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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

ANA CAROLINA PEDROSO DE ALMEIDA


AUDREY GHIZI
NÍCOLAS FERREIRA DA SILVA
MIDIAM SILVA DUARTE
SIMONE DA SILVA PEREIRA

RELATO DE EXPERIÊNCIA: VIVÊNCIA REALIZADA NA AULA DE CAMPO EM


CABARAQUARA

MATINHOS
2023
ANA CAROLINA PEDROSO DE ALMEIDA
AUDREY GHIZI
NÍCOLAS FERREIRA DA SILVA
MIDIAM SILVA DUARTE
SIMONE DA SILVA PEREIRA

RELATO DE EXPERIÊNCIA: VIVÊNCIA REALIZADA NA AULA DE CAMPO EM


CABARAQUARA

Relato de Experiência apresentado ao curso de


Especialização Questão Social pela Perspectiva
Interdisciplinar, Setor Litoral, Universidade Federal
do Paraná, como requisito à avaliação do módulo
Realidade sócio-econômica-ambiental do litoral
paranaense.

Professores responsáveis pelo módulo:


Ângela Massumi Katuta
Marcos Vasconcelos Gernet
Helena Midori Kashiwagi da Rocha

MATINHOS
2023
SUMÁRIO será feito por último
1 INTRODUÇÃO
2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS E LEGAIS
2.1 CARTOGRAFIA SOCIAL E TERRITÓRIO………………………………………
2.2 COMUNIDADES TRADICIONAIS ……………….………………………………
2.3 OSTREICULTURA………………………… ………………………………………

3. AULA DE CAMPO EM CABARAQUARA


3.1 METODOLOGIA
3.2 RELATO DE CAMPO
4. IMPRESSÕES SÓCIO-ECONÔMICA-AMBIENTAIS
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO

Este relato de vivência busca articular os conhecimentos adquiridos no


módulo Realidade Sócio-Econômica-Ambiental do litoral paranaense à
aprendizagem a partir da vivência extraclasse através da intersecção dos temas
estudados e o reconhecimento do território visitado. Neste sentido, a visita realizada
nos dias 19 e 26 de agosto de 2023 ao Restaurante Ostra Viva, localizado na
Comunidade Cabaraquara, município de Guaratuba, teve como objetivo não apenas
conhecer as técnicas empregadas no cultivo da criação de ostras, mas também a
análise das complexas questões sócio-econômica-ambiental existentes. Exploramos
os desafios frente às políticas públicas nas esferas municipal, estadual e federal e
buscamos compreender a percepção do território sob a ótica das impressões dos
visitantes.
Nossa análise também se estende à ambiguidade do conceito de
sustentabilidade e à importância de reconhecer e valorizar as comunidades
tradicionais como agentes ativos na busca por um desenvolvimento
verdadeiramente sustentável.
Portanto, este estudo objetiva evidenciar as intrincadas interações entre
comunidades tradicionais, Unidades de Conservação e a busca por um equilíbrio
entre conservação ambiental e bem-estar das populações locais, contribuindo para
uma reflexão crítica sobre as políticas de conservação e desenvolvimento no
contexto brasileiro.

2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS E LEGAIS

2.1 CARTOGRAFIA SOCIAL E TERRITÓRIO

A cartografia social é uma abordagem da cartografia que se destaca pela sua


ênfase na representação geográfica a partir da perspectiva das comunidades locais
e grupos sociais. Para Bargas e Cardoso (2015), a cartografia social apresenta-se
como uma instrumentalização técnica da cartografia orientada pelos interesses
sócio-políticos de povos e comunidades tradicionais, servindo de um referencial
histórico e de identidade nos processos de mapeamentos participativos. A prática da
cartografia social se concentra em capturar o conhecimento, as experiências e as
relações espaciais desses grupos de maneira precisa e culturalmente sensível. Uma
área significativa de aplicação da cartografia social é a representação dos territórios,
recursos naturais e práticas culturais de povos tradicionais.
Desta forma compreende-se que a importância da cartografia social para as
populações tradicionais é multifacetada. Primeiramente, ela permite que essas
comunidades representem seus territórios e recursos naturais de acordo com suas
próprias perspectivas e entendimentos. Isso é fundamental para preservar a cultura
desses grupos, pois os mapas resultantes refletem não apenas dados geográficos,
mas também elementos históricos e identitários que são muitas vezes
negligenciados em abordagens convencionais.
Além disso, a cartografia social pode ser uma ferramenta crucial para apoiar
os direitos territoriais das populações tradicionais (ALMEIDA, 2010). Muitas
comunidades enfrentam ameaças à sua terra devido a pressões externas, como
exploração de recursos naturais, expansão urbana e mudanças climáticas
(OLESKO; ROCHA, 2014). Mapas produzidos com base no conhecimento local
podem fortalecer suas reivindicações de terra, fornecendo evidências sólidas de
ocupação ancestral e uso sustentável da terra ao longo do tempo.
A gestão sustentável dos territórios é outro aspecto fundamental. Os povos
tradicionais frequentemente têm práticas de manejo ambientalmente conscientes
que são transmitidas através das gerações. Os mapas gerados por meio da
cartografia social podem ser ferramentas valiosas para promover a conservação de
ecossistemas vitais e a promoção da diversidade cultural.
A cartografia social aplicada aos povos tradicionais também busca resgatar
essas comunidades, permitindo que elas participem ativamente da tomada de
decisões relacionadas ao seu ambiente e recursos naturais (ACSELRAD; COLI,
2008). Isso pode fortalecer sua capacidade de negociar com governos, empresas e
outras partes interessadas e garantir que suas vozes sejam ouvidas nas discussões
sobre o uso da terra e a conservação do meio ambiente.
Esse aspecto não apresenta somente um conjunto distinto de interesses, mas
possui as bases de análises para realizar caracterizações mais profundas. Wendel
Assis (in ALMEIDA, 2010, p. 167) afirma:

Sobre esse prisma, a cartografia tem consequências políticas e instaura


confrontos entre uma narrativa espacial que fortalece, geralmente, o discurso
econômico e corrobora o alargamento de fronteiras operacionais à
acumulação capitalista, e outra que, alicerçado na insurreição de usos,
elucida formas históricas de existência territorial e forjam às práticas
hegemônicas. (WENDEL ASSIS IN ALMEIDA, 2010, p. 167)

No entanto, a implementação da cartografia social enfrenta desafios


significativos. Um dos principais desafios é a necessidade de recursos, incluindo
tecnologia, capacitação e financiamento, para realizar mapeamentos detalhados e
precisos. Além disso, questões relacionadas à acessibilidade desses recursos às
comunidades interessadas.
As comunidades tradicionais possuem laços profundos e históricos com suas
terras ancestrais. Seus modos de vida, culturas e sistemas de conhecimento
frequentemente estão intrinsecamente ligados ao ambiente que habitam. Portanto, a
cartografia social aplicada a esses grupos busca não apenas documentar suas
terras, mas também preservar e promover suas culturas, direitos territoriais e a
gestão sustentável de seus territórios.

2.2 COMUNIDADES TRADICIONAIS

Os pescadores artesanais são considerados como parte das comunidades


tradicionais e tem sua importância reconhecida na legislação brasileira onde se
evidencia que estes grupos têm uma relação histórica e cultural com o ambiente em
que vivem. Além disso, o Decreto Federal n° 6.040/2007, aponta que Povos e
Comunidades Tradicionais trata-se de

Grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que


possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam
territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural,
social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações
e práticas gerados e transmitidos pela tradição.

A Convenção 169 da OIT, que foi aderida pelo Brasil em 2004, trouxe a
garantia da autodeterminação e o reconhecimento da diversidade cultural em
respeito às perspectivas das diversas etnias.
Diversos autores corroboram com a relevância da compreensão dos
conceitos de comunidades tradicionais.Henri Acselrad (2010), por exemplo, afirma
que “para esses sujeitos sociais é o território enquanto terreno disputado material e
simbolicamente” que importa, ressaltando os vínculos de identidade cultural, de
subsistência e das articulações históricas envolvidas nesse processo.
Lamas (2013), afirma que a construção do conceito de comunidade
tradicional envolve uma ampla variedade de grupos, incluindo índios, quilombolas,
faxinalenses, cipozeiros, ribeirinhos, caiçaras, quebradeiras-de-coco-babaçu,
geraizeiros, catingueiras, pantaneiros, seringueiros e outros, e, o reconhecimento
dessas comunidades não depende apenas de uma origem temporal, mas da
ocupação de espaços geograficamente isolados ao longo da história do Brasil, nos
quais a terra e os recursos naturais eram fartos.
A partir do estudo das populações humanas em áreas naturais protegidas da
mata atlântica, resumindo outra obra de autoria própria, Diegues (1996, p.7),
descreve de forma sintetizada várias características das populações ou
comunidades tradicionais, dentre elas:

Uma grande dependência do uso dos recursos naturais renováveis, a partir


do qual se constrói um modo de vida particular; pelo conhecimento
aprofundado dos ciclos naturais que se reflete na elaboração de sistema de
manejo de recursos naturais, carregados de conhecimento e tecnologias
patrimoniais; pelo pertencer e apropriar-se de um território onde os grupos
sociais se reproduzem econômica, social e simbolicamente; pelo permanecer
e ocupar esse território por várias gerações ainda que membros individuais
possam ter se deslocado para centros urbanos de onde podem voltar para
terra de seus antepassados; pela importância das atividades de subsistência,
ainda que a produção de mercadoria, mais ou menos desenvolvida indique a
vinculação com o mercado local e regional; pela reduzida a acumulação de
capital; pela importância da unidade familiar, doméstica ou comunal e as
relações de parentesco e compadrio para o exercício das atividades
econômicas e, sociais e culturais; pela importância atribuída aos simbologias,
mitos e rituais associado a caça e a pesca; pela reduzida divisão técnica e
social do trabalho. E, pelo fraco poder político, em mãos de classes urbanas,
em geral associações a comercialização da produção local; pela identidade
cultural do grupo. (APUD DIEGUES, 1996)

Diante da rica diversidade cultural e das profundas conexões históricas que


permeiam as comunidades tradicionais, é essencial reconhecer e valorizar a
importância dos pescadores artesanais, que, juntamente com outros grupos, são
fundamentais para a preservação de suas identidades culturais, modos de
subsistência e a gestão sustentável dos territórios e recursos naturais que chamam
de lar.

2.4 OSTREICULTURA
As ostras pertencem ao grupo de moluscos e sobrevivem em água marinha.
De acordo com a REDETEC (2007), o seu cultivo é denominado de Ostreicultura
que tem como finalidade “oferecer ao consumidor ostras criadas em cultivo, um
produto que oferece uma qualidade superior e preço atrativo.”
A ostreicultura é uma atraente alternativa de renda para pescadores
artesanais na medida em que pode resultar em bons rendimentos e possibilidade de
desenvolvimento de territórios sustentáveis. Pereira et. al. (2017) revela que devido
às atividades necessárias de manejo, a ostreicultura assemelha-se muito mais com
um sistema de agricultura do que de pesca.

2.4.1 Ostreicultura no Estado do Paraná

Pereira et. al. (2017) relata que os primeiros registros da cultura de ostras no
Paraná aparecem na década de 50 na Baía de Guaratuba. Na época acontecia
apenas de forma extrativista e muito pouco cuidado de manejo era realizado para
melhor extração e aproveitamento.
Até a década de 90 não houve incentivo algum por parte do Poder Público,
até que a partir de 1995 aconteceram alguns projetos, sendo eles:
- Projeto de extensão universitária "Desenvolvimento Sustentável em
Guaraqueçaba" - 1995 a 2002 - Acordo de Cooperação Técnica entre o Governo
Estadual, a Association de Recherche Interdisciplinaire pour L’Environnement et lê
Développement e a Universidade Federal do Paraná, desenvolveu estudos
experimentais com objetivo de fomentar a atividade da ostreicultura como alternativa
de geração de renda para as comunidades tradicionais.
- Projeto “Baía Limpa” - 1995 - criado pelo Governo Estadual, beneficiou 940 famílias
de pescadores artesanais com ações de despoluição e recuperação de estoques de
pescados, com recolhimento do lixo e monitoramento da qualidade da água.
- Projeto “Paraná 12 meses” - 1997 a 2006 - elaborado pelo Governo Estadual em
parceria com o Banco Mundial teve como objetivo o combate à pobreza rural e
fomentou a implementação de empreendimentos sociais de ostreicultura.
- Inauguração do “Centro de Produção e Propagação de Organismos Marinhos -
CPPOM” - 1998 - criado pela Prefeitura Municipal de Guaratuba e repassado para a
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Foram realizadas pesquisas e
em 2006 iniciou a produção e distribuição de sementes de ostras.
- Projetos “Ostreicultura e Meio Ambiente” e “Qualidade na Produção de Ostra em
Área de Proteção Ambiental” - entre 1999 e 2009 - realizados pela UFPR com apoio
do SEBRAE/PR, ofereceram capacitações sobre sistemas de produção e
comercialização de ostras.
- “Projeto de Maricultura” - início dos anos 2000 - executado pela Fundação Terra e
a Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural do Paraná -
EMATER (atualmente Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná - IDR-Paraná),
tinha como objetivo a implantação de 15 viveiros de ostras financiados pelo Fundo
Estadual do Meio Ambiente.
- Projeto “Produção Sustentável de Ostras na Baía de Guaratuba” - 2001.
- Projeto “Cultimar” - 2005 - realizado pela UFPR tinha como objetivo estabelecer
estratégias de comercialização envolvendo a rede de restaurantes, alcançando
turistas e consumidores de ostras.
- Instalação de depuradoras pelo Governo do Estado - a EMATER e a Secretaria
Especial de Aquicultura e Pesca e das prefeituras de Paranaguá e Guaratuba
instalaram as depuradoras com objetivo de garantir a qualidade das ostras para o
consumidor final.
- Projeto “Natural Ostra” - 2011 - gerado pela Fundação Mokiti Okada o projeto
destinou-se a mostrar a importância de regulamentar a coleta nos bancos de ostras.
Apesar de todas as diversas iniciativas, tanto governamentais quanto não
governamentais, a ostreicultura ainda enfrenta vários obstáculos em seu caminho
para a expansão. Questões políticas, como mudanças de governo, frequentemente
resultam na interrupção de projetos. Além disso, a acessibilidade a sistemas de
manejo e tecnologias mais modernas continua sendo um desafio a ser vencido. A
organização da comunidade de pescadores artesanais em associações e
cooperativas também se mostra problemática. Outra questão relevante diz respeito à
escassez de sementes para a produção.
No entanto, é importante destacar que a ostreicultura no Paraná tem
apresentado crescimento nos últimos anos, e ocupado um lugar de destaque na
maricultura do estado. Mafra (2007) revela que na baía de Guaratuba que possui
mais características técnicas e empresariais “a atividade tem boas chances de
despontar como uma alternativa de renda para investidores da região e para as
populações tradicionais do litoral”.
E neste sentido, como mostra o ranking nacional abaixo, o Estado do Paraná
ocupa o 2° lugar em produção de ostras, vieiras e mexilhões, ficando atrás apenas
de Santa Catarina.

Figura 1: Aquicultura / Ostras, vieiras e mexilhões / Quantidade produzida (Unidade: kg). Paraná
ocupa o 2° lugar nacional. Fonte: IBGE (2021).

Figura 2: Produção de Ostras no Paraná de 2013 a 2021. Fonte: IBGE (2021).

3. AULA DE CAMPO EM CABARAQUARA

3.1 METODOLOGIA
O relato de campo apresentado possui como objetivo expor uma síntese de
reflexões e trocas de experiências decorrentes da vivência realizada na Comunidade
de Cabaraquara, Município de Guaratuba, articulando os relatos orais coletados com
as abordagens teóricas apresentadas em aulas e na fundamentação teórica.
A ida para Cabaraquara ocorreu como proposta de vivência do Módulo
Realidade Sócio-Econômica-Ambiental do Litoral Paranaense do Curso de
Especialização em Questão Social pela Perspectiva Interdisciplinar da Universidade
Federal do Paraná - Campus Litoral. Proporcionado a ida para a comunidade em
dois dias, dividido em dois grupos ao longo de dois sábados, e sendo acompanhado
a entrevista e coleta de relatos no Restaurante Ostra Viva com o Hamilton, um dos
moradores locais que realiza a ostreicultura.
Para realizar a coletas de informações foram utilizadas abordagens
qualitativas e ressaltando o aspecto conceitual da fenomenologia (Kashiwagi,2011),
que parte do princípio de que o pesquisador, ao se visitar um espaço territorial, com
objetivo de estudar vivenciais dos participantes, é necessário se despir dos pré
conceitos formulados, partindo sempre da escuta atenta, sem argumentos de
suposições, estando aberto a compreensão direta e imediata do que é vivenciado
pelo homem no mundo da vida. O método de abordagem da fenomenologia, estuda
o fenômeno tal qual ele se manifesta, com o objetivo de compreender sua essência.
Desta forma é possível obter uma coleta de dados que permite aos participantes
expressar suas experiências da maneira mais completa possível. O pesquisador
busca capturar a essência do fenômeno tal como é vivenciada pelos participantes,
sem filtros ou influências externas. A fenomenologia permite recriar um olhar de
troca entre o pesquisador e o sujeito social envolvido para formular as relações
cartográficas ali estabelecidas pela comunidade tradicional.
Ainda que os relatos coletados possuam uma flexibilidade narrativa própria
dos sujeitos entrevistados, é importante ressaltar que eles partiram de uma
perspectiva de auto identidade, valendo-se de narrar os aspectos centrais para a
formação de seus vínculos histórico-culturais com o território, além das
possibilidades de interação dos pesquisadores apoiados nos conceitos previamente
estudados.

3.2 RELATO DE CAMPO


No sábado, 26 de agosto de 2023, realizamos uma visita de campo à
Comunidade de Cabaraquara, mais especificamente ao Restaurante Ostra Viva do
Sr. Hamilton. Durante a visita, tivemos a oportunidade de conhecer o início da
atividade de cultivo de ostras através do relato do Sr. Hamilton, que é filho do
primeiro criador de ostras daquela comunidade.
Segundo o Sr. Hamilton, em 1985, ele e sua família deixaram Brasília e se
estabeleceram no litoral do Paraná, tornando-se ribeirinhos, na Comunidade de
Cabaraquara, no município de Guaratuba. Naquela época, a região enfrentava
precárias condições de infraestrutura, com poucos moradores e a ausência de
serviços básicos. A falta de eletricidade e o difícil acesso por terra eram
características marcantes. As principais atividades econômicas eram a coleta de
ostras e peixes nos manguezais, tanto para consumo próprio como para venda no
mercado de peixes em Paranaguá, uma fonte de renda modesta.
A vida e o trabalho na região eram extremamente difíceis, com a ausência de
estradas e o transporte sendo possível apenas por barco a remo. A economia era
baseada principalmente na extração de recursos naturais, mas essa atividade era
pouco lucrativa. O Sr. Hamilton menciona que, naquela época, três homens
precisavam trabalhar de 2 a 3 dias para obter o que hoje equivaleria a 1 dia de
trabalho. No início, uma dúzia de ostras era vendida por valores que variavam de R$
2,00 a R$ 5,00.
Fotografia 1: Mangue.

Foi somente quando o Sr. Hamilton soube de uma técnica de criação de


ostras vinda da Espanha, que estava sendo bem-sucedida em Santa Catarina, que
ele considerou a possibilidade de mudar para um método mais tecnológico e
rentável. Com a aplicação dessa técnica inovadora em seus cultivos, ele obteve
sucesso e ganhou destaque na mídia, gerando esperanças de avanços na atividade.
No entanto, a falta de apoio técnico e financeiro para manter e expandir o
cultivo de ostras, juntamente com a ausência de leis específicas para formalizar
essa produção em águas marinhas, acabou resultando em restrições impostas pelo
governo.
Fotografia 2: Visão do trapiche para a criação de ostras.

A partir da década de 90, surgiram os primeiros restaurantes na região, o que


representou um aumento significativo na renda da família e maior visibilidade para a
produção de ostras. A propriedade do Sr. Hamilton hoje faz parte de uma rota
turística. Atualmente, ele se dedica principalmente à produção de ostras para venda
em seu próprio restaurante. Os clientes têm a opção de adquirir as ostras in natura
ou degustá-las em uma variedade de pratos preparados no restaurante, o que
agrega valor e gera mais empregos e, consequentemente, maior renda para a
família.
Fotografia 3: Restaurante Ostra Viva. Proprietário Sr. Hamilton. Comunidade Cabaraquara, município
de Guaratuba.
Fotografia 4: Restaurante Ostra Viva e seu proprietário Sr. Hamilton. Destaque para os pilares
decorados e cortinas confeccionadas com conchas de ostras.

Em seu relato, o Sr. Hamilton expressa que entre os desafios enfrentados na


manutenção da criação de ostras, evidencia-se a dificuldade em produzir as próprias
"sementes" de ostras devido à falta de práticas de manejo, acesso à tecnologia e
poluição nas baías. As sementes de ostras precisam ser importadas de outros
estados, muitas vezes com alto custo e qualidade duvidosa, o que torna inviável o
aumento da produção. Além disso, há a ausência de garantias sociais e a falta de
incentivo por parte do governo.
Neste contexto, ressalta a necessidade de pesquisas na área e um maior
envolvimento do poder público, pois a maioria dos pescadores ainda se dedica à
pesca extrativista, o que é preocupante devido às limitações dessa prática.
O proprietário também mencionou o desinvestimento na agricultura,
apontando as restrições impostas pela legislação que regulamenta a área. Ele
também compartilhou informações sobre como os resíduos podem ser aproveitados,
como ração para animais e reposição de cálcio na agricultura.
Fotografia 5: Caminho para o trapiche e local onde está localizada a produção de ostras do Sr.
Hamilton.

O Sr. Hamilton manifesta sua preocupação com a marginalização das


comunidades de pescadores artesanais e a falta de reconhecimento de seu trabalho,
o que resulta na negligência por parte das autoridades em relação às necessidades
específicas dos aquicultores.

4. IMPRESSÕES SOCIO-ECONOMICA-AMBIENTAIS

A comunidade de Cabaraquara localiza-se no litoral paranaense no Município


de Guaratuba, às margens da baía de Guaratuba e próximo ao morro do
Cabaraquara. É uma comunidade de pescadores artesanais, onde é desenvolvida a
Maricultura, mais especificamente a Ostreicultura.
A grande maioria dos moradores da comunidade vive do cultivo e comercialização
de ostras, que é amplamente comercializada nos próprios restaurantes da
comunidade e em menor escala para particulares que procuram para a compra.
Segundo Mafra, (2007, p.29) no Cabaraquara utiliza-se uma maneira mais
técnica no cultivo de ostras em relação a outros locais de cultivo no estado do
Paraná, entretanto, a ostreicultura paranaense ainda carece de organização
institucional como já ocorre em outros estados.
Em Guaratuba as ostras são de espécies nativas e possuem a capacidade de
reprodução contínua. Essas ostras são cultivadas em um período de 12 a 18 meses
em Área de Proteção Ambiental - APA, mantendo a biodiversidade do local e a
sustentabilidade no que se refere aos recursos naturais.
Para que o Cabaraquara se tornasse uma comunidade de produtores de
ostras surgiram alguns projetos, elaborado pelo GIA (Grupo Integrado de Aqüicultura
e Estudos Ambientais), que posteriormente criou o projeto Cultimar (Maricultura,
Educação Ambiental, Geração de Renda) com o apoio da UFPR, Encantos e
Delícias, e Aquamar, patrocinados pela: Petrobras, Governo Federal do Brasil,
Fundação Grupo Boticário e Instituto HSBC. (FONSECA; SANTOS. 2014)
Fonseca e Santos (2014), destacam ainda que o Projeto Cultimar fez da
Ostreicultura do Cabaraquara um exemplo de parceria entre UFPR e Sebrae. Esse
projeto surgiu pela necessidade de se apoiar os moradores locais em seus cultivos
de ostras e mariscos fazendo com que os cultivadores de ostras pudessem ter uma
renda justa no momento de vender sua produção, já que antes o produto do cultivo
era absorvido por atravessadores e acabava ganhando muito mais do que os
cultivadores.
Antes da expansão do cultivo de ostras através da técnica desenvolvida pela
família do Sr, Hamilton, os moradores tinham como principal atividade e fonte de
renda o extrativismo dos frutos do mar e a agricultura de subsistência.
Dentre os aspectos destacados na vivência de campo estão o abandono da
agricultura e a invasão territorial para a exploração do mangue.
Segundo Cunha (2004), o desinvestimento das atividades agrícolas nas
comunidades litorâneas ocorre desde o início na década de 1950 e foi motivado por

Um conjunto de fatores de ordem física, econômica e social. Além da baixa


fertilidade natural do solo e a falta de apoio à atividade, através da orientação
técnica adequada, às restrições impostas pela legislação do uso do solo, a
intensificação da pesca comercial – que passa a exigir maior dedicação de
tempo. (CUNHA, 2004, p.29)

Sobre a pesca predatória na costa paranaense, Cunha (2004) traz como


consequência a diminuição da “entrada de espécies marinhas que utilizam o estuário
para se reproduzir, criar e se proteger dos predadores naturais, prejudicando a
pesca artesanal no interior da baía”, fator que contribui para degradação ambiental e
escassez dos recursos no território.
Assim como acontece com a comunidade Cabaraquara, que está inserida no
Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange, atualmente, muitas comunidades tradicionais
encontram-se em áreas de proteção ambiental, denominadas Unidades de
Conservação Ambiental (UCs).

Mapa 1: Localização do Parque Nacional de Saint-Hilaire/Lange.


Fonte: https://parnasainthilairelange.wordpress.com/mapa/
Implantadas a partir da lei Lei n.º 9.985, de 18 de julho de 2000, as UCs se
tratam de espaços territoriais e,

Seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com


características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público,
com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção
(BRASIL, 2000)

Com a implantação das UCs, as comunidades tradicionais ficaram sujeitas


aos critérios estabelecidos de forma unilateral pelo poder público, passando a serem
limitadas na sua condição de produção, consumo e habitação resultando numa
problemática que abrange aspectos sociais, econômicos e culturais.
Os autores referenciados ao longo deste trabalho destacam como resultantes
da política de administração destas áreas: a imposição de práticas no viés
antropocêntrico, desapropriações sem a devida indenização, burocracia para
regularização da posse das terras, desvalorização da cultura de plantio, limitação
das atividades de subsistência, migração das populações tradicionais, políticas
públicas ineficientes, pauperização, conflitos, perda de identidade e cultura.
De tal forma que todas estas consequências também refletem diretamente na
conservação dos ecossistemas, haja visto, as comunidades tradicionais funcionam
“como fator de preservação, em razão de sua relação com o meio ambiente
totalmente distinta da do modelo econômico da sociedade envolvente” (Figueiredo,
p.16, s.d.)
Ainda segundo Viana (1999), “qualquer ação que pretenda ter coerência com
o ideário da sustentabilidade deve estar baseada no saber das populações
tradicionais.”
Um aspecto pertinente à sustentabilidade é o uso político deste conceito e a
ambiguidade em que se apresenta. O Estado, influenciado por aspectos neoliberais,
ora se atribui o papel protetivo ora coopera com a construção de impeditivos para
consolidação de um desenvolvimento sustentável.
Neste sentido Diegues (2008), ao discorrer sobre a construção deste
conceito, os aspectos ligados a externalização da responsabilidade estatal, a
ineficiência de outros conceitos que tem como base o desenvolvimento e a
burocracia advindas deste, defende a adoção do termo "sociedades e comunidades
sustentáveis". Segundo o autor:
A construção de comunidades e sociedades sustentáveis deve partir da
reafirmação de seus elementos culturais e históricos, do desenvolvimento de
novas solidariedades, do respeito à natureza não pela mercantilização da
biodiversidade, mas pelo fato que a criação ou manutenção de uma relação
mais harmoniosa entre sociedade e natureza serem um dos fundamentos
das sociedades sustentáveis. (Diegues, 2008)

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma reflexão profunda sobre os relatos obtidos durante a visita de campo à


Comunidade de Cabaraquara revela um cenário complexo de desafios sociais,
econômicos e ambientais que afetam profundamente a vida dos moradores locais. O
discurso apresentado pelo proprietário do restaurante Ostras Vivas, Sr. Hamilton,
destaca aspectos cruciais da questão social e das desigualdades territoriais que
permeiam essa comunidade.
Entre os problemas evidenciados, observa-se uma tendência ao
empobrecimento devido à escassez de recursos e investimentos, a industrialização
da produção e da atividade pesqueira, bem como a dependência de uma única
atividade de subsistência.
No cerne dessas questões, destaca-se a sensação de abandono e não
pertencimento por parte da comunidade. Isso pode ser diretamente atribuído à
criação unilateral das Unidades de Conservação (UCs), que não envolveram os
moradores do território em seu processo de implementação. Essa falta de
participação impediu que a comunidade defendesse as especificidades de sua
cultura, profundamente enraizada naquele território.
Os relatos coletados na visita de campo destacam uma série de problemas
enfrentados por essas comunidades, incluindo restrições à produção, dificuldades na
obtenção de sementes de ostras, falta de apoio técnico e financeiro, e a
desvalorização da cultura de plantio, entre outros. Essas questões afetam não
apenas o bem-estar das comunidades, mas também a preservação dos
ecossistemas locais.
Em suma, a visita de campo à Comunidade de Cabaraquara revelou não
apenas os desafios enfrentados por essa comunidade, mas também a necessidade
de repensar as políticas de conservação, desenvolvimento e fomento no Brasil. A
busca por um equilíbrio entre conservação e desenvolvimento sustentável deve ser
orientada pela valorização das populações locais e pela compreensão de que são
agentes ativos na promoção da sustentabilidade.

REFERÊNCIAS

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debate. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro; Instituto de
Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, 2010.

ALMEIDA, R. D. Novos rumos da cartografia escolar: currículo, linguagem e


tecnologia. São Paulo: Editora Contexto, v. 1, n. 1, p. 13-37, 2010.

ASSIS, W. F. T. Conflitos territoriais e disputas cartográficas: tramas


sociopolíticas no ordenamento territorial do oeste do Pará. In: ACSELRAD, H. (Org.).
Cartografia social e dinâmicas territoriais: marcos para o debate. Rio de Janeiro:
Universidade Federal do Rio de Janeiro; Instituto de Pesquisa e Planejamento
Urbano e Regional, 2010.

BARGAS, J. K. R.; CARDOSO, L. F. C. Cartografia social e organização política das


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Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, v. 10, n.2, p. 469-
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