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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO


PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

T2 – Leitura Programada

Texto escolhido:
CARTOGRAFIA PARTICIPATIVA APLICADA AO DESENHO AMBIENTAL
Autora:
Yasminni Parra Tomaz

Disciplina: AUP5879 - PROJETO SUSTENTÁVEL


Docente: Profa. Dra. Maria de Assunção Ribeiro Franco
Discente: Raniery Lopes da Silva Cavalcante

SETEMBRO – 2023
REFERÊNCIA:
TOMAZ, Yasminni Parra. Cartografia participativa aplicada ao desenho
ambiental. Revista LABVERDE, v. 10, n. 1, 2020.

SOBRE A AUTORA:
Yasminni Parra Tomaz é graduada em Geografia pela Universidade de São Paulo
(USP) e mestranda no Programa de Pós-Graduação em Geografia Física pela
Universidade de São Paulo (USP). Com especialização em Geoprocessamento e
Biogeografia. Atualmente, Yasminni atua como professora de Ensino Fundamental II
e Médio na Prefeitura de São Paulo. Seu trabalho de pesquisa se concentra nas
relações entre comunidades quilombolas e conservação ambiental.

ESTRUTURA DO TEXTO
O texto apresenta uma reflexão densa e estruturada sobre o valor do mapeamento
participativo e dos mapas afetivos no contexto do desenho ambiental e da cartografia
social. Inicia-se estabelecendo a amplitude e aplicabilidade dessas metodologias,
enfatizando sua capacidade de dar voz às comunidades por meio de representações
simbólicas. Em seguida, detalha-se a relevância e utilidade destes instrumentos em
diversos cenários, sobretudo na identificação e resolução de problemas inerentes ao
ambiente. O texto ainda pontua a conexão entre o desenho ambiental e a cartografia,
ressaltando a necessidade de uma abordagem que una o simbólico ao técnico. A
conclusão defende uma incorporação regulamentada destas práticas no planejamento
estatal, assegurando sua eficácia e representatividade. A organização do texto é
coesa, transitando de uma introdução sobre a metodologia até sua aplicação prática
e necessidade de institucionalização.
1. RESUMO
2. INTRODUÇÃO
3. MATERIAIS E MÉTODOS
4. REFERENCIAL TEÓRICO
A Cartografia Social e o Mapeamento Participativo
O Mapeamento Afetivo
O Desenho Ambiental
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Cartografia Participativa e o Desenho Ambiental
Metodologias de mapeamento participativo aplicadas ao desenho
ambiental
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

RESMUMO
Tomaz (2020) inicia o texto abordando sobre os mapas, que historicamente,
serviram como ferramentas de representação da realidade que, muitas vezes,
refletem visões hegemônicas e são moldados de acordo com os interesses dos
governantes ou das classes dominantes. Essas representações são escolhidas
meticulosamente, desde a metodologia até os elementos que são destacados ou
suprimidos, impactando diretamente na interpretação da realidade. Um exemplo
marcante é a remoção da nomenclatura "favela" dos mapas do Google no Rio de
Janeiro, que modifica a percepção desses territórios para quem os visualiza.

No entanto, o avanço da cartografia social e das metodologias participativas, como


o mapeamento participativo e os mapas afetivos, democratiza esse processo,
permitindo uma representação mais inclusiva e fiel à realidade das comunidades.
Esses métodos, originários de tentativas cartográficas primitivas, têm se mostrado
eficazes em assegurar direitos territoriais, representatividade e em identificar
questões ambientais e sociais a partir da perspectiva da comunidade. Com a
adoção dessas abordagens, surgem iniciativas comunitárias que buscam
transformar e melhorar o ambiente ao redor, evidenciando a importância da
participação popular no planejamento urbano e no desenho ambiental.

Segundo Tomaz (2020) o objetivo do artigo é demonstrar como a cartografia social,


o mapeamento participativo e os mapas afetivos podem contribuir para o desenho
ambiental, enfatizando a participação popular no planejamento urbano.
Na sessão de materiais e métodos, Tomaz (2020) delineia sua abordagem
metodológica, destacando a combinação de pesquisa teórica (via revisão
bibliográfica) e aplicada (via seleção de estudos de caso). A ênfase é dada à
integração de várias disciplinas (geografia, psicologia ambiental) para explorar e
expandir a ideia do desenho ambiental participativo. A escolha de focar em estudos
de caso onde a cartografia social desempenhou um papel central sugere que
Tomaz vê esse método como uma ferramenta valiosa para engajamento
comunitário e planejamento paisagístico.
No referencial teórico Tomaz (2020) apresenta um panorama sobre a cartografia
social e o mapeamento participativo, que emergiram no final do século XX como
ferramentas para que as comunidades pudessem contar suas histórias e demarcar
seus territórios. Estas técnicas críticas e participativas permitem a comunidades
representar e caracterizar seus territórios, principalmente em contextos de conflitos
territoriais, promovendo o empoderamento e a gestão comunitária do espaço.
Tendo suas raízes em experiências no Canadá, Alasca e Brasil, essas práticas têm
sido aplicadas para delimitar territórios, informar planos de manejo e diretores
urbanos, entre outras aplicações. Essencialmente, o mapeamento participativo
enfatiza a construção coletiva, priorizando o conhecimento e a experiência local, e
pode ser feito através de diversas técnicas, desde mapas mentais até o uso de
tecnologia GPS, sempre visando a participação e representação autêntica da
comunidade.

Outo ponto importante apresentado pela autora no referencial teórico é o


mapeamento afetivo, que é uma abordagem da Psicologia Ambiental que
cartografa territórios com base nas sensações e emoções dos indivíduos. Esta
prática entende a afetividade como fatores que influenciam a capacidade de ação
do sujeito e vê o território não apenas sob uma perspectiva política, mas também
de poder, domínio e identificação. Ao focar nos espaços vividos e nas histórias
individuais e coletivas, o mapeamento afetivo fornece materialidade à
subjetividade dos espaços, permitindo representar áreas com base no cotidiano e
nas percepções individuais. Assim, esses mapas podem destacar locais
significativos (lugares) e espaços desprovidos de sentido (não-lugares), auxiliando
no planejamento e ressignificação da paisagem ao valorizar as experiências
pessoais em relação a esses espaços.

Tomaz (2020) aborda também sobre o desenho ambiental, que surge da evolução
do paisagismo e foca na integração harmoniosa entre o homem e a natureza,
considerando o equilíbrio ecológico e as tensões geradas por intervenções
humanas. Contrapõe-se à tradicional visão de divisão clara entre natureza e
cidade, propondo uma perspectiva holística onde todos os elementos estão
interconectados. Diferentemente do paisagismo tradicional focado na estética, o
desenho ambiental se baseia no paradigma ecológico, contemplando uma visão
ecossistêmica e de conservação ambiental, em que a forma é determinada pelos
fluxos naturais. A metodologia envolve a construção de cenários ambientais
desejáveis, considerando interações e relações, e visa à conservação dos
ecossistemas, melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento sustentável. Essa
abordagem exige uma governança socioambiental, promovendo a integração
entre setores da sociedade e territórios.

Nos resultados e discussões a autora destaca que a cartografia participativa


permite uma representação gráfica das percepções e experiências das
comunidades locais, fazendo a ponte entre a identidade cultural e a paisagem
física. Esta ferramenta, quando aliada ao desenho ambiental, possibilita a criação
de projetos urbanos que respeitam os valores e necessidades da comunidade
local.

A importância do Plano Diretor é destacada por sua capacidade de envolver a


população na tomada de decisões sobre o uso do território. Este tipo de
planejamento, quando realizado de forma participativa, pode trazer soluções mais
adequadas e eficientes para os desafios urbanos, como mostrado no exemplo de
Belterra. O uso da cartografia participativa em Belterra, que envolveu uma parcela
significativa da população, é um excelente exemplo de como a integração entre a
população e o planejamento pode resultar em um plano urbano mais inclusivo e
eficaz. A obtenção do Selo Cidade Cidadã, em 2007, é uma evidência de seu
sucesso.

No contexto urbano, a cartografia participativa também tem mostrado sua eficácia.


O exemplo de São Gonçalo destaca a importância de incluir perspectivas de
diferentes grupos, neste caso, crianças e pescadores, para entender e abordar
problemas ambientais. Enquanto o “Mapa da Injustiça Ambiental e Saúde no
Brasil” e o “Mapa dos Conflitos Socioambientais da Amazônia Legal” são exemplos
de como as denúncias e a mobilização podem surgir de processos participativos.

O coletivo Rios e Ruas, em São Paulo, mostra como a cartografia afetiva pode
sensibilizar as pessoas para questões ambientais, neste caso, a importância dos
rios urbanos.

Para as considerações finais, Tomaz (2020) aponta que o mapeamento


participativo e os mapas afetivos amplificam as vozes da comunidade, refletindo
as necessidades, desejos e valores dos habitantes em espaços urbanos e rurais.
Estas ferramentas fomentam uma compreensão profunda do uso e significado dos
territórios, promovendo soluções co-criadas que consideram as singularidades de
cada comunidade. No desenho ambiental, a participação cidadã é essencial para
uma abordagem holística que entrelaça aspectos técnicos, sociais e emocionais.
Para maximizar seu impacto, essas práticas devem ser amplamente reconhecidas
e integradas em planos diretores, garantindo soluções equitativas e sustentáveis
com as comunidades no coração das decisões. Este entrelaçamento representa
uma nova maneira de entender e moldar nosso território, visando um futuro mais
inclusivo.

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