital Santo Antônio. Tendo igual proximidade a
um riacho, pertencente à Bacia do Salgado, o que traz contaminação ao manancial local.
Além do fato de encontrar-se dentro da Área de Proteção Ambiental - APA- Araripe,
também no entorno da Floresta Nacional do Araripe - Flona.
A relevância da pesquisa consiste em analisar a problemática do lixão da cidade
do Município de Barbalha - CE, conforme Termo de Ajustamento de Conduta - TAC nº
104/2005 do Ministério Público do Trabalho. Que enseja cumprir medidas destinadas a
fazer cessar a degradação ambiental provocada pelo deposito de lixo desta cidade. Bem
como os seus aspectos jurídicos trabalhistas, entre outras ações o TAC visa também
( Clausula 2º item 1º.) prevenir e erradicar o trabalho de crianças e adolescentes, os
quais são vitimas de exploração do trabalho infanto-juvenil.
Por fim, o presente artigo irá se fundamentar no método dialético, tendo a
pretensão de se fazer uma maior abordagem sobre o problema sócio ambiental gerado
pelo lixão.
1. Degradação ambiental e a responsabilidade criminal em Barbalha

4
Liquido oriundo da decomposição de matéria orgânica.
1.1 Lixo: Uma ameaça ao Meio Ambiente

A palavra lixo origina-se do latim lix, que significa cinzas ou lixívia. No Brasil
atribuiu-se ao lixo, segundo a NBR 10004, a determinação de resíduo sólido. A Palavra
Residuu, do latim, significa o que sobra de determinadas substâncias e recebe a
interpretação de sujeira, imundice, coisa inúteis e sem valor (BIDONE: POVINELLI
1999, apud CORNIERI: FRACALANZA, 2010)
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2008
foram coletadas diariamente 183.488 toneladas de resíduos sólidos domiciliares e de
limpeza pública no Brasil (CEMPRE, 2010)·.
O lixo pode ser classificado quanto ao seu estado físico (sólido, líquido e
gasoso) e quanto à sua origem (doméstico, comercial, industrial, hospitalar, espacial,
etc.) O lixo doméstico e industrial tende a ser cada vez mais perigosos. Apesar desses
perigos comprovados, sua produção não para de crescer como um subproduto da
industrialização de da urbanização (TAVARES, 2009).
Lixo e resíduo significam a mesma coisa sendo que, de forma genérica, pode-se
afirmar que constituem toda substancia da qual resulta da não interação entre o meio
que habitamos, aonde vem determinar um descontrole. Seria de certa forma, aquilo que
não é reaproveitada pelo sistema (FIORILLO, 2008).
O resíduo sólido segundo Resolução do CONAMA nº 05/93, através de seu
artigo 1º descreve que são aqueles resíduos em seu estado solido ou semissólido,
resultado de atividades de origem industrial, hospitalar, domestica, comercial, agrícola
dentre outros.
Dentre eles, destacam-se também os lodos que são provenientes do tratamento
de água bem como aqueles líquidos em que, devido suas particularidades tornaria
inviável seu lançamento na rede de esgoto exigindo para isso soluções técnicas tonando
economicamente inviável. Os impactos ambientais negativos causadas pela produção e
a inadequada disposição dos resíduos sólidos comprometem a saúde da população, às
vezes de forma fatal.
Não menos importante é a preocupação com as doenças que possuem como
vetores alguns animais, que encontram, no lixo, o abrigo e habitat favorável a sua
proliferação, como ratos, baratas, mosca e mosquitos diversos. O lixo disposto no solo
sem nenhum tratamento se constitui como uma ameaça à saúde pública (LIMA, 1991).
1.2 Concepções Éticas a e Crise Ambiental

A história de preocupação com o problema dos resíduos sólidos se deu


inicialmente sob o enfoque da saúde humana, através da Lei 2.312 de 1954, sendo
regulamentado pelo Decreto nº 49.974-A, denominado de código nacional da saúde,
possuindo em seu escopo que o transporte, o destino final e a coleta do lixo, deveria se
dar em condições adequadas à saúde e meio ambientes.

Considerando que todos têm direito ao um meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo, e essencial à qualidade de vida, o
qual fica compreendido como um conjunto de condições, leis interações e
influencias de ordem química, física e biológica, o qual permite e rege a vida
em todas as formas conhecidas (BRASIL, 1954).

Segundo Weffort (2000), na obra O espírito das leis, publicada em 1748,


Montesquieu, um dos filósofos iluministas, registrou sua maior contribuição para a
formação da sociedade contemporânea: a teoria da separação dos poderes.

Há três tipos de governo: o republicano, o monárquico e o despótico. Para


descobrir lhes a natureza, basta a ideia que deles têm os homens menos
instruídos. Suponho três definições ou, antes, três fatos: um, que o governo
republicano é aquele em que todo o povo, ou apenas uma parte do povo, tem
o poder soberano; o monárquico, aquele em que uma só pessoa governa, mas
por meio de leis fixas e estabelecidas; enquanto, no despótico, uma só pessoa,
sem lei e sem regra, tudo conduz, por sua vontade e por seus caprichos. Eis
que denomino a natureza de cada governo. É preciso que se examinem quais
as leis que decorrem diretamente dessa natureza que, consequentemente, são
as primeiras leis fundamentais (MONTESQUIEU, 1748, Apud WEFFORT,
2000, p. 33).

Em seus escritos, os pensadores iluministas insistiam que somente a partir do


uso da razão os homens atingiriam o progresso, em todos os sentidos. Onde a
universalidade, individualidade e a autonomia estariam ao alcance de todo homem e
mulher (MOTA, 2005).
Sabe-se que as primeiras ideias de concepção do meio ambiente e o homem
como agente agressor desse remontam dos séculos XVII e XVIII sobre tudo quando o
iluminismo começa a ganhar força na camada burguesa de vários países.
Conforme Galvão (2011) séculos atrás já havia pessoas denunciando a
devastação ambiental, no planeta. A autora cita Raquel Carson, “Primavera Silenciosa”
chamando a atenção ”que países ricos tinham tradição de crescer, à custa da destruição
dos recursos naturais dos países subdesenvolvidos e pobres” (CARSON,1962, Apud
GALVÃO, 2011, p. 76).
Mais de cinquenta anos se passaram e o homem ainda teoriza sobre a devastação
ambiental causada pelo seu comportamento consumista, o debate sobre um modelo de
desenvolvimento sustentável urge sair do universo da discussão e partir para a prática.

Historicamente, no modo de produção capitalista, o trabalhador necessitou


submeter-se a condições e ambientes inadequados de trabalho, cujas tarefas
são fragmentadas, desqualificadas, repetitivas, levando-o a uma perda
gradativa do controle sobre o processo produtivo e o aumento de seu desgaste
físico e emocional. Acrescenta-se a esses fatores o ritmo acelerado de
trabalho, objetivando a maior produção, além de todo um processo de
isolamento e competitividade que acaba impossibilitando o aparecimento
entre os trabalhadores de relações de solidariedade no trabalho (BRASIL,
2001 apud in TAVARES, 2009 p. 23).

O advento do capitalismo e da produção em massa por ele desencadeada tornou


o planeta um vasto campo de exploração tanto de matérias primas, quanto do trabalho
humano, tal exploração desenfreada exterminou culturas e extinguiu espécies. Além de
causar degradação ambiental em muitas partes do globo.
Os movimentos ambientalistas conquistaram as suas desejadas leis de proteção
ambiental, contudo o cumprimento de algumas destas leis ainda se encontra bem
distante da efetivação.

1.2.1 Proteção do Meio Ambiente e as questões de direitos e obrigações civis no


combate ao trabalho infantil

Com o advento da era industrial, a natureza dos dejetos tornou-se muito mais
complexa, onde novos materiais têm sido empregados e se observa uma enorme
diversificação dos bens fabricados, tais como; - metais, plásticos e materiais usados na
eletrônica e na fabricação de eletrodomésticos, os quais contêm metais pesados e a sua
degradação é difícil ou quase impossível.
Apesar dessa realidade de degradação, as sociedades vêm desenvolvendo novas
formas de interagir com o planeta, a partir do diagnóstico de que o homem é um ser que
depende das forças da natureza e dessa forma precisa conservá-la em equilíbrio a partir
de uma nova visão. Pela qual se acredita que:

A vida, em todas as suas formas e não apenas a humana, passou a ser


considerado como o valor mais expressivo do ecossistema planetário,
reconhecendo-se a importância de todos os seres vivos por si mesmos e para
a manutenção do equilíbrio do ambiente (ABREU; BUSSINGUER, 2013, p.
5).

Além das questões de proteção ambiental já comtempladas pela legislação, há


problemática relacionada às questões sociais e salutares. Assim com o foco voltado
para a conservação e valorização da vida e todos os aspectos a ela inerentes, surgiu o
termo biocentrismo, vocábulo híbrido de composição greco-latina, do grego: bios, a
vida; do latim: centrum, centricum, o centro (ABREU; BUSSINGUER, 2013).
Onde o ambiente deixa de ser o foco, tomado agora sob o enfoque de proteção
à vida humana em todos os seus aspectos. Hoje falar sobre reaproveitamento de recursos
é muito mais que discutir uma alternativa a diminuição de produção de lixo como forma
de garantir o equilíbrio ambiental. Fomentar a coleta seletiva é abrir caminhos para um
mercado em expansão, baseada num modelo econômico mais sustentável:

Ruffolo (1991) afirma que os sistemas sociais se baseiam na desigualdade,


seja da força ou riqueza e que esta desigualdade é justificada pela escassez de
recursos. Tendo em vista esta privação dos recursos, deu-se início a um novo
ramo de atividade, catação de materiais recicláveis como meio de
sobrevivência tanto para indivíduo como para o ecossistema. Porto (2005)
realça que os lucros e benefícios são concentrados nas mãos de poucos,
enquanto as cargas do desenvolvimento são distribuídas aos trabalhadores,
principalmente no que tange aos grupos mais vulneráveis, como as
populações pobres e discriminadas (TAVARES, 2009, p. 28).

Apesar da realidade constada pela autora supracitada, é sabido que indústria da


reciclagem vem beneficiando milhares de famílias no Brasil, separar materiais para o
beneficiamento, servindo a um mercado – informal é uma alternativa de renda buscada
por muitas pessoas em situação de pobreza.
O Grande problema recai na informalidade da categoria profissional que vem
crescendo largamente, e principalmente na exploração do trabalho infantil, além das
questões salutares resultantes do acúmulo inadequado do lixo.
Desde o início desta década o Título V, Art. 43 do decreto Nº 7.404 de
23/12/2010, determina que “A União deverá criar (...) programa com a finalidade de
melhorar as condições de trabalho e as oportunidades de inclusão social e econômica
dos catadores (...)” (BRASIL, 2010).
Ainda é pouco expressivo o número de políticas públicas de incentivo ao
trabalho dos catadores. Poucas são as cidades fazem a coleta seletiva, e anda é
insatisfatório o número os projetos relacionados à aplicação da política.
Sobre o manejo do lixo no Brasil, dados de um trabalho sobre a viabilidade
econômica de uma cooperativa de reciclagem relatam que:

Dos 70 milhões de quilos do lixo doméstico produzido por dia no Brasil, 76%
são lançados a céu aberto, 13% em “lixões” controlados pelos municípios,
9% em aterros sanitários e apenas 2% são reciclados, ou seja, a maior parte
dos municípios brasileiros possui disposição final inadequada dos resíduos
sólidos urbanos (BARBOSA, RABELO, apud VAZ JR; PASQUALETTO,
2009, p. 34).

No passado a problemática residia na falta de legislação sobre o correto manejo


de resíduos. Lembram os autores, que os estudos atuais demostram que existem medidas
de controle que minimizam os impactos causados pela disposição inadequada de lixo, a
partir de aterros controlados pode-se atenuar a problemática. Até então, a questão recaiu
na inviabilidade financeira, devido ao custo elevado de tal implementação por parte dos
poderes públicos municipais (VÁZ JR; PASQUALETTO, 2009).
Porém muito pouco tem sido feito para transformar tal realidade, fato que já
causava uma preocupação antes mesmo da publicação da Politica Nacional de Resíduo
Sólidos – PNRS Lei nº 12.305/2010.
Como no caso da cidade de Barbalha, onde a realização do trabalho dos
catadores se dava sem nenhuma intervenção da administração pública local e se tornou
a partir de denuncias oriundas da própria comunidade, objeto de investigação e controle
do Ministério Público do Trabalho, visto transgredir normas constitucionais. Fatos que
ocorrem em muitas localidades deste imenso país, justificados pelo próprio contexto
sócio político econômico vivenciado. Como constata a autora:

No sistema de gestão de resíduos, observam-se de um lado a riqueza, o


consumo, o desperdício, o descarte e, de outro, a miséria, a inclusão perversa
dos catadores que vivem à margem deste sistema. Os excluídos do mercado
formal de trabalho inserem-se em nichos de trabalho e de geração de renda
dos setores mais pobres da população urbana, em uma realidade complexa
nas práticas cotidianas de catação de lixo, ampliando, assim, a exploração
daqueles que para sobreviver submetem-se a toda e qualquer exigência do
mercado (TAVARES, 2009, p. 27).

Dentre as exigências desse mercado está a quantidade de material coletado que


garante um lucro maior ao final do dia, visto que a matéria reciclada é comercializada a
partir de sistemas de pesagem. Situação que faz com que todos os membros da família
terminem por se envolver no processo de catação.
Os pais desses menores, na sua grande maioria, desconhecem os riscos ao qual
expõem seus filhos, e tão pouco as leis de proteção a quais estão submetidos. A
problemática recai na falta de informação, e de programas de educação que combatam a
exploração do trabalho infantil de forma mais ampla. No geral as famílias buscam
apenas uma alternativa que os permita suprir suas necessidades básicas de consumo.
A exploração da mão-de-obra infantil nos lixões é uma realidade brasileira,
infelizmente as garantias legais não passam de utopias futuristas, se é que
podemos sonhar que algum dia os direitos da criança e do adolescente serão
respeitados. Muitas crianças trabalham coletando no lixo alimentos para a
subsistência, utensílios para venda ou para o uso próprio etc. Essas crianças
ficam sujeitas a diversos problemas de saúde, pois mantém contato direto
com matérias em decomposição, o que atrai uma porção de germes
transmissores de doenças e como, também, ratos, baratas, moscas etc.,
igualmente perigosos (SANTOS, 2012).

A apesar da exposição aos riscos que envolvem o trabalho da catação de


materiais e das péssimas condições de trabalho que enfrentam, estudos realizados em
várias cidades do país tem demostrado que a renda dos catadores organizados em
cooperativas, supera o salário mínimo na maioria dos casos, e muitos deles conseguem
obter uma remuneração mensal acima da média brasileira (CORNIERI;
FRACALANZA, 2010)
A possibilidade de conquistar a segurança economica, na visão dos catadores
supera todos os riscos, inclusive o trabalho infantil. Contudo estes riscos que podem ser
minizados a partir da gestão adequada dos resíduos, com respeito as normas de
segurança prescritas pelos órgãos competentes.
Assim como em algumas localidades, onde a realidade vem comprovando a
viabilidade econômica de muitas cooperativas e associações de agentes recicladores
espalhadas pelo país, que conseguem realizar um trabalho responsável não somente a
partir da ótica da proteção ambiental. Mas principalmente firmados em princípios que
correspondem a proteção do ser humano e aos interresses coletivos. Reiterados pela
atual política nacional de residuos sólidos.
A problemática exige uma atuação integrada de políticas nas áreas da educação,
saúde e assistência social. Com esse intuito, surgiu um programa do governo em maio
de 1996, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) é uma ação do
Governo Federal, em parceria com os governos estaduais e municipais (SANTOS,
2012).
O Programa se apresenta com duas ações articuladas: o serviço socioeducativo,
ofertado às crianças e adolescentes afastadas do trabalho, e a transferência de renda para
suas famílias ao manterem esses indivíduos longe de atividades laborais e de
exploração; a garantia da frequência mínima dos meninos e meninas nas atividades de
ensino regular e no serviço socioeducativo oferecido pelo Programa no turno
complementar ao da escola; o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento
infantil, da vacinação, bem como da vigilância alimentar e nutricional de crianças
menores de sete anos.

2. Termo de Ajustamento de Conduta e seus aspectos jurídicos.

2.1 Da legitimidade e competência do Ministério Público do Trabalho

Em Barbalha/CE são coletados 42,8 toneladas de lixo diariamente, com a média


diária de 0,831 kg por habitante, sendo que deste 72,79 % é matéria orgânica, 9,28 % é
papel, 8,54% é plástico, 4,21% é metal (alumínio, aço e cobre), 2,20% é vidro, 1,78% é
têxtil e 1,28% são outros materiais. 64% do total do lixo é recolhido dos domicílios em
detrimento aos 11% das praças e logradouros, 10 % da construção civil, 6% do
comércio, 3% dos matadouros e feiras dos mercados, 2% serviços de saúde e 2% do
turismo, sendo o total de resíduos recicláveis é de aproximadamente 40 mil kg por ano
(BARBALHA, 2011).
Em 17 de outubro do ano de 2005 foi publicado o Termo de Compromisso de
Ajustamento de Conduta (TAC) de Nº 104/2005, firmado nos Autos do Procedimento
Administrativo do Município de Barbalha. Onde o Ministério Público do Trabalho,
através da Procuradoria Regional do Trabalho, 7ª Região, delibera sobre o cumprimento
das determinações legais prepostas nos Art. 5º e 6ª da Lei Federal Nº 7.347/85
(Ministério Público do Trabalho, 2005).

ABLP, A. B. D. R. S. L. P. Guia de orientação para adequação dos Municípios à


Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), São Paulo, 2011.

ABREU, I. D. S.; BUSSINGUER, E. C. D. A. ANTROPOCENTRISMO,


ECOCENTRISMO E HOLISMO: UMA BREVE ANÁLISE DAS ESCOLAS DE
PENSAMENTO AMBIENTAL. BIOGEPE – Grupo de Estudos, Pesquisa e
Extensão em Políticas Públicas, Direito a Saúde e Bioética da Faculdade de Direito
de Vitória – FDV, Vitória, 01 out. 2013. 11.
BARBALHA, IC Nº 00024.2005.07.002/019. Referente a TAC 104/2005, 2010.

BIDONE; POVINELLI, A. M. G. C. A. P. F. Desafios do lixo em nossa sociedade.


Revista Brasileira de Ciências Ambientais, Rio de Janeiro, n. 16, p. 64, Junho 2010.
ISSN ISSN Eletrônico: 2176-9478.

CEMPRE, C. E. C. A. R. “Política Nacional de Resíduos Sólidos - O impacto da nova


lei contra o aquecimento global”. CEMPRE, 2010.

CORNIERI, M. G. C.; FRACALANZA, A. P. Desafios do lixo em nossa sociedade.


Revista Brasileira de Ciências Ambientais, n. 16, Junho 2010. ISSN ISSN Impresso
1808-4524 / ISSN Eletrônico: 2176-9478Marina Gonzalbo Cornieri.

GALVÃO, M. N. C. Educação Ambiental. Fortaleza: URCA, 2011.

IBGE, Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Anuário Estatístico do


Brasil. Brasília. Disponível em www.ibge.gov.br/noticias censo 2004 - acesso em
22/01/2014.

MACEDO, M. F.. A Importância da Escolha do Consumidor na Proteção Ambiental.


Veredas do Direito Ambiental, 7, Janeiro/Dezembro de de 2010. p. 125-139.

MOTA, M. B. História: das cavernas ao terceiro milênio. 1. ed. São Paulo: Moderna,
2005.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. Procuradoria Regional do Trabalho da 7ª


Região. Procuradoria do trabalho de Juazeiro do Norte. TAC 104/2005: Juazeiro do
norte, 2005.

________. Procuradoria Regional do Trabalho da 7ª Região. Procuradoria do trabalho


de Juazeiro do Norte. Aditivo TAC 104/2005: Juazeiro do norte, 2009.

________. Procuradoria Regional do Trabalho da 7ª Região. Procuradoria do trabalho


de Juazeiro do Norte. NAT, Núcleo de Apoio Técnico. Relatório técnico de Vistoria
nº 523/2010 –TUR/AGR. Juazeiro do Norte, 2010

_________ Procuradoria Regional do Trabalho da 7ª Região. Procuradoria do trabalho


de Juazeiro do Norte. Processo nº 0073-001279/2012: Juazeiro do norte, 2012.

LIMA, L. Mario Queiroz: Tratamento do Lixo, 2ª Edição – São Paulo Hernus, 1991.

REGADAS, A., Manejo do Lixão de Barbalha põe em risco a saúde de catadores 17


dezembro 2013. Disponivel em:
<http://www.cearanews7.com.br/noticias/interior/manejo-do-lixao-de-barbalha-poe-em-
risco-saude-de-catadores>. Acesso em: 28 fevereiro 14.

RODRIGUES, C. Resíduos Sólidos, Aterros Sanitário para substituir lixões:


Saneamento Ambiental nº 29 p-15/21. São Paulo, 1995.

SANTOS, E. D. O. Trabalho infantil nos lixões. E-Gov-UFSC, 2012. Disponivel em:


<http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/trabalho-infantil-nos-lix%C3%B5es>.
Acesso em: 18 abr. 2014.
TAVARES, I. A. F. Do lixo à reciclagem: uma visão sobre o trabalho dos catadores.
Divinopólis: [s.n.], 2009.

VÁZ JR, B. F.; PASQUALETTO, A. Viabilidade econômica, social e ambiental da


cooperativa de reciclagem de lixo - COOPREC. Universidade Católica de Goiás -
Departamento de Engenharia – Engenharia Ambiental, 2009. Disponivel em:
<http://www.ucg.br/ucg/prope/cpgss/ArquivosUpload/36/file/pdf>. Acesso em: 20 jan
2014.

WEFFORT, F. C. Os clássicos da politica - volume I.


http://seguindopassoshistoria.blogspot.com.br/2010/12/principios-da-natureza-e-das-
virtudes.html. ed. São Paulo: Ática, 2000. Disponivel em:
<http://seguindopassoshistoria.blogspot.com.br/2010/12/principios-da-natureza-e-das-
virtudes.html>.

http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/regional/apa-da-chapada-
do-araripe-prioriza-plano-de-conservacao-1.566449

https://uc.socioambiental.org/uc/585131

https://pesquisa-apa-araripe.webnode.com/apa-chapada-do-araripe/

http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/regional/apa-do-araripe-e-
degradada-1.567394

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/dnn/Anterior%20a%202000/1997/
Dnn5587.htm

Você também pode gostar