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CERRO LARGO
2023
INTRODUÇÃO
Desde os tempos mais longínquos, da organização dos grupos humanos em
sociedades, existe a necessidade de regular as atividades humanas em torno do Direito e
da justiça. Diferentes povos ao longo da história, para que a ordem imperasse e os
desvios de conduta fossem penalizados, criaram, sob formas distintas, regras ou leis para
melhor organizar o convívio social nos mais diversos assuntos.
Para os dias de hoje, no Brasil, por exemplo, muitos são os ramos em que o direito
se divide, como o penal, civil, administrativo, tributário...e também direito ambiental.
Nesse sentido, será feita uma breve abordagem histórica dos principais marcos da
legislação ambiental no Brasil, com vista a explicitar algumas das leis mais importantes
para o trabalho de um profissional da engenharia ambiental, que, assim como qualquer
outro cidadão, tem o auxílio de normas para orientar o desenvolvimento das questões
relacionadas a sua área de atuação.
É importante ressaltar que a abordagem será sucinta e tentará trazer algumas das
legislações sobre o tema, de modo a mostrar um panorama geral do assunto até o
presente momento (final de setembro de 2023) e não uma gama completa de leis,
resoluções e normativas, uma vez que há um enorme contingente delas e estas sofrem
atualizações constantes. O critério usado para seleção das leis foi escolha pessoal com
base nos quatro eixos do saneamento básico (Tratamento e distribuição de água potável;
Coleta e tratamento de esgoto; Drenagem urbana das águas pluviais; Coleta e destinação
correta dos resíduos sólidos), e também baseada nos materiais e discussões com os
professores do curso.
Outro aspecto a ser levado em consideração é que o presente trabalho foi
pensado para o contexto da disciplina de Direito Ambiental do Curso de Engenharia
Ambiental e Sanitária da Universidade Federal da Fronteira Sul, no intuito de
proporcionar aos alunos uma pesquisa sobre a relação entre o direito e o profissional da
área ambiental.
DESENVOLVIMENTO
Muito se fala sobre o direito ambiental ser muito recente no Brasil. De fato,
grandes leis foram promulgadas com mais frequência a partir de 1960. Mas a
preocupação com temas envolvendo a temática ambiental, mesmo que de maneira
difusa, já era denotada em outros documentos legais de tempos mais antigos. Por
exemplo, na fase do Brasil Colonial, José De Castro Meira (Meira,2008), destaca de
Juraci Perez Magalhães, dois momentos em que se percebe uma preocupação de caráter
ambiental: As Ordenações Manuelinas (a legislação do reino até a instituição do
Governo Geral, em 1548) citava no Livro V, no título LXXXIII a proibição da caça de
perdizes, lebres e coelhos e, no título “C”, tipificava o corte de árvores frutíferas como
crime (MEIRA,2008).
Sob o comando espanhol, as Ordenações Filipinas, em 11 de janeiro de 1603,
foram criadas para disciplinar sobre a matéria ambiental no Livro I, título LVIII; livro
II, título LIX; livro IV, título XXXIII; livro V, títulos LXXV e LXXVIII. (A Evolução
da Legislação Ambiental no Brasil, 1998, Ed. Oliveira Mendes, págs. 26/27). Ao agente
que cortasse árvore ou fruto era atribuída pena gravíssima (açoite e ao degredo para a
África por quatro anos, se o dano fosse mínimo, caso contrário, o degredo seria para
sempre” (MEIRA, 2008).
Avançando no tempo, as informações que virão a seguir (em forma de tabela, e
em ordem cronológica, para facilitar a organização) retratam um histórico ambiental no
Brasil e são de diversas fontes, as quais estão citadas nas referências. As iniciais são
provenientes especialmente de MEIRA, 2008; as seguintes, de consultas ao site Jus.com,
Planalto entre outras.
Regimento do Pau-Brasil, A primeira lei de proteção florestal, exigia autorização
1605 real para o corte dessa árvore.
Carta Régia de 13 de Destacava a importância da defesa da fauna, das águas
março de 1797 e dos solos.
LEI Nº 4.771, DE 15 DE
SETEMBRO DE 1965 Código Florestal de 1965. Art. 1° As florestas existentes
(Revogada pela Lei nº no território nacional e as demais formas de vegetação,
12.651, de 2012.) reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são
bens de interesse comum a todos os habitantes do País,
exercendo-se os direitos de propriedade, com as
limitações que a legislação em geral e especialmente esta
Lei estabelecem.
Decreto Federal N°
91.305/1985 O Conselho Nacional do Meio Ambiente possui dentre
outras funções: baixar normas para implantação da
Política nacional de Meio Ambiente e estabelecer normas
e critérios para licenciamento de atividades efetivas ou
potencialmente poluidoras.
Constituição Federal
Brasileira (1988) Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Política Nacional de
Recursos Hídricos - Lei Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o
Federal N° 9.433/1997 Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da
Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de
13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de
28 de dezembro de 1989. Com vetos parciais.
LEI Nº 9.605, DE 12 DE
FEVEREIRO DE 1998 Dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente, e dá outras providências. (infrações, crimes
contra o meio ambiente e penas). A ausência de licença
caracteriza crime.
Política Nacional de
Educação Ambiental Lei Define a Educação Ambiental como um componente
Federal N° 9.795/1999 essencial e permanente da educação nacional, devendo
estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e
modalidades do processo educativo, em caráter formal e
não-formal, sendo um direito de todos. Art. 1º.
Entendem-se por educação ambiental os processos por
meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Decreto Federal N°
4.297/2002 Critérios para o Zoneamento Ecológico-Econômico do
Brasil - ZEE, e dá outras providências. Objetiva
organizar projetos e atividades que, direta ou
indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a
plena manutenção do capital e dos serviços ambientais
dos ecossistemas.
Resolução N° 303/2002
do CONAMA Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas
de Preservação Permanente. Art. 1º, II - nascente ou olho
d’água: local onde aflora naturalmente, mesmo que de
forma intermitente, a água subterrânea. Art. 3o Constitui
Área de Preservação Permanente a área situada: II - ao
redor de nascente ou olho d’água, ainda que intermitente,
com raio mínimo de cinquenta metros de tal forma que
proteja, em cada caso, a bacia hidrográfica contribuinte.
RESOLUÇÃO
CONAMA N° 357 DE Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e
2005 diretrizes ambientais para o seu bem como estabelece as
condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá
outras providências. O Art 2° traz definições
importantes, como “águas doces, salobras e salinas”,
“efeito tóxico agudo e crônico”, “carga poluidora”,
“virtualmente ausente”, “classificação”,
“enquadramento”. Os Art. 4º , 5° e 6° classificam e
definem o destino das águas doces, em: especial, I, II, III
e IV e especial, e as águas salobras e salinas em especial,
I, II e III.
Resolução N° 396/2008
CONAMA Dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para
o enquadramento das águas subterrâneas e dá outras
providências. As águas subterrâneas são aquelas que
ocorrem naturalmente ou artificialmente no subsolo. Art.
3o - As águas subterrâneas são classificadas em: I -
Classe Especial; II - Classe 1; III - Classe 2;
IV - Classe 3; V - Classe 4; VI - Classe 5
Resolução CONAMA N°
420/2009 Qualidade do Solo: Dispõe sobre critérios e valores
orientadores de qualidade do solo quanto à presença de
substâncias químicas e estabelece diretrizes para o
gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por
essas substâncias em decorrência de atividades
antrópicas. Em seu capítulo III define que para o
atendimento desta Resolução nas amostragens, análises e
controle de qualidade para caracterização e
monitoramento do solo e das águas subterrâneas, deve-
se adotar procedimentos de coleta, manuseio,
preservação, acondicionamento e transporte de amostras
de acordo com normas nacionais e internacionais,
respeitando-se os prazos de validade; ii) Realizar as
análises físicas, químicas e biológicas, utilizando-se
metodologias que atendam às especificações descritas
em normas reconhecidas internacionalmente; Os
resultados das análises de investigação e monitoramento
devem ser reportados em laudos analíticos.
Código Florestal - Lei Esta lei revoga o antigo código florestal instituído
Federal N° 12.727/2012 através da Lei 4.771 de 1965 e dentre os objetivos do
novo código florestal, destaca-se: Proteção e uso
sustentável de florestas, consagrando o compromisso do
País com a compatibilização e harmonização entre o uso
produtivo da terra e a preservação da água, do solo e da
vegetação.
Portaria de Consolidação Consolidação das normas sobre as ações e os serviços
Nº 5/2017 do Ministério de saúde do Sistema Único de Saúde. Seção II - Do
da Saúde Controle e da Vigilância da Qualidade da Água para
Consumo Humano e seu Padrão de Potabilidade
(Origem: PRT MS/GM 2914/2011). Seção IV – Art. 13
- VII - monitorar a qualidade da água no ponto de
captação, conforme estabelece o art. 40 (Origem: PRT
MS/GM 2914/2011, Art. 13, VII); VIII - comunicar aos
órgãos ambientais, aos gestores de recursos hídricos e
ao órgão de saúde pública dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios qualquer alteração da
qualidade da água no ponto de captação que
comprometa a tratabilidade da água para consumo
humano; (Origem: PRT MS/GM 2914/2011, Art. 13,
VIII); IX - contribuir com os órgãos ambientais e
gestores de recursos hídricos, por meio de ações
cabíveis para proteção do(s) manancial(ais) de
abastecimento(s) e das bacia(s) hidrográfica(s);
(Origem: PRT MS/GM 2914/2011, Art. 13, IX).
Resolução CONSEMA Sobre os padrões de emissão de efluentes líquidos para
355/2017 as fontes geradoras que lancem seus efluentes em águas
superficiais no Estado do Rio
Grande do Sul.
Resolução CONSEMA n° Dispõe sobre os empreendimentos e atividades
372/2018 utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou
potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer
forma, de causar degradação ambiental, passíveis de
licenciamento ambiental no Estado do Rio Grande do
Sul, destacando os de impacto de âmbito local para o
exercício da competência municipal no licenciamento
ambiental.
Lei nº14.026/2020- O novo Marco Legal do Saneamento Básico prevê a
Marco Legal do universalização dos serviços de água e esgoto até 2033
Saneamento Básico e viabiliza a injeção de mais investimentos privados nos
serviços de saneamento. Atualiza o marco legal do
saneamento básico e altera a Lei nº 9.984, de 17 de julho
de 2000, para atribuir à Agência Nacional de Águas e
Saneamento Básico (ANA) competência para editar
normas de referência sobre o serviço de saneamento, a
Lei nº 10.768, de 19 de novembro de 2003, para alterar
o nome e as atribuições do cargo de Especialista em
Recursos Hídricos, a Lei nº 11.107, de 6 de abril de
2005, para vedar a prestação por contrato de programa
dos serviços públicos de que trata o art. 175 da
Constituição Federal, a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de
2007, para aprimorar as condições estruturais do
saneamento básico no País, a Lei nº 12.305, de 2 de
agosto de 2010, para tratar dos prazos para a disposição
final ambientalmente adequada dos rejeitos, a Lei nº
13.089, de 12 de janeiro de 2015 (Estatuto da
Metrópole), para estender seu âmbito de aplicação às
microrregiões, e a Lei nº 13.529, de 4 de dezembro de
2017, para autorizar a União a participar de fundo com
a finalidade exclusiva de financiar serviços técnicos
especializados.
Portaria Nº 888/2021 do Altera o Anexo XX da Portaria de Consolidação
GM/MS GM/MS nº 5, de 28 de setembro de 2017, para dispor
sobre os procedimentos de controle e de vigilância da
qualidade da água para consumo humano e seu padrão
de potabilidade.
CONCLUSÃO
Há uma variedade de leis que normatizam e regulamentam as atividades e
questões ambientais ao longo do tempo no Brasil. Foram trazidos aspectos de algumas
normativas que norteiam o trabalho do engenheiro ambiental e alguns vetos em leis, o
que permite perceber que muitas alterações nas legislações ocorreram conforme o tempo
e o conhecimento científico se ampliaram. Essas modificações refletem em tentativas
de melhorar o arcabouço legal no contexto de nosso país, que é considerado um dos mais
avançados em termos de leis ambientais. Todas as leis, diretrizes Destaco leis como a
PNMA (Política Nacional de Meio Ambiente, 6938/81), que traz sobre o licenciamento
ambiental; PNRS- Política Nacional de Resíduos Sólidos (12.305/, além de resoluções
sobre as classes de água (CONAMA 357), qualidade do solo (resolução CONAMA 420)
e o lançamento de efluentes (Resolução CONAMA Nº 430/2011) como algumas (muitas
mais são importantes) das mais decisivas no trabalho de um engenheiro ambiental, por
contemplarem sobre os quatro eixos do saneamento básico: Tratamento e distribuição
de água potável: Coleta e tratamento de esgoto, Drenagem urbana das águas pluviais,
Coleta e destinação correta dos resíduos sólidos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto Federal N° 88.351 DE 1981. Regulamenta a Lei nº 6.938, de 31 de
agosto de 1981, e a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, que dispõem, respectivamente,
sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e sobre a criação de Estações Ecológicas e
Áreas de Proteção Ambiental, e dá outras providências.
BRASIL. Resolução Nº 420 do Conselho Nacional de Meio Ambiente. 2009. BRASIL
(2008). CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente Resolução nº 396, de
03/04/2008. Dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento
das águas subterrâneas e dá outras providências.
BRASIL. Resolução Nº 303 do Conselho Nacional de Meio Ambiente CONAMA.
RESOLUÇÃO Nº 303, DE 20 DE MARÇO DE 2002. Dispõe sobre parâmetros,
definições e limites de Áreas de Preservação Permanente.
BRASIL. Decreto Federal N° 24.643 de 1934. Decreta o Código de Águas.
BRASIL. Decreto Federal N° 91.305/1985. Altera dispositivo do Regulamento do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).
BRASIL. Decreto Federal Nº 4.297, de 10 de Julho de 2002. Regulamenta o art. 9o,
inciso II, da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, estabelecendo critérios para o
Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil - ZEE, e dá outras providências.
BRASIL, Lei N° 12.305 de 02 de agosto de 2010 - Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS).
BRASIL. Lei Federal nº 9.985/2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII
da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza e dá outras providências.
BRASIL. Lei Federal N° 9.795/1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a
Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.
BRASIL. Lei Federal Nº 6.225/1975. Dispõe sobre discriminação, pelo Ministério da
Agricultura, de regiões para execução obrigatória de planos de proteção ao solo e de
combate à erosão e dá outras providências.
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junho-de-1972-Declara%C3%A7%C3%A3o-da-Confer%C3%AAncia-da-ONU-no-
Ambiente-Humano.pdf